judeu (2)

O Significado dos Iamim Noraim

O significado

 

Judaísmo não inventou nada, tanto quanto ele descobriu, ângulos, perspectivas, não necessariamente o que os outros viam.

 

É por isso que na linguagem religiosa a palavra usada para descrever este fenômeno é "revelação". Algo que está lá é revelado. O que é revelado é que é o ser humano e como funciona a vida.

 

A partir daí, com base no conhecimento adquirido, o passo seguinte foi conceber comportamentos como agir na vida em tanto que ser humano.

 

O ser humano, ou, se preferir, a natureza humana, no entanto, não é estática, imutável. A través do conhecimento adquirido como resultado de sua interação com o resto do mundo a humanidade muda. Que religião chama "revelações" são constantes.

 

A "revelação" é sempre parcial; lança luz sobre o momento, talvez até um pouco sobre o futuro. A revelação, no entanto, nunca é completa. Há sempre algo que ainda está para ser descoberto, ser revelado..

 

O Talmud conta a história de Moisés, que estava sentado em uma sessão de estudo com o rabino Akiva, (um dos professores mais importantes do judaísmo que viveu mais de mil anos depois dele). Moisés não entendia uma palavra do que ele estava dizendo. Seu único consolo veio quando um aluno perguntou o rabino Akiva: "Mestre, qual é a origem dessa decisão" Ele disse: "É uma lei dada a Moisés no Sinai."

 

O entendimento é que o conhecimento humano é cumulativo. Cada geração é no ombro daquela que o precedeu. Embora dependente da anterior para se sentar em seus ombros, ganhou agora uma nova perspectiva. Ela vê algo que as gerações anteriores forçosamente, não podiam ver.

 

Uma geração que não produz uma nova descoberta que não "cria" algo novo, empobrece o mundo. Certamente ele não atende o principal compromisso do judaísmo: "continuação da obra da criação."

 

Não é só trazendo mais filhos ao mundo que o mundo é criado, mas ajudando-os a compreender como pensar.

 

Os judeus estão constantemente descobrindo como fazer as coisas que não foram feitas antes, e melhorando aquelas que já foram feitas. Desde o início eles são ensinados a ser curioso e assumir riscos.

 

Sem dúvida não é fácil tomar esta atitude na vida. Há muitos erros, talvez mais do que realizações. No entanto, esta é a forma como um judeu é ensinado a pensar, porque, quando as realizações ocorrem geralmente são incomparável em sua magnitude e importância.

 

Esta disposição na vida requer um caractere especial. Alguns chamam isso ser de "dura cerviz" outros "arrogância". É a convicção de que este povo não foi escolhido para ser permitido o luxo de ficar fora das coisas.

 

Há uma maneira judaica de pensar. Há uma forma de ser judeu. É exigente, é difícil, mas também gratificante, pois permite que esses picos onde o judeu olha para trás e um pouco para a frente permite ele dizer que houve uma razão que ele vim a este mundo ... e ele realizo.

 

Perceber a razão da nossa existência temporária no mundo é a fonte do sentimento de realização individual.

 

Rosh Hashaná, Yom Kippur e os dias no meio, apresentam uma oportunidade para rever e refletir sobre os erros e as realizações. Eles também são uma fonte de inspiração para encontrar essas ações que fazem nos humanos.

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ROSH HASHANÁ

Apesar do tempo, que é cruel e não descansa; da distância que é enorme e sempre aumenta; e da incomunicação, que é patente como o silêncio mais gritante, sobra intato o vínculo intangível dos laços emocionais que viajam pelo espaço como o eco, encurtando as distâncias em vôo rasante, já que uma afinidade indestrutível impede que as circunstâncias cortem e devorem o cordão umbilical eletrônico que nos mantém vivos dentro deste imenso útero cibernético.

Ainda que não sejamos muito amigos das datas históricas nem dos festejos pátrios ou comemorações religiosas, podemos constatar que esses referentes muitas vezes servem para reunir as famílias fraturadas pelo passo inexorável do tempo; para reatar laços de amizade desamarrados pelas mãos inclementes da distância; para juntar os cacos do que alguma vez fora um todo harmônico; para o reencontro de emoções perdidas; para aproximar amigos afastados, tios zangados, pais esquecidos, filhos rebeldes, irmãos incomunicados, que não por essas circunstâncias são menos queridos; ou para reviver lembranças dos que já não estão conosco, que não por pertencerem ao passado estão menos presentes.

Ainda que neste mundo cada vez mais virtualizado e globalizado e desumanizado pouco ou nada nos conheçamos, e nos faltem as palavras adequadas para dignificar e traduzir com exatidão os nossos sinceros desejos de felicidade, não devemos deixar passar esta oportunidade de reincidir, e abusando dos chips, dos megabites, de seus robustos filhos os kilobites, e de seus netinhos os pequenos bites, redigir umas poucas linhas tortas como estas, através das quais transmitir os nossos votos profundos e sinceros de que o novo ano que agora toca a campainha da porta da nossa vida traga tranqüilidade e paz interior para todos.

Rosh Hashaná, para os judeus crentes ou menos, para os judeus ateus ou mais, é uma data cuja simbologia contém uma enorme carga de significados, e é de se esperar e desejar que eles sirvam para que cada um de nós possa encontrar as respostas que nos ajudem a crescer sempre, a melhorar mais, a conviver melhor, e a colher os frutos de nossa lavoura


É hora de terminar esta mensagem...

...olhando pela janela o agonizar de muitas coisas: das horas que morrem, do dia que sucumbe, do ano que murcha, e respeitando a simetria da vida - na mesma janela e com os mesmos olhos - contemplando o desabrochar de tantas outras: das horas que nascem, do dia que emerge, do novo ano que assume o poder, e da esperança que ressuscita; sim, essa esperança insistente e persistente que não se rende, apesar de ter motivos de sobra para não desejar continuar vivendo.


Feliz ano novo! Shaná tová umetuká!

Bruno Kampel, Suécia

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