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Atenção à Conferência que começa hoje em Washington

Este é um momento muito especial. Quem puder acompanhe, e nos traga mais notícias! Informe aos jornalistas que conhece, para que chegue às editorias da área Internacional nos nossos jornais e revistas!

De 26/2 (hoje) até 1/3 dar-se-á a 2ª Conferência Nacional (norte-americana) do J Street,sendo esperada a participação de 2000 pessoas.

J Street é o lobby das correntes judaicas norte-americanas que lutam para que o apoio da comunidade judaica norte-americana passe a se concentrar nos esforços de apoio à paz e ao fim da ocupação israelense sobre os territórios palestinos, e para que o governo dos Estados Unidos tenha papel mais assertivo nesse sentido, deixando de fazer concessões à direita que hoje dirige o governo de Israel.

Esse lobby vem crescendo e ganhando maior penetração nas comunidades judaicas norte-americanas. Esta 2ª Conferência tem por tema central “Dando Voz aos nossos Valores”. Seu significado e  representatividade podem ser vistos na lista das 31 organizações participantes (dos EUA e Israel), e dos 109 palestrantes já confirmados. Destacarei a seguir:

É esperada a participação de 2000 pessoas. Encontrei na lista de palestrantes nomes bem conhecidos:

  • Eric Alterman, do The Nation, o mais respeitado jornal progressista dos USA;
  • Robert Malley, membro da equipe de mediação norte-americana nos acordos de Taba (2001) e na iniciativa de Genebra (2005). Ver documentação detalhada sobre esses acordos no site dos Amigos Brasileiros do Paz Agora - http://www.pazagora.org/
  • Roger Cohen, colunista do New York Times, cujos artigos têm sido publicados aqui semanalmente pelo Estadão;
  • O embaixador da OLP nos Estados Unidos;
  • Diversos parlamentares norte-americanos e israelenses, rabinos e rabinas, professores de universidades israelenses e líderes comunitários;

Partes da conferência podem ser acompanhadas on line. http://conference.jstreet.org/. Se alguns de nós olharmos  o programa e escolhermos alguma atividade a ser acompanhada, podemos ter pequenas reportagens sobre diversas atividades. Que tal? Quem topar, pode registrar nos comentários a(s) atividade(s) que acompanhará, assim os outros saberão que vale a pena acompanhar outra atividade.

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SIONISMO É RACISMO?

Não, claro que não é. Da mesma forma que Islamismo não é terror nem sexo é promiscuidade nem dinheiro é necessariamente o produto da exploração do homem pelo homem.

O que sim é verdade é que existem sionistas racistas, e muçulmanos terroristas, e não poucos degenerados sexuais, e não menos capitalistas sem entranhas.

No saber e querer diferenciar a uns dos outros, os doentes de ódio dos sãos de espírito, os inimigos mortais dos amigos leais, é onde reside a principal qualidade que nos faz diferentes dos irracionais. Hitler e Torquemada, Mussolini e o Mufti al-Husseini, não o souberam nem o quiseram, e por isso nos legaram como herança a ignomínia das suas idéias, a sem-vergonhice dos seus atos, e bastantes páginas negras da nossa História escritas com o sangue inocente das suas vítimas.

Hoje e agora, as minorias fundamentalistas islâmicas, judias e cristãs, tropeçando de novo na mesma pedra, transitam por igual caminho em direção ao mesmo precipício.

O fundamentalismo islâmico, com os seus ataques suicidas, que além de matar judeus inocentes da forma mais covarde concebida pela mente humana, salpicam com esse sangue a honra e a imagem da sua própria religião, já que o nome de Alá fica irremediavelmente associado a essa barbárie cometida em seu nome.

O fundamentalismo judeu, organizado em seitas religiosas e gangues laicas, ao tentar impor suas loucas idéias de um deus vingativo e exclusivo, e de um Grande Israel Bíblico do ponto de vista territorial, ao qual o povo judeu renunciou expressamente ao assinar a partição da Palestina, usando para tal fim não apenas o discurso ou a propaganda, mas as armas e o assassinato dos líderes do Estado de Israel (começaram com Rabin).

O fundamentalismo cristão, incitando ao ódio às outras religiões e apoiando e aplaudindo a tortura dos inimigos de seu deus todo-poderoso, transformando o conflito numa guerra santa contra o Islã, e o exército dos Estados Unidos em Soldados do Cristianismo (por analogia, os novos cruzados).

Compete a todos os que não nos deixamos arrastar por slogans pré-fabricados ou por medos manipulados pelos porta-vozes do além, enfrentar-nos a esse tudo ou nada que eles propõem, construindo uma estrada transitável que conduza à concórdia e não ao cemitério; a bom porto e não ao naufrágio da esperança.

Visto isso, só resta então formular a pergunta do milhão: afinal, o que é sionismo?...

A minha modesta resposta a esse enorme interrogante começa no início do túnel do tempo, quando o povo judeu abandonou a terra prometida por razões alheias à sua vontade (ou sumir ou sucumbir).

Durante milênios então, o sionismo hibernou no útero de uma frase simples, representando apenas a verbalização de um desejo irreprimível, um sonho condensado em poucas e premonitórias palavras: no ano que vem em Jerusalém (be shaná haba’á birushaláim, em hebraico).

E assim o sionismo, que nem mesmo sabia que esse era o seu verdadeiro nome, vivia e sobrevivia em estado latente dentro dessa simples frase que foi passando de geração em geração, de boca em boca, de coração a coração, até um dia qualquer do um ano qualquer do século XIX, em que alguns judeus decodificaram a vontade de grande parte da diáspora de voltar para casa, considerando que havia chegado a hora de traduzir a mensagem genética contida na pequena frase herdada, à linguagem dos fatos, propondo táticas e estratégias que permitissem transformar o exílio imposto em retorno; a prece milenar em pátria.

E foi assim que esse sionismo ganhou nome próprio, sobrenome comum e um projeto de viabilização, começando então a construção de uma ponte que unisse o sonho herdado à realidade possível.

Era o começo do fim do desarraigamento para todos aqueles que assim o quisessem, ainda que as resistências não fossem poucas nem banais, já que a maioria do Establishment religioso se opunha (e ainda o faz depois de tantos anos de independência) esgrimindo argumentos paridos na diáspora, sem qualquer relação com os livros sagrados, segundo os quais o retorno só será permitido com a chegada do Messias.

Essa foi a razão pela qual o Sionismo pioneiro foi fundamentalmente laico, e ainda o é, apesar de ter deixado de ser um projeto virtual para transformar-se no Estado de Israel real. Não o Israel maximalista dos fundamentalistas, mas sim o Israel possível dos realistas.

Indivíduos primeiro e grupos depois, foram pouco a pouco desembarcando do navio do tempo nos portos da velha pátria, e iniciaram a empreitada, plantando famílias no deserto e nas cidades; secando pântanos e sobre eles implantando produtivas fazendas coletivas; erigindo escolas para todos os alunos, hospitais para todos os doentes e prisões para todos os criminosos.

Isso é sionismo: o puro e simples direito de reconstruir a casa nacional sobre parte do território primitivo e nela acolher a todos os que desejarem fazer a viagem de volta (as fronteiras – não o esqueçamos - foram democraticamente aceitas pelos representantes do povo de Israel, renunciando a qualquer reivindicação de territórios fora dos limites aprovados).

Hoje, entretanto, constatamos com pesar e temor, que no corpo do Estado de Israel crescem e se multiplicam pequenos tumores malignos cujas metástases comprometem seriamente a saúde do país. É o tal do hiper-sionismo ou mega-sionismo, inspirado no fundamentalismo religioso radical, aliado a uma visão fundamentalista laica de extrema-direita, de ignorar todo o trabalho feito para a construção do Estado de Israel, das suas leis, das suas fronteiras, das assinaturas nos acordos internacionais, do respeito aos direitos humanos de todos os humanos, com a malsã intenção de implantar a pátria bíblica dos contos de fadas, tanto no que respeita à sua dimensão territorial (expulsando a milhões de palestinos de suas terras e anexando-as) quanto à imposição de um Estado clerical ao estilo das repúblicas islâmicas mais retrógradas. E isso – que não caiba nenhuma dúvida ao respeito - não é sionismo. Isso é pura e simplesmente anti-sionismo, e deve ser combatido por todos aqueles que vêm no Estado de Israel (e não na terra de Israel) a tradução fidedigna do sonho gerado e gestado pelo povo judeu ao longo dos séculos no seu caminhar diaspórico.

O sionismo é um direito e não um dever, e o Estado de Israel é o fecho de ouro dessa travessia de ida e volta do povo judeu.

Bruno Kampel, Suécia

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um plebiscito mortal

Um Plebiscito Mortal

Sérgio e Angela estão levando uma conversa interessante na qual resolvi me intrometer. Vi que a Ângela anda lendo o KUZARI a quem chama de sionista ( isto no sec. XI?). Aí achei que seria interessante relembrar como a conversa com o rei Kazar foi retomada centenas de anos depois pelo grande sábio israelense Yeshaaiau Leibowitz.

O seu artigo de 1953/4 “Depois de Kivia” ( Leahar Kivia) foi escrito após a destruição da aldeia de Kivia por um grupo de soldados do Tzahal chefiados por Ariel Sharon. Eles foram enviados para a Jordania numa ação de retaliação a um ataque terrorista que causou algumas mortes em israel. Foi depois desta ação que despertou uma crise internacional que Yeshaaiau publicou o artigo desencadeando uma intenso discussão em Israel.

Chocado com acontecimento onde foram mortos crianças,velhos e mulheres,os assassinos tinham fugdo da aldeia, o sábio relembrou em seu desabafo aquilo que o rei Kazar respondeu ao protagonista judeu do debate medieval cirtado pela Angela. O personagem que encarna o sábio Judeu ( Pag 93 e 94 da edição da Sefer) afirma que a proximidade com Deus deve ser aquilatada “com base em nosso estado de degradação,mais do que tivéssemos logrado grandeza neste mundo”. Embora a tradução brasileira seja meio truncada, Yeshaaiu nos ensina em hebraico o sentido da resposta dada pelo Kuzari e de quebra permite entender melhor o original medieval.

Na mesma medida em que Halevi enaltece o sofrimento judaico e o dá como mérito da proximidade a Deus e não aos valores de força e poder, o próprio autor coloca na boca do Kuzari uma resposta instigante. Vejamos como Halevi debate com o seu próprio argumento enaltecedor.

"Isto seria correto se vocês aceitassem este estado de miséria de livre vontade. No entanto este não é o caso: se pudessem destruir os seus inimigos, seguramente o fariam" Ou seja, enquanto povo dominado e “fora da historia”, um povo meta-histórico como ensinou Franz Rozenzwieg, os judeus viviam em uma encubadeira sem poderem testar o seu poder de dominar e destruir. Foi quando saímos desta situação privilegiada é que nos vimos sem o conforto da falta de liberdade que permitia orgulhar-se dos valores da própria tradição. Como hoje continuamos fazendo.

Com a entrada na história as coisas tomaram outro rumo nos transformando em testemunhas de que Halevi/Kuzari tinha uma visão sofisticada da realidade psicológica do ser humano.

Hoje, dia 5/6 de setembro, em Israel o Rabino Ovadia chefe da comunidade Sefaradi e influente líder político, aquele que disse que os seis milhões de mortos da Shoá tinham almas de pecadores reencarnadas em seus corpos, ele esta sendo o foco de um novo debate racista. O Rav declarou dias atrás em sua sinagoga, arrancando gritos de exaltação e améns fervorosos em profusão, que o povo palestino a quem chamou de “ismaelitas” deveria morrer em sua totalidade por obra e graça dos poderes de Elohim.

Tomando ao pé da letra este pedido vindo de uma figura tão venerada por sua sapiencia e religiosidade, podemos considerar que dentro de poucos dias os judeus participarão sem o saber de um enorme plebiscito ao longo de suas orações: deve ou não Hashem Itbarach destruir o povo palestino em sua totalidade bemeherá beiamenu?

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