O antissemitismo moderno é filho bastardo do nazismo que é pai natural do Holocausto que é filho legítimo de Torquemada que é pai intelectual da Inquisição que é avó, mãe, filha e neta de 15 séculos de catequese cristã anti-judaica.
O cabeça rapada que hoje grita consignas anti-semitas num jogo de futebol, está simplesmente verbalizando a carga genética de ignorância geral e ódio particular aos “assassinos de Cristo” que acumularam as gerações precedentes ao longo do Tempo.
O líder que organiza partidos políticos baseados na ideologia hitlerista está pondo em prática as diretrizes saídas durante quase dois milênios das catacumbas vaticanas, e que durante tanto tempo foram recebidas com todas as honras nos palácios governamentais de todos os continentes.
O governo que permite que cabeças rapadas gritem “os judeus são uns filhos da p...” num Fla-Flu ou num Roma-Milan, ou que participe das eleições um Le Pen ou um herdeiro de Fortuyn, está exercendo o famoso olhar paro o outro lado que permitiu que Auschwitz e Treblinka e Bergen-Belsen e outros nomes que produzem calafrios, acontecessem mas não “existissem”, e isso enquanto o povo judeu subia feito fumaça pelas chaminés ou morria gaseado enquanto ensaboava o corpo preparando-se para receber o Shabat, só deixando essa ignomínia inqualificável de ser transparente aos olhos do mundo, quando o único que restava era contabilizar os milhões de mortos inocentes e entoar um raquítico mea culpa, na maioria dos casos falso.
O povo que desde sempre a tudo assiste e nada faz, é o resultado dos milênios de ignorância e versões interesseiras e proselitismo das elites moral e eticamente corruptas, e comprometidas com a versão deturpada que eles divulgam do novo testamento, que com as suas homilias e discursos modularam o comportamento social das maiorias pouco afeitas à pesquisa histórica ou totalmente despreparadas para a verificação da fidelidade das fontes.
Não resta dúvida que uma solução definitiva só será possível quando os responsáveis (governos, cardeais, papas, industriais do medo, fabricantes de guerras) reconheçam que existe o problema, porque enquanto os governos e os cardeais e os papas e os industriais do medo e os fabricantes de guerra preferirem a demagogia aos fatos, o discurso do castigo eterno e não a disseminação da Verdade, a força das armas e não a da razão, ou o eleitoralismo demagógico do que o bem comum, tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. E infelizmente, não vejo nenhuma luz brilhando no fim de nenhum túnel. Torço com todas as fibras do meu judaísmo humanista para que o problema esteja nos meus olhos cansados e não na realidade que eles contemplam.
Bruno Kampel
Comentários