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O Perdão é uma perda muito grande


O Perdão é uma perda muito grande.

Benjamim Mandelbaum autor deste artigo, tem sido uma das maiores perdas da minha vida. Morreu fazem já alguns alguns anos. Fomos amigos e companheiros durante mais de trinta deles. Era pessoa original que conseguia como ninguém juntar várias dimensões de sua vida em uma prática judáica autêntica e livre. Imaginem que na foto que ilustra a capa do livro "Os carbonários" do Alfredo Sirkis, o Benjamim é o cara que aparece atirando uma pedra num PM em uma passeata de estudantes. Psiquiatra, psicanalista,estudioso de filosofia, da mística e da cabala,sempre foi um homem mergulhado no seu tempo.

Se vivo fosse,tenho certeza,estaria conosco na empreitada do Judaismo Humanista. Encontrei esta maneira de fazer o meu Mazkir Neshamot dedicado ao grande amigo trazendo-o para junto de nós neste primeiro artigo de outros tantos que espero publicar.

Dizia Hellio Pellegrino que um homem só morre totalmente quando deixamos de falar dele. Assim,ambos, Helio e Benja,permanecerão vivos entre nós por mais alguns momentos.

21/08/00 Benjamin Mandelbaum Z"L

As palavras têm vida própria, que vai muito além de sua etimologia e significado.

Para nos contactarmos com esta vida precisamos abrir o coração. Isto pode ser feito,

baseando-se na tradição hassídica, dançando e cantando com as letras. Sabemos que o

hebraico é uma língua sagrada em sua essência. Mas não impede, muito pelo contrário, que

possamos sacralizar outros idiomas, que longe de ser uma profanação, trata-se de

reconhecer a própria presença divina, Schechiná, em tôdas as línguas. Para além da lógica

formal, o sentido só pode ser encontrado através do próprio sentido.

A palavra perdão poeticamente pode ser tomada como aumentativo, um perdão, nos

apontando para uma grande perda. Que perda é essa? é a perda da ilusão de perfeição. Só

se pede perdão, ou se é pedido, através da admissão do erro, do engano, do equívoco, da

falha ou do mal feito. Desse modo, o perdão é a fragmentação narcísica, quando a imagem

de perfeição se parte em cacos, como a Schevirá. Quebrando a idealização da imagem

onipotente do ego se revela a essência verdadeira do ser. O perdão é o parto de si . É

preciso o desapego ao ego para chegarmos verdadeiramente a si, ao self. No perdão as

perdas dão cria.

Aprendemos com a Cabalá a encarar a necessidade da perda. Na própria criação do

universo, o Tzim-Tzum é a perda necessária, que se dá por contração divina, para que o

Ayn, o Nada, seja criado, abrindo espaço para o Sem Fim de Ayn Sof e sua Luz Sem Fim,

Ayn Sof Aor, iluminarem a Árvore da Vida na constituição do Any, o Eu do ser humano.

As perdas1 fazem parte da tradição judaica, no aprendizado de como lidar com elas.

Antes de Yom Kipur, no dia 9 do mês de Av, relembra-se grandes perdas. Desde a

destruição dos Templos Sagrados, dos diversos sacrifícios humanos, dos vários desterros ,

inquisições e holocaustos. Trata-se de um verdadeiro processo de despojamento, que se

intensifica até chegarmos ao dia do Yom Kipur, dia da ex-piação, purificação.

Nos dias intensos revemos perdas, realizamos rituais de purificação, como o

Tachlich ou da Capará, que visam a obtenção do perdão ex-piatório purificador no dia

santo. A vivência do dia mais intenso é primariamente de mortificação do corpo na

afirmação que a vida se alimenta de vida. A grande imagem egóica sofre no período de 24

horas de jejum um processo de retificação, realizando um Tikun à sua verdadeira dimensão.

O corpo físico se afirmando pela sua negação se descobre como resultante de um ato do

amor divino. Teshuvá é retorno do Any ao Ayn.

1 Na tradição de quebrar o copo na cerimônia do casamento encontramos laços partidos presentes nos

novos laços unidos. No momento de alegria intensa da união, contatamos também com as nossa perdas,

como na partida dos filhos de seus lares paternos ou de pessoas que não estariam ali presentes. Não se

trata de um masoquismo, mas de uma polarização dos momentos de perdas e ganhos. Lembrar da tristeza

no momento maior de alegria é para que nos momentos que houver o predomínio da tristeza da perda

possamos elaborá-la e lembrarmos da nova união que ela encerra e que prenuncia a alegria Vindoura. O

problema não é a perda mas o que fazemos com ela. Realizá-la e encará-la com humildade ao invés de

humilhação é o aprendizado básico do processo de aceitação para transmutá-la, tal como na reverência do

Cadish, a prece do luto pela perda de um ente querido, que é um hino de louvor e exaltação a D”s que

ameniza a nossa dor.

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Este jejum purificador é piedoso e diferente de alguma outra prescrição de jejum,

como a de um ato médico. É também um ato de fé coletivo e difere da mera restrição do

jejuar sozinho em casa. A própria identidade do ser individual é ali colocada na sua

dimensão cultural e comunitária, transcendente na espiritualidade, que culmina no Schemá

com o toque do Schofar.

O Itzcór dos enlutados é uma das rezas mais assistidas deste dia, muito embora ela

esteja presente também em outros dias santos. É que neste dia do perdão as perdas se

evidenciam. Percebemos nossa pequenez cósmica. Somos cordas de areia no tempo.

Como é difícil pedir perdão! Certo Yom Kypur, após conseguir pedi-lo a D’s,

percebi que ainda não o tinha dado a mim mesmo. Eu senti que Ele em sua clemência

magnânima poderia até me haver concedido o perdão, mas eu não conseguiria recebê-lo,

pois ao não me perdoar meu coração ainda estava fechado. Por isso temos o auxílio do som

sagrado do Shofar, trombeta da alma para abrir as trancas do peito, não só as celestes, mas

terrestres também como Josué fez para abrir os portais de Jericó, rumo a terra prometida.

Lembrei-me de meus tempos de jovem na sinagoga junto a meu pai, achando que

aqueles que não compareciam nos serviços religiosos regulares, eram todos hipócritas, pois

na semana seguinte já não estariam mais ali. Embora houvesse realmente uma certa dose de

falsidade, hoje, talvez por me encontrar do outro lado, revejo a coerência total e absoluta

que advogava então. A dificuldade do perdão residia na impossibilidade de prometer

convicta e totalmente que não mais pecaria, o que não poderia fazê-lo em sã e sincera

consciência.

O pedido de perdão, como ato de amor, só pode se dar apesar de. Não como

promessa, mas como compromisso. Não é por outra razão que exatamente a primeira prece

do Yom Kipur é o Kol Nidrei, que versa sobre todas as promessas feitas não cumpridas e

das que vindouramente faremos.

Paradoxal condição humana esta nossa que, sabendo-se imperfeita busca o

aperfeiçoamento, mesmo sabendo que não atingirá a perfeição. É tão terrível aquele que

vive preso ao seu sonho quanto àquele que não o possui ficando prisioneiro da realidade. No

caminho do Dia do Perdão trata-se ainda de se verificar perdas, falhas e descontinuidades do

re-ligare. A Teshuvá é arrependimento e retorno de uma contra-mão indevida.

Uma lâmpada que não voe ou apite obviamente não está com defeito, pois não é

feita para isso, mas é sinal de sua própria imperfeição. Aceitarmos nossa própria

humanidade em sua imperfeição é o primeiro estágio para podermos atingir o perdão. É o

próprio amor que clama o perdão. Tal como a si mesmo, não é nenhum favor perdoar ao

outro, já que nós mesmos lucramos imediatamente ao sentirmos, nossos corações e mentes

mais leves.

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Doutores e Pescadores por Jayme Fucs Bar

É muito comum no Brasil que alguém como forma de respeito chama o outro de "Doutor",geralmente pessoas que se consideram "simples" e valoriza o outro por seu " grande conhecimento ".

Esse tema me fez chamar atenção de uma linda história que contou Paulo Freire antes de ele ser reconhecido como um grande pedagogo.

Se conta que dava aula de alfabetização numa aldeia de pescadores e as pessoas o chamava de Doutor por ele ter uma sabedoria que os demais pescadores não tinham.
Um dia quando ele estava dando aula, os alunos o chamaram atenção!

" Doutor Paulo Freire, é melhor o Doutor ir para casa que vai cair um temporal danado!"

Ele olhou para o céu e viu um dia claro com muitas nuvens, mais sem um sinal de chuva e pensou - " Essa gente inventa coisas mesmo!"

Passou uma hora depois e o céu ficou todo escuro e caiu um temporal que ele não pode voltar para casa.
No dia seguinte ao entrar na sala de aula perguntou - " Como vocês sabiam que ia cair um temporal?"

Eles responderam " Há é muito simples Doutor! Quando tem ventos forte sudoeste e muitas gaivotas voando nesta direção é sempre sinal de temporal"

Para Freire esse foi o momento que mudou o rumo de sua vida como educador, o fez entender que todas as pessoas têm um tipo de conhecimentos todos nos somos sábios em alguma coisa!
Freire para dar um sentido maior a essa particular situação pedagógica faz um desafio aos seus alunos.

" Eu farei 10 perguntas de minha sabedoria que vocês terão que responder!"

"Vocês farão 10 perguntas da sabedoria de vocês que eu terei que responde."

Freire o perguntou: "Que foi Sócrates? "

Todos riram pois não sabiam responder!

Eles perguntaram a Freire:

"Que período é a pesca dos camarões?"

Freire riu pois não sabia responder.

Freire nos ensina que todos nos somos "Doutores" em alguma coisa! E com certeza cada um tem muito que aprender com o outro.

A grande sabedoria de Freire não foi os seus anos de estudo de direito e depois como professor de alfabetização, mais sim a sua capacidade humana de entender que sua "sabedoria" era muito limitada, ele não era melhor que os pescadores e seu grande saber foi aprender a compreender a ter dignidade e respeito sobre o saber do outro.

O que é o conhecimento?

Essa é uma grande questão!

Médicos, professores, acadêmicos, lideranças religiosas, cientistas são com certeza seres com muito conhecimentos, mais como qualquer seres humanos são pessoas limitadas e muito limitados mesmo!

Ter certos conhecimentos não quer dizer que somos donos de verdades!

Quando minha falecida esposa estava num processo avançado no tratamento de câncer no hospital Hadassa de Jerusalém, nas mãos de uma das maiores especialistas no tratamento de leucemia do mundo, a doutora depois de usar todo o seu recurso e saberes nos declarou.

" Com todo o meu conhecimento de anos de estudo e pesquisa ainda estou muito limitada"

Sua franqueza nos tirou de um lado a esperança que seus "conhecimentos" a curaria do câncer, porém sua grandeza foi o seu lado humano que não nos deixar a cair no erro das ilusões.
Edgar Morin em seu livro os setes saberes necessários para educação no futuro nos alerta sobre o que é conhecimento!

" O ensino fornece conhecimento, fornece saberes. Porém, apesar de sua fundamental importância, nunca se ensina o que é, de fato, o conhecimento. Ao examinarmos as crenças do passado, concluímos que a maioria contém erros e ilusões."

Todos nos temos um tipo de conhecimento! Crenças, idéias, pensamentos, religiões e visão de mundo ,que estão constantemente vivendo erros e ilusões!

Temos que ter muita consciência que esses conhecimentos são extremamente importantes e validos na vida mais são conhecimentos ainda muito limitados. Vivemos no erro da ilusão onde pensamos que sabemos tudo, mais na verdade ainda pouco sabemos sobre nossas vidas e o mundo que nos rodea.

O grande desenvolvimento do conhecimento humano é um fato indiscutível e as proezas tecnológicas é deslumbrante, mais é nada mais que uma pequena partícula do que vem a ser o segredo oculto existente em nossas vidas e em nosso mundo.

O grande conhecimento e ser consciente das nossas limitações de nossas "verdades!

Eu acredito no que acredito!

Mais minha crença está muito limitada de ser uma verdade absoluta! Tenho consciência de minha limitação humana.

Sempre quando me perguntam.
"Por os rabinos usam Kipa se não está escrito na Torá?"

Eu respondo! "É para lembrar aos rabinos que eles não são Deuses e sim seres humanos de fraquezas e limitações. "

Saber de nossas limitações e fraquezas é uma forma de sabedoria, onde você complementa o seu vazio na sabedoria do outro e outro na sua sabedoria!

Exatamente como fez Paulo Freire, ao aprender através de sua limitação o grande valor que tem na sabedoria dos pescadores.

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Pessach e a "Difícil liberdade" Jayme Fucs Bar

Estava lá eu sentado no seder de Pessach do Kibutz Nachshon em 1983, era o meu primeiro seder comunal em Israel, nunca tinha vivenciado um seder assim tão diferente do costume dos anos que eu vivi no Brasil. As mesas estavam devidamente postas e arrumadas, o palco muito bem decorado com a seguinte frase que se destacava para todos: “Chag Herut Sameach! Feliz Festa da Liberdade!”

Essa Frase chamou a minha atenção! A palavra Liberdade era parte integral da leitura da Hagadá que relatava a saída do povo Hebreu do Egito em busca de, como bem definiu Emannuel Levinas, essa “difícil liberdade”.

Eu pessoalmente me defino como um judeu secular Humanista, mas independente de como você se defina. a liberdade é um direito Universal reservado a todos – sejam religiosos, tradicionalistas, seculares, judeus e não judeus – todos nós necesitamos dessa “difícil liberdade”! Muitos de nós não temos a consciência de que essa festividade, o Pessach – Chag Herut – é comemorado há mais de 3.300 anos! Cada geração em seu tempo reflete sobre essa magnifica história de Pessach, que em Hebraico significa passar! Passar da escravidão à plenitude da liberdade.

Pessach é sem dúvida a primeira revolução social registrada da humanidade, onde escravos se revoltam contra seus opressores. Pessach se tornará o símbolo das lutas sociais e políticas de todos os tempos, se incorporará nos gritos de liberdade dos oprimidos que sentiram a aflição da fome e da miséria, e não é por acaso que a Hagadá de Pessach começa com estas palavras: “Este é o pão da aflição que nossos ancestrais comeram no Egito. Deixe que todos os famintos venham e comam“.

Comemos a cada ano o “pão da aflição” para lembramos não somente que fomos escravos no Egito mas que ainda existem muitos seres humanos subjugados a tirania, fome e opressão!

A frase Chag Herut (A Festa da Liberdade), me acompanha em meus pensamentos por todos esses anos que vivo em Israel, como se fosse uma prece ou um desejo sagrado de manter com todas as forças em minha vida essa “difícil liberdade”!

Como sempre no pensamento Judaico, nada é tão simples – principalmente quando o tema é liberdade. A prova disso é a impressionante passagem do diálogo que Moisés tem com o Criador e o seu pedido de “Liberte meu povo”. A resposta do Criador a Moisés é ainda mais complexa para o nosso entendimento humano, o Criador responde a Moisés “Herut AL Tenai” (Liberdade condicional). Essa resposta é o verdadeiro mistério do Pessach e ainda hoje é um grande enigma! O que o Criador quis dizer a Moisés com “Liberdade condicional”? Quais seriam essas condições para que o povo seja realmente livre?

Interessante que na travessia do Mar Vermelho os egipcios são afogados durante a perseguição dos hebreus e o povo comemora com alegria a destruição do outro, mas o Criador repreende dizendo “minhas criaturas se afogam no mar e vocês entoam cantos!?” como se quisesse dizer que o direito a vida ao Povo hebreu estava condicionado a vida de outros povos também.

Com certeza uma carga de responsabilidade enorme vai ser determinada ao povo judeu, onde sua liberdade estará sempre sob condições a liberdade do outro. Mas que condições são essas para se garantir uma vida de Liberdade?

Espinosa que foi excomungado e obrigado a abandonar sua comunidade para garantir a liberdade de seu pensamento, com certeza responderia que ser livre sob condição era agir de acordo com a sua natureza e que apenas através da liberdade é que o homem pode se expressar em sua totalidade.

Jean Paul Sartre conhecido como representante do existencialismo nos alertaria que os seres humanos nascem para serem livres. Mas, liberdade significa também responsabilidade.

O grande sábio Emannuel Levinas nos diria que a nossa liberdade está sob condição da liberdade do outro. Eu não sou livre se o outro não é livre.

O polêmico mestre Yeshayahu Leibowitz, quando o perguntavam se o Messias estava para chegar, ele respondia com toda a sua devoção “Ele virá! Ele virá! Ele virá! Mas todo Messias que vier será um Messias falso!” E ao ser questionado como poderia ter tanta devoção sobre o Messias e ao mesmo tempo negá-lo, Leibowitz dizia que a nossa liberdade está totalmente condicionada à liberdade dos outros seres humanos, somente quando todos seres humanos forem livres poderá chegar a redenção e o Messias.

 

Será que somos realmente livres?

Depois da libertação como escravos no Egito e a liberdade na Terra de Israel, a nossa “difícil liberdade” será posta à prova em diversas situações durante a história judaica: seremos invadidos, dominados, exilados e escravizados por novos opressores e tiranos vindo da Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma; seremos espalhados pelo mundo, passaremos por perseguições religiosas, humilhações, inquisições, pogroms e o Holocausto – a maior opressão e extermínio humano da historia da Humanidade! As palavras liberdade, democracia e Humanismo ganham um novo sentido depois do Holocausto!

Rabi Yehudah Leow, o Maharal de Praga, perguntava-se como o povo judeu poderia ter celebrado sua libertação do Egipto durante os tempos em que estavam mergulhados novamente nas trevas do exílio e perseguição e opressão?

 Mas acreditem: Milagre existe e ele é feito por Homens e Mulheres!

A Criação do estado de Israel depois de 2000 anos no exílio é um milagre realizado por Homens e Mulheres! Novos Moisés e Miriams nos libertaram de um novo Egito, abrindo mares vermelhos de sangue, luta e sofrimento de uma longa trajetória de exílios, atravessamos desertos de promessas de uma Europa de igualdade, liberdade e fraternidade e dançamos em volta de bezerros de ouro criado pela ilusão do Stalinismo.

Terá esse povo que passar por tudo isso, para poder chegar de novo a sua terra prometida, e poder ouvir a mesma pergunta feita a 3300 anos atrás: “Por que esta noite é diferente de todas as outras?” E a resposta: “Porque esta noite fomos libertados!”

Mas é justamente na noite de Pessach – Chag Herut – que jamais devemos esquecer que nossa liberdade estará sempre condicionada a liberdade do outro. Se o Outro não for livre, jamais seremos realmente livres.

É POR ISSO QUE CABE A CADA UM DE NÓS, JUDEUS E NÃO JUDEUS,
LUTARMOS JUNTOS PELA LIBERDADE ALHEIA!

Chag Herut Sameach!
Feliz Festa da Liberdade!

Fontes de pesquisa:
Pessach com Leibowitz e Levinas por Paulo Blank
Pessach – Tempo de nossa Liberdade por Henrique Rattner da revista espaço Acadêmico.
Pessach – A Consciência da Liberdade por Yosef Y. Jacobson

revisão : Gabriel Guzovsky

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Bendito seja esse ano de muitos momentos felizes!

Bendito seja esse ano que possamos sempre sorrir!

Bendito seja esse ano que encontremos sempre o diálogo!

Bendito seja esse ano que tenhamos muita saúde! 

Bendito seja esse ano que possamos fazer alguém Feliz! 

Bendito seja esse ano que a Paz cheque em Israel!

Bendito seja esse ano sem guerra e violência!

Bendito seja esse ano de solidariedade e justiça!

Bendito seja esse novo ano com mais esperança!11419594882?profile=original

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Povo Curdo Um Grande Povo Sem Nação ! Jayme Fucs Bar

 

 

Hoje existe no mundo  seis  povos que revindicam sua autodeterminação como  nação são cerca de 56 milhões de pessoas.

Eles são: Os Curdos, Tibetanos, Palestinos, Ciganos, Bascos, Chechenos.

Dentro desses 6 povos se destaca o povo Curdo , onde de acordo com o World Factbook sua população é estimada  entre 27 e 36 milhões .  55% dos curdos no mundo vivem na Turquia, 20% no Irã, 20% no Iraque e um pouco menos de 5% na Síria.

O Povo Curdo  vive ha mais de 3 mil anos nessas regiões montanhosas, que apesar de ocuparem por séculos a mesma região, nunca tiveram um pais, e sempre estiveram  sob domínio político e militar de outros povos.

Na  Turquia, onde vive a maioria do povo Curdo, o seu  idioma é  proibido de ser usado, são perseguidos e descriminados como minoria nacional, milhares de Curdos estão presos por revindicar o seus direitos nacionais.

 A hipocrisia  da Turquia é enorme de um lado apoio incondicional a luta dos direitos nacionais do povo Palestino do outro os Turcos ocupam, dominam e oprime os direitos nacionais do povo Curdo.

No Iraque região que conseguiram uma certa autonomia em 2005 , são os verdadeiros combates contra o grande genocídio que esta sendo realizado dia a dia pelos radicais sunitas do "Estado Islâmico"  que estão exterminando as minorias Yazidis, Cristãos  e Curdos.

A Cultura Curda é  rica de Historia e tradição ! Termino esse pequeno memorando,  sob a luz da  poetisa  Curda  Latif Hamet,  que  testemunha a grande participação das mulheres  Curdas nas fileiras da  Luta por sua libertação .

 
Eu vou mãe.
Se não regressar,
serei flor desta montanha
torrão de terra
para um mundo
maior do que este
(…)
Eu vou mãe.
Se não regressar,
a minha alma será palavra
para todos os
poetas.

Fontes - https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/print/country/countrypdf_iz.pdf

http://blocosonline.com.br/literatura/prosa/opina/opina07/op070801.php

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/curdos-conflito-nao-tem-fim-434540.shtml

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O homem foi criado (Gênesis 1-27) e formado (Gênesis 2-7) pelo senhor nosso D’us, bendito seja. O ser humano é pois uma criatura especial, único ser que quando adequadamente preparado e em níveis especiais de consciência (estado alfa) pode observar e navegar (explorar astralmente) por 3 dos 4 mundos (planos de consciência) criados: 4. Mundo da Matéria – Olam HhaAssiá; 3. Mundo da Formação – Olam Haletizirá; 2. Mundo da Criação – Olam HaBriá; e, 1. Mundo da Emanação – Olam HaAtzilut. Mundo da Matéria É o plano da Ação ou Reprodução (Olam HhaAssiá), a ‘casa’ do nosso corpo (Nephesh) com o princípio vital, onde a criação atinge o seu maior grau de materialidade. E mesmo assim, em nosso atual nível de evolução, o que a maioria de nós percebemos hoje com os olhos corporais é somente a esfera inferior e mais densa da matéria, onde o ego humano ainda impera. E é este império do ego a causa principal das injustiças, egoísmos, orgulhos, preconceitos e tantos outros desequilíbros que têm acorrentado a evolução da sociedade humana neste planeta. No entanto, esta incapacidade de percebermos esferas mais evoluídas (menos densas), inclusive em nosso próprio mundo material no qual vivemos, é temporária e varia de um ser humano para outro. É uma questão de evolução pessoal. Atualmente os seres humanos encontram-se em estágios de vibrações dimensionais entre 3,05 à 3.72 – e aumentando de forma lenta, mas progressiva. Espera-se para a partir de 2012, acelerações nos níveis dessas vibrações dimensionais jamais vistas em todo a história humana. Como filhos e filhas, e parte da criação dos mundos, cada um de nós – ao seu próprio tempo – evoluirá, atingirá e habitará outros planos de consciência. Há as exceções para as massas de energia negativa, os demônios, os anjos caídos e as entidades do mal, que seguem a um falso poder. Ler matérias Do outro lado da luz e Liberdade aos Cativos. Mundo da Formação É o plano, a ‘casa’ da nossa alma (Ruach), sede da vontade (a personalidade e ego humanos). Pensamentos, emoções e/ou atos visando sexo só para prazer pessoal, conquistas, poderes materiais para usufrutos, etc., são impulsos da alma. Esses impulsos são emitidos conforme formações – educacional, cultural, ética e moral – pessoal. A alma é como se fosse uma camada intermediária entre o corpo e o espírito. Flutua entre a atividade e a passividade, entre a inferioridade do corpo e a superioridade do espírito, no que desrespeito ao grau de interação entre os mundos criados. Mundo da Criação É o plano, a ‘casa’ do nosso espírito (Neshamah), a centelha divina. É no corpo (linguagem ilustrativa) etérico do espírito que estão fixados as 144 (144/9) chakras (centros de recepção, transmutação e transmissão de luz/energia). As maiores e principais (para o plano material) são: chakra da Coroa, da 3° Visão, da Garganta, do Coração, do Plexus Solar, da Alma e a da Base da Espinha. O espírito é um ser imortal, puramente interior. Sua atividade dominante é a receptividade e é imune a sensibilidade passiva do plano material. Vive sua própria vida e vive só para o geral e para o mundo espiritual. Dispõe de si mesmo e manifesta-se por e para fora do corpo em ações livres e voluntárias, normalmente quando o corpo está em repouso (meditando, dormindo). Mundo da Emanação É o plano Divino, sede das 10 saphiroths, casa (sentido ilustrativo, pois não há palavras para descrever O Único, O Tudo…) de D’us e conseqüentemente do nosso próprio espírito, já que o mesmo é uma partícula do próprio Criador. É para Esta ‘Casa’ que nosso espírito retornará após longa jornada, muito embora para muitos espíritos esta jornada será muitíssimo longa, quase eterna. Este plano é impossível de ser descrito e o único vedado ao ser humano como conhecemos, pois é tão puro, justo e perfeito que absolutamente nada de impuro e imperfeito pode se aproximar. O tetragramaton é uma formula cabalista do poderoso e impronunciável nome de D’us, louvado seja. Compreendê-la e aplicá-la é ter acesso a umas das principais chaves da criação. Interação dos três mundos acessíveis ao ser humano Apesar de distintos, esses 3 mundos interpenetram-se uns nos outros, interagindo-se constantemente, numa simbiose tão maravilhosa e perfeita que leva a muitas interpretações equivocadas (exemplo: alguns afirmam que as chakras estão fixadas no corpo físico e não no espiritual!). Essa exata interação pode ser expressa pelo espectro solar que, apesar de possuir várias cores, funde-se uma nas outras ao ponto de não se distinguir exatamente. Por isto o ser humano é um ser trino, composto de 3 esferas de energia com vibrações distintas, mas ao mesmo tempo una. Cada uma dessas esferas possui 3 subdivisões analógicas “que provém da localização e dos reflexos dos respectivos princípios. Desta forma, destinguimos no ser humano 9 elementos; ou seja, 3 partes principais com 3 graus cada uma”: Corpo (Nephesh): a) O concreto no concreto; b) o particular no concreto; e, c) o geral no particular; Alma (Ruach): a) o concreto no particular; b) o particular no particular; e, c) o geral no particular; e, Espírito (Neshamah): a) o concreto no geral; b) o particular no geral; e c) o geral no geral. O corpo Além do corpo físico propriamente dito, “também é corpo fluídico (perispírito dos espiritas). Sua atividade ideal é quase nula. A sensibilidade passiva para o mundo material é sua marca”. Recebe impulsos da alma e do espírito, com quem age e interage via atividade cerebral (pensamentos, emoções e ações mentais – boas ou más). A alma Interage constantemente com corpo e o espírito em 3 níveis: 1. A alma é excitada pelo corpo (que lhe é inferior) e sobre este age dando-lhe impulses para pensamentos, emoções ou ações (boas ou más) específicas, dependendo da vibração mental (pensamentos conscientes e/ou inconscientes), daquele determinado ser humano. Daí o porque da grande necessidade de controlarmos nossos impulses e ações, de sermos simples, humildes, gentis e tolerantes, de perdoarmos todas as ofensas que recebermos. 2. A alma recebe influências da matéria (conforme sua natureza coletiva – se boa ou má, se positiva ou negativa) e sobre este também influência. Daí a razão de influenciarmos positivamente a comunidade em que vivemos, não só com bons pensamentos, mas com ações e obras que proporcionem satisfações e felicidades para outras pessoas. 3. A alma é estimulada pelo espírito (que lhe é superior) a progredir, desenvolver-se, elevar-se espiritualmente. Nestes momentos, comunica ao espírito suas experiências individuais. Daí a razão de praticarmos a religião da consciência de cada um, de crer acima de tudo em D’us, de orarmos, de nos humilhar perante Aquele que foi, que É e que sempre Será. A alma recebe sensações (vibrações de energia) do plano material, impulsionando essas sensações, intuições para realizações (boas ou más). Como o espírito a alma dispõe de si mesmo e manifesta-se por e para fora do corpo em ações livres e voluntárias. O espírito “O corpo e a alma são imagens exterior do espírito. O que há de quantitativo no corpo e qualitativo na alma vêm do espírito, que é puramente interior e ideal”. Portanto, se todos nós, apesar de todas as batalhas que temos que travar diariamente para vivermos, nos prepararmos psicologicamente para o dia que vamos ao Templo da nossa crença, com certeza estaremos em sintonia com as energias revigoradoras do nosso espírito, com canais abertos para recebermos energias do próprio Criador. Além das relações com a divindade o espírito está em constante relação com a alma e o corpo, em que se reflete e para os quais constantemente (nem sempre os canais de recepção estão adequadamente alinhados, em virtude das obrigações diárias de todos e/ou pensamentos, emoções e ações comandadas pelo ego) passa impulsos (vibrações de energia) de elevados princípios espirituais. Dai a grande importância de freqüentarmos o templo (sinagoga, igreja…) da nossa crença, onde ao mesmo tempo muitos elevam (concentração de energia) seus pensamentos (colocando muitos em alfa – intensidades variáveis), alinhando nossos canais de recepção e nos possibilitando um contato com o Divino via nossos próprios espíritos. Evolução do ser humano Portanto, o grande segredo da evolução humana é que o corpo físico, via atividade cerebral consciente, pode (e deve) influenciar as estruturas do seu próprio ser, emitindo impulses (pensamentos ritmados) para a alma que, por sua vez retransmitirá ao espírito que, confirmando a autenticidade e pureza (sinceridade) desses impulsos, nos abrirá canal direto com a própria divindade… É exatamente isto que ocorre em cultos religiosos quando os presentes estão com seus corações puros, com fé e boas intenções, e seus dirigentes esquecem momentaneamente seus dogmas terrenos.
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Tisha B'Av, o nono dia do mês judaico de Menachem Av, é um dia de luto nacional para o Povo Judeu porque nesta data foram destruídos o Primeiro e o Segundo Templo. Com exceção de Yom Kipur, Tisha B'Av é a única data do nosso calendário na qual somos obrigados a jejuar durante mais de 24 horas. Mas, enquanto Yom Kipur é um dos dias mais felizes do ano, um dia de Perdão e Clemência Divina, Tisha B'Av é o dia mais triste do calendário judaico. É a culminação de um período de três semanas de luto nacional que se inicia em 17 de Tamuz - um dia de jejum que começa antes do amanhecer e termina após o pôr-do-sol. Foi no dia 9 de Menachem Av que o Primeiro e o Segundo Templo Sagrado de Jerusalém foram destruídos. Construído pelo Rei Salomão, filho e herdeiro do Rei David, o primeiro Beit Hamicdash foi destruído em 422 antes da Era comum pelos exércitos de Nabucodonosor, rei da Babilônia. O segundo, erguido sob a liderança de Ezra após a volta dos judeus de um exílio de 70 anos, na Babilônia, foi destruído 490 anos após o Primeiro Templo pelas legiões romanas que exilaram os judeus da Terra de Israel. Jejuamos e lamentamos em Tishá B'Av a destruição do Templo Sagrado por ser esta a causa primordial do sofrimento do Povo Judeu. As conseqüências foram dramáticas: exilado da Terra de Israel, nosso povo se dispersou pelos quatro cantos do mundo, permanecendo durante dois mil anos à mercê de outras nações. Foram dois milênios de perseguição, discriminação, expulsões, pogroms e mortes que culminaram na Shoá. A destruição do Templo Sagrado, Morada de D'us na Terra, teve sérias conseqüências e continua tendo, não só para o Povo Judeu, mas para a humanidade como um todo. Poucos sabem que o Templo não era apenas o local mais sagrado da cidade mais sagrada da Terra, mas, em termos espirituais, era o escudo protetor do mundo, pois os serviços lá realizados expiavam não somente os pecados dos Filhos de Israel, mas também os de toda a humanidade. Desde a destruição do Templo, os homens perderam uma grande fonte de proteção. Nossos Sábios ensinam que nas gerações em que o Templo não for reconstruído é como se o mesmo tivesse sido novamente destruído. Isto significa que continuam sendo cometidos os mesmos pecados e erros que causaram a queda do Primeiro e Segundo Templo. Somente quando aprendermos com estes erros, quando deixarmos de cometê-los, o Terceiro Templo será construído, estabelecendo na Terra a utopia com a qual o homem sempre sonhou. Por que o Primeiro Templo caiu No Talmud, no Tratado de Yoma, está escrito que o Primeiro Templo foi destruído porque na época os judeus cometiam três pecados capitais: idolatria, imoralidade (adultério e incesto) e assassinato. Mas, ainda no Talmud, o Tratado de Nedarim aponta para outra razão. Está escrito que o Primeiro Templo caiu porque antes de estudar a Torá os judeus não recitavam a bênção apropriada. Idolatria, imoralidade e assassinato - pecados tão graves que um judeu não pode cometê-los nem para salvar sua vida - podem até justificar a destruição do Templo e o exílio do nosso povo da Terra de Israel. Mas o fato de não recitar uma bênção antes de estudar Torá parece ser uma infração técnica, algo que não poderia ter conseqüências tão catastróficas. No entanto, explicam nossos Sábios que o fato de os judeus cometerem pecados cardeais tão graves, que levaram à destruição do Primeiro Templo, está ligado à forma como se relacionavam com a Torá. Pergunta o Maharal de Praga, grande cabalista famoso por ter construído o Golem: "Por que a Terra está-se perdendo? A resposta dada por ele é que a Torá foi abandonada. E o que significa abandonar a Torá? Significa não a bendizer". Pois, abençoar a Torá antes de estudá-la - declarando "Santificado és Tu, o Eterno,.... que nos deste a Tua Torá" - é reconhecer que esta pode ser uma dádiva, mas que a Torá ainda pertence a D'us, não a nós. Por outro lado, não recitar a bênção antes de estudá-la, significa removê-la da esfera da santidade. É tratar a Torá, que é a Vontade e a Sabedoria Divina, como qualquer outra obra literária, estudando-a como se fosse matéria da história ou do direito. É transformar o sagrado em profano - e esta é a própria definição de sacrilégio. É ofender tanto à própria Torá como Àquele que a outorgou ao Povo Judeu. Apesar de D'us estar disposto a relevar muitos dos erros e pecados que cometemos, a omissão em relação à bênção da Torá é algo que Ele não pode ignorar. Fica mais fácil entender a gravidade disso através de uma simples analogia: se alguém se machucar, a dor é transmitida ao cérebro. Mas a ferida mais perigosa é aquela que atinge diretamente o cérebro. Diminuir a santidade da Torá é atingir o âmago do judaísmo, pois esta é como um fio de alta tensão que conecta o homem finito com o Criador Infinito. Se alguém decidir brincar com esse fio de alta tensão - ao interpretar a Torá da forma que lhe convém, mudando ou revogando suas leis, ou a explorando em benefício próprio - corre o risco de ferir sua alma. Ao tratar a Torá como se fosse uma obra humana e não Divina, rompe a ligação desse fio espiritual com sua Fonte. Quando isso acontece, escreve o Maharal de Praga, a Torá trazida por Moshé dos Céus à Terra perde a sua permanência. Deixa de ser a Árvore da Vida e passa a ser uma árvore cortada de sua Raiz, e, inexoravelmente, definhará e acabará por morrer. Isso foi o que levou o povo a cometer pecados tão graves, na época do Primeiro Templo. Na realidade, os três pecados cometidos foram a matriz de todas as transgressões. A idolatria representa todos os pecados contra D'us; a imoralidade sintetiza todos os que são cometidos por causa de desejos imorais e egoístas; e o assassinato simboliza toda a maldade que o homem comete contra outros seres humanos. Em muitos casos, tais pecados são cometidos quando os homens abandonam a Palavra de D'us, desconectando-se Dele. Ao ser arrancada de sua Raiz, a Torá se torna apenas mais um código de leis, que pode ser mudado ou até descartado. Não surpreende, portanto, que justamente na época em que os judeus não costumavam bendizer a Torá, a idolatria se tenha disseminado. Ambos os fenômenos são meios pelos quais o homem remove de si o jugo Celestial. Como ressalta o Talmud, os judeus jamais praticaram a idolatria por serem tolos o suficiente para acreditarem em seu poder. Muito pelo contrário: as pessoas adoravam estátuas, estrelas e um bezerro de ouro por serem objetos inanimados, sem poder algum, que nada proíbem ou exigem, e que não punem. Por outro lado, ao nos transmitir Sua Vontade através da Torá, D'us nos deu uma longa lista do que devemos e do que não podemos fazer, e Ele está sempre atento às nossas ações e omissões. É de extrema importância ressaltar que ofender a Torá não é uma questão de observância religiosa, mas sim de como cada um de nós se relaciona com a Vontade Divina. Aquele que a honra, a considera sagrada, a Palavra de D'us, mesmo que ele próprio não viva sempre de acordo com suas leis ou seu espírito. Tal pessoa vive em um universo centrado no Todo Poderoso. O problema surge quando o indivíduo se coloca no centro do universo e acredita que a Torá deve adaptar-se a ele. Quando isso acontece, a pessoa abandona a Torá de D'us e a transforma em sua própria Torá. E quanto mais a pessoa segue este caminho, maior dano espiritual causa. As conseqüências, como na época da queda do Primeiro Templo, são pecados contra D'us e contra o homem. Por que caiu o Segundo Templo Uma das conseqüências da destruição do Primeiro Templo foi o exílio babilônico, que durou 70 anos. Foi um exílio extremamente curto, como um piscar de olhos, quando comparado ao de 2.000 anos iniciado após a queda do Segundo Templo. Mas, por que o Segundo Templo foi destruído? E por que o segundo exílio foi desproporcionalmente mais longo e mais difícil do que o primeiro? O Talmud nos responde: durante a época do Segundo Templo, apesar de serem judeus observantes, os judeus odiavam uns aos outros. Estudavam a Torá da maneira correta, seguiam suas leis e até faziam atos de bondade e caridade. Mas se odiavam e difamavam uns aos outros, nutriam ressentimentos e se alegravam com a desgraça alheia. Nossos Sábios, então, concluem: se a extensão do exílio é uma medida para avaliar a gravidade de um pecado, o ódio entre judeus é pior do que ofender a Torá e cometer os três pecados cardeais. De fato, Maimônides escreve que a Torá foi dada para estabelecer a paz no mundo. Seu propósito é aproximar os judeus de D'us e, também, uns dos outros. É verdade que quando alguém - por rancor ou indiferença, e não por falta de conhecimento - deixa de abençoar a Torá, ele a ofende. Mas quando um judeu odeia outro judeu, seu ato é muito pior: ele nega a Torá, pois invalida seus objetivos. Além do mais, o ódio entre judeus é uma afronta à Unidade d'Aquele que nos deu a Torá. É verdade que sabemos muito pouco sobre D'us, mas sabemos que Ele é absolutamente Um. Quando nós, Seu Povo, estamos unidos, refletimos a Sua Unidade. Rashi, o clássico comentarista da Torá, escreve que quando esta foi dada no Monte Sinai, os judeus estavam tão unidos quanto um homem com um único coração. Foi esta unidade que os tornou merecedores da Revelação de D'us e da outorga de Sua Palavra. O maior momento da história judaica aconteceu quando o povo estava unido. Não surpreende, pois, que o pior acontecimento da epopéia judaica - o dia de Tishá B'Av, no qual o Segundo Templo foi destruído, levando os judeus ao seu mais longo exílio - tenha ocorrido quando prevaleciam as lutas internas e a desunião entre nós. Unidade no seio de nosso povo, não significa que todos devamos concordar sobre todo e qualquer assunto. Significa, porém, que jamais devemos deixar de nos ver como parte de um organismo único. Quando judeus odeiam judeus - quando se ressentem, caluniam e se rejeitam, uns aos outros - estão prejudicando mais o Povo Judeu do que o conseguiriam os nossos inimigos. Não há guerra mais cruel e devastadora do que a guerra fratricida, travada entre irmãos. Uma analogia pode ajudar a entender este princípio: doenças do sistema auto-imune são as mais terríveis e em muitos casos letais. Ocorrem quando o organismo deixa de se reconhecer como uma unidade e passa a considerar certas partes dele mesmo como elementos estranhos, indesejáveis. Reage como se estivesse diante de invasores, tentando expulsá-los. No caso de certas doenças, o resultado é fatal. Essa analogia explica a razão para a destruição do Segundo Templo e para os 2.000 anos de exílio. Quando os judeus se voltam uns contra os outros - quando tratam outros judeus como indesejáveis - estão agindo como a doença auto-imune, inconscientes de que estão atacando não um corpo estranho, mas a si mesmos.Portanto, ainda que seja inegável que há diferenças importantes e, às vezes, dolorosas entre os diferentes grupos que integram o Povo Judeu, jamais podemos esquecer que somos todos partes de um mesmo organismo. Um indivíduo pode estar insatisfeito com algumas correntes judaicas - pode desaprovar seus costumes, visão política ou grau de observância religiosa - mas ninguém pode negar que todos fazemos parte do mesmo povo e que, apesar das discordâncias e dos argumentos, são "meu osso e minha carne" (Gênese 29:14). Como nos ensina o misticismo judaico, o Povo Judeu faz parte de uma única alma cujas faíscas encarnam em corpos diferentes. O Terceiro Templo de Jerusalém será mais grandioso que os dois primeiros. Ele poderia e deveria ter sido construído há muitos e muitos anos. Se ainda não foi - se nós ainda jejuamos e nos lamentamos em Tishá B'Av - é porque ainda não retificamos totalmente os pecados que levaram à queda dos dois Templos. O Zohar, obra fundamental da Cabalá, fala do triângulo espiritual que une D'us, Sua Torá e Seu Povo. O Rebe de Lubavitch, que dedicou sua vida para acabar com o exílio do Povo Judeu, ensinou que se encontrarmos um judeu que ama a D'us, mas que não tem amor pelo seu povo e pela Torá, devemos dizer-lhe que seu amor não perdurará. No entanto, se encontrarmos um judeu que ama seu povo, mas que não tem amor por D'us e pela Torá, devemos trabalhar com ele para alimentar seu amor por seu povo até que este transborde em direção aos outros dois, até que os três amores se unam em um único nó forte que jamais há de se romper. Quando nós nos unirmos, como indivíduos e como povo, e nos aproximarmos de D'us e de Sua Torá, teremos finalmente retificado os erros das gerações que nos precederam. Quando isso acontecer, todos os judeus retornarão a Israel e o Terceiro Templo será construído. Como todos os nós do triângulo que unem D'us, Sua Torá e Seu Povo jamais serão rompidos, não haverá outro exílio e o Terceiro Templo perdurará para sempre. Este servirá como proteção e bênção para toda a humanidade, e a santidade da Terra de Israel se espalhará e cobrirá todos os cantos da Terra.
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Tu pueblo será mi pueblo y tu Dios será mi Dios” Rut, una mujer moabita con trascendencia histórica Autor: Rajel Hendler En el artículo que escribí y fue publicado en Aurora en vísperas de Pesaj, hice un recuento de las fiestas y celebraciones desde Pesaj hasta Jag Shavuot. Recordaremos que después del segundo día de Pesaj, comienza a contarse el Omer, la unidad agraria de aquella época y siete semanas después se festeja Shavuot, la celebración de las Semanas, que festejaremos el próximo 8 de junio. También se llama Jag Habicurim, Fiesta de las Primicias, día en que se traen los primeros frutos agrícolas al Templo; Jag Habicurim, se ofrecen mutuamente regalos de la naturaleza, frutos, flores, espigas; Jag Hakatzir, fiesta de la cosecha y el punto históricamente más trascendente, Jag Matán Torá: la relevación en el Monte Sinaí por Moisés de las Tablas de la Ley, los Diez Mandamientos, basamento moral y ético que recibieron y aceptaron los judíos, que rige a la civilización toda. La tradición judía incluye el Libro de Rut en el conjunto de las cinco Meguilot, los Cinco Rollos que forman parte de los escritos Sagrados que son El Cantar de los Cantares, Rut, Lamentaciones, Eclesiastés y Esther. Rut se lee en Shavuot. La Biblia es el libro que acompañó al pueblo judío en toda su trayectoria, en todas sus vivencias y experiencias, buenas y malas. Según Heine es la Patria móvil de los judíos, base de moral y justicia y Moisés es nuestro máximo profeta por habernos dado los Diez Mandamientos, por lo cual Shavuot es Jag Matán Torá, cuando nos fue entregada la base de nuestra Biblia, en momentos en que su pueblo estaba por adorar el becerro de oro, y los salvó de la idolatría, de la conversión. Creo que este ejemplo puede servirnos de moraleja en todos los tiempos y aún hoy. Según se relata, Moisés se dirigió primero a las mujeres para ofrecerles los Diez Mandamientos. Muchos historiadores, investigadores de la época, se preguntaron por qué a las mujeres primero. Y otros les contestaron lo que uno de nuestros sabios explicó: “Si Dios hubiese prohibido a Eva comer del árbol del conocimiento, Adán no hubiera pecado y no habría sucesión....”. Una vez asegurado el consentimiento femenino, Moisés se dirigió a todo el pueblo. Y le respondieron: “Haremos y cumpliremos”. Casualidad o coincidencia, de una mujer se habla en la Meguilá de Shavuot, de Rut la moabita. Este relato encantador recoge en forma novelada una antigua tradición referente a una no judía, en la época de los Jueces, que llegó a ser la bisabuela del rey David. Rut, una mujer moabita, viuda de un judío, que por ser fiel a su suegra Noemí, la sigue a Judea y abraza su fe, la de su difunto esposo. Allí se encuentra con Boaz, un campesino que trabaja su campo, la acoge y protege y finalmente la hace su esposa, después de cumplir con los trámites de una ley que regía ya entonces llamada el Levirato, según la cual el pariente más cercano del difunto esposo tenía derecho de comprar para sí todos los campos que le habían pertenecido en este caso al marido fallecido de Rut, Elimelej; pero con la obligación, al mismo tiempo, de tomar como esposa a la viuda que aún no había tenido hijos con su marido, y el primer hijo que naciera sería considerado hijo y heredero del finado esposo de Rut. Hubo un pariente de Elimelej pero que no aceptó la condición de casarse con Rut y por ello fue autorizado Boaz a hacerlo. Esto es, en resumen, la ley del Levirato. Y de esta manera Rut entró a formar parte de la comunidad judía y de allí salió el linaje del rey David. Rut, una mujer moabita, se convierte en una figura con trascendencia histórica y simbólica del judaísmo. Este relato contiene un conmovedor ejemplo de piedad filial, al seguir Rut a su suegra, viuda, Noemí, quién a su vez insistió a sus dos nueras no judías: “Regresen hijas a vuestro pueblo; no me sigáis, ya soy vieja y nada puedo ofrecerles”. “Que el Señor tenga piedad de ustedes. Volved con vuestras madres y que tengáis un lugar tranquilo con vuestros futuros esposos....” Así habló Noemí, que regresaba a Judea, a Orpa y a Rut. Orpa decidió quedarse y Rut exclamó: “Yo iré donde tu vayas y viviré donde tú vivas. Tu pueblo será mi pueblo y tu Dios será mi Dios. Y moriré donde tu mueras y allí seré enterrada. Que Dios me castigue si logra separarme de ti algo que no sea la muerte”. Este es el famoso monólogo de Rut, que así siguió junto a Noemí, y así caminaron las dos mujeres juntas hacia Beit Lejem, donde Rut encontró a Boaz, trabajó en su campo, en la cosecha; Boaz la cuida, la protege y la hace su esposa. Rut, perteneciente a un pueblo extranjero, poco amigo del Pueblo Elegido, se convierte en el símbolo del que abandona los cultos paganos para adorar al Dios único, al Dios de Israel y llega a ser modelo de todas las virtudes por su lealtad filial y religiosa. Según algunos comentaristas, el Libro de Rut es un testimonio a favor de la corriente universalista que comenzaba a levantarse en aquella época, que trataba de contrarrestar la tendencia conservadora, más cerrada, de mantenerse puros en las tradiciones del pueblo judío. Ello se manifiesta, según afirman, en las obras buenas de sus personajes, especialmente de Rut y Boaz y su descendencia que llega hasta el rey David. Dijimos al comienzo, la novela de la Biblia, donde vence la lealtad y el amor, con un final feliz como en toda telenovela. Son conceptos para pensar, analizar y sacar conclusiones personales. Esperemos que siempre triunfen el amor, la fraternidad y la lealtad. Así como nos cuenta la Meguilá, que así sea. Jag Shavuot Sameaj
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Um seder para os nossos dias Por Moacyr Scliar

 

HAGADÁ de MOACYR SCLIAR z”l
Esta mesa em torno à qual nos reunimos, esta mesa com as matzót e com as ervas amargas, esta mesa de Pessach com sua toalha imaculada, esta mesa não é uma mesa: é mágica embarcação com a qual navegamos pelas brumas do passado, em busca das memórias de nosso povo.

A esta mesa sentemo-nos, pois.

Somos muitos, nesta noite.

Somos os que estão e os que já foram: somos os pais e os filhos, e somos também os nossos antepassados. Somos um povo inteiro, em torno a esta mesa. Aqui estamos, para celebrar, aqui estamos para dar testemunho.

Dar testemunho é a missão maior do judaísmo. Dar testemunho é distinguir entre a luz e as trevas, entre o justo e o injusto. É relembrar os tempos que passaram para que deles se extraia o presente a sua lição.

Hagadá Alemanha 1795

Hagadá Alemanha 1795

Olhemos, pois, a matzá que está sobre a mesa. Este é o pão da pobreza que comeram os nossos antepassados na terra do Egito. Quem tiver fome – e muitos são os que têm fome, neste mundo em que vivemos – que venha e coma. Quem estiver necessitado – e muitos são os que amargam necessidades, neste mundo em que vivemos – que venha e celebre conosco o Pessach.

É o legado ético de nosso povo, a mensagem contida neste simples alimento, neste pão ázimo que sustentou no deserto, e o que o vem sustentando ao longo das gerações. É preciso ser justo e solidário, é preciso amparar o fraco e ajudar o desvalido.

Deserto no Egito

Deserto no Egito

O deserto que hoje temos de atravessar não é uma extensão de areia estéril, calcinada pelo sol implacável. É o deserto da desconfiança, da hostilidade, da alienação de seres humanos.

Para esta travessia temos de nos munir das reservas morais que o judaísmo acumulou, das poucas e simples verdades que constituem a sabedoria do povo. Ama teu próximo como a ti mesmo. Reparte com ele teu pão. Convida-o para tua mesa. Ajuda-o a atravessar o deserto de sua existência.

Tu me perguntas, meu filho, porque é diferente esta noite de todas as noites[1]. Porque todas as noites comemos chamets e matzá, e esta noite somente matzá. Porque todas as noites comemos verduras diversas, e esta noite somente maror. Porque molhamos os alimentos duas vezes. Porque comemos reclinados.

Hagadá de Hamburgo em 1741 - as mesmas perguntas

Hagadá de Hamburgo em 1741 - as mesmas perguntas

Eu te agradeço, meu filho. Agradeço-te por perguntares. Porque, se me perguntas, não posso esquecer: se indagas, não posso ficar calado. Por tua voz inocente, meu filho, fala a nossa consciência. Tua voz me conduz à verdade.

Por que esta noite é diferente de todas as noites, meu filhos? Porque esta noite lembramos. Lembramos os que foram escravos no Egito, aqueles sobre cujo dorso estalava o látego do Faraó.

Lembramos a fome, o cansaço, o suor, o sangue, as lágrimas. Lembramos o desamparo dos oprimidos diante da arrogância dos poderoso.

Lembramos com alívio: é o passado. Lembramos com tristeza: é o presente. Ainda existem Faraós. Ainda existem escravos.

Os Faraós modernos já não constróem pirâmides, mas sim estruturas de poder e impérios financeiros. Os Faraós modernos já não usam apenas o látego: submetem corações e mentes mediante técnicas sofisticadas.

Faraós modernos

Faraós modernos

Seus escravos se contam aos milhões, neste mundo em que vivemos. São os negros privados de seus direitos, na África do Sul; os poetas que, em Cuba, não podem publicar seus versos; os imigrantes a quem, na Europa, está reversado o trabalho pesa e a hostilidade dos grupos fascistas; os refuseniks soviéticos que clamam por sua identidade; as mulheres e os jovens fanatizados pelo regime do Aiatolá, os prisioneiros políticos do Chile, os famélicos do Sahel e do nordeste brasileiro, as populações indígenas lentamente exterminadas em tantos lugares; os operários explorados e os camponeses sem terra.

Para estes, ainda não chegou o dia da travessia. Estes ainda não encontraram a sua Terra Prometida. Para eles, a vida ainda é amarga como o maror. É a eles também que lembramos nesta noite, meu filho. Com eles repartirmos, em imaginação, o nosso pedaço de matzá.

Não sejas como o ingênuo, que ignora os dramas de seu mundo. Não sejas como o perverso, que os conhece, mas nada faz para mudar a situação. Pergunta, meu filho, pergunta tudo o que queres saber – a dúvida é o caminho para o conhecimento.

Hagadá de Bordeaux, 1813.

Hagadá de Bordeaux, 1813.

Mas quando te tornares sábio, procura usar a tua sabedoria em benefício dos outros. Reparte-a, como hoje repartirmos nossa matzá.

Segue o conselho de nossos sábios, e lembra a saída do Egito, não só na noite de Pessach, mas todos os dias de tua vida. Falemos deste povo, então.

Falemos dos judeus: pequeno grupo humano que viria a desempenhar um grande papel na história da humanidade. Um povo inquieto. Um povo que não buscava o repouso, nem para si, nem para os outros povos.

Há cerca de 4000 anos a trajetória deste povo teve início - quando Abraão deixou o seu lugar de origem, na região entre o Tigre e o Eufrates, para ir a Canaan. Pois disse-lhe o Senhor: “Sai de tua terra, e da terra de tua gente, e da casa de teu pai, e vem para a terra que eu te mostrarei; Eu farei de ti uma grande nação, e te abençoarei, e farei grande teu nome;e serás uma benção; E eu abençoarei quem te abençoar, e amaldiçoarei quem te amaldiçoar; e em ti serão todos os povos da terra abençoados.” (Gênesis 12, 1-3)

Mas não cessou com a chegada a Cannan e peregrinação judaica. Povo nômade, os hebreus deslocavam-se constantemente. E por isso não construíram grandes cidades, nem monumentos comparáveis às pirâmides. O que os hebreus levavam consigo, em suas migrações, era a sua tradição, era a palavra do Senhor, da qual eram guardiães; a palavra que deu origem ao livro sagrado, a Bíblia, seu grande legado para a humanidade [2].

Torá - o Pentateuco

Torá - o Pentateuco

De Abraão nasceu Isaac, de Isaac Jacob, e de Jacob, José e seus irmãos. José, o vidente; José, que se tornou vizir do Faraó. Com José foram Ter seus ingratos irmãos, quando a fome assaltou as terras de Canaan. Na terra de Goshen foram viver, e ali se multiplicaram como as estrelas no céu e os grãos de areia das praias do mar.

Mas então nuvens negras surgem neste céu tranqüilo. Um novo Faraó reina no Egito; ele teme que os filhos de Israel, agora numerosos, se rebelem contra ele. E decreta: toda criança judia, de sexo masculino, deve ser morta ao nascer.

Mas um menino escapa. O destino poupa-o para ser o libertador de seu povo: é Moisés, que a filha do Faraó salva das águas para dele fazer um príncipe. Moisés, Príncipe do Egito, Moisés, poderoso entre os poderosos.

Há um instante na vida de cada homem em que ele se vê diante de seu destino. Um instante em que lhe é dado fazer a escolha transcendente, a escolha que será o divisor de águas de sua existência. Este instante chegou para Moisés.

Diante do feitor que espancava cruelmente o escravo judeu, ele não hesitou: tomou o lado do fraco contra o forte, do oprimido contra o opressor. Jogou sua sorte com a sorte pobre, desprotegido povo. E então que D’us lhe fala. Não antes do gesto de coragem, mas depois: é como se a divindade só se pudesse revelar depois que Moisés descobriu a si mesmo.

Este é o deus de Abraão, o Deus de Isaac, o deus de Jacob; o D’us que fala da sarça ardente, como a indicar que é preciso manter viva a chama da fé e da dignidade. Este D’us estende Sua mão para Moisés, e acena-lhe com a promessa que desde então tem animado a todos os povos: terra e liberdade, liberdade e terra. A doce liberdade, a fértil terra da qual fluiria o leite e o mel.

Deixe Meu Povo Sair!

Deixe Meu Povo Sair!

E então, acompanhado de Arão, que por ele falava, Moisés foi ter com o Faraó e disse: Deixa meu povo sair. Deixa meu povo sair.

Era a primeira vez que ecoava esta frase no reduto do poder, mas não seria a última. Nas masmorras dos romanos: deixa meu povo sair. Nos guetos medievais: deixa meu povo sair. Nas aldeias ameaçadas pelos pogroms: deixa meu povo sair. Na Alemanha nazista: deixa meu povo sair. Na Rússia, na Síria, na Etiópia: deixa meu povo sair.

Este apelo desesperado não encontra eco. A insensibilidade dos poderosos torna-os surdos e cegos. O sofrimento dos oprimidos clama aos céus. E os céus respondem com fúria. Mas a divindade poupa a seu povo o ódio. Minha é a vingança, diz o Senhor. Só Deus pode dosar o castigo do ímpio, de maneira a não pagar ingustiça com injustiça São as forças da natureza que Adonai mobiliza para punir os pecadores; como a sugerir a própria natureza se revolta contra a iniqüidade E vêm as pragas.

As 10 Pragas - Veneza, 1629

As 10 Pragas - Veneza, 1629

As águas se transformam em sangue. Feras atacam os homens. Gafanhotos devoram as colheitas. Pestilências ceifam vidas. O granizo cai sobre as plantações. As trevas reinam sobre a Terra.

Castigos terríveis, mas que nos soam estranhamente familiares. Pois hoje, como ontem, seres humanos fazem da natureza palco de luta contra outros seres humanos. A casa do homem é uma casa dividida. Punhos se erguem ameaçadores, vozes bradam iradas. A ganância e a especulação sobrepujam a solidariedade e a compensação.

E de novo as pragas nos ameaçam. As águas já não se transformam em sangue, mas nos rios poluídos e nos mares envenenados os peixes bóiam mortos.

As pragas que devoravam as colheitas foram repelidas, mas ficam nos frutos da terra os resíduos dos venenos usados. Indiscriminadamente.

As feras que os homens temiam hoje são pobres criaturas em extinção. Mas o tigre com dentes atômicos faz ouvir o seu rugido, os submarinos nucleares percorrem os mares como sinistros Leviatãs.

Enquanto enormes contingentes humanos vegetam na mais espantosa miséria, há nas metrópoles uma minoria que busca no consumismo desenfreado, no álcool e na droga, a satisfação que jamais encontra.

Nova York 11/09/2001

Nova York 11/09/2001

As trevas reinam sobre a Terra, mas não são as trevas resultantes de um sol eclipsado; são, isto sim, as trevas do obscurantismo, que alimenta o fanatismo e arma o braço do terrorista.

As pestilências de outrora deram lugar às doenças da civilização, igualmente mortíferas; e de outra parte, se perpetuam entre aqueles que não têm acesso às conquistas da medicina.

Dir-se-ia que os homens não aprendem. Que a escalada do erro – e do castigo – não tem fim. A paciência do Senhor chega a seu término. Decide dar ao faraó a prova definitiva de Seu poder: os primogênitos serão exterminados. Mas pelas portas das casas judaicas, untadas com o sangue do animal sacrificado, a ira do Senhor passará sem se deter É a Páscoa: a passagem.

Mais uma vez Deus avoca a si o castigo. Pois somente a um desígnio insondável tão espantosa punição pode ser atribuída. E o Faraó cede. Por fim, o Faraó cede. Podeis partir, ele diz a Moisés e Arão. E os judeus partem.

Às pressas: o pão que levam sequer pode fermentar. É da matzá que eles agora comerão. E há razão para a pressa. Os poderosos não costumam honrar compromissos.

O Mar Vermelho se abre...

O Mar Vermelho se abre...

Promessas são esquecidas, tratados são rasgados. E os exércitos do Faraó vão no encalço dos fugitivos, surpreendem-nos às margens do Mar Vermelho. Mais uma vez Deus protege seu povo. Mais uma vez um prodígio da natureza dá testemunho da aliança sagrada. As águas do mar se abrem diante dos hebreus e se fecham sobre as armadas do Faraó. É o castigo definitivo.

É um castigo, mas não é um ato de ódio. Pois, conta o Talmud, depois que os judeus atravessaram o Mar Vermelho, entoaram um hino de agradecimento ao senhor - que Ele recusou dizendo: “Não cantareis enquanto meus outros filhos se afogam”.

A violência? Sim, é permitida, como resposta à violência. Mas não é permitido a ninguém alegrar-se na violência. Ao fim e ao cabo, somos todos irmãos. Mesmo quando um destino trágico nos coloca face a face, armas na mão. Uma lição que vale para o Oriente Médio de nossos dias.

Esta é a narrativa do Êxodo. Dela, o que é lenda? O que é História? Impossível saber. Na poeira do tempo confunde-se fantasia e realidade, fato e imaginação. Não importa, porém. Não é o fato histórico que conta, mas sim a lição que dele se extrai.

Hagadá Barcelona, Séc. XV

Hagadá Barcelona, Séc. XV

Como diz o Seder: “Em toda geração deve o homem considerar como se tivesse saído do Egito”. Neste, como está sintetizada toda a gama de possibilidades que a tradição, mais que o frio relato dos acontecimentos, proporciona aos seres humanos.

A possibilidade de evocarmos, por uma noite que seja, o terror da escravidão. A possibilidade de vivermos, por uma noite que seja, a glória da libertação.

Como se é suficiente. Uma noite é suficiente. Foi numa noite que Jacob lutou contra o anjo, e, vencendo-o, tornou-se Israel, legando-nos esta lição: que um povo tem de lutar por sua identidade, ainda que desafiando os mensageiros do Senhor. Foi numa noite que Daniel foi salvo da cova dos leões, mostrando que o justo nada tem a temer, nem mesmo as feras selvagens. Foi numa noite que o perverso Haman foi condenado e o povo judeu foi salvo. Porque a justiça brilha na escuridão da noite como a luz do dia.

Sentem-nos, pois, em torno à mesa nesta noite, e tomemos o vinho de Pessach, doce como a liberdade. E falemos da doçura de ser livres; falemos principalmente aos jovens. Sigamos o que diz o nosso Seder: “contarás a teu filho”. Porque a mensagem de Pessach é dirigida sobretudo às crianças e aos jovens. Como sentinelas na noite, temos de velar por eles, velar para que recebam a mensagem de liberdade. Pessach é a festa das gerações. É a festa em que os pais falam a seus filhos. E é por isso que a festa do Pessach é celebrada em família. Não num templo, mas em casa.

Tradição de geração em geração

Tradição de geração em geração

Em torno a uma mesa, de modo que as pessoas se possam olhar, de modo que o filho possa ouvir do pai o simples, eloqüente relato. A saga de um pequeno povo de incultos nômades que ensinou a um poderoso império uma lição de justiça e de dignidade.

Esta é a lição que os judeus vem repetindo ao longo de muitos e muitos séculos. Nos dias esplendorosos do Templo de Jerusalém e nos amargos tempos da dispersão.

No Galut e agora, em Israel. Os prodígios da saída do Egito ficaram reverberando pelos séculos afora. Pois tantos foram, e tão notáveis, que evocá-los leva-nos ao limite do suportável: daienu, diz o Seder: bastar-nos-ia.

Se nos tirasse do Egito e não os justificasse, bastar-nos-ia. Se não abrisse o mar, se não nos desse o maná, se não nos desse o Sábado,se não nos desse a Torá – bastar-nos-ia. O primeiro agradecimento ao Senhor é pela liberdade: se nos tirasse do Egito, bastar-nos-ia. Todo o resto é conseqüência. O maná, a Lei, a Terra prometida, tudo é decorrência da libertação do povo.

Seder no Gueto

Seder no Gueto

Falemos da luta pela liberdade. Falemos do gueto de Varsóvia. No começo da Segunda Guerra, Varsóvia era um centro judaico de primeira grandeza, célebre por suas ieshivot, seu teatro ídiche, seus centros culturais, seus artistas e escritores. Mas então veio a invasão nazista, e com ela a fria deliberação de transformar a cidade num portal para o inferno.

Quase meio milhão de pessoas foram confinadas na minúscula área do gueto, cercado e isolado. Logo a fome, a falta de higiene, as doenças começaram a fazer suas vítimas.

Destruição do Gueto de Varsóvia
Destruição do Gueto de Varsóvia

A um ritmo que não era satisfatório para os nazis: em julho de 1942 começaram as deportações para os campos de Treblinka, Auschwitz, Maidanek e Belsen.

Foi então que as organizações juvenis adotaram uma decisão: a de resistir até o fim.

Armas e munição começaram a ser contrabandeadas para o gueto… Na madrugada de 19 de abril de 1943 um tiro ecoou na rua Nalewki. Era o sinal para a rebelião, que oporia 40.000 remanescentes da população judaica, lutadores famintos e mal armados, contra a poderosa máquina de guerra nazista. Durante semanas os combatentes resistiram. O comandante do levante, Mordechai Anielewicz e seus companheiros, morreram lutando no quartel-general da Rua Mila, 18. Ninguém se rendeu.

Warsaw Ghetto Uprising, Warsaw, Poland Monumento aos Combatentes do Gueto – Varsóvia

Não podemos falar em liberdade sem falar no Gueto de Varsóvia. Não podemos falar em liberdade enquanto outros guetos existirem em nosso mundo.

Agora, meu filho, vamos colocar vinho neste copo, e vamos abrir a porta. Perguntas se estamos esperando alguém. Sim, esperamos alguém. Esperamos Eliahu Hanavi, o Profeta Elias, o precursor do Messias. É um hóspede ilustre, aguardado há ‘séculos. Até hoje não veio, e não é certo que nos visite esta noite. Não tem importância. O importante é que nossa porta esteja aberta. Para o profeta ou para o nosso vizinho; para o Messias ou para o pobre que nos vem pedir um pouco de comida.

Que espiem, os de fora, por estar a porta aberta. Que vejam uma família reunida em torno à mesa, celebrando. Que constatem: eles nada têm a esconder. Eles não praticam rituais secretos, eles não são uma seita misteriosa.

Coexistência é Paz

Coexistência é Paz

São gente como a gente. Os cristãos, os judeus, os muçulmanos, os budistas, somos todos iguais. Nossas festas têm nomes diferentes, ocorrem em datas diferentes, mas no fundo, une-nos a alegria da celebração.

Eu sei, meu filho, que nem todos pensam assim. E é por isso que a porta precisa ficar aberta. Para que o profeta Elias venha, anunciando a paz entre os povos.

A travessia do Mar Vermelho não pôs fim aos infortúnios do povo judeu. Muito teriam eles de vagar, ainda, na desolação do deserto. Foi uma dura prova, a que nem sempre resistiram. Quando mais forte se tornou o assédio da fome e a sede, foram queixar-se a Moisés: tu nos trouxeste ao deserto, disseram, para que aqui morramos à míngua. E em seu desespero, chegavam a lembrar com saudade os tempos do Egito: éramos escravos, mas tínhamos o que comer.

Como Esaú, estavam dispostos a trocar sua dignidade por um prato de comida. Deus não os castigou. Ao contrário: deu-lhes o manjar do céu. O Maná, e as tábuas da lei. Nesta ordem: o alimento e depois o mandamento. A nutrição para o corpo, seguida do dever espiritual.

E esta é mais uma lição que o judaísmo, na sua sóbria e milenar sabedoria, nos transmite: não se pode exigir deveres morais de quem tem fome.

Crianças do Gueto

Crianças do Gueto

Os direitos humanos começam pelo simples, e pelo elementar. Os direitos do homem começam por um pedaço de pão, ázimo ou não.

Vejo, meu filho, que encontras o afikoman que escondi [3]. Muito bem, tens direito a uma recompensa. O que queres? É uma história, que queres? Muito bem.

Deixa que te conte então uma história muito curta. É a história de um homem e de sua mala. O homem já não vive; a mala, que eu saiba, já não existe. Mas a mala estava com a família desse homem há muitas gerações. Nesta mala ele colocou todas suas coisas quando, jovem ainda, deixou sua casa, numa aldeia da Rússia czarista, e foi para a Polônia, onde esperava viver. Lá ficou alguns anos, até que teve de fugir de novo, por causa da ameaça de bandos anti-semitas. Pegou a mala e foi para a Alemanha, a civilizada Alemanha, pensando encontrar a paz. Mas o ano era 1939…

Passagem para a América

Passagem para a América

Conseguiu fugir para o Brasil, sempre com sua mala. Trabalhou duro, no comércio; conseguiu juntar alguma coisa e já estava até esquecendo as privações que passara quando, por ocasião dos distúrbios de rua que se seguiram ao suicídio de Getúlio Vargas, sua loja foi depredada.

Ficou tão assustado, que decidiu: daí em diante, nunca mais desmanchou a mala. Estava sempre pronto para partir, a qualquer hora do dia e da noite.

Várias vezes pensou que o momento tinha chegado: quando Jânio renunciou, em 1961; quando houve o golpe militar, em 1964, e os policiais prenderam os filhos de seu vizinho. Não chegou a ser necessário.

Aparentemente, ele era considerado um homenzinho inofensivo; ninguém se preocupava com ele. No entanto, continuava preparado. Para o Êxodo. Como seus antepassados no Egito, que constantemente evocava.

Uma noite um ladrão entrou na casa e roubou-lhe a mala. E de repente, ele se deu conta: já não podia mais fugir. E assim ficou. Até que uma noite o Anjo da Morte veio chamá-lo; e as pessoas que estavam a seu lado, no quarto do hospital, ouviram-no murmurar baixinho: Eu não fugi. Eu estou aqui.

Mesa do Seder

Mesa do Seder

Nós estamos aqui. E podemos saborear em paz nosso manjar, nosso afikoman. Nós o merecemos, como tudo mereceste.

Tu, porque o encontraste; nós, porque nos encontramos.

Chag Sameach [4] , meu filho.

Notas:

[1] O autor faz referência à música “ma nishtaná”, que o mais jovem presente deve cantar no jantar de pessach, na qual ela pergunta porque naquela noite não se come nada fermentado, se comem ervas amargas, se molha a comida em salmoura e se deve recostar as costas nas cadeiras.

[2] Diz-se que o bem mais precioso para um judeu é o estudo, pois possivelmente não poderá levar nada além de sua própria cabeça consigo quando precisar fugir na próxima onda de antissemitismo.

[3] Espécie de gincana, para manter as crianças mais novas acordadas e atentas até o fim da cerimônia. São premiadas as crianças que, ao final da cerimônia, encontrarem um pedaço de matzá  (afikoman) que foi escondido pelo anfitrião.

[4] “Felizes Festas”.


 
Moacyr Scliar z'l

Moacyr Scliar z'l

Moacyr Scliar z”L foi membro dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA e da Academia Brasileira de Letras. Faleceu em 2011, deixando-nos uma vasta obra, riquíssima em mensagens de brasilidade, judaísmo, liberdade e humanismo.

Esta Hagadá - narrativa da História do Êxodo para ser lida em família no Pessach - foi escrita por Moacyr Scliar em março de 1988, sob a atmosfera pesada da ditadura militar.

Foi publicada em março de 1988 pela antiga Revista Shalom dirigida por Patrícia Finzi.

É parte do legado humanista e imortal que Moacyr deixou para as futuras gerações.

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Judaismo Humanista

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Queridos amigos!

É com grande prazer que recomendo este livro.

Foi escrito pelo nosso querido Jayme Fucs Bar, um grande homem com grandes idéias mas principalmente com um grande coração verdadeiramente Humanista.

Eu lí e recomendo!

Shalom a todos!

 

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Entre la oralidad y la escritura

Por: Leonardo Cohen

Cada cultura posee sus textos privilegiados. Éstos pueden ser textos que pertenecen al canon sagrado, mas no solamente. Puede tratarse, también, de textos que tienen un lugar y un tiempo específico en los cuales son leídos; textos que son frecuentados por casi todos los miembros de la comunidad; en síntesis, textos cuya reproducción se lleva a cabo de acuerdo con normas bien específicas y que contribuyen de manera central al desarrollo de la identidad cultural y la solidaridad entre los miembros de una comunidad religiosa o cultural.

En la cultura judía tradicional, la existencia de textos privilegiados es bien evidente. El Talmud y el libro de plegarias lo han sido por siglos. Pero también lo ha sido la Hagadá de Pésaj, constituyéndose con toda probabilidad en uno de los textos más populares de la literatura religiosa judía. Por su parte, la cultura judía moderna, en todas sus variantes, no retiró este lugar de honor a la Hagadá, a pesar de las modificaciones y la resignificación que parte del texto tradicional ha sufrido. Así pues, el judaísmo moderno ha conservado la Hagadá de Pésaj como texto privilegiado y sigue otorgándole un lugar especial a la cena en la que la Hagadá es leída.

Se puede decir que en Pésaj el pueblo judío festeja el aniversario de su nacimiento. No se trata de una cuestión científico-histórica sino de un fenómeno de la conciencia. El pueblo hebreo se conformó como tal en el desierto y llegó posteriormente a la Tierra de Israel. Pasó de ser un conglomerado de esclavos a ser un pueblo en libertad. En el primer día de la fiesta de Pésaj, se lleva a cabo el conocido Séder (Orden) de Pésaj, la cena durante la cual se narra y explica el éxodo de Egipto. El ritual se llama Séder porque sigue un orden específico y su núcleo consiste en la lectura del libro de la Hagadá.

La Hagadá de Pésaj es, pues, el libro en el que se compilaron todos los textos que se leen en la noche del Séder. Este libro se fue constituyendo a lo largo de diversas generaciones, capa sobre capa, y es por ello que no acusa una continuidad de contenido, a pesar de que hay ciertas ideas que funcionan como hilos conductores a lo largo del texto.


En sus diversas formas, la Hagadá se deriva de la interacción de la oralidad con la escritura. Algunas de sus partes esenciales figuran en el Talmud como lo son el Ma Nishtaná (Las Cuatro Preguntas) contenidas en el tratado de Pésajim 114-116 y el midrash de Rabí Gamliel sobre los cuatro hijos, así como la obligación del padre de familia de relatar la historia del éxodo de Egipto. No obstante los textos que la componen y el carácter definitivo que una parte de ellos alcanzaron en todas las hagadot tradicionales y no tradicionales también, la Hagadá de Pésaj y, el Séder mismo dejan un espacio de honor a la oralidad como forma de transmitir el mensaje. Por ejemplo, se le encomienda al padre de familia contar la historia de Pésaj, pero éste puede hacerlo con sus propias palabras.

En el judaísmo, al igual que en otras religiones, la palabra oral es parte de la vida ritual. Aun y cuando se trate de las religiones mundiales, apoyadas básicamente en los textos, la oralidad puede seguir cumpliendo una función de primer orden. La Hagadá se lee pues, en voz alta y se insertan comentarios de los participantes que complementan al texto leído. Esta dinámica entre lo escrito y lo oral permitió que la Hagadá siguiera ocupando su lugar central en el rito y que, a su vez, soportase cambios y transformaciones, sin dejar de cumplir la función de aglutinar a la comunidad o a la familia en torno a una cena, y a su vez comunicar la historia del éxodo de Egipto, la historia de la transición del pueblo de la esclavitud hacia la libertad.

Las Hagadot no tradicionales: el ejemplo de las Hagadot kibutzianas

Es extraordinaria la riqueza de Hagadot producidas durante el último siglo. Al seleccionar el tema "Hagadot de Pésaj" en la computadora de la biblioteca nacional de Jerusalem, cualquiera puede sorprenderse de la cantidad de hagadot que pueden hallarse, producto, todas ellas, de la creatividad y la capacidad innovadora de distintos grupos de judíos a lo largo del siglo XX. Bajo el subtítulo de "Hagadot no tradicionales" pueden encontrarse poco más de quinientas. En diferentes ciudades y sobre todo kibutzim de Israel fueron creadas estas hagadot, cada una con sus variantes, con sus propias correcciones, sus canciones preferidas, constituyendo todas ellas en conjunto, una tradición que por sí misma ha persistido por décadas.

A partir de los años veinte fueron compuestas diferentes hagadot en los kibutzim, que expresaban las ideas del sionismo pionero del movimiento kibutziano. Al principio cada kibutz creó la suya propia y posteriormente aparecieron las hagadot comunes de los grandes movimientos kibutzianos. Destaca entre ellas la Hagadá de Yehuda Sharet que viera la luz en el kibutz Yagur en 1936 y que influyó de manera contundente sobre las hagadot que aparecieron a continuación. En esta hagadá, (que se convertiría en la "Hagadá del Movimiento Kibutziano Unificado de 1985") se distingue una aproximación hacia el modelo de la hagadá tradicional pero sin abandonar los temas básicos en los que los kibutzim procuraron innovar. Éstos pueden resumirse en tres puntos:


  1. El movimiento kibutziano acentúa el mensaje nacional y sionista del éxodo de Egipto y continúa la historia más allá de la salida misma hasta la entrada en la Tierra de Israel. De esta manera, retorna al significado bíblico del éxodo de Egipto y lo inserta en la realidad actual de la vuelta del pueblo judío a su tierra, después de creado el Estado de Israel.
  2. La Hagadá kibutziana cita versículos bíblicos relativos al éxodo de Egipto y con ello cumple con el precepto de "contar" la salida de Egipto la noche del Séder (La Hagadá tradicional no relata la historia en su totalidad y deja al padre de familia la posibilidad de completarla de forma oral con sus propias palabras.). La Hagadá kibutziana devuelve a la historia los personajes de Moisés y el faraón, ausentes en la Hagadá tradicional.
  3. La Hagadá kibutziana incluye el significado de Pésaj como fiesta de la primavera en la naturaleza, otorgándole a la festividad un significado no sólo histórico y nacional sino también agrícola.

Diferentes movimientos religiosos

También los movimientos religiosos no ortodoxos del judaísmo elaboraron sus propias Hagadot. En su voluntad por adaptar el judaísmo a la modernidad, el movimiento reformista en Estados Unidos publicó en 1908 The Union Haggadah: Home Service for the Passover Eve. Esta Hagadá ofrece, también, significativas correcciones y agregados, enfatizando, notoriamente, el concepto reformista de la "Misión de Israel". De acuerdo con esta doctrina, los judíos habían sido diseminados por el mundo con el fin de cumplir la misión universal de predicar el profetismo moral en los cuatro rincones de la Tierra. Este concepto permitía legitimar la existencia en la diáspora de los judíos reformistas. La centralidad de las Cuatro Preguntas en esta hagadá es sustituida por una pregunta que dice: ¿Cuál es la característica esencial de este Séder? Y la respuesta es: "el liberado se convirtió en liberador al ser Israel nominado para difundir la religión a toda la humanidad." Ésta es, pura y simplemente, la idea de misión del judaísmo reformista.

Los reconstruccionistas publicaron por su parte, en 1941, su primera Hagadá de Pésaj. Se trata de la New Haggadah for the Pesach Seder (Nueva Hagadá para el Séder de Pésaj), con una decidida inclinación humanista. La Hagadá de los reconstruccionistas suprimió pasajes que denotaban conflicto con los modernos ideales éticos. Un ejemplo de ello es la invocación de la venganza divina en contra de los enemigos de Israel. Otros símbolos como la Matzá (el pan ácimo) adquirían también una resignificación en un sentido humanista: "Aprendamos a encontrar satisfacciones que no provengan de lujos sino de actos de asistencia y benevolencia. Probemos lo que es el hambre para traer igualdad y justicia a todos.


Los conservadores, en cambio, editaron su propia Hagadá recién en 1979. En la introducción de A Passover Haggadah, el editor sugiere que cada individuo cuente su propio éxodo "en el lenguaje que entendemos, con las metáforas que usamos y con el conocimiento que hemos adquirido". Sin embargo, a pesar de estas instrucciones, el texto, como tal, mantiene los elementos básicos de la Hagadá tradicional. Entre sus agregados se encuentra el siguiente: "La radical transformación de las condiciones y circunstancias de la vida judía, desde el Holocausto y hasta el establecimiento del Estado de Israel, deben ser reflejados en la Hagadá, para asegurar que cada generación pueda experimentar la realidad del éxodo de Egipto."

Permanencia y transformación

Por supuesto que en una religión apegada a una tradición escrita es más difícil modificar un texto que dejarlo intacto y reinterpretarlo oralmente. Pero el hecho de que la Hagadá de Pésaj no sea un texto con el peso canónico de la Biblia, la Mishná o el Talmud, ha permitido que diferentes generaciones oscilen entre cambiar o reinterpretar. En cualquier caso, los judíos de cada época procuran volver actual el mensaje de la festividad de Pésaj a través de la lectura de la Hagadá.

Las diferentes hagadot, con sus elementos permanentes y sus partes transformadas, son un reflejo de la experiencia, las aspiraciones y esperanzas de cada generación de judíos. El retorno a la Tierra de Israel, la misión del pueblo judío hacia el mundo, la memoria del Holocausto, la liberación de los judíos soviéticos, la redención de los oprimidos, son temas que, entre otros, ocuparon a los judíos a lo largo del siglo XX, y que reciben su lugar en las modernas hagadot de Pésaj o en los comentarios e interpretaciones que se llevan a cabo en torno a la mesa del Séder. También la tradición implica cambio y ninguna cultura podrá sobrevivir por largo tiempo congelándose como pieza de museo, decidiendo que las cosas deben permanecer tal y como han existido "siempre". Estos cambios podrán suceder a través de nuevas versiones orales que reinterpreten un texto escrito o, tal y como ocurre con la hagadá en varias de sus versiones, a través de modificaciones y agregados del texto mismo. En cualquiera de los casos, la hagadá conserva su centralidad en el rito judío del Séder de Pésaj.

Alguna vez el profesor Eliezer Schweid formuló esta idea con una sencilla frase: "la única innovación del judaísmo ultraortodoxo durante el último siglo, ha sido sostener que en el judaísmo no hay innovación."

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As Dez Pragas do Egito - Revista Menorah

As Dez Pragas do Egito Dez calamidades castigaram o Egito antes da saída dos filhos de Israel desta terra. Através delas, D'us demonstrou a toda humanidade o seu infinito poder. O episódio das Dez Pragas, chamadas em hebraico de Makot Mitzrayim, literalmente Pragas do Egito, relatado e elucidado na Hagadá de Pessach, consta no Livro do Êxodo. Numa primeira leitura, a aparente razão para tais calamidades foi a obstinada recusa do Faraó em obedecer a ordem do Eterno de libertar Israel. No entanto, se este fosse o único propósito, um único golpe devastador teria sido suficiente. Por que, então, D'us optou por dez calamidades? Porque, através das Dez Pragas, o Eterno demonstrou não apenas ser O Criador do Universo, mas Senhor Único e Absoluto dos Céus e da Terra, Juiz Supremo e Força Regente da Natureza. No Egito, a contundente revelação da Onipotência Divina fez com que mesmo os mais incrédulos entre os Filhos de Israel fossem obrigados a reconhecer o ilimitado Poder Divino. O principal objetivo das múltiplas pragas foi, portanto, demonstrar a Israel que D'us de seus ancestrais, D'us de Avraham, Yitzhak e Yaacov, é D'us Único, Senhor sobre a natureza e sobre as outras nações, e que não há outro além Dele. As pragas serviram também como o grande castigo pela escravidão, tortura e campanha de genocídio perpetrada pelos egípcios contra o Povo Judeu. Mas a Torá não é um simples compêndio de história judaica e o judaísmo não permite celebrar o sofrimento alheio, ainda que seja o dos inimigos de Israel. As Dez Pragas são relatadas na Torá e na Hagadá não como celebração da Justiça Divina, mas como fonte de lições espirituais. A Criação e as Dez Pragas O primeiro dos Dez Mandamentos afirma: "Eu sou o Eterno, teu D'us, que te tirou do Egito da casa da escravidão", e não, "Eu sou o Eterno, teu D'us, que criou o universo". Explicam nossos Sábios que, através deste primeiro mandamento, D'us alerta os homens de que Ele não é apenas o Criador, mas está presente e profundamente envolvido em cada detalhe da vida de cada uma de suas criaturas. O conceito do Criador do Universo é extremamente abstrato e a Criação é um dos grandes segredos do universo. O pouco que se sabe a respeito faz parte da Cabalá e vem sendo transmitido, de geração em geração, para uns poucos escolhidos entre os líderes espirituais do Povo Judeu. Em geral, o assunto é inacessível, mesmo aos mais eruditos. Já o episódio das Dez Pragas pode e deve ser aprendido por todos, inclusive as crianças. A razão é que, ainda mais do que a Criação, as Dez Pragas demonstram a Onipotência Divina em Suas diferentes manifestações. E, se durante a Criação, somente o próprio Criador estava presente, quando dos acontecimentos no Egito, milhões de judeus e egípcios testemunharam e vivenciaram os milagres realizados por D'us. E para os mais céticos que não aceitam a Torá como a Palavra de D'us, há documentos egípcios e evidências históricas e arqueológicas que atestam as terríveis catástrofes que se abateram sobre o Egito, na época em que ocorreu o Êxodo. No decorrer das Dez Pragas, o Eterno revelou Seu controle absoluto sobre a natureza. Utilizando-se de pragas naturais, manifestas, no entanto, de forma sobrenatural, demonstrou, que está simultaneamente na natureza e acima desta, pois Ele não é limitado por qualquer elemento de Sua criação. E, não foi simples coincidência o fato de ter optado por castigar o Egito com pragas relacionadas à natureza, pois, para os egípcios, o rio Nilo, os animais e o próprio Faraó eram considerados divindades. O Eterno quis demonstrar que nenhuma suposta divindade poderia deter Sua vontade, pois que cada elemento da natureza era Seu servo. D'us queria tirar dos judeus qualquer vestígio de paganismo porventura assimilado em sua longa permanência naquela terra. Além do mais, no Egito, idolatrava-se a matéria - a abundância e a fartura - e, ao transformar o Nilo em sangue, ao destruir as colheitas e os bens egípcios, D'us provou que a Terra inteira Lhe pertence e que tudo que o homem possui advém Daquele que a tudo criou. Os castigos que se abateram sobre todo o Egito não atingiram os judeus que lá viviam ou a terra de Goshem onde habitavam. Ao fazer esta distinção entre o opressor e o oprimido, manifestou-se no mundo terreno a Justiça Divina. Foi revelado ao homem que todos seus atos têm conseqüências, sejam bons ou ruins. As pragas revelaram, também, o poder e eficácia da oração e da ligação com D'us, pois foram as orações de Moshê que puseram fim a cada uma das pestilências. Por que dez? As Dez Pragas castigaram o Egito durante praticamente um ano, iniciando-se no fim do mês de Iyar e terminando apenas no dia 15 de Nissan. As primeiras sete pragas constam no Livro do Êxodo, na porção Va'eirá (7:19-9:35), e as últimas três na porção Bô (10:1-12:33). A seqüência de eventos que antecedem as pragas tem início quando o Faraó se recusa a obedecer à ordem Divina transmitida por Moshê e Aharon: "Envia Meu povo para que festejem para Mim no deserto" (5:2). O rei do Egito responde com insolência: "Quem é o Eterno para que eu escute Sua voz e deixe partir o Povo de Israel? Não conheço o Eterno e também não despacharei Israel" (5:2). E, num gesto desafiador, decide afligir ainda mais os Filhos de Israel. Ordena a seu povo que não mais entreguem aos judeus a palha necessária para a confecção dos tijolos; a partir de então lhes caberia o esforço adicional de buscar a matéria-prima para cumprir suas cotas diárias. O não-cumprimento era punido com tortura física. Seu sofrimento tornara-se ainda mais insuportável e, ao ser questionado por Moshê, D'us responde: "Agora verás o que farei ao Faraó". Nosso profeta e toda a humanidade iriam testemunhar como o Eterno redimiria o Seu povo. A pergunta, porém, permanece: Por que, ao invés de atingir os egípcios com um único golpe, D'us optou por um processo gradual e crescente? Por que foram necessárias Dez Pragas? Segundo nossos Sábios, são inúmeros os motivos. O Midrash revela que cada praga foi conseqüência direta de uma ação específica e equivalente mau-trato, tortura ou crueldade perpetrados pelos egípcios contra os Filhos de Israel. A Justiça Divina determinara que os egípcios deveriam ser punidos "medida por medida" pelas crueldades cometidas contra Seu Povo. Além do mais, a sucessão de pragas e os avisos que as precederam eram necessários para dar ao Faraó a oportunidade e o tempo de reconsiderar suas ações, arrependendo-se da crueldade perpetrada contra os judeus. Somente após o rei do Egito ter "endurecido seu coração" e, repetidamente, se recusado a libertar o povo judeu, as portas do arrependimento finalmente se fecharam. Maimônides explica que, às vezes, o castigo que D'us impõe a quem cometeu um grave pecado é privá-lo da possibilidade de se arrepender. Este é o significado da expressão usada na Torá, "Endurecerei o coração do Faraó". As Dez Pragas formam um sistema coerente, de intensidade crescente. A cada recusa do Faraó em atender a ordem Divina de deixar Israel partir, uma nova calamidade se abate sobre o Egito. As primeiras nove são divididas em três séries, de três pragas cada, que se sucedem de acordo com um plano. Cada série aumenta em progressão em direção a um clímax, sendo que a última serve de prelúdio para a décima praga - a Morte dos Primogênitos. Em cada série D'us manifesta Seu poder, mudando o curso das leis da natureza em uma das três esferas da Criação - a terra, a atmosfera e os céus. Segundo Rabi D. Isaac Abravanel, um dos objetivos das pragas era convencer o Faraó, seu povo e, conseqüentemente, toda a humanidade de três verdades fundamentais sobre D'us: Sua Existência, Sua Divina Providência - ou seja, que a Mão de D'us está presente em tudo o que acontece na vida dos homens e das nações - e Sua Onipotência. Por isto, a primeira praga de cada grupo é precedida por uma declaração que caracteriza um desses princípios. A primeira série: sangue, rãs e piolhos "Assim falou D'us: 'Nisto saberás que sou o Eterno'" (7:17). A afirmação indica que o objetivo da primeira série é estabelecer a inegável existência de um D'us Único, Criador Absoluto e Senhor do Universo. A primeira praga atinge o Nilo - considerado pelos egípcios uma divindade. Rashi, o comentarista clássico da Torá, explica que, como havia escassez de chuvas no Egito, a principal fonte de água era este rio que, ao extravasar, irrigava a terra. Por isso os egípcios o consideravam a divindade responsável pelo seu sustento. Quando, seguindo a ordem Divina, Aharon golpeia o Nilo com seu cajado, não só suas águas, mas as de todo o Egito, transformam-se em sangue. A primeira praga veio para demonstrar aos egípcios que sua "divindade, o rio", não era capaz de deter a Vontade do Criador. O Midrash explica que, para os judeus, a transformação das águas do Nilo em sangue foi muito significativa, pois compreenderam que D'us estava punindo os egípcios por terem jogado nas águas daquele rio o sangue de seus filhos. Pela segunda vez o Faraó se recusa a libertar Israel. D'us, então, ordena a Aharon que estenda novamente a mão sobre o Nilo. Rãs, cujo coaxar enchia os ares, emergem do rio e se multiplicam incessantemente, invadindo as casas egípcias. A segunda praga era a prova de que não só o Nilo não conseguira deter a Vontade do Criador, mas que, ao produzir as rãs, o próprio rio estava a Seu serviço. Uma terceira praga castiga o Egito, após nova recusa do Faraó em se dobrar perante D'us. Após Aharon ter golpeado o pó com o cajado, seguindo a ordem Divina, a terra de todo o Egito se transforma em piolhos e pequenos insetos, que picam mortalmente os egípcios e seus animais. Foi no decorrer desta terceira praga que os feiticeiros egípcios alertam seu rei que Moisés e Aharon não eram magos nem tampouco eram "as ocorrências" fruto de algum tipo de feitiçaria. Eram enviados de D'us. Segundo o Midrash, foi no final dessa praga que os judeus pararam de trabalhar para os egípcios. Esta primeira série de pragas foi lançada por Aharon e não por Moshê, porque este tinha um débito de gratidão com as águas do Nilo e com a terra do Egito. Quando Moisés nasceu, sua mãe, para salvá-lo do édito infanticida egípcio, colocou-o numa cesta sobre o rio e as águas o mantiveram vivo, conduzindo-o até Batia, filha do Faraó, que o resgatou. A terra também o ajudou, pois encobriu o corpo de um algoz egípcio, que Moshê matara para salvar a vida de um judeu. D'us, portanto, incumbiu Aharon de lançar as primeiras três pragas, porque, como Ele próprio afirma, "as águas que cuidaram de ti quando foste lançado ao Nilo...e a terra que veio em teu auxílio quando mataste o egípcio...não é justo que por ti sejam amaldiçoadas". A segunda série: animais selvagens, peste e sarna Iniciando o segundo grupo, a quarta praga é precedida pela declaração Divina: "Para que saibas que sou o Eterno no meio da terra" ( 8:18). Por todo o Egito, bandos de animais selvagens, cobras e escorpiões atacam os egípcios, mesmo dentro de seus lares, e destroem tudo que encontram pelo caminho. Mas, como D'us afirmara, "Separarei nesse dia a terra de Goshem", nenhum destes animais adentrou na terra onde habitavam os judeus. Segundo Rashi, numa clara demonstração de Seu Poder, mesmo os judeus que estavam em outros lugares não foram atacados. A quinta praga é uma peste fatal que mata os animais domésticos dos egípcios que pastavam nos campos, inclusive os carneiros, que eram considerados um de seus deuses. No entanto, nenhum animal de qualquer judeu foi atingido. Segundo Rabi Alkabetz, a partir daquele momento o sofrimento egípcio se tornou tão intenso, que até o Faraó já estava disposto a ceder. D'us, no entanto, endureceu-lhe o coração, pois queria que os Filhos de Israel vissem a totalidade e abrangência de Sua Força e aprendessem a Nele ter fé. A sexta praga que atinge os egípcios e seus animais, geralmente chamada de sarna, era na realidade, bolhas que se transformavam em úlceras, causando grande sofrimento físico. Mesmo os feiticeiros egípcios foram atingidos pela doença. Esta segunda série de pragas foi uma clara demonstração de que a Providência Divina, a Mão de D'us, está presente em tudo o que acontece. O fato de nenhum judeu ter sido atingido era mais uma prova de que D'us controla tudo que ocorre no mundo, inclusive o comportamento dos animais e as aflições físicas. O terceiro grupo: granizo, gafanhotos e escuridão O objetivo desta última série de pragas, anunciado pela declaração "Para que saibas que não há ninguém como Eu, em toda a Terra" (9:14), foi demonstrar o infinito poder de D'us. Um outro propósito para a ação Divina é revelado por Moisés, quando informa ao Faraó que, apesar de merecer morrer, sua vida fora poupada para que ele reconhecesse a grandeza de D'us Único e Verdadeiro. "Para que Meu Nome seja anunciado em toda a terra" (9:16), afirma D'us. E para que fosse transmitido, de geração em geração, o relato do que estava ocorrendo no Egito, ou seja, a manifestação explícita de Sua Vontade. Na sétima, uma violenta tempestade de granizo assola o país. O mundo nunca vira algo igual. Muito menos o Egito, onde, devido à escassez de chuva, este fenômeno meteorológico era desconhecido. Havia um aspecto sobrenatural nesta praga: o granizo vinha acompanhado de fogo. Dois elementos opostos - o fogo e a água - conciliados a fim de mostrar a Onipotência Divina. Antes da sétima praga, D'us alertou os egípcios para procurarem abrigo durante a chuva de granizo, pois, nenhum ser vivo e nenhum vegetal escapariam incólumes. E os que acreditaram nas palavras de Moisés procuraram abrigo, tanto para si como para seu gado. Na oitava praga, um vento do leste trouxe em seu bojo nuvens de gafanhotos, que escureceram os céus. Os insetos devoraram cada folha verde que, porventura, sobrevivera ao granizo e às pragas anteriores. Invadiram os lares e os campos egípcios e trouxeram ruína total ao país, já praticamente destruído pelas catástrofes anteriores. Pela primeira vez, o Faraó reconhece seus erros, mas ainda permaneceu firme na determinação de não deixar partirem os judeus. Quando a nona praga se abateu sobre o Egito, uma "escuridão tangível", impenetrável, tão densa que apagava qualquer luz, envolveu o país por seis dias. Mais uma vez, um fenômeno natural - a escuridão - se manifestou de forma sobrenatural, pois enquanto nos lares egípcios não era possível acender uma luz, nos lares judaicos, havia luz abundante. Os egípcios, tomados de pavor, permaneceram imóveis onde se encontravam. Ao descrever a praga, a Torá menciona "escuridão e trevas": escuridão no sentido físico e trevas no sentido espiritual. A Torá nos ensina que esta praga refletia o egoísmo prevalente no Egito: "Não via nenhum homem a seu irmão", pois cada egípcio via somente a si próprio; assim aconteceu durante a praga da escuridão, ninguém se mexeu para socorrer o outro, pois a ajuda mútua não fazia parte de sua visão de mundo. A décima praga: a morte dos primogênitos egípcios A décima e última praga é amplamente anunciada por Moshê, que alerta o Faraó que, por volta da meia-noite, D'us, Ele Próprio, passaria sobre o Egito e golpearia todos os primogênitos - filhos de homens ou de animais. Era o clímax de todas as anteriores. Seu aspecto de punição é imensamente mais severo do que o das outras, cujo principal objetivo era incutir nos egípcios a fé em D'us. Durante esta praga, D'us, Juiz Supremo, executou o castigo, "medida por medida", pelo decreto de extermínio que o Egito lançara contra o Povo Judeu. O Faraó, que emitira a ordem de que todo menino judeu fosse afogado no Nilo, e os egípcios, que a haviam executado, presenciaram a morte de seus primogênitos na noite que antecedeu o Êxodo. À meia-noite, todos os primogênitos egípcios, inclusive o filho do Faraó, faleceram a um só tempo. A única exceção foi o Faraó, ele próprio um primogênito. D'us poupou-lhe a vida porque, às margens do Mar de Juncos, no episódio da abertura do mar, ele ainda iria testemunhar, uma vez mais, o ilimitado poder de D'us. (V. Morashá - edição 48 - abril de 2005). Naquela fatídica noite nenhum judeu faleceu; D'us postergou até mesmo a morte dos que haviam terminado seu tempo na Terra. Demonstrava assim, mais uma vez, a clara distinção entre os oprimidos e os opressores. Naquela noite, os Filhos de Israel vivenciaram uma nova dimensão da Justiça Divina e tiveram a certeza que D'us Misericordioso os libertara da escravidão. Uma dimensão mística das Dez Pragas A Cabalá revela que a alma humana é composta de dez pontos de energia - dez características - que correspondem aos dez fluxos de Energia Divina, denominados de Sefirot, na Cabalá. Ao ser humano foi dado o livre arbítrio, a opção de utilizar estas características tanto para o bem quanto para o mal. O antigo Egito - sociedade baseada na idolatria, imoralidade e total falta de respeito pela vida e dignidade humana - representa a corrupção de cada uma das Dez Sefirot. Por este motivo, foram dez as pragas que atingiram o país. As calamidades foram fruto inevitável da crueldade egípcia, conseqüências espirituais que se manifestaram fisicamente. Por outro lado, ensina a Cabalá, os Dez Mandamentos, outorgados 50 dias após o Êxodo do Egito, no Monte Sinai, são o "antídoto" das Dez Pragas. Pois se as Pragas refletiram a perversão dos dez atributos da alma humana, os Dez Mandamentos refletem sua retificação espiritual. O relato das Dez Pragas é fonte de inúmeras lições espirituais. A principal é que a corrupção espiritual, a maldade e a injustiça criam entidades espirituais negativas que acabam voltando-se contra seu próprio criador. Em contraponto, os Dez Mandamentos nos revelam que a ligação com D'us, a bondade e a justiça são o caminho para que a alma humana se manifeste em toda a sua harmonia e esplendor, canalizando bênçãos naturais e sobrenaturais para este nosso mundo físico. Bibliografia · Hagadá de Pessach, com comentários do Talmud e literatura rabínica, Fundação J. Safra, 2007 · The Call of the Torah - Shemot, Rabbi Elie Munk, Artscroll Mesorah Series. · The Sepharadic Heritage Haggadah, The Sutton Edition, Rabinos Elie Mansur, David Sutton e Hillel Yarmove, Art Scroll Sepharadic Mesorah Series, 2006
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PURIM - UMA DIMENSÃO MÍSTICA DO PURIM ( Revista Morasha)

PURIM UMA DIMENSÃO MÍSTICA DO PURIM

O Baal Shem Tov, fundador do movimento chassídico e mestre da Cabalá, ensinava que nas questões sobre a Torá, um nome é tudo. Basta decifrar o nome de uma pessoa, de um objeto ou de um evento e a essência do mesmo estará desvendada. Edição 35 - Dezembro de 2001 A festividade de Purim é envolta em mistério. Seu nome advém da palavra “pur”, palavra persa, não hebraica, que significa “tirar sortes”. A Meguilat Esther – o livro da Torá que relata a história da festa – explica: “Por isso, àqueles dias chamam Purim (‘sortes’)” por causa da “sorte” que Haman havia lançado, determinando o dia em que os judeus seriam aniquilados. O nome da festividade aparentemente refere-se ao perigo com o qual os judeus se defrontaram e não à sua subseqüente libertação. O nome Esther também é altamente significativo. Sugere algo encoberto, originando-se da mesma raiz que a da palavra “hester”, que quer dizer “esconderijo”. O Talmud liga o versículo seguinte da Torá com os eventos de Purim: “(D’us declara)... E eu certamente esconderei o Meu rosto naquele dia...” (Deuteronômio 31:18). Outra peculiaridade extraordinária da festa de Purim é que a Meguilá não menciona o nome de D’us nem uma única vez. Todos os outros livros da Torá mencionam o Eterno inúmeras vezes. Isto também parece sugerir um profundo encobrimento Divino. Contudo, Purim é considerado o dia mais feliz do calendário judaico, no qual devemos alegrar-nos mais do que em qualquer outra de nossas festas. É a época em que agradecemos a D’us “pelos milagres, pela salvação, pelas maravilhas que obrou conosco...”. Lembrem-se que um nome é tudo e observem que os cabalistas enfatizam o fato de o Yom ha-KiPurim (Dia do Perdão) – o dia mais sagrado do ano – poder também ser interpretado como “Yom k’Purim”, em tradução literal, um dia “como” Purim. Como podemos entender essas mensagens aparentemente contraditórias relacionadas a Purim? Como é possível que este dia, cujo próprio nome indica infortúnios para o povo judeu, seja transformado em uma vitória tão grandiosa e surpreendente? E por que este evento da história judaica, aparentemente despido da Divina Providência, é considerado um milagre Divino tão arrebatador? Caos e ordem O Talmud discute a história e os acontecimentos de Purim e pergunta: “Que entidade teria dado a Haman um tamanho poder e influência ao ponto de ameaçar todo o povo judeu?” Este talvez seja o maior enigma de Purim: como puderam a maldade e a iniqüidade desenvolver-se com tanta força através de Haman, apenas para serem completamente revertidas por Mordechai e Esther? Ao descrever o ato da Criação, a Torá conta: “E foi tarde e foi manhã, dia um”. Cada dia da Criação tinha um momento de escuridão e um momento de luz, tinha o bom e o ruim. Nos seis dias da Criação, as coisas mais sagradas e as mais profanas foram criadas, todas recebendo igual atenção. Nos ensinamentos cabalistas, este mundo que influi no bom e no mal é chamado de tohu – o mundo do caos. Haman, primeiro ministro do rei Achashverosh da Pérsia, não foi apenas mais um entre os anti-semitas de nossa história. Descendente de Amalek, ele personifica a maldade e é o arquiinimigo histórico do povo judeu. Como nos conta a Meguilá, Haman construiu um cadafalso de 50-cúbitos1 de altura para nele enforcar Mordechai. Em termos numéricos, sua escolha é pouco usual. Um cadafalso de 50-cúbitos de altura em muito excede a altura de um ser humano. Mas Haman sabia o que estava fazendo. O número 50 simboliza o nível espiritual transcendental acima do mundo da ordem, onde não se pode distinguir o certo do errado. O cadafalso de 50-cúbitos de altura representava o desejo de Haman de atingir esse nível onde o mal pode imperar soberano. Sua decisão de tirar sortes – pur – para escolher aleatoriamente a data em que aniquilaria os judeus não foi um ato impensado e sem razão de ser. Um sorteio representa o acaso, a sorte; a ausência de decisão e de ordem. Simboliza o caos. E num lugar em que não há ordem nem distinção entre o certo e o errado, a maldade só tende a florescer.

O objetivo de Amalek é fazer desaparecerem os judeus. Faz-se representar por Haman, que encarna perfeitamente a maldade e não se satisfaria com nada menos do que a destruição física do povo judeu. Por outro lado, na Torá, D’us nos ordena vencer e sobrepujar Amalek e tudo o que ele representa: a maldade, a dúvida, o caos e a escuridão. O povo judeu representa exatamente o oposto. Este povo foi escolhido por D’us para ser “uma luz entre as nações”. A Torá é chamada de luz e seu propósito é trazer ordem ao mundo: separar o permitido do proibido, a luz da escuridão, o bem do mal, o sagrado do profano. Não é simples coincidência o fato de a cerimônia de Pessach, que celebra a criação do povo judeu, ser chamada de Seder – ordem, em hebraico. O livro de orações judaico é chamado de Sidur – novamente, ordem. No judaísmo não há coincidências nem acasos aleatórios. Cada ato está imbuído de um significado e de um propósito.

Durante o período em que o povo judeu esteve na Pérsia, a prática do judaísmo e das nossas tradições esteve perdida. A Torá Oral, que dá forma a toda a prática judaica, foi deixada de lado. Haman percebeu que o povo judeu não se estava embebendo da energia espiritual que é voltada para o bem e, portanto, explorou-a para seus planos malignos.

Salvação espiritual

À época do decreto de Haman, o povo judeu tinha representantes muito respeitados na Corte. Como nos relata a Meguilá, Mordechai chegara mesmo a salvar a vida do rei Achashverosh. Quanto à Rainha Esther, ela era a esposa preferida do Rei. À luz de tudo isto, quando os judeus souberam da ameaça genocida que pairava sobre eles, deveriam ter usado sua influência para pleitear junto ao Rei a anulação do decreto. No entanto, vemos que a primeira ação de Mordechai ao saber da tragédia iminente, foi “rasgar suas vestes e se cobrir de pano de saco e de cinzas; e, saindo pela cidade, clamar com grande e amargo clamor”.

Mordechai e Esther compreenderam que o poder de Haman – como o verdadeiro poder que há no mundo – tinha base espiritual. E portanto, sua resposta tinha que ser condizente. Mordechai arrependeu-se e conclamou todos os judeus a imitarem-no. Pôs-se a ensinar a Torá às crianças judias nas ruas da Pérsia. E levou seu povo a novamente abraçar a Torá Oral e cumprir seus mandamentos. De igual maneira procedeu a rainha Esther. Ela instruiu Mordechai com as palavras: “Vai e reúne todos os judeus... e jejuai por mim; não comais nem bebais três dias, nem de noite nem de dia; e eu também jejuarei”.

Somente após alcançar a vitória espiritual, retomaram Esther e Mordechai os meios naturais para tentar anular o decreto. Esther foi ter com o rei Achashverosh para conseguir a anulação apenas porque D’us deseja abençoar os homens “através de tudo o que fazem” – ou seja, pelos meios naturais. A causa real da salvação, no entanto, não foi obra da vontade do Rei, mas sim do jejum e do arrependimento dos judeus.

É interessante notar que a Meguilá relata que a sorte de Haman começou a mudar antes mesmo de Esther interceder junto ao rei. E a razão para tal foi que a energia que estava sendo absorvida por Haman já tinha sido capturada e estava sendo direcionada para atos bons e construtivos. Quanto mais energia for consumida por um comportamento ordeiro, por atos de bondade e de moralidade, pela Torá e pelos mandamentos Divinos, menos energia restará para as forças aleatórias do mal. Portanto, Haman e seus colaboradores foram enforcados no próprio cadafalso de 50-cúbitos de altura que ele construíra para Mordechai. E a data sorteada para ser o dia da aniquilação dos judeus se tornou o marco de uma maravilhosa vitória e de grande júbilo.

Purim hoje em dia

O Talmud afirma que “aquele que ler a Meguilá de trás para frente não terá cumprido a sua obrigação”. O Baal Shem Tov explicava que isto se refere a alguém que lê a Meguilá acreditando tratar-se de uma história do passado. Ao lê-la “de trás para frente”, como um relato retrospectivo, poderia pensar que a história de Purim não se aplicasse ao presente. Essa pessoa não teria cumprido a sua mitzvá, pois o propósito da leitura é aprender que os eventos de Purim repetem-se, espiritualmente, em todas as gerações.

Por que motivo a festividade de Purim tira seu nome de uma palavra persa que relembra os métodos maldosos de Haman e seu decreto nefasto? Para nos ensinar que sempre que o povo judeu canaliza corretamente a energia espiritual, o caos e a falta de ordem (simbolizados pelo lançamento de sortes) – que poderiam ser utilizados para atos maldosos – são revertidos em bênçãos sobrenaturais. Quando usamos a energia para a bondade e a luz, trazendo ordem e santidade a nossos atos e palavras, conseguimos sufocar Amalek e todos os seus descendentes.

O Nome de D’us não é encontrado na Meguilá justamente para indicar que, em meio ao mais encoberto dos mistérios, encontra-se a Revelação. Os milagres que ocorreram no Egito e durante o Êxodo foram claramente sobrenaturais. O milagre de Chanucá ocorreu numa época em que o povo judeu estava em sua terra e o Templo Sagrado existia, apesar de estar em mãos profanas. Na história de Purim, no entanto, os judeus estavam exilados de seu território. Seu destino parecia estar selado. Mas quando se arrependeram e clamaram por seu D’us, ocorreu uma série de eventos perfeitamente sincronizados que resultaram em sua salvação. E ademais, uma leitura mais atenta da Meguilá revela que, mesmo antes de surgir Haman, a Divina Providência já havia preparado a cena para um futuro triunfo judaico. E portanto, quando D’us diz: “...E eu certamente esconderei o Meu rosto naquele dia...”, Ele está dizendo: “Ainda que Minha face esteja oculta, mesmo assim podem encontrar-Me”.

É por isto que Purim é o mais feliz dos dias do ano, quando agradecemos a D’us por nos salvar. Fazer do Nilo um rio de sangue, dividir o mar ao meio, fazer com que a provisão de óleo para um dia ardesse por oito dias – tudo isso são milagres em que D’us sobrepujou a natureza. Mas com que freqüência ocorrem tais eventos? Não existe alegria maior, no entanto, do que perceber que, como em Purim, D’us está sempre atento a nossas preces e boas ações. E mais: antes ainda que o invoquemos, D’us está sempre realizando milagres para nós, de uma forma natural, oculta, disfarçada nos acontecimentos de nosso cotidiano.

E é por esta razão que o Yom KiPurim – o dia mais sagrado do ano – é verdadeiramente um dia como Purim. Porque mesmo no exílio, quando a Divina Presença parece completamente camuflada, “o arrependimento, as preces e as boas ações convertem um destino infausto”, ou seja, “anulam o decreto maligno”. Como em Purim, quando os judeus jejuam, arrependem-se e praticam atos bondosos, e clamam ao Pai Celestial, retornando a Ele, de fato estão abrilhantando o mundo com luz, ordem e bênçãos.

A batalha física e a batalha espiritual entre o bem e o mal não perdurarão para sempre. Na Torá, D’us, Ele mesmo, promete “Escreve isto... pois extinguirei totalmente a memória de Amalek debaixo dos céus” (Êxodo 17:14). E quando isto ocorrer, todos os dias serão como Purim, uma época em que “para os judeus houve felicidade, alegria, regozijo e honra” (Esther 8:16).

Tev Djmal
Baseado nos ensinamentos do Lubavitcher Rebbe e nos escritos dos Rabinos Jonathan Sacks e Manis Friedman.
1 Antiga unidade de medida de comprimento, equivalente a três palmos.

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Os Kibutzim

Os Kibutzim
kibutz ("reunião" ou "juntos") é uma forma de comunidade comunitária em Israel. Apesar de existirem em outros países empresas comunais (ou cooperativas), em nenhum outro país as comunidades coletivas voluntárias desempenharam um papel tão importante como o papel dos kibutzim em Israel; os kibutzim tiveram um papel essencial na criação de Israel.
Combinando o
socialismo e o sionismo no sionismo trabalhista,operario os kibutzim são uma experiência única no mundo, e parte de um um dos maiores movimentos comunais seculares na história. Os kibutzim foram fundados numa altura em que a lavoura individual não era prática. Forçados pela necessidade de uma vida comunal e inspirados pela sua ideologia socialista, os membros do kibutz desenvolveram um modo de vida comunal que atraiu interesse de todo o mundo. Enquanto que o kibutzim foram durante várias gerações comunidades utópica, hoje, eles são pouco diferentes das empresas capitalistas às quais supostamente seriam uma alternativa a essa estrutura. Hoje, os kibutzim apesar de manter uma comunidade de economia solidaria, adicional contratados trabalhadores que vivem fora da esfera comunitária e que recebem um salário, como em qualquer empresa normal.
Os kibutzim deram a Israel uma parte desproporcionalmente importante dos seus líderes intelectuais, políticos e militares. Apesar de o movimento dos kibutz nunca ter excedido 7% da população de Israel, ele poderá ter contribuido para fundar uma identidade cultural ao pais como poucas instituições em Israel.
Historicamente com a colonização do Estado Israelense, criado pela
ONU em 1948, os kibbutzim também exerceram um importante papel estratégico militar quando dos primeiros conflitos árabes-israelenses, funcionando como verdadeiras bases avançadas, com colonos com treinamento militar e armas combatendo exércitos inimigos até uma intervenção do Tzáhal (Exército israelense).
As condições de vida do
Império Russo na virada do século XIX para o século XX eram ruins para todos os súditos, mas ainda piores para os judeus. Causar a emigração de um terço dos judeus, o batismo de outro terço e a morte por inanição do terço restante era um objetivo oficial do Império. Com a excessão de uma minoria de ricos, os judeus eram obrigados a viver na região fronteiriça chamada de cherta osedlosti (ou região de assentamento); e mesmo dentro desta, não podiam morar em cidades grandes como Kiev, ou tampouco em vilarejos com menos de 500 habitantes. Para aqueles que se aventuravam a chegar à capital Moscou, a polícia local estabeleceu uma recompensa para a captura de um judeu com valor equivalente à da captura de dois ladrões. (Dubrow, Vol III)
O número de judeus convocados para o exército do
tzar era desproporcionalmente alto. Enquanto em outros países todos os militares eram tidos como dignos de honrarias, estes soldados judeus eram vítimas de profunda discriminação. Por exemplo, ainda que o serviço militar os levasse para longe da cherta osedlosti ou até mesmo para o extremo oriente russo, estes soldados eram obrigados a retornar para a região de assentamento quando em dispensa. Além disso, durante a Guerra Russo-Japonesa, vários juízes ucranianos aproveitaram-se da ausência dos soldados judeus para livrar-se de suas famílias, baseando-se em uma lei que permitia a expulsão de famílias judias sem um chefe-homem que lhes garantisse o sustento. Esta última agressão foi de fato tão extremada que o governo russo opôs-se a ela; mas os termos da reprimenda do general Vyacheslav Plehve a seus subordinados eram claramente discriminatórios: "as famílias dos judeus convocados devem ser deixadas onde estão até o fim da guerra."
A ameaça aos judeus cresceu após a posse do tzar Alexandre III. O seu governo não só permitia, como também estimulava as agressões dos lavradores insatisfeitos a seu vizinhos judeus. As chamadas Leis de Maio, promulgadas pelo imperador em maio de
1882, proibiram a moradia de judeus em cidades com menos de 10.000 habitantes expulsando várias famílias que há várias gerações viviam no mesmo lugar e estabeleceram cotas que impediram o acesso de um enorme número de judeus a universidades e profissões. Era portanto especialmente forte a repressão aos judeus na Rússia da virada do século.
As reações dos judeus a estas dificuldades foram variadas. Alguns optaram por envolver-se na luta pelo Socialismo no país; outros decidiram emigrar para o ocidente. Houve judeus que, mantendo-se ortodoxos, ignoraram os problemas à sua volta; enquanto outros buscaram ser assimilados pela sociedade russa. Ainda outros judeus os de maior interesse para o nosso tema -- tornaram-se partidários do
sionismo, cuja idéia central era construir uma nação judaica na terram em que o judaísmo nasceu: a Palestina (ou Eretz Israel).
Até então, os judeus que migravam para a Palestina o faziam ou em idade avançada para lá morrer, ou quando jovens para freqüentar as yeshivás ao redor de
Jerusalém e Heron. Nos dois casos, o motivo da migração era religioso e não político, e estes individuos, que não se sustentavam do próprio trabalho, viviam de doações de judeus de outras paragens.
Já o movimento sionista, não obstante suas profundas raízes na história judaica, só passou a ser uma força significativa por na década de 1880. Nela, 15.000 famílias oriundas principalmente do sul da Rússia mudaram-se para a Palestina com a intenção de lá viver -- e não apenas morrer -- e de trabalhar com a lavoura ao invés de estudar. Esta primeira leva de judeus dispostos a viver uma vida normal na Palestina recebeu o nome de "Primeira Aliá", e a seus membros chamou-se de "Biluim".
Aqui é importante que se observe que o trabalho na terra é uma componente importante do sionismo. É bastante difundida a idéia de que este era um movimento de cunho nacionalista. Deve-se notar, no entanto, que sua componente econômica pregava o retorno ao cultivo da terra como principal ocupação dos judeus, substituindo assim as ocupações típicas dos judeus europeus: possuir
pensões e lojas de penhora, praticar "comércio pequeno", etc.

De fato, a geração da Primeira Aliá acreditava que a decadência dos judeus da Diáspora era explicada pela aversão destes ao trabalho físico. Eles não só defendiam que do cultivo da terra palestina adviria a redenção física e espiritual do povo hebraico, como chegavam a acreditar que o solo da Palestina tinha o poder mágico de transformar os fracos comerciantes judeus em lavradores nobres e fortes. Uma manifestação desta crença pode ser vista na edição de 1883 de The London Jewish Chronicle, "os pálidos e curvados comerciantes judeus de alguns meses atrás" tornaram-se "lavradores bronzeados, de mãos calejadas e másculos" (Silver-Brody).
Em espírito semelhante ao da "religião do trabalho" exposta acima, o manifesto dos Biluim proclamava orgulhosamente a intenção de "encorajar e fortalecer a imigração e colonização de Eretz Yisrael através da criação de uma colônia agrícola, de base cooperativa social". Afinados com a ideologia sionista (que até então ainda não houvera recebido este nome), os Biluim também exortavam o povo judeu a um renascimento sócio-político, espiritual e nacional na Palestina.
A esperança dos Biluim de sucesso na lavoura era grande, mas seu entusiasmo era maior do que sua habilidade agrícola. Em apenas um ano os Biluim já eram dependentes de caridade como os estudantes que os precederam. Mas os Biluim investiam o dinheiro recebido em terras e equipamentos, e as doações vindas tanto de judeus riquíssimos como o Barão de Rotschild quanto dos "normais" leitores de The London Jewish Chronicle, os permitiram prosperar. Suas cidades, Rishon LeZion e Zichron Yaakov, tornaram-se comunidades saudáveis e atraentes. A vitória, no foi concomitante ao fato de que já virada do século os imigrantes empregavam árabes em suas terras, ao invés de lavourá-las eles mesmos (como inicialmente pretendiam). A revolução econômica sionista ainda estava por vir.
http://es.wikipedia.org/wiki/Kibutzim
A Segunda Aliá e a fundação dos primeiros kibutzim
Os
pogroms surgiram novamente na Rússia nos primeiro anos do século XX. Em 1903 em Kishinev as massas campesinas eram incitadas a agir contra os judeus depois de um massacre que ficou conhecido como o primeiro Pogrom de Kishinev. Revoltas aconteceram de novo logo após a derrota da Rússia na Guerra Russo-Japonesa e na Revolução de 1905. A ocorrência de novos pogroms inspiraram a emigração de outra leva de judeus russos. Na década de 1880, a maioria dos emigrantes ia para os Estados Unidos, mas a minoria ia para a Palestina. Era a geração que incluiria os fundadores dos kibutzim.
Como os membros da Primeira Aliá que vieram antes deles, a maioria dos membros da Segunda Aliá queria ser fazendeiro na Palestina. Aqueles que viriam a fundar os kibutzim primeiro iam a um vilarejo dos Biluim, Rishon LeZion, para encontrar trabalho lá. Os fundadores dos kibutz ficaram moralmente arrasados pelo que eles viram nos colonos judeus lá "com seus supervisores judeus, trabalhadores camponeses árabes e guardas beduínos." Eles viram as novas vilas e foram lembrados dos lugares que haviam deixado no Leste Europeu. Ao invés de um começo de uma comunidade judaica pura, sentiram que o que eles haviam visto recriava a estrutura sócio-econômica judaica dos Assentamentos, onde os judeus trabalhavam em empregos limpos, enquanto outros grupos faziam o trabalho sujo. (Gavron, 19)
Joseph Baratz, que viria a fundar o primeiro kibutz, escreveu acerca de sua época de trabalho em Zikhron Yaakov:
Estávamos suficientemente felizes trabalhando na terra, mas sabíamos mais certamente que as maneiras dos velhos assentamentos não eram para nós. Essa não era a maneira que esperávamos colonizar o país — essa velha maneira com judeus em cima e árabes trabalhando para eles; enfim, pensávamos que não deveria haver empregadores e empregados de forma alguma. Deve haver um jeito melhor. (Baratz,)
Apesar de Joseph Baratz e outros trabalhadores quererem cuidar da terra eles mesmos, tornar-se fazendeiro independente não era uma opção realista em 1909. Como
Arthur Ruppin, um propositor da colonização agrícola judaica da Palestina diria mais tarde, "A questão não era se o assentamento coletivo era preferencial ao assentamento individual; era uma das formas de assentamento coletivo nenhum assentamento." (Rayman)
A Palestina
Otomana era um ambiente duro, que nada se pareciam com as planícies russas que os imigrantes judeus estavam familiarizados. A Galiléia era pantanosa, os morros rochosos e o sul do país, o Negev, era um deserto. Para tornar as coisas ainda mais desafiadoras, a maioria dos colonos não tinha experiência prévia com agricultura. As condições de saneamento também eram pobres. A malária era mais que um risco, era praticamente uma garantia. Juntamente com a malária, também havia o tifo e a cólera.
Em adição à ter um clima difícil e solo relativamente infértil, a Palestina Otomana era sob alguns pontos de vista um lugar sem leis.
Beduínos nômades atacavam frequentemente fazendas e áreas de assentamento. Sabotagem de canais de irrigação e queima de colheitas também eram comuns. Viver em coletividades era simplesmente a maneira mais lógica para estar seguro em uma terra que não os desejava.
Acima de considerações de segurança, havia também considerações de sobrevivência
econômica. Estabelecer uma nova fazenda na área era um projeto de grande capital; coletivamente os fundadores dos kibutzim tinham os recursos para estabelecer algo que durasse, enquanto independentemente eles não tinham.
Finalmente, a terra que ia ser assentada por Joseph Baratz e seus camaradas foi comprada pela grande
comunidade judaica. De todas as partes do mundo, judeus depositavam moedas em pequenas "caixas azuis" para a compra de terras na Palestina. Uma vez que esses esforços foram em nome de todos os judeus da área, não teria feito sentido a compra de suas terras para interesses individuais.
Em
1909, Joseph Baratz, nove outros homens e duas mulheres se estabeleceram na porção sul do Mar da Galiléia próximo a uma vila árabe chamada "Umm Juni." Esses adolescentes haviam até então trabalhado como diaristas drenando pântanos, como pedreiros, ou braçais nos velhos assentamentos judaicos. Seu sonho agora era de trabalhar pra si mesmos, cuidando da terra. Eles chamaram sua comunidade de "Degania", em homenagem aos cereais que eles cultivavam ali. Sua comunidade se desenvolveria como o primeiro kibutz.
Os fundadores de Degania trabalhavam duramente tentando reconstruir aquilo que eles viram como sua terra ancestral e espalhar a revolução social. Um pioneiro mais tarde disse "o corpo está esgotado, as pernas falham, a cabeça dói, o sol queima e enfraquece." Em alguns momentos metade dos membros do kibutz não podiam se apresentar para trabalhar. Muitos homens e mulheres jovens deixaram o kibutz para vidas mais fáceis nas cidades da Palestina judaica ou na
Diáspora.
Apesar das dificuldades, os kibutzim cresceram e proliferaram. Em 1914, Degania tinha cinquenta membros. Outros kibutzim foram fundados ao redor do Mar da Galiléia e no próximo
Vale Jezreel. Os fundadores de Degania logo deixaram Degania para tornarem-se apóstolos de agricultura e socialismo para novos kibutzim.
http://es.wikipedia.org/wiki/Kibutzim
Os kibutzim durante o mandato britânico
O fim do Império Otomano logo após a I Guerra Mundial, e o início do
Governo Britânico da Palestina foi bom para os yishuv e kibutzim. As autoridades otomanas tinham tornado a imigração para a Palestina difícil para os judeus e eles também faziam com que a compra de terras fosse problemática. Isso afetava os muçulmanos, cristãos e judeus igualmente. Os otomanos eram péssimos administradores também.
Apesar da mudança de governo na Palestina, os kibutzim e toda a yishuv cresceu como resultado do aumento do anti-semitismo na Europa. Em contraste com a previsão anti-sionista que os judeus tinham feito antes da I Guerra Mundial, a disseminação de idéias liberais não era irreversível e a posição de judeus em muitas sociedades da Europa Central e do Leste realmente deterioraram.
Os judeus sofreram severamente na
Guerra Polonesa-Soviética e a Guerra Civil Russa. Apesar das mortes serem pouca coisa se comparadas com o derramamento de sangue da recente I Guerra Mundial, os pogroms de 1918-1920 realmente fariam os pogroms dos anos 1880 e 1900 parecerem cócegas.
"Os primeiros grandes pogroms aconteceram em Zhitomir e Berdichev, velhos centros judaicos", Walter LaQueur escreveu em seu A History of Zionismo (Uma História do Sionismo),
de onde eles se espalharam para Proskurov (onde mil e quinhentos judeus foram mortos) e arredores. Ao todo, por volta de quinze mil judeus foram mortos nesses ataques e muitos mais feridos. Muito das propriedades dos judeus foi destruído. O número de mortes foi muito maior do que nos progroms pré-guerra. A vida humana havia se tornado sem valor após 1914, e enquanto que a morte de algumas dúzias de vítimas em Kishinev causou uma onda de protestos no mundo civilizado, o assassinato de milhares 1919–1920 não causou qualquer movimentação. (LaQueur,)
Ao passo que os pogroms após a morte de Alexandre II e os pogroms de Kishinev causaram Aliás em massa, tambémo fizeram os pogromsda guerra civil russa. Dezenas de milharesde judeus russos imigraram para a Palestina no começo dos anos 1920, em uma onda chamada de "Terceira Aliá".
Após a consolidação de poder
Bolchevique, os judeus da Rússia e Ucrância foram assegurados de sua integridade física, apesar que nenhum deles podia emigrar. No resto dos anos 1920 judeus imigrantes para a Palestina viriam de todo o resto da Europa Central e Oriental, a "Quarta Aliá". Esses imigrantes da Terceira e Quarta Aliá de fato fariam mais pelo crescimento do movimento kibutz que os imigrantes de grupos de imigrações prévias.
Os três milhões de judeus da
Polônia sofreram como resultado de boicotes em massa de seus negócios. O número de judeus praticando medicina e direito foi deliberadamente reduzido. Em 1930, antes que a Grande Depressão tivesse sequer chegado, um terço da comunidade judaica da Polônia era incapaz de pagar impostos específicos para a comunidade judaica. O governo polonês geralmente mantinha a justiça e a ordem, mas haviam muitos pogroms menores.
Os
romenos judeus também eram vítimas de intenso anti-semitismo. Os judeus eram retirados de muitas ocupações e grupos formados, como a Liga de Defesa Cristã Nacional e a Guarda de Ferro, cujos objetivos era a expulsão de todos os judeus.
Em outros países, o anti-semitismo institucional não foi tão alijante quanto foi na Polônia ou Romênia, apesar que havia virulento anti-semitismo generalizado.
Parcialmente baseado nos movimentos juvenis alemães e os
Escoteiros, movimentos juvenis sionistas judaicos floresceram nos anos 1920 em virtualmente todas as nações européias. Movimentos juvenis vieram em cada sombra do espectro político. Haviam movimentos direitistas como o Betar e movimentos religiosos como o Bachad, mas a maioria desses movimentos juvenis sionistas eram socialistas como Dror, Brit Haolim, Kadima, Habonim e Wekleute. Dos movimentos juvenis esquerdistas o mais significante na história do kibutz foi o marxista Hashomer Hatzair. Nos anos 1920 os movimentos juvenis com orientação de esquerda se tornariam alimentadores dos kibutzim.
Em contraste a aqueles que vieram como parte da Segunda Aliá, esses membros de grupos juvenis tinham algum treinamento agricultural antes de embarcarem. Membros da Segunda e da Terceira Aliá também tinham menos chance de serem russos, uma vez que a emigração da Rússia estava bloqueada após a
Revolução Russa de 1917. Os judeus europeus que se assentaram em kibutzim entre as Guerras Mundiais eram de outros países na Europa Oriental, incluindo a Alemanha. Finalmente, os membros da Terceira Aliá estavam à esquerda dos fundadores de Degania, e acreditavam que o voluntarismo socialista poderia funcionar para qualquer um. Eles se consideravam um movimento vanguardista que inspiraria o resto do mundo.
Degania nos anos 1910 parece ter confinado suas discussões para assuntos práticos, mas as conversações da próxima geração nos anos 1920 e 30 eram discussões abertas do cosmos. Ao invés de haver reuniões em uma sala de jantar, reuniões aconteciam ao redor de fogueriras. Ao invés de começar uma reunião com uma leitura de minutos, uma reunião começaria com uma dança grupal. Relembrando sua juventude em um kibutz às margens do Mar da Galiléia, uma mulher recordou "Ó, que lindo que era quando todos participávamos das discussões, [eram] noites de busca de um pelo outro - é assim que chamo aquelas noites santificadas. Durante os momentos de silêncio, me parecia que de cada coração uma faísca saltaria, e as faíscas se uniriam em uma grande chama penetrando os céus…. Ao centro de nosso acampamento uma fogueira queima, e sob o peso da Hora a terra geme um gemido rítmico, acompanhado por músicas excitantes." (Gavron,)
Os kibutzim fundados nos anos 1920 tinham a tendência de serem maiores que os kibutzim como Degania que foram fundados antes da I Guerra Mundial. Degania tinha doze membros em sua fundação. Ein Harod, fundado apenas dez anos depois, começou com 215 membros.

Concomitantemente os kibutzim cresceram e floresceram nos anos 1920. Em 1922 eles eram meros 700 indivíduos vivendo em kibutzim na Palestina. Em 1927 a população do kibutz estava se aproximando dos 4.000. Ao final da
II Guerra Mundial a população de kibutz era de 25.000, 5 por cento de toda a população da yishuv.
O crescimento dos kibutzim permitiu ao movimento diversificar em diferente facções, apesar que as diferenças entre kibutzim eram sempre menores que suas similaridades. Em 1927, alguns novos kibutz que foram fundados pelo
HaShomer Hatzair se uniram para formar uma associação de alcance nacional, Kibutz Artzi. Por décadas, Kibutz Artzi seria a esquerda dos kibutzim. Em 1936, a Federação do Kibutz Artzi fundou seu próprio partido político chamado a Liga Socialista da Palestina mas popularmente conhecida como Hashomer Hatzair. Fundiu-se com outro partido de esquerda para se tornar Mapam uma vez que o Estado de Israel foi estabelecido.
Os kibutzim da Artzi eram mais devotados à
igualdade dos sexos que outros kibutzim. Uma mulher de um kibutz da era dos anos 1920, 1930 chamaria seu marido ishi — "Meu homem" — ao invés da palavra usual hebraica, ba'ali, que literalmente significa "Meu mestre".
Em 1928, o kibutz Degania e outros pequenos kibutzim formaram juntos um grupo chamado "Chever Hakvutzot", a "Associação de Kvutzot". Os kibutzim do Kvutzot deliberadamente ficaram abaixo de 200 em população. Eles acreditavam que para a vida coletiva funcionar, os grupos deveriam ser pequenos e íntimos, ou então a confiança entre os membros seria perdida. Os kibutzim do Kvutzot também abriram mão de afiliações com movimentos juvenis na Europa.
A corrente principal do movimento kibutz ficou conhecida simplesmente como "Kibutz Unido", ou "Kibutz Hameuhad". Kibutz Hameuhad acusou Artzi e os kvutzot de elitismo. Hameuhad criticaram Artzi por pensar em si mesmo como uma elite socialista, e eles criticaram os kvutzot por permanecerem pequenos. Os kibutzim do Hameuhad abrigaram quantos membros eles podiam. Givat Brenner consequentemente chegou a ter mais de 1.500 membros.
Também haviam diferenças na religião. Os kibutz do Kibutz Artzi eram
seculares, mesmo firmemente ateus, orgulhosamente tentando ser "monastérios sem Deus". A maioria dos kibutzim da corrente principal também desdenhavam o Judaísmo Ortodoxo de seus pais, mas eles queriam que suas novas comunidades tivessem características judaicas mesmo assim. As noites de Sexta-feira ainda eram "Shabat" com um pano de mesa branco e comida de qualidade, e trabalho não era feito aos Sábados se pudesse ser evitado. Mais tarde, alguns kibutzim adotaram o Yom Kipur como o dia para discutir receios em relação ao futuro do kibutz. Os kibutzim também tinham bar mitzvás coletivos para suas crianças.
Se os kibutzniks não rezavam diversas vezes ao dia, marcavam festividades como
Shavuot, Sucot e Pessach com danças, banquetes e celebrações. Um feriado judaico, Tu B'shvat, o "aniversário das árvores" era substancialmente revivido por kibutzim. Em todos eles, feriados com algum componente natural, como Pessach e Sucot, eram os mais importantes para os kibutzim.
O movimento kibutz desenvolveu uma facção ultra-religiosa tardiamente em sua história, um grupo hoje chamado
Kibutz Dati. O primeiro kibutz religioso foi Ein Tzurim, fundado em 1946. Ein Tzurim era localizado primeiro próximo a Safad, depois próximo a Hebron no que agora é chamado de Cisjordânia, e por fim no Negev. Kibutzim religiosos são obviamente religiosos, mas eles eram e são igualmente coletivistas que os kibutzim seculares. Alguns kibutzim religiosos agora se identificam com o "Hassidismo hippie" de rabinos como Shlomo Carlebach.
http://es.wikipedia.org/wiki/Kibutzim
Os kibutzim na construção do Estado israelense
Em tempos otomanos os kibutzim se preocupavam com violência criminal, não violência política. A falta de hostilidade árabe se dava devido ao pequeno número de judeus no país naquela época. A oposição árabe aumentou na medida em que a
Declaração de Balfour e a onda de aliás de judeus à Palestina começou a desequilibrar o balanço demográfico da área. Houve sangrentos protestos anti-judaicos em Jerusalém em 1921 e em Hebron em 1929. No final dos anos 1930 a violência árabe-judaica se tornou virtalmente constante, uma época chamada de o "Grande Levante" na historiografia Palestina.
Durante o Grande Levante, os kibutz começaram a assumir um papel militar mais previdente do que eles tinham anteriormente. Rifles foram comprados ou fabricados e mais membros de kibutz executavam manobras e exercícios e praticavam tiro.
Yigal Allon, um soldado israelense e político explicou o papel dos kibutzim nas atividades militares da yishuv.
O planejamento de desenvolvimento de assentamentos sionistas pioneiros foram desde o início pelo menos parcialmente determinados por necessidades político-estratégicas. A escolha da localização do assentamento, por exemplo, era influenciada não apenas por considerações de viabilidade econômica mas também e sobretudo pelas necessidades de defesa local, estratégia de assentamento global, e pelo papel que tais blocos de assentamento poderiam desempenhar em algum futuro, talvez decisivo em qualquer confronto. Dessa forma, terra era comprada, ou muitas vezes melhorada, em partes remotas do país. (citação em Rayman,)
Os kibutzim também ajudaram a definir as fronteiras do futuro estado de Israel. No final dos
anos 30, quando a Palestina estava prestes a ser dividida entre árabes e judeus, foram criados kibutzim em locais remotos para aumentar as chances da terra ser incorporada a Israel, não a um estado palestino. Muitos deles foram feitos, literalmente, da noite pro dia. Em 1946, um dia depois do Yom Kippur, doze novos kibutzim precários foram feitos às pressas no norte do Deserto de Negev para reclamar essa área seca, mas estratégica, para Israel.
Nem todos os habitantes do kibutzim procuraram expandir o território do futuro estado judeu. A facção esquerdista e
marxista do movimento Kibutz, Kibbutz Artzi, foi a última grande força entre os yishuv a favor de um estado binacional, e contra a divisão. O Kibbutz Artzi, entretanto, ainda queria a livre imigração judaica, à qual os árabes se opunham.

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Extracto de una entrevista a Sharona Frederiko (Extraído de hagshama.org)

“…Spinoza fue el único que tuvo la valentía de hacer lo que todos los judíos de su época habían dejado de hacer: amar y leer la Biblia por sí mismos. Y si las
conclusiones a las que llegó Spinoza no son las mismas de Leibovich, y no lo son, Leibovich tenía una fe suficientemente fuerte para aceptar los cambios de Spinoza, sin estar de acuerdo con todo. En la actitud de Leibovich tenemos una clave para la aceptación del cambio. No significa que tienes que estar de acuerdo con todo, sino que puedes relajarte y dejar vivir al que no sea como tú.
Por ejemplo: Spinoza no creía en la revelación divina. Para él la Biblia era un libro histórico y magnífico, que detallaba la trayectoria del desarrollo intelectual del pueblo al cual él pertenecía. Y de hecho Spinoza escribió 72 comentarios sobre la Biblia y el judaísmo, para los que creen que no tenía mucho que ver
con el judaísmo. Leibovich, en cambio, sí creía en la revelación divina. Decididamente creía que Dios se reveló en el Sinaí y lo aceptaba
como un hecho histórico. Para Spinoza, era Moisés el que había creado un sistema de leyes de acuerdo con su ética, opinando, eso sí, que era un gran sistema de leyes. Leibovich, entonces, no estuvo de acuerdo con Spinoza,
pero decía que éste tuvo la grandeza de intentar llegar a sus propias conclusiones por su amor a la Biblia, y por lo tanto no hay que excomulgar al que se atreva a ello, sino debatir con él, dándole un lugar de honor en la comunidad.
Toda la defensa de Spinoza que hizo Leibovich es muy importante, porque no se trataba de un judío reformista que podía ver en Spinoza un antecedente, sino que está basada precisamente en la diferencia de opinión que tenía con él, y esa es la clave que nos conduce a aceptar el cambio, lo distinto.
Porque si yo voy a aceptar el cambio en mi vida, tengo que aceptar el que se da también en la vida del otro, cambio que quizás no sea de mi agrado, pero que es legítimo.
Leibovich se preguntó: ¿qué hago frente a lo distinto? ¿Lo excomulgo, adoptando los métodos de la Iglesia Católica de los tiempos
de la Inquisición? Porque de hecho, eso fue lo que hizo la comunidad judía de Holanda en el siglo XVII, quizá inconscientemente.
La Inquisición había creado un sistema de pensamiento que en cierto modo también se apoderó de las víctimas, entre los cuales, también, expresar una opinión "hereje" se transformó en punible. Fue la horrible herencia de una Iglesia Católica muy intolerante.
Así que, la de Leibovich, me parece la defensa más apasionada y hermosa de la idea del cambio: cuando estés frente a un cambio, no lo eches de tu comunidad, no lo excomulgues, no lo borres. Y esa defensa es mucho mejor que la que hacen los mismos reformistas, que intentan redibujar a Spinoza
como si fuera reformista. ¡Spinoza no era reformista! Era panteísta, no creía en el concepto de Dios y Pueblo Elegido, creía que pertenecía al pueblo judío y se identificaba como judío cultural. Históricamente, por eso, si fuera antecedente de algo, en todo caso lo sería del judaísmo humanista y de ciertas ramas del sionismo, pero nunca del judaísmo reformista. Leibovich es la constatación de lo que es un ser generoso y vivo.


Él fue una persona más joven que cualquier joven que yo conozco a sus 90 años, porque siempre siguió cambiando. Por mi parte, no puedo compartir las concepciones de Leibovich sobre Dios y las Mitzvot, porque soy reformista, pero ¡cómo lo respeto! Con Leibovich digo: me encantan los cambios, y aunque no sean míos, me enriquecen”.(…) ...
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Mordechai Anielewicz, o líder de 23 anos do Levante do Gueto de Varsóvia, escreveu em sua última carta (datada de 23 Abril de 1943):

"O que aconteceu está além dos nossos sonhos mais selvagens. Duas vezes os alemães fugiram de nosso gueto. Uma de nossas companhias resistiu por quarenta minutos, e a outra, por mais de seis horas... Não tenho palavras para descrever-lhes as condições em que os judeus estão vivendo. Apenas alguns escolhidos vão resistir; mais cedo ou mais tarde, todo o resto perecerá.

A morte esta lançada. Nos abrigos em que nossos câmaras estão se escondendo, nem mesmo uma vela pode ser acesa devido à falta de ar... O principal é: O sonho da minha vida se tornou realidade: Eu vivi para ver a resistência judaica no gueto, em toda sua grandeza e glória."

Juramento - Abraham Shlonsky (1900-1973)

Em nome dos meus olhos que viram o Holocausto

E carregaram clamores sobre meu coração agoniado

Em nome da piedade que me ensinou a perdoar

Até em dias terríveis quando perdoar era doloroso

Pronunciei um voto – Recordar tudo

Recordar tudo e não esquecer de nada.

Não esquecer nada. Por dez gerações.

Até que se apague a ofensa toda, completamente

Até que todas as humilhações sejam mortas

Juro não esquecer esta noite de furias

Juro não retomar a meu caminho amanhã

Sem haver aprendido também esta vez nada

Do hebraico – Eliahu Toker

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36 preguntas y respuestas sobre el Holocausto
1. Cuando hablamos del “Holocausto”, ¿a qué periodo de la historia nos referimos?

Respuesta: El término “Holocausto” se refiere al período comprendido entre el 30 de enero de 1933, fecha en que Hitler es nombrado canciller de Alemania, hasta el 8 de mayo de 1945 (El Día de la Victoria), cuando finaliza la guerra en Europa.

2. ¿Cuántos judíos fueron asesinados durante el Holocausto?

Respuesta: Resulta imposible saber con exactitud el número de víctimas judías; no obstante, las estadísticas indican que el total superó las 5.860.000 personas. Las autoridades en general aceptan la cifra aproximada de seis millones.

3. ¿Cuántos civiles no-judíos fueron asesinados durante la Segunda Guerra Mundial?

Respuesta: Resulta imposible conocer el número exacto; no obstante, la cifra generalmente aceptada es de aproximadamente 5.000.000. Entre los grupos de personas asesinadas y perseguidas por los nazis y sus colaboradores se encontraban: gitanos, serbios, miembros de la inteligencia polaca, luchadores de la resistencia de todas las nacionalidades, alemanes que se oponían al nazismo, homosexuales, testigos de Jehová, delincuentes habituales, y “antisociales” como por ejemplo, limosneros, vagabundos y prostitutas.

4. ¿Cuáles fueron las comunidades judías que sufrieron pérdidas durante el Holocausto?

Respuesta: Todas las comunidades judías de la Europa ocupada sufrieron pérdidas durante el Holocausto. Se persiguió a las comunidades judías del norte de frica, pero los judíos de estos países no fueron ni deportados a campos de concentración ni asesinados en forma sistemática.

5. ¿Cuántos judíos fueron asesinados en cada país y qué porcentaje representaban dentro de la población judía existente en dichos países con anterioridad a la guerra?

Respuesta: (Fuente: Enciclopedia del Holocausto)
Alemania 141.500 — 25,0%
Austria 50.000 — 27,0%
Bélgica 28.900 — 44,0%
Bohemia/Moravia 78.150 — 66,1%
Bulgaria 0 — 0 %
Dinamarca 60 — 0,7%
Eslovaquia 71.000 — 79,8%
Estonia 2.000 — 44,4%
Ex-Unión Soviética 1.100.000 — 36,4%
Ex-Yugoslavia 63.300 — 81,2%
Finlandia 7 — 0,3%
Francia 77.320 — 22,1%
Grecia 67.000 — 86,6%
Holanda 100.000 — 71,4%
Hungría 569.000 — 69,0%
Italia 7.680 — 17,3%
Letonia 71.500 — 78,1%
Lituania 143.000 — 85,1%
Luxemburgo 1.950 — 55,7%
Noruega 762 — 44,8%
Polonia 3.000.000 — 90,9%
Rumania 287.000 — 47,1%

6. ¿Qué es un campo de exterminio masivo? ¿Cuántos había? ¿Dónde estaban ubicados?

Respuesta: Un campo de exterminio masivo es un campo de concentración con equipos especialmente diseñados para asesinar en forma sistemática. Existieron seis campos de esta clase: Auschwitz-Birkenau, Belzec, Chelmno, Majdanek, Sobibor, Treblinka. Todos estaban ubicados en Polonia.

7. ¿Qué significa el término “Solución Final” y cuál es su origen?

Respuesta: El término “Solución Final” (Endlosung) se refiere al plan alemán que consistía en asesinar a todos los judíos de Europa. El término fue utilizado en la Conferencia de Wannsee (Berlín, 20 de enero de 1942) donde los oficiales alemanes discutieron acerca de su implementación.

8. ¿Cuándo comenzó a implementarse la “Solución Final”?

Respuesta: Miles de judíos fueron asesinados por los nazis o murieron como resultado directo de las medidas discriminatorias instituidas en contra de los judíos durante los primeros aóos del Tercer Reich; sin embargo, el asesinato sistemático de los judíos no se inició, sino hasta la invasión alemana de la ex-Unión Soviética en junio de 1941.

9. ¿Cuál era la definición de “judío” para los alemanes?

Respuesta: El 14 de noviembre de 1935 los Nazis publicaron la definición de “judío” que aparece a continuación: “Toda persona con tres abuelos judíos, toda persona con dos abuelos judíos que perteneciera a la comunidad judía el 15 de septiembre de 1935, o se le hubiera unido con posterioridad a esa fecha; todo aquel que estuviera casado con un judío o con una judía el 15 de septiembre de 1935, o con posterioridad a esa fecha; todo aquel que hubiera nacido de un matrimonio o relación extramatrimonial con un judío el 15 de septiembre de 1935 o con posterioridad a esa fecha

10. ¿Cómo trataban los alemanes a aquellos que tenían sangre judía pero no eran clasificados como judíos?

Respuesta: Las personas que a pesar de no ser clasificadas como judías tenían sangre judía eran ubicadas en la categoría de Mischlinge (híbridos) y se dividían en dos grupos:
Mischlinge de primer grado, los que tentan dos abuelos judíos.
Mischlinge de segundo grado, los que tenían un abuelo judío.
Los Mischlinge eran excluidos oficialmente del partido nazi y de todas las organizaciones partidarias (por ejemplo, SA, SS, etc.). A pesar de que eran reclutados por el ejército alemán, no podían alcanzar el rango de oficiales. También se les prohibía ser empleados públicos y desarrollar ciertas profesiones. (Sin embargo, ciertos Mischlinge eran exceptuados bajo determinadas circunstancias.) Los oficiales nazis estudiaron la posibilidad de esterilizar a los Mischlinge, pero esto nunca se llevó a cabo. Durante la Segunda Guerra Mundíal, los Mischlinge de primer grado, encerrados en campos de concentración, fueron deportados a campos de exterminio.

11. ¿Cuáles fueron las primeras medidas que tomaron los nazis en contra de los judíos?

Respuesta: Las primeras medidas tomadas en contra de los judíos incluyeron:
1 de abril de 1933: Un boicot nazi contra negocios y empresas judías.
7 de abril de 1933: La ley para la Restauración de la Administración Pública expulsó a todos los no-arios (según la definición del 11 de abril de 1933, eran todos aquellos que tenían un padre o abuelo judío) de la administración pública. Al comienzo se hicieron excepciones con los que habían comenzado a trabajar en agosto de 1914, los veteranos alemanes de la Primera Guerra Mundial, y los que habían perdido a un padre o hijo en la defensa de Alemania o de sus aliados en la Primera Guerra Mundial.
7 de abril de 1933: La ley que regulaba el permiso para el ejercicio de la abogacía prohibió la admisión de abogados de ascendencia no-aria al ejercicio de la profesión. También prohibió el ejercicio de la abogacía a miembros no-arios ya aceptados. (Se hicieron excepciones en los casos mencionados anteriormente respecto de la ley sobre la administración pública.) Se sancionaron leyes similares con relación a asesores legales, jurados y jueces comerciales judíos.
22 de abril de 1933: El decreto sobre los servicios médicos otorgados por el plan de salud nacional negaba el reintegro de los gastos a los pacientes que consultaran a médicos no-arios. Los médicos judíos que eran veteranos de guerra o habían sufrido a causa de ella eran excluidos.
25 de abril de 1933: La ley contra la superpoblación en las escuelas alemanas estableció que el número de judíos inscriptos en escuelas secundarias alemanas no podía superar el 1,5% del cuerpo estudiantil. En las comunidades en las que los judíos constituían más del 5% de la población, se permitía que el porcentaje antes mencionado aumentara hasta el 5%. En un comienzo, se hicieron excepciones con los hijos de los judíos que eran veteranos de guerra; no se los contaba como parte del cupo máximo. En el ámbito de aplicación de esta ley se consideraba alumno judío a todo aquel cuyos padres no fueran arios.

12. ¿Los nazis planearon asesinar a los judíos desde el comienzo de su régimen?

Respuesta: Esta pregunta es una de las más difíciles de contestar. Hitler se refirió muchas veces al asesinato de los judíos, tanto en su primeros escritos (Mein Kampf —“Mi lucha”—) como en diversos discursos pronunciados durante la década de 1930. Sin embargo, es casi seguro que los nazis no tuvieron un plan operativo para la aniquilación sistemática de los judíos hasta 1941. Según parece, la decisión del asesinato sistemático de los judíos fue tomada a fines del invierno o comienzos de la primavera de 1941 junto con la decisión de invadir la ex-Unión Soviética.

13. ¿Cuándo se instaló el primer campo de concentración y quiénes fueron los primeros reclusos?

Respuesta: El primer campo de concentración, Dachau, fue abierto el 22 de marzo de 1933. Los primeros reclusos del campo eran, fundamentalmente, presos políticos (por ejemplo, comunistas o social-demócratas); delincuentes habituales; homosexuales; testigos de Jehová; y “antisociales” (limosneros, vagabundos, prostitutas). También fueron incluidas otras personas que los nazis consideraban problemáticas (por ejemplo, abogados, industriales de mala fama, funcionarios políticos, y escritores y periodistas judíos).

14. ¿Qué grupos de personas fueron perseguidos por los Nazis en Alemania por ser considerados enemigos del Estado?

Respuesta: Los siguientes grupos de personas eran considerados enemigos del Tercer Reich y, por ese motivo ífueron perseguidos por las autoridades nazis: judíos, gitanos, social-demócratas, políticos con otras ideologías opositoras, oponentes del nazismo, testigos de Jehová, homosexuales, delincuentes habituales, “antisociales” (por ejemplo, limosneros, vagabundos y prostitutas), y enfermos mentales. Todo aquel que era considerado una amenaza para los nazis corría el riesgo de ser perseguido.

15. ¿Cuál era la diferencia entre la persecución de los judíos y la de otros grupos clasificados por los nazis como enemigos del Tercer Reich?

Respuesta: Los judíos fueron el único grupo elegido por los nazis para una aniquilación total llevada a cabo en forma sistemática. A fin de escapar a la sentencia de muerte impuesta por los nazis, la única salida que tenían los judíos era abandonar la Europa nazi. De acuerdo con el plan nazi, todos y cada uno de los judíos debían ser asesinados. En el caso de otros criminales o enemigos del Tercer Reich, sus familias no solían ser tomadas en cuenta. Así, si una persona era ejecutada o enviada a un campo de concentración, ello no significaba que todos los miembros de su familia seguirían la misma suerte. Más aún, en la mayoría de las situaciones los enemigos de los nazis eran considerados tales a causa de su actuar o por afiliaciones políticas (actuar y/u opiniones que podían someterse a revisión). En el caso de los judíos, se los perseguía debido a su origen racial, definitivamente invariable.

16. ¿Por qué los judíos fueron elegidos para ser exterminados?

Respuesta: La explicación al odio implacable de los nazis hacia los judíos se encuentra en la forma distorsionada en que los primeros veían el mundo, según la cual la historia consistía en una lucha racial. Ellos tenían la creencia de que los judíos eran una raza cuyo objetivo era dominar al mundo y, por eso, los consideraban un obstáculo para el dominio ario. Creían que toda la historia se resumía en una lucha entre razas que debía culminar en el triunfo de la raza aria, la superior. Fue así, que se impusieron el deber de eliminar a los judíos, que constituían una amenaza. Más aún, ante sus ojos, el origen racial de los judíos los convertía en delincuentes habituales cuya rehabilitación resultaba imposible y que, debido a ello, eran irremediablemente corruptos e inferiores. No cabe duda de que hubo otros factores que contribuyeron al odio nazi hacia los judíos y a la creación de la imagen distorsionada que los primeros tenían del pueblo judío. Uno de los factores fue la centenaria tradición del antisemitismo cristiano que propagaba un estereotipo negativo del judío como asesino de Cristo, enviado del diablo, hechicero. Otro factor fue el antisemitismo político y racial de la segunda mitad del siglo XIX y la primera parte del siglo XX, que consideraba a los judíos una amenaza y una raza inferior. La combinación de estos factores convirtió a los judíos en el blanco de la persecución y eventual exterminio por parte de los nazis.

17. ¿Qué sabían los habitantes de Alemania acerca de la persecución de judíos y de otros enemigos de los nazis?

Respuesta: Ciertos aspectos iniciales de la persecución nazi de judíos y otros enemigos eran de carácter público en Alemania. Por ejemplo, todos sabían acerca del Boicot del 1 de abril de 1933, las Leyes de abril y las Leyes de Nuremberg, pues habían sido divulgados y publicados sin omisiones. Además, los transgresores solían ser castigados y humillados públicamente. Lo mismo ocurrió con las medidas antijudías posteriores. Kristallnacht (La noche de los cristales rotos) fue un pogrom público llevado a cabo ante los ojos de toda la población. A pesar de que la información sobre los campos de concentración no era pública, la población alemana contaba con muchos datos, y por lo general sabía acerca del tratamiento que se les daba a los reclusos, pero no era fácil obtener detalles exactos.
Con respecto a la implementación de la “Solución Final” y el asesinato de los elementos indeseables la situación era diferente. Los nazis intentaron conservar en secreto los asesinatos, y para ello tomaron medidas preventivas a fin de asegurarse de que dichos planes y procedimientos no se hicieran públicos. Sin embargo, sus esfuerzos fueron exitosos sólo parcialmente. Por ejemplo, las protestas públicas de varios clérigos hicieron detener su programa de eutanasia en agosto de 1941. Es evidente que dichas protestas fueron el resultado del conocimiento por parte de muchas personas de los asesinatos de enfermos mentales en instituciones especiales llevados a cabo por los nazis.
En cuanto a los judíos, toda Alemania sabía que habían desaparecido luego de ser enviados al este. Grandes sectores de la población alemana no sabían con certeza que había ocurrido con los judíos. Por otra parte, hubo millares de alemanes que participaron en la implementación de la “Solución Final” y/o la presenciaron, ya sea como miembros de la SS, de las Einsatzgruppen (unidades asesinas móviles especiales), guardias en campos de exterminio o campos de concentración, agentes de policía en la Europa ocupada o integrantes del Wehrmacht (Ejército alemán).

18. ¿Todos los alemanes apoyaban el plan de Hitler para la persecución de los judíos?

Respuesta: A pesar de que no toda la población de Alemania estaba de acuerdo con la persecución de los judíos emprendida por Hitler, no existen pruebas de protestas en gran escala en contra de ello. Hubo alemanes que se resistieron al Boicot del 1 de abril de 1933 y compraron en negocios judíos intencionalmente, y hubo otros que ayudaron a los judíos a esconderse y escaparse, pero fueron muy pocos. Incluso algunos de los que se oponían a Hitler apoyaban su política antijudía. En lo que respecta al clero, Dompropst Bernhard Lichtenberg de Berlín oraba diariamente por los judíos en público y, a causa de esto, fue enviado por los nazis a un campo de concentración. Otros sacerdotes fueron deportados por no cooperar con la política antisemita nazi, pero la mayor parte de los clérigos obedecieron las órdenes en contra de los judíos y no protestaron abiertamente.

19. Los habitantes de la Europa ocupada, ¿conocían los planes que tenían los nazis para los judíos? ¿Cuál era su actitud al respecto? ¿Cooperaron con los nazis en contra de los judíos?

Respuesta: La actitud de la población local respecto de la persecución y destrucción de los judíos iba desde la entusiasta colaboración con los nazis hasta la ayuda activa brindada a los judíos. Es por ello que resulta difícil generalizar. Además, la situatión era diferente de un país al otro. En Europa Oriental, especialmente en Polonia, Rusia y los Estados Bálticos (Estonia, Letonia y Lituania) se contaba con muchos más datos acerca de la “Solución Final” puesto que había sido implementada en esas regiones. En el resto de los lugares, la población local tenía menos detalles sobre la “Solución Final”.
En todos los países que los nazis ocupaban, con exceptión de Dinamarca y Bulgaria, encontraban muchos residentes deseosos de cooperar en el asesinato de los judíos. Esto ocurrió especialmente en Europa Oriental, donde existía una larga tradición de violento antisemitismo, y donde muchas naciones, que estaban bajo el dominio soviético (letones, lituanos y ucranianos), abrigaban la esperanza de que los alemanes les devolverían su independencia. En diversos países europeos existían movimientos fascistas locales que se aliaron a los nazis y participaron en las acciones antijudías; por ejemplo, la Guardia de Hierro en Rumania y La Guardia de Flecha en Eslovaquia. Por otra parte, en todos los países europeos, hubo personas valientes que arriesgaron sus vidas para salvar a judíos. En varios países hubo grupos que ayudaron a los judíos, por ejemplo, el grupo de Joop Westerweel en Holanda, el Zegota en Polonia y el movimiento clandestino Assisi en Italia.

20. ¿Los Aliados y los pueblos del Mundo Libre conocían los acontecimientos que se suscitaban en Europa?

Respuesta: Las diferentes medidas que tomaron los nazis con anterioridad a la “Solución Final” se llevaron a cabo públicamente, por lo que se informó acerca de ellas en la prensa. Los corresponsales extranjeros escribieron sobre las acciones antijudías nazis más importantes que tuvieron lugar en Alemania, Austria y Checoslovaquia antes de la Segunda Guerra Mundial. Una vez comenzada la guerra, se hizo más difícil obtener información; pero a pesar de esto se publicaron informes acerca del destino que se les daba a los judíos. De este modo, aunque los nazis no divulgaron datos sobre la “Solución Final”, a menos de un aóo de haberse iniciado el asesinato sistemático de judíos, comenzaron a filtrarse detalles hacia el occidente. El primer informe que hablaba sobre un plan para llevar a cabo el asesinato masivo de los judíos salió de Polonia por contrabando a cargo del Bund (una organización política socialista judía) y llegó a Inglaterra en la primavera de 1942. Los detalles de dicho informe fueron suministrados a los Aliados por fuentes del Vaticano y por informantes de Suiza y del movimiento clandestino polaco. (Jan Karski, emisario de este último, que se había infiltrado en el campo de exterminio de Belzec y se había escapado luego de ver los asesinatos masivos, se encontró personalmente con Franklin Roosevelt y el ministro de Relaciones Exteriores de Gran Bretaóa Anthony Eden.) Posteriormente, hacia fines de noviembre de 1942, el gobierno de Estados Unidos envió a los líderes judíos la confirmación de los informes. Dichos informes fueron publicados en forma inmediata. A pesar de que los detalles no estaban completos ni eran del todo precisos, los Aliados tenían casi pleno conocimiento de lo que los alemanes habían hecho a los judíos no mucho tiempo atrás.

21. ¿Cómo reaccionaron los Aliados ante la persecución de los judíos? ¿Podrían haber ayudado de alguna manera?

Respuesta: La reacción de los Aliados ante la persecución y exterminio de los judíos de Europa no fue las más indicada. Recién en enero de 1944 se estableció una agencia, el Comité para Refugiados de Guerra, con el fin de salvar a las víctimas de la persecución nazi. Con anterioridad a esa fecha se hizo muy poco al respecto. El 17 de diciembre de 1942, los Aliados publicaron una declaración en la que reprobaban las atrocidades realizadas por los nazis en contra de los judíos, pero ésta fue la única de su especie formulada con anterioridad a 1944.
Además, no hubo intentos de convocar a la población local europea a que se abstuviera de colaborar con los nazis en el asesinato sistemático de judíos. Incluso luego del establecimiento del Comité para Refugiados de Guerra y de la introducción de diversos planes de rescate, los Aliados se negaron a bombardear el campo de exterminio de Auschwitz y/o las líneas de ferrocarril que llegaban a dicho campo, a pesar de que para ese entonces sus bombarderos se encontraban disparando sobre fábricas muy cercanas al campo y tenían pleno conocimiento de su existencia y función.
Otras medidas prácticas no implementadas se relacionaban con el problema de los refugiados. Millares de judíos intentaron ingresar a los Estados Unidos, pero la rigurosa política inmigratoria estadounidense se los prohibió. Incluso no se otorgaba la cantidad relativamente pequeóa de visas autorizadas, a pesar de que el número de solicitantes solía ser varias veces mayor que el de lugares disponibles. Las conferencias que tuvieron lugar en Evián, Francia (1938) y Bermudas (1943) con el fin de dar una solución al problema de los refugiados no cumplieron su objetivo. En la primera de ellas, se les dijo a los países invitados a participar por Estados Unidos y Gran Bretaóa que no se les solicitaría que modificaran sus leyes inmigratorias. Además, los británicos acordaron participar únicamente si el tema de Palestina no formaba parte de la discusión. En Bermudas, los delegados no se ocuparon del destino de los que aún se encontraban en manos de los Nazis, sino más bien de los que ya habían escapado a territorios neutrales. Las medidas prácticas que podrían haber ayudado en el rescate de los judíos incluían las siguientes:
Permiso para admitir a refugiados temporalmente
Flexibilización de los severos requisitos para el ingreso
Advertencias frecuentes e inequívocas a Alemania y a las poblaciones locales de toda Europa indicando que todos los que participaran en la aniquilación de judíos debería responder de ello sin excepciones.
Bombardeo del campo de exterminio de Auschwitz.

22. ¿Quiénes fueron los “Justos entre las Naciones”?

Respuesta: Los “Justos entre las Naciones” o “Justos Gentiles” fueron personas no judías que ayudaron a los judíos durante el Holocausto. Hubo “Justos entre las Naciones” en todos los países dominados por los nazis o aliados a ellos, y su actuar a menudo resultaba en el rescate de vidas judías. Yad Vashem, la autoridad nacional israelí para la memoria del Holocausto, concede honores especiales a estas personas. En la actualidad, luego de haber evaluado cada caso cuidadosamente, Yad Vashem ha reconocido a aproximadamente 10.000 “Justos Gentiles” en tres categorías diferentes. El país que cuenta con el mayor número de “Justos Gentiles” es Polonia. El país con la más alta proporción (per capita) es Holanda. La cifra de 10.000 dista de estar completa ya que no se ha informado acerca de muchos casos, a menudo porque los que recibieron ayuda fallecieron. Además, esta cifra sólo incluye a los que realmente arriesgaron su vida para salvar a judíos, y no a los que simplemente los ayudaron.

23. ¿Los judíos del Mundo Libre tenían conocimiento de que los judíos de Europa estaban siendo perseguidos y exterminados? De ser así, ¿cuál fue su reacción?

Respuesta: Las noticias acerca de la persecución y exterminio de los judíos de Europa deben dividirse en dos períodos. Las medidas previas a la “Solución Final” fueron tomadas abiertamente, por lo que se informó sobre ellas en todos los diarios. Los corresponsales extranjeros escribieron sobre las acciones antijudías nazis más importantes que tuvieron lugar en Alemania, Austria y Checoslovaquia con anterioridad a la Segunda Guerra Mundial. Una vez comenzada la guerra, se hizo más difícil obtener información, pero a pesar de ello, se publicaron informes acerca del destino que se les daba a los judíos.
La “Solución Final” no se llevó a cabo abiertamente, motivo por el cual la información tardó más tiempo en llegar al “Mundo Libre”. Sin embargo, hacia diciembre de 1942, las noticias acerca de los asesinatos masivos y del plan de aniquilar a los judíos europeos ya se habían publicado en la prensa judía.
La reacción de los judíos del “Mundo Libre” también debe dividirse en dos períodos, antes y después de la publicación de a información sobre la “Solución Final”. Los esfuerzos realizados durante los primeros aóos del régimen nazi se concentraron en facilitar la emigración de Alemania (a pesar de que al principio había quienes se oponían a que la emigración fuera una solución posible) y combatir el antisemitismo alemán. Desafortunadamente, los criterios acerca de la mejor forma de lograr estos objetivos eran muy variados y la falta de unidad solía ser un obstáculo para el actuar eficaz. Además, muy pocos líderes judíos estaban conscientes de la magnitud del peligro. Una vez que las noticias sobre la “Solución Final” se publicaron, hubo intentos de emprender operaciones de rescate a través de países neutrales y de enviar ayuda a los judíos que se encontraban bajo el dominio nazi. Dichos intentos, que distaban de ser apropiados, se vieron obstruidos por la falta de colaboración por parte de los gobiernos y las trabas impuestas por ellos. Durante este período hubo nuevos intentos de lograr la unidad interna, pero fracasaron.

24. ¿Los judíos de Europa tenían conciencia de lo que les esperaba?

Respuesta: Con respecto al conocimiento de la “Solución Final” por parte de sus víctimas potenciales, debe tenerse en cuenta varios puntos clave. En primer lugar, los nazis no divulgaron la información acerca de la “Solución Final”, ni hablaron acerca de dicho plan en forma abierta. Se hicieron todos los esfuerzos necesarios para engañar a las víctimas y, así, prevenir o minimizar la resistencia. Se les decía a los deportados que serían “reinstalados” y se les hacía creer que las condiciones “en el este” (adonde se los enviaba) serían mejores que en los ghettos. Luego de la llegada a ciertos campos de concentración, se forzaba a los reclusos a escribir cartas a sus familiares contando acerca de las maravillosas condiciones de su nuevo lugar de residencia. Los alemanes hacían todo lo que estaba a su alcance para garantizar la confidencialidad. Además, la idea de que seres humanos – y mucho menos alemanes civilizados – pudieran construir campos con equipos especiales para llevar a cabo asesinatos masivos resultaba inconcebible en esos días. Como las tropas alemanas habían liberado a los judíos del Zar en la Primera Guerra Mundial, muchos judíos veían a los alemanes como seres liberales y civilizados. A menudo, cuando personas que habían logrado escapar de los campos llegaban a los ghettos, los habitantes de estos se mostraban renuentes a creer los relatos de sus experiencias Incluso a los judíos que habían oído hablar de los campos les costaba creer los informes acerca de lo que hacían los alemanes en dichos lugares. Puesto que cada comunidad judía europea se encontraba casi totalmente aislada, eran pocos los lugares donde se tenía información. Por ello, no cabe duda de que muchos judíos europeos no sabían acerca de la “Solución Final”, hecho que ha sido corroborado por documentación alemana y testimonios de sobrevivientes.

25. ¿Cuántos judíos pudieron escapar de Europa antes del Holocausto?

Respuesta: Resulta difícil calcular la cifra exacta de judíos que pudieron escapar de Europa con anterioridad a la Segunda Guerra Mundial, ya que las estadísticas con las que se cuenta son incompletas. Entre 1933 y 1939, 355.278 judíos alemanes y austríacos abandonaron sus hogares. (Algunos inmigraron a países que posteriormente fueron tomados por los nazis.) Durante el mismo período, 80.860 judíos polacos inmigraron a Palestina y 51.747 judíos europeos llegaron a Argentina, Brasil y Uruguay. Entre 1938 y 1939, aproximadamente 35.000 judíos emigraron de Bohemia y Moravia (Checoslovaquia). Shanghai, la única parte del mundo donde no se necesitaba visa para entrar, recibió alrededor de 20.000 judíos europeos (la mayor parte de origen alemán) que se habían escapado de sus hogares. No se tienen cifras inmigratorias de los países que sirvieron de refugio durante este período. Además, muchos países no proveyeron la información estadística inmigratoria separada por grupos étnicos. Por estos motivos, resulta imposible establecer con exactitud el número de refugiados judíos.

26. ¿Cuáles fueron los esfuerzos realizados para salvar a los judíos que se escaparon de Alemania antes de que comenzara la Segunda Guerra Mundial?

Respuesta: Diversas organizaciones intentaron facilitar la emigración de los judíos (y no-judíos perseguidos como si fueran judíos) de Alemania. Entre las más activas se encontraban la Jewish Agency for Palestine {Agencia Judía para Palestina), el American Jewish Joint Distribution Committee (Comité de Distribución Conjunta Judeo-Estadounidense), el HICEM, el Central British Fund for German Jewry (Fondo Central Británico para la Comunidad Judía de Alemania), el Reichsvertretung der Deutschen Juden (Representación en el Reich de Judíos Alemanes), y otros grupos no-judíos como la Comisión Superior de la Liga de las Naciones para Refugiados – judíos y no judíos – provenientes de Alemania, y el American Friends Service Committee (Comité de Servicios de Amigos de Estados Unidos). Entre los programas lanzados estaba el “Acuerdo de Transferencia” celebrado entre la Agencia Judía y el gobierno alemán. Mediante dicho acuerdo se permitía a aquellos que inmigraban a Palestina transferir sus fondos a ese país junto con las importaciones de mercaderías alemanas a Palestina. Otros esfuerzos se centraron en brindar una nueva capacitación a futuros emigrantes a fin de incrementar el número de personas aptas para el otorgamiento de visas, pues algunos países prohibían el ingreso de quienes ejercían ciertas profesiones. Otros grupos intentaron ayudar en diferentes etapas de las tareas concernientes a los refugiados: selección de candidatos para la emigración, transporte de refugiados, ayuda en la absorción de inmigrantes, etc.
Algunos grupos recurrieron a la ayuda de gobiernos y organizaciones internacionales en la búsqueda de asilos para refugiados a fin de facilitar una mayor emigración. La Liga de las Naciones estableció una agencia para ayudar a refugiados, pero tuvo muy poco éxito debido a la falta de poder político y apoyo financiero.
En 1938, Estados Unidos y Gran Bretaña convocaron una conferencia en Evián, Francia, en busca de una solución al problema de los refugiados. Con la excepción de la República Dominicana, las naciones reunidas se negaron a modificar sus estrictas reglamentaciones inmigratorias que contribuían a impedir la inmigración masiva.
En 1939, el Comité Intergubernamental de Refugiados, que había sido establecido en la Conferencia de Evián, inició las negociaciones con importantes oficiales alemanes con la intención de acordar la reubicación de un gran número de judíos alemanes. No obstante, dichas conversaciones fracasaron. Ya en julio de 1934 se realizaron operaciones de ingreso ilegal de inmigrantes judíos a Palestina; después de cierto tiempo, dichas operaciones debieron interrumpirse hasta julio de 1938. Los esfuerzos en gran escala fueron realizados por el Mosad le-Aliya Bet, los Revisionistas Sionistas y partidos privados. También se procuró facilitar el ingreso ilegal de refugiados a varios países de Latinoamérica, intento que tuvo cierto éxito.

27. ¿Por qué fueron tan pocos los refugiados que pudieron escapar de Europa antes de que estallara la Segunda Guerra Nundial?

Respuesta: El motivo fundamental por el cual el número de refugiados que escaparon de Europa antes de la Segunda Guerra Mundial fue relativamente bajo yace en las rigurosas políticas inmigratorias adoptadas por los que serían países huéspedes. En Estados Unidos, por ejemplo, la cantidad de inmigrantes no podía exceder los 153.744 por año, divididos según país de origen. Más aún, los requisitos para el ingreso eran tan estrictos que solían no completarse los cupos permitidos. Los proyectos para facilitar la inmigración dejando de lado los cupos permitidos nunca se concretaban, pues la mayoría de los estadounidenses mantenían firme su oposición al ingreso de nuevos refugiados. Otros países, en especial los de Latinoamérica, adoptaron políticas inmigratorias similares o incluso más severas, de modo de cerrar sus puertas a futuros inmigrantes del Tercer Reich.
Gran Bretaña tomó medidas para limitar rigurosamente la inmigración de judíos a Palestina, a pesar de que en cierta medida era más liberal que Estados Unidos con respecto al ingreso de inmigrantes. En mayo de 1939, los británicos publicaron el “Libro Blanco”, reglamentación en la que se estipulaba que solamente les sería permitido ingresar a Palestina a 75.000 inmigrantes judíos durante los siguientes cinco años (10.000 por año, y un cupo adicional de 25.000). Esta decisión impidió que millares de judíos escaparan de Europa.
Los países mejor preparados para recibir a grandes números de refugiados mantuvieron firme la negación a abrir sus fronteras. A pesar de que en la agenda de la Conferencia de Evián se daba una solución para el problema de los refugiados, solamente la República Dominicana estuvo dispuesta a aprobar la inmigración en gran escala. Estados Unidos y Gran Bretaña propusieron establecer refugios de reinstalación en áreas subdesarrolladas (por ejemplo, Guyana, antes Guyana Británica, y las Filipinas), pero estas no eran alternativas adecuadas.
Deben tenerse en cuenta dos factores importantes. Durante el período que precedió al estallido de la Segunda Guerra Mundial, los alemanes estaban a favor de la emigración judía. En ese entonces, no existían planes operativos para asesinar a los judíos. El objetivo era inducirlos a abandonar el país, si era necesario, mediante el empleo de la fuerza. También debe reconocerse la actitud de los judíos alemanes. Mientras que al principio muchos judíos alemanes se negaban a emigrar, luego de Kristallnacht (La noche de los cristales rotos), 9-10 de noviembre de 1938, la mayoría deseaba hacerlo. Si hubiera habido refugios disponibles, seguramente el número de emigrantes habría sido mucho mayor.

28. ¿Cuál era el objetivo fundamental de Hitler al desencadenar la Segunda Guerra Mundial?

Respuesta: El objetivo fundamental de Hitler al desencadenar la Segunda Guerra Mundial era establecer un imperio ario que abarcara desde Alemania hasta los Urales. Consideraba que esa zona era el territorio natural del pueblo alemán, zona propia por derecho, el Lebensraum (espacio para vivir) que Alemania necesitaba como mínimo a fin de que sus granjeros tuvieran tierras suficientes. Hitler No cabe duda de que Hitler sabía que, si iniciaba la guerra en el este, los nazis se verían obligados a afrontar serios problemas raciales debido a la composición de la población de las zonas orientales. Así, los nazis tenían planes detallados para dominar a los eslavos, que serían reducidos al status de siervos y cuya función primordial consistiría en ser mano de obra barata para los granjeros arios. Los miembros de la población local de mejor origen racial serían llevados a Alemania donde se los elevaría a la calidad de arios.
En la mente de Hitler, la solución del problema judío también estaba relacionada con la conquista de los territorios orientales. Dichas zonas tenían importantes poblaciones judías y se las debía considerar en función de ello. Mientras que en esta etapa aún no existían planes operativos para la aniquilación masiva, para Hitler era evidente que debería hallarse algún tipo do solución abarcadora. También se hablaba de establecer una reserva judía en Madagascar o cerca de Lublin, Polonia. Cuando finalmente decidió invadir la ex-Unión Soviética, Hitler también dio instrucciones de emprender la “Solución Final”, el asesinato sistemático de los judíos europeos.

29. ¿Existía alguna clase de oposición a los nazis dentro de Alemania?

Respuesta: Durante el Tercer Reich, hubo diferentes agrupaciones que mantuvieron una posición contraria al régimen nazi y a ciertas políticas nazis. Opusieron resistencia en diferentes momentos y con diversos métodos, objetivos y alcances.
Desde el principio se opusieron a los nazis agrupaciones políticas izquierdistas y algunos conservadores decepcionados; más tarde, también se les unieron grupos eclesiásticos, funcionarios del gobierno y empresarios. Cuando la guerra cambió su rumbo, ciertos militares tuvieron un papel activo en la oposición a Hitler. No obstante, en ningún momento existió dentro de Alemania un movimiento de resistencia unificado.

30. ¿Los judíos intentaron luchar contra los nazis? ¿En qué medida tuvieron éxito?

Respuesta: A pesar de las difíciles condiciones bajo las que estaban los judíos en la Europa ocupada por los nazis, muchos de ellos participaron en la resistencia armada. Las actividades de dicha resistencia pueden dividirse en tres tipos básicos: levantamientos en ghettos, resistencia en campos de concentración y exterminio, y luchas partisanas.
El levantamiento del Ghetto de Varsovia, que duró aproximadamente cinco semanas a partir del 19 de abril de 1943, es quizá el ejemplo más conocido de la resistencia armada judía, pero hubo muchos otros levantamientos en ghettos donde los judíos lucharon contra los nazis.
Si bien las condiciones en los campos de exterminio, concentración y trabajo eran terribles, los reclusos judíos lucharon contra los nazis en los siguientes lugares: Treblinka (2 de agosto de 1943); Babi Yar (29 de septiembre de 1943); Sobibor (14 de octubre de 1943); Janówska (19 de noviembre de 1943); y Auschwitz (7 de octubre de 1944).
Las unidades partisanas judías estuvieron activas en muchas zonas, incluidas Baranovichi, Minsk, el bosque Naliboki y Vilna. Si bien la totalidad de las operaciones de la resistencia armada judía no fueron militarmente abrumadoras en cuanto a su número ni desempeñaron un papel primordial en la derrota de la Alemania nazi, estos actos de resistencia condujeron al rescate de un número indeterminado de judíos, causaron víctimas nazis y un daño incalculable a la propiedad y a la autoestima alemana.

31. ¿Qué era el Judenrat?

Respuesta: El Judenrat era el consejo de judíos, nombrado por los nazis en cada comunidad judía o ghetto. De acuerdo con las directivas expresadas por Reinhard Heydrich de la SS el 21 de septiembre de 1939, debía establecerse un Judenrat en todas las zonas de concentración de judíos en las regiones ocupadas de Polonia. Eran dirigidos por importantes líderes comunitarios. La aplicación de decretos nazis que afectaran a los judíos y la administración de los asuntos de la comunidad judía eran responsabilidad del Judenrat. Estas funciones lo ubicaban en una posición de alta responsabilidad pero sumamente controversial, y mucho de su actuar continúa siendo tema de discusión entre historiadores. Si bien casi no existen objeciones contra los objetivos de los directores de los consejos, suelen cuestionarse los métodos y tácticas empleadas para alcanzarlos. Entre los más controvertidos se encuentran Mordechai Rumkowski en Lodz y Jacob Gens en Vilna; ambos justificaron el sacrificio de algunos judíos alegando que ello fue necesario para salvar la vida de otros. La mayor parte de las veces los líderes y miembros del Judenrat se guiaban por un sentido de responsabilidad comunal, pero carecían del poder y de los medios para obstruir los planes nazis de aniquilación de todos los judíos.

32. ¿Las organizaciones internacionales como la Cruz Roja ayudaron a las víctimas de la persecución nazi?

Respuesta: Durante la Segunda Guerra Mundial, la Cruz Roja Internacional (CRI) hizo muy poco para ayudar a las víctimas judías de la persecución nazi. Sus actividades pueden dividirse básicamente en tres períodos:
1. Septiembre de 1939 – 22 de junio de 1941: La CRI limitó sus actividades a enviar envases de alimentos a quienes sufrían en la Europa ocupada. Los envases se distribuían según las directivas de la Cruz Roja alemana. Durante este período, la CRI aceptó el argumento alemán en virtud del que los habitantes de los ghettos y campos constituían una amenaza para el Reich, por lo cual no se les permitía recibir ayuda de la CRI.
2. 22 de junio de 1941 – Verano de 1944: A pesar de los numerosos pedidos por parte de organizaciones judías, la CRI se negó a protestar públicamente contra la aniquilación masiva de judíos y no-judíos en los campos, y a intervenir en su defensa. Sostenía que cualquier actuar público que defendiera a los que se encontraban bajo el dominio nazi a la postre resultaría en detrimento de su bienestar. Al mismo tiempo, la CRI procuraba enviar cajas de alimentos a los sujetos cuyo domicilio conocía.
3. Verano de 1944 – mayo de 1945: Luego de la intervención de distinguidas figuras, como el presidente Franklin Roosvelt y el Rey de Suecia, la CRI apeló a Miklós Horthy, regente de Hungría, para que detuviera la deportación de judíos húngaros.
La CRI insistió en que se le permitiera visitar los campos de concentración, y una delegación fue autorizada a visitar el “ghetto modelo” de Terezin (Theresienstadt). El reiterado pedido de la CRI surgió luego de que ésta recibió información acerca de las terribles condiciones de vida en los campos.
La CRI solicitó permiso para investigar la situación, pero los alemanes aceptaron que realizara la mencionada visita recién después de nueve meses de la presentación de la solicitud. Este retraso les dio a los nazis el tiempo necesario para completar un programa de “embellecimiento”, diseñado con el fin de engaóar a la delegación y hacerles pensar que las condiciones en Terezín eran bastante buenas, y que se les permitía a los reclusos vivir sus vidas con relativa calma. En realidad, posteriormente, la mayor parte de los prisioneros fueron deportados a Auschwitz.
La visita, que tuvo lugar el 23 de julio de 1944, fue seguida de un informe favorable acerca de Terezín dirigido a los miembros de la CRI. Las organizaciones judías protestaron vigorosamente, exigiendo que otra delegación visitara el campo. El permiso para realizar dicha visita no fue otorgado hasta poco antes de la culminación de la guerra.

33. ¿Cómo trataban a los judíos los aliados de los alemanes (italianos y japoneses) en las tierras ocupadas por ellos?

Respuesta: Ni los italianos ni los japoneses, ambos aliados de Alemania durante la Segunda Guerra Mundial, cooperaron con la “Solución Final”. Aunque los italianos, ante las exigencias alemanas, instituyeron leyes discriminatorias contra la comunidad judía italiana, el gobierno de Mussolini se negó a participar en la “Solución Final” y mantuvo firme su oposición contraria a deportar a los residentes judíos. Más aún, en las zonas que ocupaban en Francia, Grecia y la ex-Yugoslavia, los italianos protegieron a los judíos y no permitieron que fueran deportados. Sin embargo, cuando los alemanes derrocaron al gobierno de Badoglio en 1943, los judíos de Italia, al igual que los que se encontraban bajo la protección italiana en las zonas ocupadas, fueron sometidos a la “Solución Final”.
Los japoneses también fueron relativamente tolerantes con los judíos en su país y en las zonas ocupadas por ellos. A pesar de la presión ejercida por los aliados alemanes para que tomaran medidas severas contra la comunidad judía, los japoneses se negaron a hacerlo. Hasta la primavera de 1941 se les permitió a los refugiados ingresar a Japón, y los judíos de la China ocupada por los japoneses recibieron un buen trato. En el verano y otoóo de 1941, los refugiados de Japón fueron transferidos a Shanghai pero no se tomaron medidas en su contra hasta comienzos de 1943, cuando fueron obligados a mudarse al Ghetto de Hongkew. Si bien las condiciones allí distaban de ser satisfactorias, eran mucho mejores que en los ghettos bajo el dominio alemán.

34. ¿Cuál fue la actitud de las iglesias respecto de la persecución de los judíos? ¿El Papa hizo declaraciones en contra de los nazis?

Respuesta: Cuando los nazis llegaron al gobierno, el jefe de la Iglesia Católica era el Papa Pío XI. Durante su papado, se limitó a preocuparse por los católicos no-arios. Aunque declaró que los mitos de “raza” y “sangre” eran contrarios a la educación cristiana (en una encíclica papal de marzo de 1937), no mencionó ni criticó al antisemitismo. Su sucesor, Pío XII (el Cardenal Pacelli) era un germanófilo que se mantuvo neutral durante el curso de la Segunda Guerra Mundial. A pesar de que ya en 1942 el Vaticano había recibido información detallada acerca del asesinato de judíos en campos de concentración, las únicas declaraciones públicas que hizo el Papa no pasaron de ser expresiones de condolencia por las víctimas de la injusticia y llamados a una conducta de guerra más humana.
Si bien no hubo respuesta por parte del Papa Pío XII, varios nuncios papales desempeñaron importantes roles en las operaciones de rescate, en especial los nuncios de Hungría, Rumania, Eslovaquia y Turquía. No se sabe bien en qué medida trabajaban bajo las instrucciones del Vaticano, si es que ello ocurría. En Alemania, la Iglesia Católica no se opuso a la campaña antisemita nazi. Los registros de la Iglesia fueron suministrados a las autoridades estatales que colaboraron en la detección de personas de origen judío, y los esfuerzos realizados para ayudar a los perseguidos se limitaron a los católicos no-arios. Si bien los sacerdotes católicos protestaron contra el programa nazi de eutanasia, pocos, con la excepción de Bernard Lichtenberg, se pronunciaron en contra del asesinato de judíos.
En Europa Occidental, el clero católico se pronunció públicamente en contra de la persecución de Judíos y colaboró en forma activa con el rescate. En Europa Oriental, sin embargo, el clero católico se mostro renuente a ayudar en la mayoría de los casos. El Dr. Jozef Tiso, jefe de estado de Eslovaquia y sacerdote católico, cooperó activamente con los alemanes al igual que muchos otros sacerdotes católicos.
La Iglesia Protestante y la Ortodoxa Oriental reaccionaron de diferentes maneras. En Alemania, por ejemplo, dentro de las iglesias protestantes había quienes respaldaban a los nazis y respetaban la legislación antijudía e incluso les prohibían a los cristianos de origen judío ser miembros. La Iglesia Confesora del pastor Martin Niemoller defendió los derechos de los cristianos de origen judío que pertenecían a ella, pero no protestó públicamente en contra de su persecución ni criticó las medidas tomadas contra los judíos, con la excepción de un memorándum enviado a Hitler en mayo de 1936.
En los diferentes países de la Europa ocupada la posición de las iglesias protestantes variaba. En muchos de ellos (Dinamarca, Francia, Holanda y Noruega) las iglesias locales y/o los sacerdotes líderes protestaron públicamente cuando los nazis comenzaron a deportar judíos. En otros países (Bulgaria, Grecia, y la ex-Yugoslavia), los líderes de la Iglesia Ortodoxa intervinieron en representación de la comunidad judía y emprendieron tareas que, en algunos casos, condujeron al rescate de un gran número de judíos.
Los líderes religiosos no católicos de Austria, Bélgica, Bohemia/Moravia, Finlandia, Italia, Polonia, y la ex-Unión Soviética no realizaron ninguna clase de declaración pública en defensa de los judíos.

35. ¿Cuántos criminales nazis hubo? ¿Cuántos fueron llevados a juicio?

Respuesta: No se conoce el número exacto de criminales nazis, pues la documentación disponible es incompleta. Los mismos nazis destruyeron gran cantidad de documentos incriminatorios y aún quedan muchos criminales sin identificar y/o procesar.
Entre los que cometieron crímenes de guerra se incluyen los que iniciaron, planearon y dirigieron las operaciones de exterminio, así como también aquellos que sabían que se estaba llevando a cabo el asesinato de los judíos europeos, estuvieron de acuerdo con esto o participaron en forma pasiva.
Entre los que realmente implementaron la “Solución Final” se cuentan los líderes de la Alemania nazi, los líderes del partido nazi y la Oficina Principal de Seguridad del Reich. Se incluyen además millares de miembros de la Gestapo, la SS, las Einsatzgruppen, la policía y las fuerzas armadas, así como también aquellos burócratas que estuvieron involucrados en la persecución y exterminio de la comunidad judía europea. Hubo miles de personas en toda la Europa ocupada que cooperaron con los nazis en el asesinato de judíos y otros civiles inocentes.
No se cuenta con estadísticas completas que indiquen el número de criminales llevados a juicio, pero se sabe que son muchos menos de los involucrados en la “Solución Final”. Los líderes del Tercer Reich, atrapados por los Aliados, fueron procesados por el Tribunal Militar Internacional en Nuremberg entre el 20 de noviembre de 1945 y el 1 de octubre de 1946. Posteriormente, las autoridades de ocupación de los Aliados continuaron enjuiciando a nazis; los juicios más importantes se desarrollaron en la zona estadounidense (los Procesos de Nuremberg Posteriores). En total, entre 1945-1949 fueron condenados 5.025 criminales nazis en las zonas estadounidense, británica y francesa, además de un número indeterminado de personas que fueron llevadas a juicio en la ex-zona soviética. Asimismo, la Comisión de Crímenes de Guerra de las Naciones Unidas confeccionó listados de criminales de guerra que más tarde fueron procesados por la judicatura de los países aliados y de los países que durante la guerra se encontraban bajo el dominio nazi. Estos últimos realizaron gran cantidad de juicios con relación a crímenes cometidos en sus territorios. Los tribunales polacos, por ejemplo, procesaron a aproximadamente 40.000 personas, y un gran número de criminales fueron llevados a juicio en otros países. En suma, hubo alrededor de 80.000 alemanes sentenciados por perpetrar crímenes contra la humanidad, mientras que el número de colaboradores locales supera los varios millares. Debe destacarse la participación de Simon Wiesenthal, cuyas actividades condujeron a la captura de más de mil criminales nazis.
Las cortes de Alemania comenzaron a trabajar, en algunos casos, ya en 1945. Hacia 1969, casi 80.000 alemanes habían sido investigados y más de 6.000 habían sido sentenciados. En 1958, la ex-República Federal de Alemania (RFA, ex-Alemania Occidental) establecieron una agencia especial en Ludwigsburg a fin de colaborar con la investigación de los crímenes cometidos por alemanes fuera de Alemania. Dicha agencia, desde su fundación, participó en cientos de investigaciones importantes. Unos de los mayores problemas con respecto a los juicios de criminales de guerra en la RFA (al igual que en Austria) era que las sentencias resultaban exageradamente clementes en proporción a los crímenes cometidos. También se realizaron algunos juicios en la ex-República Democrática de Alemania (RDA; ex-Alemania Oriental), a pesar de que no existen estadísticas que indiquen el número de condenados o el alcance de las sentencias.

36. ¿Qué fueron los Juicios de Nuremberg?

Respuesta: El término “Juicios de Nuremberg” se refiere al conjunto de juicios de criminales de guerra nazis que se llevaron a cabo al finalizar la guerra. Los primeros juicios se realizaron entre el 20 de noviembre de 1945 y el 1 de octubre de 1946, ante el Tribunal Militar Internacional (TMI), formado por representantes de Francia, Gran Bretaóa, la ex-Unión Soviética y Estados Unidos. En ellos se procesaron a los líderes políticos, militares y económicos del Tercer Reich capturados por los Aliados. Entre los acusados se encontraban: Goring, Rosenberg, Streicher, Kaltenbrunner, Seyss-Inquart, Speer, Ribbentrop y Hess (muchos de los nazis más importantes – Hitler, Himmler y Gobbels – se suicidaron y no fueron llevados a juicio). La segunda etapa de los juicios, conocida como los Juicios de Nuremberg Posteriores, se desarrolló ante los Tribunales Militares de Nuremberg (TMN), establecidos por la Oficina del Gobierno de los Estados Unidos para Alemania (OGEUA). Si bien los jueces de los TMN eran ciudadanos estadounidenses, el tribunal se autoconsideraba internacional. Durante estos juicios fueron procesados doce oficiales de alto rango entre los que se encontraban miembros del gabinete, diplomáticos, doctores involucrados en experimentos médicos, y oficiales de la SS que participaron en crímenes perpetrados en los campos de concentración o durante el genocidio de las zonas ocupadas por los nazis.
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De la educación sobre el Holocausto. Yehuda Bauer


De la educación sobre el Holocausto. Yehuda Bauer

Hay tres preguntas centrales: ¿Por qué enseñar sobre el Holocausto? ¿Qué enseñar? ¿Cómo enseñarlo?

El genocidio del pueblo judío perpetrado por la Alemania nazi y sus colaboradores, que comúnmente e incorrectamente llamamos Holocausto, es la forma más extrema de genocidio hasta hoy. No es el sufrimiento de las víctimas lo que hace que sea el caso más extremo: el sufrimiento no tiene gradaciones, y los judíos no sufrieron ni más ni menos que otras víctimas de otros genocidios. Tampoco es debido a la cantidad total de víctimas –quizá 5,7 o 5,8 millones– ni al porcentaje de judíos asesinados sobre el total de judíos en el mundo en ese momento: unos 17 millones. En el genocidio armenio, quizá 1 millón de armenios o más fueron asesinados o murieron como consecuencia de las atrocidades, es decir, más de un tercio de los armenios que vivían en Turquía. Entre 800.000 y 1 millón de tutsis fueron asesinados en Ruanda en 1994, y esa cifra representa el 90 por ciento de los tutsis que vivían en Ruanda en ese momento. Y en China, el Gran Salto Adelante, que constituyó un politicidio –el exterminio deliberado por motivos políticos, sociales o económicos– tuvo muchas más víctimas que el Holocausto.

No, el Holocausto es único por otros motivos: por primera vez en la historia, el objetivo era asesinar a cada una de las personas que los perpetradores consideraban que pertenecía al grupo designado, en este caso los judíos, por el “crimen” de haber nacido. Por primera vez en la historia, el objetivo era implementar este plan donde fuera que los alemanes se alzaran con el poder: finalmente, en todo el planeta. Por primera vez en la historia, la motivación tenía muy poco –o nada– que ver con factores económicos o sociales; era puramente ideológica, y la ideología no tenía ningún fundamento en la realidad. Estas atrocidades ocurrieron en el contexto de una guerra que la Alemania nazi inició por motivos que, repito, no tenían mucho que ver con realidades económicas o sociales o políticas. La Alemania nazi inició la guerra para conseguir más Lebensraum, “espacio vital”, pero no tenía necesidad de territorio adicional porque podía obtener las materias primas y los productos agrícolas necesarios mediante el comercio, y no necesitaba más superficie para sus campesinos porque en realidad no sobraba el trabajo en las áreas rurales alemanas. Actualmente Alemania es un país más pequeño y con mayor población que en ese entonces, y es un país próspero.

En 1939, la mayoría de los alemanes no querían entrar en guerra; tenían recuerdos amargos de la última: la Primera Guerra Mundial. La elite industrial y bancaria no quería una guerra, porque les estaba yendo muy bien, y los militares tampoco. En septiembre de 1938, el Jefe del Estado Mayor alemán, Ludwig Beck, y un grupo de generales planeaban un golpe de estado contra Hitler porque temían una guerra contra Gran Bretaña y Francia, con los soviéticos todavía en contra. Pero Chamberlain y Daladier se echaron atrás con la guerra a Checoslovaquia, así que no hubo golpe. Por supuesto que no está claro si el golpe se habría realizado o si, de realizarse, habría sido exitoso, pero nos da un indicio de lo que pensaban los más altos líderes militares de Alemania. Entonces, ¿quién quería una guerra? La respuesta es obviamente, Hitler, pero no era el único: tenía el apoyo del Partido Nazi. El casus belli, la justificación de la guerra, está claramente expresada en el memorándum que Hitler escribiera a Goering en agosto de 1936, que puede encontrarse en los documentos de Nuremberg de 1945. Hitler dice allí que Alemania debe prepararse para la guerra porque de lo contrario el bolcheviquismo, que busca reemplazar a los dirigentes de todo el mundo por la judería internacional, no sólo pondrá en peligro a Alemania sino que aniquilará al pueblo alemán. Hitler y sus allegados más cercanos creían que una derrota del bolcheviquismo judío permitiría a Alemania expandirse hacia el este, poblar esos territorios con colonizadores alemanes y garantizar el suministro de alimentos y materias primas que asegurarían la supremacía de Alemania sobre Europa, y finalmente, con la ayuda de sus aliados, sobre el mundo entero. Todo ello, pensaban, solo sería posible derrotando a la judería internacional, que controlaba tanto al bolcheviquismo soviético como al capitalismo occidental.

Yo diría que la guerra fue en esencia una empresa ideológica, y los elementos económicos y políticos, como factores instrumentales, tuvieron un papel secundario. Por eso el Holocausto fue, básicamente, parte de un proyecto con motivos ideológicos creado para conseguir poder mediante la expansión, hecho posible por la guerra. Así, el nazismo fue un fenómeno sin precedentes, lo que explica en gran medida por qué el Holocausto es el tema central de cualquier proceso educativo, no sólo en Europa, que aborde el tema del mundo en el que vivimos. El antisemitismo fue la motivación central de una guerra en la que murieron unos 6 millones de judíos y cerca de 29 millones de no judíos sólo en Europa. Por eso el antisemitismo, que ocasionó el Holocausto, provocó la muerte de muchos millones de europeos no judíos. Es, por ende, un tema central para toda la civilización, y en particular para la civilización europea; es la forma más extrema de genocidio que se ha conocido, repito, no porque las víctimas sufrieran más que otras víctimas de otros genocidios, sino por sus motivos y su índole sin precedentes, y por el impacto global que sigue teniendo como paradigma del genocidio. Es de suma importancia para todos, y por eso es que lo enseñamos.

Cuando abordamos el Holocausto, los educadores solemos hablar de tres grupos de personas: los perpetradores, las víctimas y los observadores pasivos. Esto es problemático porque son categorías no del todo precisas que suelen solaparse o tener límites poco nítidos. Por ejemplo, los kapos de los campos de concentración eran víctimas pero muchas veces también perpetradores. El término “observadores pasivos” incluye grupos tan diversos como los Aliados Occidentales, la Unión Soviética , organizaciones e instituciones judías fuera de las áreas controladas por los nazis, campesinos polacos (la mayoría de los cuales eran indiferentes, aunque algunos eran amigos y muchos eran hostiles, aun cuando no mataran judíos), miembros de iglesias cristianas que callaron mientras frente a sus ojos los judíos eran transportados a su muerte o asesinados, y gobiernos de países neutrales que podrían haber ayudado pero se abstuvieron. Sin embargo, usamos esos términos a pesar de que son incorrectos porque no hemos creado otros mejores.

Entonces, ¿qué debemos enseñar? Después de todo, no podemos enseñar todo, porque la serie de contextos y acontecimientos que llamamos Holocausto son muchos y muy complicados, y hay poco tiempo en cualquier establecimiento educativo para enseñar todo esto. Hubo unos 18.000 refugiados judíos centroeuropeos en Shangai, ¿debemos enseñar sobre ellos? Los gobiernos latinoamericanos en general se negaron a aceptar refugiados judíos, ¿corresponde enseñar este tema? ¿Tenemos que hablar de los judíos de Tracia y Macedonia que fueron entregados a manos alemanas por la policía y el ejército búlgaros o debemos concentrarnos solamente en el rescate de los judíos de Bulgaria? ¿Tenemos que entrar en detalle sobre los griegos, checos, italianos, noruegos y otros que colaboraron con los alemanes? Creo que debemos adaptar lo que enseñamos a las situaciones e intereses locales.

Si enseñamos en Grecia probablemente debamos enfatizar el destino de los judíos de Salónica, Atenas, Corfú y Rodas y hablar sobre los colaboradores y los movimientos de resistencia griegos, y el proceder de los dirigentes de la comunidad judía y de los judíos comunes. Debemos señalar las sutilezas y las diferencias, y al mismo tiempo tener cuidado de no disminuir la responsabilidad criminal directa de las instituciones, organizaciones y personas alemanas. En otros países, corresponde enfatizar los temas locales paralelos. Pero esto conlleva un peligro: que al ocuparnos de los árboles perdamos de vista el bosque. Debe surgir un panorama general como contexto de la historia nacional.

Debemos apuntar a la globalización de la educación sobre el Holocausto. Es decir, debemos describir y analizar el Holocausto en sus diversos contextos: tanto en forma vertical –es decir, históricamente– como en forma horizontal –o sea, poniéndolo en un contexto histórico, económico y político global, explicando sus antecedentes, sus acontecimientos y su impacto–. Los docentes no están obligados a abordar todo esto, no sólo porque el tiempo es escaso sino también porque su formación no les da los conocimientos detallados que los académicos obtienen estudiando toda su vida; sin embargo, es importante tener en cuenta estos aspectos. En cuanto a los perpetradores, hay que admitir que en noviembre de 1932, en las últimas elecciones libres de la Alemania pre-Hitler, los nacional socialistas fueron derrotados: perdieron 2 millones de votos y 34 escaños en el Reichstag alemán. Parecía que quedaban fuera de competencia, que volvían a lo que habían sido en 1928, cuando consiguieron apenas un 2,8 por ciento del total de votos. A fines de 1932 la mayoría de los alemanes votó por partidos que eran claramente antinazis y contrarios al antisemitismo o que al menos no apoyaban el nazismo ni el antisemitismo: los social demócratas, los comunistas, el Centro Católico y algunos partidos centristas menores. Pero menos de seis semanas más tarde, los nazis estaban en el poder, no debido a una victoria en las urnas sino por las maquinaciones de la derecha conservadora y los violentos desacuerdos entre los no nazis. Hacia 1940-1941, ya no era un problema reclutar alemanes para participar en asesinatos masivos. ¿Cómo puede explicarse esto? Los historiadores alemanes señalan la combinación de un repunte económico y el uso inteligente de políticas sociales que parecían mejorar la suerte de los alemanes. A principios de la década de 1920 y a partir de 1929, los alemanes lograron en gran medida restablecer la cohesión social destruida por la pérdida de la guerra y por dos grandes crisis económicas. Una Alemania renaciente obtuvo fáciles victorias internacionales, destruyendo los efectos del Tratado de Versalles y restituyendo la importancia de Alemania como poder político y militar europeo. El ascenso luego de la crisis económica no se debió realmente a las políticas del régimen, sino que se produjo porque antes de que los nazis asumieran el poder, la economía alemana ya había llegado a su punto más bajo y había empezado a recuperarse. Los nazis se montaron a la ola de mejoría general, y algunas de sus políticas se alinearon con el aumento de la producción, aunque no hubo una mejoría importante en el nivel de vida. Pero la inserción de enormes masas de desempleados en el mundo laboral, incluso en trabajos mal remunerados, hizo muy popular al régimen. Además, con el aumento de las pensiones, la política social del nazismo se ocupó por primera vez y con bastante éxito del problema de los millones de viudas de guerra y de veteranos inválidos. Todo esto equivalía a sobornar a la población, y lo acompañaron con una propaganda ideológica masiva que llegó a todas las familias de cada rincón del país.

Algunos historiadores le dan mucha importancia al hecho de que muchos asesinos no habían recibido educación ideológica, pero olvidan que toda la sociedad había sido sometida a una campaña de adoctrinamiento ideológico durante siete u ocho años, y que en los márgenes de la sociedad –que a veces eran muy amplios– existía la amenaza constante de una maquinaria de terror cada vez más eficiente que se usaba deliberadamente para evitar que se afianzara cualquier oposición política o ideológica. Las políticas nazis se pagaban con las reservas de divisas extranjeras y mediante una política inflacionaria que fue posible gracias a un astuto sistema fiscal que se aprovechaba de la población. La prosperidad real fue abandonada en pos del rearme masivo, de modo que toda la estructura económica estaba en peligro. La guerra fue propuesta como solución temporal ante una inevitable crisis económica y financiera, para robarles a los países ocupados, conquistados y aliados y, sobre todo, para robarles a los judíos.

El elemento esencial de cualquier interpretación de las políticas nazis es la historia de la elite intelectual alemana. Desde mediados del siglo XIX se venía dando una radicalización cada vez mayor de la elite intelectual. El nacionalismo radical se impuso sobre la tendencia más liberal y se transformó, gradualmente, en patriotismo racista, no sólo en Alemania sino también en Austria. Esto se hizo evidente durante el Segundo Reich, entre 1870 y 1914. La derrota en la Primera Guerra Mundial exacerbó esta tendencia, y para los años 20 las universidades y las organizaciones de docentes estaban entre los principales seguidores del Nacional Socialismo. Sin el apoyo de los intelectuales, el régimen nazi no habría podido llegar al poder ni tampoco conservarlo. Fue de las filas de la intelectualidad de donde se reclutaron las personas que dirigieron los crímenes nazis. Obviamente, la conclusión es que el conocimiento por sí mismo no garantiza un enfoque humanístico de la vida, y que no hay nada tan peligroso como asesinos masivos inteligentes.

Eichmann es un excelente ejemplo: engañó a gente brillante, como la filósofa Hannah Arendt, logrando que lo aceptaran cuando se autoproclamaba como un mero engranaje de la máquina, una personalidad banal que hizo el mal porque no era un ideólogo y no sabía que era incorrecto. En realidad, Eichmann era miembro de la Oficina Central de Seguridad del Reich, la RSHA , compuesta por individuos de alto nivel de inteligencia, radicalmente racistas, radicalmente antisemitas y motivados ideológicamente, que eran el núcleo de la maquinaria de los perpetradores. El grupo incluía a la Policía de Seguridad, con su rama de la Gestapo , la Policía Criminal y las unidades de inteligencia. Ellos se encargaron de una gran parte de las matanzas.

Aunque Eichmann no haya tenido educación universitaria, los hombres que lo rodeaban sí la tuvieron, y él mismo citaba a Kant y a Hegel. No era un mero engranaje en la máquina, era parte del sistema de control de la máquina. En una conferencia que dio ante personal de seguridad nazi de alta jerarquía en noviembre de 1937, explicó de qué se trataba la conspiración judía internacional Él era parte de la jerarquía, y aunque recibía pautas generales de su superior, demostraba una gran inteligencia e iniciativa para radicalizarlas. Daba órdenes; no sólo las recibía. De todos modos, pocas veces precisaba órdenes, porque se identificaba plenamente con la política asesina general, y sabía muy bien que lo que estaba haciendo estaba mal. Lejos de ser una personalidad banal, demostró que el mal nunca es banal. La verdadera historia de Eichmann puede usarse en el ámbito educativo para enseñar el opuesto exacto de la imagen popular creada por el cine y por supuestos documentales. Se pueden proporcionar fuentes para todo esto.

¿Es, entonces, la historia del nazismo y del Holocausto una historia de burocracia, como tantos creen? Nadie que enseñe sobre el Holocausto puede evitar encarar esta pregunta, y efectivamente, la burocracia en sus varios aspectos fue utilizada con éxito para matar. Pero son las personas, no las burocracias, las que matan. Los burócratas pueden dar órdenes o instrucciones, pero primero alguien tiene que decirles a los burócratas que lo hagan, y puede ser que algunos burócratas lo hagan por su cuenta. En otras palabras, la voluntad de matar tiene que estar dirigida por personas que saben lo que están haciendo y quieren hacerlo. La ideología, la racionalización ideológica o los intereses mueven a las burocracias; cuando decimos “intereses” nos referimos al hecho de comprender qué es bueno o malo a los ojos de los que toman las decisiones. En el caso de los nazis, ya aduje que actuaban sin pensar en sus intereses materiales, que estaban motivados por una ideología no pragmática o antipragmática.

Una vez comprendido esto, se pueden poner en contexto los hechos históricos y se puede enseñar sobre el desarrollo del régimen nazi en Alemania antes de la guerra y sobre las etapas en las que se materializó el genocidio de los judíos. Por cierto, se puede hablar de esas etapas y mostrar que el Holocausto no estaba planeado con anticipación, contrariamente a la percepción popular, aunque puede ser que Hitler como individuo haya deseado que ocurriera la aniquilación masiva de los judíos. Pero la ideología estaba ahí, y cuando la ocasión fue propicia, dio lugar a la planificación. De hecho, en gran medida, las matanzas masivas vinieron primero, y la planificación fue su resultado. En este sentido, como en tantos otros, el genocidio de los judíos difiere de otros genocidios. Cuando se enseña sobre guetos, campos, marchas de la muerte, etcétera, todo encaja.

Considero que la historia de las víctimas es por lo menos tan importante como la de los perpetradores. Después de todo, las víctimas son siempre la mayoría, si las comparamos con los perpetradores, y todos tenemos más probabilidades de ser víctimas u observadores pasivos que perpetradores. Desde un punto de vista humanístico, es crucial comprender quiénes eran las víctimas, por qué fueron víctimas, qué hacían antes de ser víctimas, en qué momento comprendieron que estaban en peligro de ser víctimas de un asesinato en masa y un genocidio, y qué hicieron en respuesta a todo eso. Cuando enseñamos sobre el genocidio de los judíos tenemos que abordar, obviamente, el antisemitismo, pero esto conlleva un riesgo porque el estudiante o incluso el maestro puede ver a los judíos simplemente como objetos de odio, persecución y muerte, no como sujetos de la historia con su propia cultura, tradiciones y aspiraciones; en otras palabras, menos que seres humanos. Por eso, se debe enseñar sobre los judíos como un pueblo histórico, y desde luego, lo mismo se aplica a otros grupos que fueron o son objeto de ataques genocidas. Es decir que el docente debe tener al menos conocimientos rudimentarios de la historia del pueblo judío. Otro peligro es que un alumno pregunte: Bueno pero, ¿qué hicieron para merecer ese tratamiento? Además de describir el trato discriminatorio que reciben actualmente diversos grupos para mostrar que es algo común en las sociedades humanas, es importante tratar de aclarar los orígenes del antisemitismo.

La respuesta simple (y correcta) es que si bien los judíos no son mejores ni peores que cualquier otro grupo, su cultura y tradiciones son diferentes. En Europa eran el único pueblo no europeo hasta la llegada de los gitanos a los Balcanes en el siglo XIII o XIV, y tenían una cultura diferente, que se expresaba en una religión diferente de la que tenían las sociedades que los acogían. Desarrollaron también una estructura ocupacional diferente, porque las sociedades que los rodeaban los usaron con fines económicos específicos, limitando sus posibilidades laborales. Al mismo tiempo, el docente debe enfatizar que la historia de los judíos definitivamente no es la historia de sus persecuciones. En la mayoría de los lugares y la mayoría de las veces, convivieron con sus vecinos, no necesariamente amados pero tampoco necesariamente odiados. Eran útiles y a menudo eran invitados a residir en distintos países para desempeñarse en determinadas funciones económicas y sociales. Pero cuando una sociedad sufría una crisis, lo que sucedía con bastante frecuencia, a veces los judíos eran una especie de pararrayos: la crisis recaía en un grupo del que todos tenían conocimiento, un grupo conocido pero extraño, siempre minoritario y en consecuencia fácil de atacar. Estas diferencias básicas fueron acentuadas por la Iglesia y, luego de Lutero, por las Iglesias, por motivos teológicos combinados con motivos económicos y sociales. Puede ser incómodo enseñar esto pero es inevitable. El antisemitismo cristiano nunca planeó el genocidio de los judíos: los judíos, en la visión cristiana, habían rechazado al verdadero Mesías, pero eran seres humanos con alma, y matarlos era un pecado capital. Pero estaban poseídos por el diablo, eran en realidad una amenaza satánica para la cristiandad y por eso debían ser oprimidos, discriminados, perseguidos, explotados, expulsados y desposeídos siempre que surgiera la ocasión o la necesidad.

Las acusaciones en su contra repetían siempre los mismos argumentos teológicos, pero las acusaciones no teológicas diferían en distintas épocas, y durante el nazismo alcanzaron un punto extremo: eran de índole contradictoria, pues acusaban a los judíos de ser tanto comunistas como capitalistas, una postura sostenible precisamente por las supuestas cualidades satánicas de los judíos. Sin embargo, todas estas acusaciones, incluso las racistas, se basaban en precedentes teológicos: la acusación de que hay una conspiración judía para controlar el mundo puede encontrarse en textos cristianos antiguos; de manera similar, la idea de que los judíos corrompen a las sociedades y sus culturas, o de que usan sangre de niños para preparar sus comidas especiales, provienen de la edad antigua o medieval. En el siglo XVI y en adelante, la pureza o limpieza de sangre, la prueba de que la persona no descendía de judíos o musulmanes, era obligatoria para cualquiera que aspirara a un cargo público en España. La noción de que el nazismo era una ideología neopagana que no tenía relación con el cristianismo es cierta sólo en parte: el antisemitismo cristiano fue una condición previa necesaria, aunque no suficiente, del nazismo. El nazismo se volvió en contra del cristianismo, sobre todo porque se basaba en el judaísmo y contenía ideas humanísticas que los nazis consideraban detestables. Se volvió especialmente en contra de la Iglesia Católica , cuyas divisiones no eran de carácter militar. Pero los judíos quedaron atrapados en el medio: fueron asesinados por los nazis y no fueron protegidos por las Iglesias, aunque hubo muchos sacerdotes, pastores y altos funcionarios de las Iglesias que trataron de salvar judíos, y algunos de ellos sacrificaron su vida para lograrlo.

Podría decirse que los nazis inventaron a sus víctimas, en el sentido de que los judíos a los que atacaron no eran necesariamente los que se veían a sí mismos como judíos. Por supuesto, y esto debe señalarse en todos los contextos educativos, los judíos no eran un colectivo político. En Alemania, por ejemplo, nunca existió un organismo que representara a todos los judíos antes del ascenso de los nazis al poder. Tampoco lo había en la Polonia de entreguerras. Había comunidades y organizaciones judías variopintas, ortodoxas y liberales y no religiosas, pero nunca unidas del todo, ni siquiera en un país como Francia, donde había una organización rabínica llamada Consistorio, que representaba a apenas una minoría de personas que se identificaban como judíos. En Polonia, por ejemplo, una mayoría relativa de judíos, cerca del 40%, se identificaba con el Bund, que era socialdemocrático, anticomunista, antisionista y antirreligioso. Los nazis, siguiendo precedentes anteriores, inventaron el colectivo político judío, que incluso era internacional, y luego, paradójicamente, los judíos trataron de crear organizaciones políticas e internacionales, en parte para luchar contra la amenaza del nazismo. Así, en 1936 se creó el Congreso Judío Mundial, que supuestamente representaba a las comunidades judías de todo el mundo. En realidad, sólo se incorporaron algunas comunidades judías; otras, no. El movimiento sionista, una entre varias expresiones del nacionalismo judío en alza, atrajo a una minoría de judíos.

Los nazis asesinaron personas cuyos abuelos se habían convertido al cristianismo, porque los veían como judíos. Mataron personas que habían nacido de padres judíos pero que se identificaban como polacos, o rusos, o italianos, y que habían cortado relaciones con otros judíos. El sentido de pertenencia al judaísmo ya no definía a todos los judíos, y hasta se podría decir que ya no definía ni siquiera a la mayoría de los judíos. La mayoría de los judíos se identificaban a sí mismos como judíos pero tenían distintas formas de interpretar lo que eso significaba. Los docentes deben explicar que se debe respetar la forma en que las personas se definen a sí mismas y no permitir que sean otros quienes las definen, como lo hicieron los nazis. Los nazis inventaron un pueblo judío que era sólo en parte el pueblo con el que se identificaba la mayoría de los judíos. Y sin embargo –y este es el punto principal–, la reacción de los judíos ante las persecuciones y luego ante la matanza fue cuanto menos sorprendente. Los judíos alemanes, la mayoría de los cuales eran no ortodoxos y acérrimos nacionalistas alemanes, se volcaron al pasado y trataron, con bastante éxito, de recuperar su identidad judía histórica y religiosa desarrollando una cultura judía en lengua alemana.

La Biblia se tradujo al alemán y la vida intelectual y social prosperó en los años 30 a pesar de las persecuciones en aumento. Después del comienzo de la guerra, y especialmente en los grandes guetos de Polonia –pero no sólo allí– se formaron redes de organizaciones sociales, económicas y culturales, para mantener la moral y una apariencia de vida civilizada a pesar del hambre, las epidemias, las golpizas y el peligro de las deportaciones con destino desconocido. No había posibilidad de resistencia armada puesto que los judíos eran una minoría pequeña –incluso en Polonia eran apenas el 10% de la población general–, no tenían acceso a las armas y no habían desarrollado una clase militar; además, en la mayoría de los países europeos estaban excluidos del resto de la población y no contaban con el apoyo de los Aliados. Por eso, la resistencia desarmada era la única opción posible, y muchas comunidades judías eligieron esta opción. Por lo que sé, esto nunca ocurrió con otras poblaciones que hayan sido o sean actualmente víctimas de crímenes genocidas. Sugiero que la resistencia desarmada judía sea uno de los temas centrales de la educación sobre el Holocausto.

Por supuesto, la resistencia desarmada no se dio en todas partes Bajo la tremenda presión de los nazis y sus colaboradores locales, hubo muchos casos de desintegración social, de colaboración forzada con el enemigo y de traiciones. Pero esas cosas son comunes en la mayoría de los casos de genocidio. Hay que tener cuidado de no catalogar de colaboradores a los Consejos Judíos, instituidos por los alemanes para facilitar las políticas alemanas relativas a los judíos. Es cierto que algunos cedieron a la presión alemana sin oponer resistencia –en Ámsterdam por ejemplo, o en Salónica o, posiblemente, en Lodz–. Pero en la mayoría de los lugares, según sabemos ahora, trataron de proteger a sus comunidades lo mejor que pudieron sin iniciar una resistencia abierta contra un poder imbatible. Siempre que se intentó oponer resistencia –y se intentó en muchos lugares– los Consejos Judíos fueron depuestos y en la mayoría de los casos, sus miembros fueron asesinados.

Sin embargo, en muchos lugares estos Consejos trataron de resistir a pesar de todo, y en algunos pueblos y comunidades organizaron rebeliones armadas. Los alemanes también establecieron unidades policiales judías en los guetos, y la mayoría de estos oficiales hacían lo que les ordenaban los nazis, y en algunos casos, como es ampliamente conocido, entregaron judíos a los alemanes. Pero es un error generalizar. En la mayoría de los lugares, tanto en el este como en el oeste, los alemanes no pedían la colaboración de los Consejos ni de la policía sino que se ocupaban ellos mismos de los judíos, con brutalidad y sadismo. La imagen de la policía judía entregando a otros judíos es verdadera si hablamos del gueto de Varsovia, por ejemplo, pero no en el caso de Kaunas, y la mera noción de esa imagen es irrelevante si hablamos de Bélgica o los Países Bajos. Es importante abordar estos temas en un contexto educativo antes de que los alumnos los planteen.

Las reacciones de las víctimas judías se deben enseñar vinculándolas con el contexto general de las relaciones entre judíos y no judíos. Obviamente, estas relaciones eran diferentes en los distintos países. Como bien sabemos, los judíos daneses eran tratados como daneses por la población de Dinamarca y en consecuencia muchos de ellos fueron llevados de contrabando a Suecia, país neutral. En Bulgaria, los judíos fueron rescatados por una inesperada coalición de miembros del Partido Fascista, la Iglesia Ortodoxa y los grupos clandestinos comunistas y socialdemócratas, o sea, por representantes de la mayoría de la población búlgara. Otras actitudes menos drásticas pero marcadamente pro-judías fueron las que demostraron los servios, italianos, belgas y franceses. Había poca simpatía por los judíos en Rumania, Ucrania y los Países Bálticos. En los últimos años, textos revisionistas de Polonia y de la diáspora polaca acusan en cierta medida a los judíos de haberse matado ellos mismos o de haberse negado a ser rescatados por un gran número de polacos dispuestos a ayudarlos. Esto es no sólo una distorsión total de un hecho histórico sino que además minimiza el heroísmo real de miles de polacos que, a pesar de ser una minoría entre sus connacionales, hicieron todo lo posible para rescatar a los judíos, y en muchos casos lo pagaron con su vida. También ignora diferencias regionales: había una marcada actitud antisemita en el noreste y el centro-sur de Polonia, donde las poblaciones locales traicionaron a los judíos entregándolos a la policía alemana y polaca. Las razones precisas de esto todavía no han sido investigadas. Por otra parte, la minoría polaca en la Galicia del Este y Volinia era mucho más amigable hacia los judíos, y en algunos casos los judíos se unieron a ellos en la defensa contra los nacionalistas ucranianos y los alemanes. Para los educadores es importante señalar el peligro de las generalizaciones fáciles. Reitero, es imposible para los docentes entrar en detalles, pero se debe subrayar la amplia variedad de reacciones y se deben mencionar los motivos: los pasados diferentes de cada uno de los lugares habían creado bases diferentes para las actitudes que definieron las posibilidades de supervivencia de los judíos. En definitiva, las actitudes de los vecinos no judíos fueron en gran medida responsables de la muerte o la supervivencia de la minoría judía.

Es importante señalar que si bien no había posibilidades objetivas de resistencia armada judía, a pesar de esto y al contrario de toda lógica, la resistencia armada judía existió, y fue de una magnitud mucho mayor de lo que podría esperarse. La historia de la Rebelión del Gueto de Varsovia es importante y no debe ignorarse, pero no fue en absoluto el único hecho de esas características. Hubo rebeliones o intentos de resistencia armada en Vilna (Vilnius), Kaunas (Kovno), Bialystok, Svencionys (Svenciany), Cracovia, Baranowicze, Lachwa, Tuczyn y en otros lugares del este De hecho, sólo en Bielorrusia Occidental fueron cerca de 63 los pequeños poblados donde se intentó o se concretó la resistencia armada. Se calcula que entre 20.000 y 30.000 judíos fueron a los bosques a luchar junto con los partisanos soviéticos, aunque no muchos sobrevivieron. Hubo luchadores y partisanos judíos en Francia, Bélgica, Italia, Yugoslavia, Bulgaria y las áreas de Ucrania ocupadas por Rumania. En todos estos casos los grupos fueron pequeños, y lo importante no es el daño infligido a los alemanes y sus colaboradores sino el hecho de que existieron intentos de resistencia armada. Se trata de una importancia moral. Cuando abordamos el tema del mundo exterior, los poderes occidentales y la Unión Soviética , en realidad estamos hablando del presente, porque los grandes poderes de hoy están ante una situación parecida: son observadores pasivos de genocidios constantes. Las diferencias entre las distintas formas de genocidio son muchas. Una de ellas es que, con respecto al Holocausto, hablamos de la conducta de los países poderosos en una conflagración mundial, lo cual difiere evidentemente de la situación actual. Es innegable que si bien hoy vemos el Holocausto como uno de los eventos principales –si no el principal– de la guerra, no era más que un tema marginal en el momento en que sucedió. Los Aliados sabían, al menos en términos generales, lo que estaba pasando, pero estaban luchando por su vida contra un enemigo formidable. Muchos líderes simplemente no creían las informaciones que recibían. Además, y este es tal vez el punto principal, los oponentes al nazismo no comprendían la importancia central de la ideología nazi; la veían como un medio para ganar y retener poder y no como una convicción firme y profunda, que los nazis harían realidad si podían. Hoy en día estamos en una situación similar, cuando muchos creemos que la propaganda genocida del islamismo radical no son más que palabras y no nos damos cuenta de que es una ideología a la que muchos adhieren incondicionalmente y que los llevará a actuar si tienen la oportunidad. Hay otro aspecto en esta cuestión: en muchos libros se ha acusado a los poderes occidentales de mantenerse en silencio frente al genocidio que sucedía frente a sus ojos y de no usar su poderío militar para el rescate de los judíos. Pero los hechos son muy diferentes. No hubo silencio. Cuando en noviembre de 1942 finalmente fue confirmada la información sobre la aniquilación masiva de los judíos, los Aliados –incluyendo a la Unión Soviética – declararon, el 17 de diciembre de 1942, que los alemanes estaban asesinando a los judíos y que los responsables serían castigados. Por supuesto, el castigo fue impuesto en una pequeña proporción. No se censuró ninguna noticia llegada de Europa sobre estos temas –que la gente creyera o no lo que leía es otra cuestión–. Un segundo tema es que los alemanes comenzaron a asesinar en masa a los judíos tras la invasión a la Unión Soviética en junio de 1941. Estados Unidos era neutral, y los ingleses se habían visto obligados a retirarse a sus islas, donde luchaban por su propia supervivencia. Los soviéticos estaban siendo derrotados, y de todos modos no tenían interés en los judíos como tales. Estados Unidos no declaró la guerra a Alemania; lo que ocurrió fue que los estadounidenses se vieron obligados a entrar en la guerra a causa del ataque japonés a Pearl Harbour, y luego Alemania le declaró la guerra a Estados Unidos, no al revés. Si esto no hubiera ocurrido, no hay forma de saber si Estados Unidos habría intervenido en la lucha, ni cuándo. Durante el período de las grandes operaciones de exterminio, en 1941, 1942 y varios meses de 1943, no había ejércitos aliados cerca de los sitios de destrucción, y los ejércitos alemanes controlaban la mayor parte de Europa. Los únicos bombarderos occidentales que podrían haber llegado a los campos de exterminio de Polonia eran los Lancaster británicos, pero no había aviones de combate para acompañarlos a esos lugares. La situación recién cambió cuando los Aliados ocuparon los campos de aviación italianos cercanos a Foggia en noviembre de 1943. Llevó algunos meses preparar esos campos para que fueran utilizables, y por eso no fue posible bombardear los campos de exterminio hasta 1944. Para entonces, sólo Auschwitz-Birkenau seguía funcionando. Birkenau podría haber sido atacado después de mayo de 1944, especialmente luego de conocerse, en junio de 1944, un informe detallado sobre Auschwitz de dos judíos eslovacos que habían escapado, Alfred Wetzler y Rudolf Vrba. Pero entonces los líderes militares occidentales consideraron que el sitio era un blanco civil, y sólo estaban dispuestos a usar sus fuerzas aéreas contra blancos militares.

Si las fuerzas aéreas occidentales –a los soviéticos no les importaba en absoluto– hubieran atacado Birkenau, ¿eso habría hecho que los alemanes dejaran de matar judíos? No lo creo. Los perpetradores alemanes habrían continuado lo que estaban haciendo: fusilar a sus víctimas al borde de zanjas o, como hicieron después, hacerlos marchar hasta la muerte. La idea de que Occidente podría haber salvado a los judíos es popular y populista, pero para nada convincente. Por otra parte, aunque Occidente no podría haber salvado a los millones que murieron, podría haber salvado a miles, tal vez más. Occidente cerró las puertas de Palestina a los judíos que trataban de escapar por los Balcanes y se negó a prometer a los neutrales –Suiza, España, Turquía, Suecia y Portugal– acoger a los refugiados que pudieran llegar a esos países y encontrar otros sitios para ellos después de la guerra, porque los neutrales no querían judíos en sus territorios. La actitud de los soviéticos todavía se está investigando, pero está claro que la cuestión judía era, cuento mucho, marginal para ellos.

Estos problemas, repito, se pueden traducir en preguntas para debatir en clase. ¿Cómo enseñamos el Holocausto? No soy pedagogo profesional ni experto en didáctica. Pero creo que el Holocausto debe, en principio, enseñarse analíticamente, y por otra parte también debe enseñarse como la historia de las personas que se vieron involucradas en él sin remedio. Un historiador es alguien que cuenta historias reales. Si un docente no usa esta herramienta, no causará ninguna impresión ni ningún efecto. Por otro lado, limitarse a contar historias es contraproducente. Se debe estimular a los alumnos a que investiguen los hechos, las relaciones, los contextos. Creo en la combinación de estrategias educativas. Otro punto importante para considerar es la necesidad de adaptar la enseñanza del Holocausto al contexto social, cultural e histórico de los alumnos. Si se enseña en la República Checa se debe tener en cuenta el destino de los gitanos, que sufrieron un genocidio diferente del Holocausto pero paralelo a él, cuando fueron asesinados casi todos los gitanos checos que vivían en lo que actualmente es la República Checa. Habrá que subrayar el hecho de que Terezín jugó un papel central en el Holocausto en tierras checas y que un gobierno colaboracionista checo con autonomía limitada ayudó a los nazis a implementar sus políticas. Si se enseña en los Países Bajos habrá que enfatizar la colaboración de la administración nacional con el genocidio, y al mismo tiempo describir el rescate de unos 16.000 judíos holandeses por parte de la población local. En ambos casos habrá que subrayar las características de las comunidades judías locales y observar la conducta contrastante de los Judenraete en Terezín y en Ámsterdam. Pero en todos los casos y en todos los países donde enseñe, el docente habrá de presentar el panorama total del Holocausto y no ceñirse a la historia local. El Holocausto no fue un acontecimiento checo, holandés ni polaco; fue un acontecimiento global que sucedió en Europa, en toda Europa y más allá de Europa. Esto requiere adaptaciones pedagógicas, y eso es lo que está haciendo el ITF y lo que le corresponde hacer.

Al final, lo que se enseña son dilemas, dilemas imposibles que nadie debería tener que plantearse. Déjenme darles un ejemplo conocido: en el gueto de lo que hoy es Vilnius en Lituania, había una organización de resistencia llamada FPO, que surgió de una coalición de movimientos juveniles judíos que abarcaban desde la extrema izquierda hasta la extrema derecha. El comandante elegido fue un comunista judío, Itzik Wittenberg. Las razones de la elección fueron, por un lado, que era un muchacho muy popular y carismático, y por el otro, que la única esperanza de ayuda para la resistencia era el Ejército Rojo. Se creía que elegir a un comunista ayudaría a establecer buenas relaciones con los soviéticos. Los alemanes capturaron a un comunista lituano en el lado ario de Vilnius que, al ser torturado, dio el nombre de Wittenberg como miembro del partido y de la resistencia Los alemanes no sabían de la existencia del FPO, pero ahora sabían sobre Wittenberg y exigieron su entrega al líder del gueto, Jacob Gens. Gens, que tenía contactos con el FPO, invitó a sus dirigentes a una reunión en el Judenrat a la medianoche, y una unidad colaboracionista lituana que estaba escondida en el edificio irrumpió en la sala y arrestó a Wittenberg. Cuando iban camino a la puerta del gueto, los lituanos fueron derrotados por miembros del FPO, quienes liberaron a Wittenberg y luego lo ocultaron en una pequeña habitación en el gueto. Los alemanes anunciaron que si Wittenberg no era entregado, asesinarían a los habitantes del gueto. Gens apeló a la población para encontrar a Wittenberg, así sus vidas serían perdonadas, y los judíos del gueto, temiendo por la vida de sus familias, buscaron a los miembros del FPO –en el pequeño gueto, no era muy difícil identificar a los jóvenes que pertenecían al FPO– y los atacaron, los golpearon y les exigieron la rendición de Wittenberg a los alemanes. Los dirigentes del FPO debían decidir si iban a entregar a su comandante o a usar sus armas para luchar contra los judíos desesperados. Finalmente recurrieron a la célula comunista del FPO, formada por dos mujeres jóvenes y un hombre, para que tomaran la decisión. La célula decidió que Wittenberg debía rendirse por su cuenta. Le entregaron una cápsula con cianuro y él caminó con orgullo hasta las puertas del gueto ante la población que lo observaba en silencio. Fue arrestado, y cuando llegó a la prisión, se suicidó. ¿Acaso había una manera de salir de este dilema? ¿Cómo juzgamos a Gens, a la población, a los dirigentes del FPO, todos los cuales, excepto Wittenberg, eran sionistas? ¿Qué decimos sobre los tres miembros de la célula que decidieron el destino de Wittenberg? Dos casos paralelos ocurrieron en Minsk y en un pueblo de Bielorrusia llamado Baranowicze. En Minsk, el Judenrat usó el cadáver de un judío en cuyo bolsillo colocó el documento de identidad del comandante de la resistencia, para engañar a los alemanes y salvar al comandante. En Baranowicze, donde la población actuó de la misma manera que los judíos de Vilnius, el Judenrat sobornó al comandante de policía alemán y consiguió así rescatar al miembro de la resistencia. Tenemos aquí tres casos, tres dilemas. Uno terminó trágicamente, los otros dos menos trágicamente. La intención de los alemanes de asesinar a todos los judíos que pudieran encontrar era la misma ¿Quién tuvo razón? ¿Es posible comparar? Esta es la verdadera historia del Holocausto, y ese es el tipo de historias que deben acompañar su enseñanza.

En la tradición judía, le pidieron al sabio Hilel, unos 200 años antes de la era común, que resumiera todas las enseñanzas de la Torá parado en un solo pie. Su respuesta, ampliamente conocida, fue: “No hagas a los demás lo que no te harías a ti mismo. Esta es toda la Torá , y el resto es comentario. Y ahora”, dijo, “ve y aprende”. Entonces, amigos, vayan y aprendan.
Disertación de Yehuda Bauer en la Conferencia sobre Bienes del Holocausto (Holocaust Era Assets Conference)
Praga, 29 de junio de 2009




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Festas Judaicas (Chaguim) - Tu BiShvat

Festas Judaicas (Chaguim)
 
Shvat, o décimo primeiro mês do calendário judaico, contando a partir de Nissan, costuma cair entre Janeiro e Fevereiro do calendário comum. Apesar de muitas partes do mundo ainda estarem cobertas de neve, durante Shvat a parte mais pesada do inverno vai cedendo lugar para o início da primavera. Isto é claramente visto em Israel, onde as árvores começam a florescer nesta época.

Crescimento e Renovação

O dia de Tu BiShvat - o Ano Novo das Árvores - representa mais do que um simples dia da árvore. As árvores têm uma importância além de sua beleza e utilidade. Elas significam o crescimento, renovação e continuidade da vida. E, nos tempos antigos, o Ano Novo das Árvores era uma data importante no calendário judaico, que dizia respeito a estrutura da sociedade.

Relação com a Terra

A festa de Tu BiShvat é uma das ocasiões em que reafirmamos a conexão entre o Povo de Israel e a Terra de Israel. Este é um dos princípais temas do dia, simbolizado pelas profundas raízes de uma árvore. Este chag também diz respeito ao cultivo da terra (e alguns preceitos religiosos associados a isto) e à apreciação das dádivas da natureza. É sobre a contemplação das raízes de tudo. Ao longo dos anos, diversos costumes passaram a fazer parte desta festa.

Fontes da Festa
A primeira menção a este Ano Novo das árvores aparece no Talmud (Rosh Hashaná 1:1). Nos antigos manuscritos da Mishná encontra-se a mishná:

Há quatro dias de Anos Novos:


•Primeiro de Nissan: o Ano Novo dos Reis e das Festas


•Primeiro de Elul: o Ano Novo dos Animais


•Primeiro de Tishrei: o Ano Novo para a contagem dos anos, para o ano sabático, para o Jubileu e para as plantações


•Primeiro de Shvat: o Ano Novo das Árvores, segundo os discípulos de Shamai. Os discípulos de Hilel dizem que é no 15o dia de Shvat (e esta data que é respeitada hoje em dia).


Ano novo na Torá é a época em que ocorre o julgamento divino, portanto em cada uma destas datas diferentes aspectos da Criação são julgados.

Hilel e Shamai e a Determinação da Data

Como percebe-se de seu nome Tu BiShvat cai no dia 15 de Shvat ('Tu' é formado pelas letrar tet e vav, que equivalem ao número 15). Como o festival não está prescrito nas Escrituras, apenas no período da Mishná que houve uma discussão sobre quando estabelecer este Ano Novo. A discussão sobre Tu BiShvat foi liderada por Hilel e Shamai, que lideraram duas escolas de pensamento na comunidade acadêmica judaica no primeiro século da era comum. Para fixar o aniversário de uma árvore, os rabinos usavam a data que as árvores param de absorver água do solo e passam a se nutrir de sua própria seiva. Era natural que Shamai escolheria uma data anterior a Hilel, já que ele e seus discípulos viviam na planície costeira, e no Vale de Sharon, onde as flores floresciam antes que nas montanhas, onde Hilel, e a maioria do povo, viviam. Por isto o ponto de vista de Hilel prevalesceu.

Hoje em dia é costume o plantio de árvores por toda a terra de Israel, num trabalho coordenado pelo Keren Kaiemet LeIsrael.

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Pós-Judaísmo: Não Há Judaísmo, Há Judeus HELIETE VAITSMAN (*) [ Revista 18 – jun/ago 2008 ] Desmentida exaustivamente pelo menos desde o Iluminismo judaico do século XIX, a noção de que os judeus constituem um bloco de pensamento e comportamento, em geral conservador e fechado (e, nos últimos anos, alinhado aos Estados Unidos e a todos os governos israelenses), ainda domina o imaginário coletivo. Sabemos que nada está mais longe da realidade do que essa pretensa uniformidade, já que entre as características comuns do judaísmo (ou dos “judaísmos”, como preferem alguns) está a pluralidade de idéias, estimulada pela inexistência de uma estrutura burocrática central. Pluralidade tão antiga que no Talmude sempre se encontram ao menos duas posições frente ao mesmo problema, e reiterada pelos movimentos sociais e intelectuais dos últimos dois séculos. Um conceito recente, o pós-judaísmo, postula a máxima “não há judaísmo, há judeus”, utilizando a categoria do pós-moderno (que pretende acolher a pluralidade de vozes e rejeita a imposição de modelos), e nos chama a atenção em virtude da forma original e da origem latino-americana. A busca de pertencimento judaico fora do âmbito religioso não é, obviamente, uma novidade; o que é novo são as formas de expressá-la. Neste início do século XXI, um exemplo dessa procura é o sucesso, na Argentina, do “movimento” YOK – junção de Yo (eu) e OK, subentendendo-se que “eu me sinto OK sendo judeu” - que reúne milhares de judeus em atividades culturais, artísticas e sociais, inclusive com um Pessach laico em praça pública que já está se tornando tradição em Buenos Aires: são judeus de múltiplas identidades que se juntam, mesmo sem terem muito em comum senão seus próprios e subjetivos sentimentos, e assistem a apresentações musicais, concursos gastronômicos, conferências, lançamento de livros. Não há nisso objetivo institucional: uma característica do “movimento” é não se pretender fundador nem didaticamente transmissor. Segundo o filósofo Darío Sztajnszrajber, professor do Seminário Rabínico Latino-Americano e da Universidade de Buenos Aires, e um dos articuladores do pensamento pós-judaico argentino, este prescinde de denominador comum e regras fixas. Não quer ser um marco demarcatório e excludente, nem substituir por “novos arautos” os autoproclamados herdeiros da tradição. Conforme pesquisa de dois anos atrás, a maioria dos judeus de Buenos Aires e Grande Buenos Aires não freqüenta as instituições comunitárias, porém defende que “ser judeu” lhe é essencial e busca padrões de pertencimento em valores culturais compartilhados (os números das eleições comunitárias brasileiras indicam que tampouco aqui a maior parte dos judeus vive o cotidiano institucional). Então, que cada um seja judeu ao seu modo, declara o sítio , que convida os interessados à busca de novas formas de relação em marcos informais (1). “O pós não substitui, des-dogmatiza; não supera, re-significa”, escreve Sztajnszrajber (2). “Os judeus somos um horizonte de tribos fragmentadas, cada uma vivenciando à sua maneira o que é o judaísmo. O problema se manifesta quando alguma das tribos pretende constituir-se como o paradigma único do povo judeu”, assinala ele. Esse tipo de busca, que não pressupõe uma reta de chegada, retoma a querela clássica entre Apolo, deus da racionalidade e da norma, e Dionísio, deus do “imediato”, que oferece uma aproximação ao judaísmo menos constrangida por regras. Afirma Sztajnszrajber que o pós-judaísmo é “um retorno constante sobre um judaísmo que buscou denodadamente sua própria definição, integrando, e nesse ato impondo e excluindo”. Assim, o retorno, ao buscar desdogmatizar o “autoritário do judeu”, é “uma abertura que dialoga com as normas, as faz verem-se como tais no espelho e clama por uma pós-identidade judia que escape ao idêntico”. Isso implica levar as questões de identidade “ao plano do dionisíaco, perder-se conceitualmente para ganhar em sensibilidade”. A falsa impressão da uniformidade judaica remete às noções de estranheza e alteridade. “Existem amigos e inimigos. E existem estranhos”, assim o sociólogo Zygmunt Bauman, um dos principais pensadores da modernidade/ pós-modernidade, abre o segundo capítulo do livro Modernidade e Ambivalência (3). Adiante, ele explica por que o judeu foi na Europa o estranho por excelência, muito mais ameaçador que o mero inimigo, pois, ao contrário deste, o estranho jamais deixa de sê-lo, malgrado seu eventual êxito ou riqueza. Para os judeus, a marca da estranheza que o Ocidente lhes grudou ao longo dos séculos, desde a acusação de deicídio, abriu espaço, “por um sinistro paradoxo”, na expressão de Bauman, à criatividade intelectual intensa que se sedimentou como cultura moderna e foi resultado, acrescenta, da “intolerância da modernidade”, não da sua aparente abertura. Os judeus dos séculos XIX e XX quiseram acreditar, como aponta o sociólogo Bernardo Sorj, pensador do judaísmo, diretor do Centro Edelstein de Pesquisas Sociais e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que a modernidade era um conjunto de valores universais e coerentes que permitiriam a sua integração nas sociedades onde se encontravam. A realidade desmentiu a suposição – não bastou aos judeus europeus adotar certas atitudes nem visões de mundo para integrar-se. Agora, a marca da estranheza já não parece indelével - sobretudo nas Américas e nas democracias européias -mas a História ensinou os judeus a desconfiarem das certezas. Num mundo contemporâneo no qual reivindicações étnicas e xenofobias ancestrais são amplificadas diariamente pela mídia, ainda é complexo o trânsito entre diversas culturas. Para quem não pretende viver em caixas fechadas, mas ao mesmo tempo aprecia a herança recebida, conviver dentro do monopólico universo judaico mencionado por Sztajnszrajber não raro se configura um dilema, tão crucial quanto o do “abandono” das raízes em benefício de outras identidades. Não é surpreendente, portanto, que as indagações em torno do significado do pertencimento judaico continuem a produzir milhares de páginas de filósofos, rabinos, eruditos, sociólogos e escritores. Grosso modo, pode-se dizer que, se é impossível entender os judeus sem a religião e sua narrativa coletiva, tampouco se pode entendê-los sem o laicismo (no qual o ateísmo é uma das variações) e sua liberdade individual tão cara à tradição ocidental. Os religiosos não têm dúvidas sobre aquilo que querem transmitir. O rabino Jacob Neusner, um dos mais prolíficos autores religiosos norte-americanos e interlocutor do Papa Bento XVI, ensina que um dos aspectos distintivos da religião judaica é que nela o fiel - que não aspira à salvação individual, como em outras fés, mas tem seu destino ligado ao coletivo “Israel” - deve assumir para si a narrativa fundadora da condição humana que a religião faz. É uma narrativa que exige apego permanente à letra da Lei. “Ser judeu praticante é narrar, a respeito de si mesmo e da própria família, a história narrada desde a Escritura judaica”, afirma Neusner (4). O relato, que traz o passado ao presente, aceita como judeus todos aqueles, inclusive os conversos, que legitimamente narram sobre si mesmos as narrativas da Torá (os Cinco Livros de Moisés – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), enquanto cumprem seus ritos. Sorj ressalta a centralidade da resistência na narrativa judaica, que se manifesta em vários níveis: por exemplo, nossa festa mais “alegre”, Purim, o carnaval judaico, tem como motivo que os judeus foram salvos pela Rainha Ester do genocídio! Mas as tendências renovadoras da religião têm limites, acrescenta. “Quem sabe, ao menos hoje em dia, ajudaria mais reconhecer que o judaísmo não possui respostas para todos os desafios do mundo contemporâneo e que, pelo contrário, como uma tradição que se desenvolveu em outras épocas, contém muitos elementos que não são atuais e não se conjugam com uma perspectiva democrática e radicalmente humanista” (5). Com efeito, a contrapartida ao papel de outro exercido pelo judeu no Ocidente -- ainda que um outro íntimo e estável, sem o qual não se vive (6) – foi a criação pelo judaísmo rabínico de um grande número de alteridades parcial ou totalmente excluídas (das mulheres, dos homossexuais, dos supostamente desiguais). Os excluídos de hoje, contudo, falam alto. O compromisso identitário não se sujeita aos monopólios de sentido e poder político, religioso e econômico do judaísmo institucional. A auto-identificação prescinde da subserviência: o indivíduo se permite viver seu judaísmo como parte de um conjunto de valores, afetos e relatos que constituíram sua personalidade. Sons, ética, poesia, odores, empatia, encontro com o divino ou a ancestralidade – tudo cabe na escolha. Pode-se dizer que tudo também cabe na rejeição: quando ofereceram ao historiador Marc Bloch, membro da Resistência Francesa, o apoio de um rabino, minutos antes da sua execução pelo pelotão de fuzilamento nazista, ele respondeu que morria como francês, não como judeu. A identidade que ele se atribuía não era a mesma que o totalitarismo lhe impunha. No tocante à transmissão da herança laica do judaísmo, à medida que o Holocausto e o sionismo, os dois grandes momentos que marcaram o judaísmo do século XX, deixam de fazer parte da experiência vivida, crescem as dúvidas. A fragmentação produziu um cenário em que um ultra-ortodoxo é, para o judeu secular, muito mais estranho que o não-judeu. Das novas rupturas emergem “novos rituais, cultos seculares, como o da memória da Shoah, que se quer unificador (...) Mas esse judaísmo é viável a longo prazo?” (7). Indagação instigante, pois em pouco tempo desaparecerão os últimos testemunhos vivos do Holocausto e se enfraquecerão os laços dos judeus com o Estado de Israel – país cada vez mais “normal” e, portanto, incapaz de manter o status de guardião moral que o tornou, há seis décadas, um ímã para idealistas de todos os matizes. Perguntas não faltam. Como manter o interesse das massas de jovens judeus ocidentais, entre eles centenas de milhares de filhos de casamentos mistos? Como superar tanto o desinteresse pela política e pelas instituições, por um lado, quanto, por outro, a crescente banalização da experiência espiritual promovida pelas múltiplas “ofertas” existentes naquilo que os estudiosos norte-americanos chamam de “mercado religioso” (em que o “cliente” troca de opção sem traumas, de acordo com sua necessidade imediata)? O misticismo viverá novo auge, com profetas barbudos pregando assombros? Ou se consolidarão as sinagogas liberais, com projetos sociais, a partir de países como a Alemanha? Ou tudo acontecerá ao mesmo tempo, marca do pós-moderno? Uma parte das propostas de mudanças reitera o consagrado e sugere alterações não estruturais que mantêm o status quo – ao estilo do príncipe Salina em O Leopardo, pregando a necessidade de modificar alguma coisa para que tudo fique como está. Uma alteração significativa entre judeus reformistas e conservadores, mas ainda numericamente restrita, tem sido a ordenação de mulheres como rabinas. Longe estão, para elas, os dias em que menstruação era sinônimo de impureza e afastamento. O ritual, porém, é o mesmo. Cada país, cada comunidade, faz as mudanças ao estilo local – onde senão na Califórnia e na costa leste dos EUA haveria tantas sinagogas GLS (gays, lésbicas e simpatizantes), ou, no marco caricatural, cãezinhos enfeitados com kipá? (e por que não, perguntam-se seus donos, já que os pets também usam sapatinhos, laçarotes, e cosméticos?). Ora, se naquele país as mulheres cristãs ostentam, no Natal, brincos com luzes pisca-pisca e colares em forma de pinheirinho, sobre suéteres com o rosto de Papai Noel, esse tipo de consumo pode ser tão indicativo de pertencimento quanto outro qualquer. Não há mais uma instância consagrada a impor limites entre o aceitável e o ridículo, entre o interno e o externo. Quem diz quem pode entrar na comunidade e quem deve sair dela? “Que lei do ventre impediria a sensação sublime de alguém se sentir judeu?” – pergunta Sztajnszrajber, contestando a norma de que judeu é tão somente o filho de mãe judia. Como não recordar a bíblica Rute, moabita que escolhe permanecer com a sogra após a morte do marido, tornando-se ancestral de ninguém menos que Davi? Judeu é todo aquele que aceita a Torá, pondera o rabino Neusner, lembrando que as definições já teriam deixado de fazer sentido, no debate secular contemporâneo, se não fosse a necessidade de responder, desde 1948, à pergunta “quem é judeu?” para atender à lei israelense, que concede automaticamente a cidadania a todo filho de mãe judia que a solicita. A participação grupal salva o indivíduo da solidão que a liberdade produz. Não é para acolher que também servem os grupos, sejam eles religiosos, políticos ou de auto-ajuda? O laicismo judaico, todavia, pode ser igualmente acolhedor ao não buscar a “verdade” produtora de ansiedade. Sobre isso, diz Darío Sztajnszrajber (8). “...Nascemos judeus e nossa tarefa é fazer algo com isso, mas fazer algo de fato, isto é, fazê-lo com liberdade absoluta. Poder duvidar, crer, renunciar, voltar, poder tomar o todo, uma parte ou simplesmente nada e no dia seguinte arrepender-se, ou não. Este novo laicismo focalizará em cada pessoa sua história particular. Alguns buscarão seu judaísmo através da Bíblia, mas outros o farão a partir da arte e outros a partir da comida, dos odores, das lembranças. Mas todos se saberão judeus. (...) Nascemos judeus sem saber por que e assim morreremos: sem respostas, embora no meio percorramos caminhos. E depende da nossa liberdade nesse percurso que a busca seja a mais plena possível. Todavia, que difícil é pensar em nós deste modo! Assumir que morreremos sem respostas! Aceitar que preferimos percorrer caminhos a chegar a algum lugar! Se compreendemos que ser laicos é, antes de tudo, desembaraçar-nos da verdade, a ansiedade metafísica se enfraquece. Ser ateu ou ser religioso implica certezas. Ser laico não implica, desarma...” E é dentro desse espírito desarmado que descrer de valores judaicos sempre idênticos a si mesmos não significa menosprezar as lições de humanismo e ética dos nossos maiores eruditos. Ao contrário. Uma história famosa sintetiza a prioridade da justiça e da vida - ou seja, da dignidade e da liberdade do outro - sobre o rito (é uma interpretação, entre outras possíveis): Um gentio apresentou-se ao sábio Shamai [adversário do sábio Hilel], dizendo-lhe: “Converte-me sob a condição de me ensinar a Torá enquanto eu estiver de pé sobre uma só perna”. Shamai, conhecido pelo rigor formal e o caráter impaciente, o expulsou com a régua que tinha nas mãos. Apresentou-se então o gentio diante de Hilel e fez o mesmo pedido. Hilel disse: “Não faças ao teu próximo o que não queres que te façam. Essa é toda a Torá; o resto é comentário. Agora vai e estuda.” (Tratado Shabat 30-B-31 A, no Talmud da Babilônia, citado por Jacob Neusner). A recomendação de Hilel – que vem do Levítico 19:17-18 (9) – não só retira o ser humano do centro de fatos absolutos mas afirma o valor do esforço: “vai e estuda” sugere que o aluno (e o judeu, nessa tradição, é sempre aluno, pois sempre há o que aprender) examine cada questão, grande ou pequena, pois só assim poderá enxergar os detalhes e ouvir as razões do interlocutor. Nada mais judaico e nada mais pós-judaico, então, que a abertura ao diálogo. 1 - www.yoktime.com – acesso em 15.03.2008 2 - Posjudaísmo – Debates sobre lo judío en el siglo XXI – organizador Darío Sztajnszrajber (Prometeo Libros, 2007) 3 - Modernidade e Ambivalência, Zygmunt Bauman (Jorge Zahar Editor, 1999) 4 - Introdução ao Judaísmo, Jacob Neusner (Editora Imago,2002). 5 - Judaísmo para o Século XXI, com Nilton Bonder (Editoria Jorge Zahar, 2001); ver também artigos do autor em 6 – Le Juif et l’Autre – Esther Benbassa e Jean-Christophe Attias (Le Relié, 2002) 7 – Le Juif et l’Autre – Esther Benbassa e Jean-Christophe Attias (Le Relié, 2002) 8 - Um Novo Laicismo, disponível em 9 – Bíblia Hebraica (Editora Sefer, 2006), tradução de David Gorodovits e Jairo Fridlin “Não odiarás a teu irmão em teu coração; repreenderás a teu companheiro, e não levarás sobre ti pecado” “Não te vingarás e nem guardarás ódio contra os filhos do teu povo, e amarás o teu próximo como a ti mesmo - Eu sou o Eterno!” (*) HELIETE VAITSMAN - jornalista e tradutora; autora de “Judeus da Leopoldina”; diretora do Museu Judaico do Rio de Janeiro e membro do movimento Amigos Brasileiros do PAZ AGORA)
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