Parte VIII

A história da humanidade tem muitas desgraças e uma delas foi a Inquisição, na qual em nome de Iehoshua, a igreja romana e os reis da Espanha, Fernando e Isabel de Castela puseram em prática um terrível esquema de perseguição e morte aos judeus de Portugal e Espanha, cujo objetivo direto foi o enriquecimento dos reis e da igreja romana. A definição de heresia dependia da vontade da igreja romana e chacinar o inimigo foi a solução final encontrada por ela para lidar com aqueles que discordassem de suas doutrinas espúrias, fossem eles judeus, filósofos ou os reformadores protestantes. Onde podemos encontrar indícios para tentar compreender a Inquisição, esta tamanha monstruosidade da igreja romana? Estudando a passagem dos Evangelhos de Marcos 9,33-42 e Lucas 9,46-50, observamos que em um determinado momento em que Iehoshua ensinava João, um dos seus discípulos, o interrompe narrando que tinha observado um homem expelir demônios em nome dele, Iehoshua, e que ele juntamente com os seus companheiros proibiram tal homem de exorcizar porque simplesmente não os acompanhavam em suas caminhadas. Então, Iehoshua de Nazaré advertiu a João respondendo que este tipo de proibição não se deveria fazer, pois quem não fosse contra eles era a favor deles. Estas passagens dos Evangelhos de Lucas e Marcos são incríveis, pois, em particular afirmam que mesmo que uma pessoa não acompanhe Iehoshua de Nazaré e os seus discípulos, mas ensine e expulse demônios em nome dele, Iehoshua, não deveria ser molestada. O mais incrível ainda é que na Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª a passagem referida do Evangelho de Marcos está intitulada de Humildade. Inveja.

Escândalo
, e no Evangelho de Lucas esta passagem está intitulada Lição de Humildade e Tolerância. No entanto, aqueles que discordavam das doutrinas da igreja romana sofriam as terríveis punições da Inquisição. Estudando outra passagem do Evangelho de Lucas 9,51-56, observamos que certa vez, Iehoshua de Nazaré enviou mensageiros os quais entraram em uma povoação de samaritanos para que eles pudessem conseguir uma pousada. Os samaritanos resolveram negar tal pedido, pois eles observaram que os discípulos de Iehoshua estavam a caminho de Jerusalém. Os discípulos Tiago e João, aborrecidos pelo fato dos samaritanos terem negado estadia para eles, perguntaram a Iehoshua de Nazaré se ele desejaria que eles mandassem descer fogo do céu e consumissem os samaritanos. Neste momento, Iehoshua ficou horrorizado e repreendeu-os severamente dizendo que Tiago e João não sabiam de que espírito eles eram animados.

Em seguida, afirmou que ele não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. Esta passagem do Evangelho de Lucas também é incrível, pois afirma que Iehoshua não pede que ninguém seja morto pelo fato de alguém negar uma simples hospedagem a ele e aos seus discípulos. Porém, algumas contradições nos ensinamentos de Iehoshua podem ser observadas nas passagens do Evangelho de Mateus 25,1-30, mais especificamente no versículo 30 e no Evangelho de Lucas 19,11-28. Na passagem de Mateus 25,1-30 Iehoshua de Nazaré ensina, através de algumas parábolas, a que será semelhante o reino dos céus. Em particular, na passagem que relata a Parábola dos Talentos, Iehoshua ensina que o reino dos céus será semelhante a um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. Nesta parábola, Iehoshua prossegue ensinando que tal homem ao confiar seus bens aos seus servos confiou-lhes determinada quantidade de talentos segundo a capacidade de cada servo, e que muito tempo depois, o senhor daqueles servos retornou para pedir-lhes contas. Quando os servos daquele senhor começaram a prestar contas ao seu senhor, cada um deles, segundo a sua capacidade, foi recompensado. Porém, o último dos servos se desculpou devolvendo ao seu senhor a moeda de um talento que tinha recebido. O senhor, então, julgou este servo como sendo mal preguiçoso e inútil, e que o mesmo deveria ser jogado nas trevas exteriores, afirmando que neste lugar haverá choro e ranger de dentes. Nesta parábola, podemos observar que o senhor mencionado trata-se do Eterno e os servos somos cada um nós e toda a humanidade. Os talentos são os bens, os recursos, os dons e as qualidades que o Eterno outorgou a cada um de nós desde o dia em que nascemos para serem empregados em benefício próprio e de nossos semelhantes. O tempo concedido para pôr em prática todas estas qualidades é o tempo da existência terrena. A distribuição dos talentos em quantidades desiguais, ao contrário do que possa parecer, nada tem de arbitrária e nem de injusta, pois os que recebem cinco talentos são os que têm mais experiência, os que recebem dois, são destinados a tarefas mais restritas, de âmbito familiar; e os que apenas recebem um talento não têm outra responsabilidade senão a de promoverem o progresso espiritual de si mesmos, mediante a aquisição de virtudes que lhes faltam. A exigência para o servo que recebeu cinco talentos foi de outros cinco talentos, a exigência para o servo que recebeu dois talentos foi de mais dois talentos e a exigência para o servo que recebeu apenas um talento foi de apenas um talento. Os servos que fizeram com que os talentos se multiplicassem representam os homens que sabem cumprir a Torá, empregando bem a fortuna, a cultura, o poder, a saúde e os dons recebidos. O servo que deixou improdutivo o talento, desprezando a incumbência do que lhe fora exigido, simboliza os homens que perdem as oportunidades oferecidas pelo Eterno para a sua elevação espiritual e dos demais, oportunidades estas que lhes chegam através de uma enfermidade suportada com paciência, de um grande aborrecimento sofrido sem desespero, de um filho rebelde que precisou ser tratado com especial atenção e carinho, de uma injustiça que foi sabiamente tolerada sem revolta, de um inimigo gratuito cuja traição foi suportada com ânimo, de uma condição adversa a ser superada com esforço e perseverança, etc. O terceiro servo é aplicado aos homens, que, para encobrirem suas faltas ou justificarem suas fraquezas, não hesitam em atribuir aos outros os seus fracassos. Este é o caso do servo que não se esforça para acrescentar algo ao que recebeu da misericórdia divina.

Devemos aproveitar nossos dons e talentos, pois se o Eterno nos deu algum talento é para aproveitarmos ao máximo. Não devemos esperar que o Eterno venha a nos cobrar a falta de uso de nossos talentos que deveriam ser aplicados em benefício nosso e do nosso próximo. Na realidade, o ensinamento contido na Parábola dos Talentos, narrada nos Evangelhos de Mateus 25,14-30 e de Lucas 19,11-28 não é da autoria de Iehoshua, pois este ensinamento está contido no Talmud muito antes do aparecimento dele, e também aparece repetidas vezes no Talmud sob diversas formas. Uma das variantes deste ensinamento talmúdico é que se alguém tem a oportunidade de saborear uma simples fruta e recusa-se a fazê-lo, deverá prestar contas por isto no Mundo Vindouro. Outra variante deste ensinamento está contido em um dos tratados mais conhecidos do Talmud, o Pirkê Avot do Rabi Eliezer. Nesta obra consta um ensinamento do Rabi Iaacóv, no Capítulo 4 - Mishná 16, o qual afirma que este mundo é como uma preparação para o Mundo Vindouroe que, portanto, devemos nos preparar para sermos participantes dele. Portanto, devemos refletir sobre os nossos talentos e não deixemos nenhum deles de lado. Assim, uma das preparações que o judeu que está retornando deve fazer para o Mundo Vindouro é retornar ao Judaísmo. Uma variante da parábola citada acima está contida no Evangelho de Lucas 19,11-28, a qual está intitulada Parábola do dinheiro emprestado. Porém, nesta parábola, mais especificamente no versículo 27, Iehoshua afirma que quem o odiasse e não desejasse reconhecê-lo como rei deveria ser posto em sua presença e massacrado. Nesta passagem está afirmada a maior intimidação e ameaça proferida por Iehoshua de Nazaré em todo o Evangelho. Ao que parece os decretos, anátemas, perseguições e assassinatos executados pela igreja romana foram baseados neste maldito versículo. Talvez tenha sido também através deste maldito versículo que nós, judeus, agora conseguimos responder a pergunta acima: Onde podemos encontrar indícios para tentar compreender a Inquisição, esta tamanha monstruosidade da igreja romana? O Mashiach que estamos esperando, segundo as Escrituras Hebraicas, não vem para nos ameaçar e nem para nos massacrar. Não entendemos a hipocrisia do versículo do Evangelho de Mateus 19,27 diante de uma outra passagem também do Evangelho de Mateus 11,25-30. Nesta passagem, mais especificamente nos versículos 28-30, podemos observar que Iehoshua anunciou aos seus seguidores que eles tomassem o seu jugo e recebessem a sua doutrina porque ele era manso e humilde de coração e que, desta forma, eles conseguiriam repouso para as suas almas, pois o jugo dele era suave e o seu peso era leve. Ora, se Iehoshua de Nazaré afirma anteriormente que ele é manso e humilde de coração, como, então, encontrar mansidão e humildade nele ao exigir que, caso não seja aceito como rei por outras pessoas, estas deveriam ser massacradas, como consta no Evangelho de Lucas 19,27? Onde está, então, a tolerância, a lição de humildade, a tendência em admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferenciam as pessoas umas das outras? Neste caso, os muçulmanos, os budistas, os hinduístas, os confucionistas, etc, deverão também ser massacrados, pois os fiéis destas religiões nunca aceitaram Iehoshua de Nazaré como rei. Para reforçar ainda mais a questão da suposta mansidão e humildade de Iehoshua de Nazaré, vamos examinarar as passagens dos Evangelhos de Mateus 26,47-56 e Lucas 22,36-38. O leitor deve notar que a passagem referida do Evangelho de Mateus é narrada durante a prisão de Iehoshua de Nazaré. Nesta passagem Judas denuncia Iehoshua de Nazaré com um beijo e, assim, entrega-o às pessoas que compunham a multidão que fora enviada pelo príncipe dos sacerdotes e anciãos do povo. Em particular, perguntamos aqui qual a necessidade de tal beijo, para que Iehoshua de Nazaré fosse reconhecido, se o mesmo já era uma pessoa conhecida do público? Mais adiante nos versículos 50 e 51 as pessoas que compunham a multidão investem contra Iehoshua de Nazaré, mas um dos seus companheiros desembainha a espada e decepa a orelha de um servo do sumo-sacerdote. Então, Iehoshua de Nazaré diz:
Jesus, no entanto, lhe disse: "Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão. Crês tu que não posso invocar meu Pai e ele não me enviaria imediatamente mais de doze legiões de anjos? Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais é preciso que seja assim?" (Mateus 26,52-54)


Perguntamos aqui quantas vezes a igreja romana desembainhou a espada sem fornecer satisfações a alguém? Por acaso a igreja romana morreu, conforme as palavras de Iehoshua de Nazaré acima? Não. Continuou ao longo dos séculos, não só desembainhando a espada como também usando lanças. Um exemplo de tal comportamento foi o do Papa Nicolau V, Tomaso Parentucelli (1447-1455), que no ano de 1447 autorizou o rei de Portugal a guerrear contra os povos africanos, tomar suas terras e fazer escravos. Este governador religioso disse certa vez que era tudo em todos, que a vontade dele é a que deveria prevalecer, e que Iehoshua de Nazaré mandou Pedro embainhar a espada mas ele mandava desembainhar. Perguntamos também aqui, em que passagens das Escrituras Hebraicas está narrado a prisão do Mashiach? Na passagem do Evangelho de Lucas 22,36-38 está narrado, com algumas diferenças, o mesmo acontecimento. O leitor deve notar que a passagem referida do Evangelho de Lucas é narrada pouco antes da prisão de Iehoshua de Nazaré. Nesta passagem, Iehoshua de Nazaré, entre outras recomendações, pede aos seus discípulos que cada um deles venda a sua capa de vestir para comprar uma espada, acrescentando que isto deveria acontecer para que se cumprisse o que foi predito pelo Profeta Isaías:
Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados (Isaías 53,12)


Neste momento, alguns dos discípulos replicou mostrando que possuía duas espadas, ao que Iehoshua de Nazaré respondeu com um simples basta. Ora, se nesta passagem de Isaías está escrito que porque ele próprio deu sua vida por que, então, Iehoshua de Nazaré pede para que os seus discípulos comprem uma espada? Este dar que aparece em Isaías é condicional ou incondicional? A espada não seria, então, para lutar? Então, como fica a expressão e deixou-se colocar entre os criminosos? Alguém que precise interceder pelos culpados faria um pedido para que se comprassem espadas? Na passagem do Evangelho de Lucas 22,38 os discípulos de Iehoshua de Nazaré, conforme escrito acima retrucaram mostrando duas espadas. Alguns apologistas cristãos interpretam esta passagem afirmando que as duas espadas são os poderes material e espiritual, mas observando mais adiante no Evangelho de Lucas 22,47-51, os discípulos de Iehoshua de Nazaré perguntaram-no se eles deveriam atacar a multidão com as espadas. Como então, entender aqui as duas espadas como sendo os poderes material e espiritual? Em uma nota de rodapé da Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª - Página 1379 está escrito:
Basta: isto pode significar: é suficiente, ou então um movimento de humor com respeito aos discípulos: Basta disso (falemos de outra coisa)


Como esta passagem pode se referir a um tom de humor por parte de Iehoshua de Nazaré se, ao não esperar a resposta dele próprio, um dos seus discípulos, como narrado no versículo 50, tomou de sua espada e decepou a orelha direita do príncipe dos sacerdotes, e não do servo do sumo-sacerdote como narrado em Mateus 26,51? Este humor é incompreensível. Imediatamente, Iehoshua de Nazaré interveio retendo o tal discípulo pedindo para deixá-lo, e realizou uma cura na orelha do príncipe dos sacerdotes. Por quê? Será que Iehoshua de Nazaré estava com medo da multidão, já que eram muitas pessoas, e, desta forma, precisou reter o discípulo que tinha decepado a orelha do príncipe dos sacerdotes? O mais engraçado disto tudo é que alguns cristãos discordam até das notas de rodapé das próprias bíblias. Por exemplo, o presidente da Associação Cultural Montfort (http://www.montfort.org.br/), Orlando Fedeli, doutor em História pela Universidade de São Paulo, em resposta a um visitante do site de sua associação, afirma que o conteúdo das explicações escritas em notas de rodapé de muitas bíblias católicas são completamente gagá.
(http://www.montfort.org.br/perguntas/espada.html)


Segundo ele, os comentaristas destas bíblias demonstram que não são capazes de engolir espadas, que não admitem que Pedro possuía uma espada, e que Iehoshua não mandou que Pedro rejeitasse esta arma, mas pelo contrário, mandou que Pedro a guardasse, para utilizá-la , mais tarde, quando fosse o representante dele na Terra, exercendo a sua autoridade. O senhor Orlando Fedeli, baseado nos escritos dos Evangelhos,
também comentou que Iehoshua de Nazaré não mandou que o centurião romano, que era um soldado por profissão, deixasse a vida militar, a qual exigia usar a espada. Ele também afirmou que Iehoshua de Nazaré jamais proibiu que alguém fosse soldado. Por último, salientou que estas frases de Iehoshua de Nazaré doem nos pacifistas e que condenam a guerra, por princípio, que a guerra é um mal comparada com a paz, mas comparada com a injustiça, a guerra defensiva é legítima. Não foi exatamente isto que aconteceu ao longo deste dois mil anos de Era da Graça? De acordo com o que o senhor Orlando Fedeli afirmou, quantas vezes a espada foi desembainhada pela igreja romana para assassinar aqueles que pensavam diferente dela? Mais uma vez devemos nos lembrar do comportamento do Papa Nicolau V, Tomaso Parentucelli (1447-1455), que no ano de 1447 autorizou o rei de Portugal a guerrear contra os povos africanos, tomar suas terras e fazer escravos e ainda salientou que era tudo em todos, que a vontade dele é a que deveria prevalecer, e que se Iehoshua de Nazaré mandou Pedro embainhar a espada, ele mandava desembainhar. Desta forma, torna-se claro a violência da Inquisição. As discordâncias com relação ao papado e ao poder atribuído aos papas foi uma das causas que levaram à ocorrência de diversos cismas na igreja romana. O próprio Papa João Paulo II admitiu, antes da abertura do conclave, que a primazia papal tem sido um empecilho significativo em sua tentativa de aprimorar as relações com as outras igrejas cristãs, principalmente com os ortodoxos, que, segundo ele, se apartaram dos católicos desde o cisma do ano de 1054. O leitor poderá estudar este assunto na obra, em dois volumes, do teólogo e historiador católico Johann Joseph Ignaz von Döllinger, O Papa e o Concílio - Tradução e Introdução de Rui Barbosa - Editora Leopoldo Machado - Primeira Edição - Londrina (2002), a qual foi escrita no ano de 1869. De tendência episcopalista, Döllinger revelou-se contrário ao absolutismo papal, pois a sua atuação entrou em choque frontal com a igreja romana, fato que acabou acarretando a sua excomunhão, ocorrida no ano de 1871. A existência do Estado Pontifício, o Syllabus de 1864, a Teologia Neo-Escolástica, o Dogma da Imaculada Conceição e o Dogma da Infabilidade Papal são os temas que Von Dölinger aborda em sua obra, a qual assinou com o pseudônimo de Janus. Mais tarde, no ano de 1877, esta obra começou a ser traduzida para a língua portuguesa pelo escritor Rui Barbosa. Outra obra que pode engrandecer os conhecimentos do leitor é Vicars of Christ - The Dark Side of the Papacy - Crown Publishing Group - New York (1988) ISBN: 0517570270, da autoria do historiador e padre católico, Peter de Rosa.


Hoje, a maioria dos cristãos ainda não possuem noção do barbarismo e das torturas às quais foram submetidos os judeus de Portugal e da Espanha. Toda a população foi consumida pelo medo. Uma batida na porta de suas casas no meio da noite, poderia significar o início de uma morte lenta e torturante nas mãos dos inquisidores. A morte na fogueira era um espetáculo público, denominado Autos da Fé. Porém antes de serem queimadas em público, as pessoas eram torturadas privadamente. Para a tortura, em toda a Europa sabia-se que o papa possuía os melhores profissionais, que podiam obter confissões por meio de técnicas hábeis e criativas, para as quais foram inventados inclusive instrumentos próprios como a Virgem de Nuremberg, por exemplo. As pessoas cultas eram submetidas a torturas especiais como as de furar os olhos para que não mais pudessem estudar. Durante a Idade Média (anos 500 a 1700), o papado eliminou em torno de 50 milhões de pessoas, uma média de 40 mil por ano, por não se submeterem a ele.
O jugo de Roma era pesado e muito longe estava o jugo suave prometido por Iehoshua de Nazaré, se é que ele prometeu. Para qualquer um cristão ou não cristão, que conheça o Novo Testamento, as atitudes e os atos criminosos executados pela igreja romana durante a inquisição, diante do que foi narrado, estão, em alguns pontos discutidos acima, relacionados aos ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, de fato. Portanto, em que pensava Roma quando aliou-se aos reis católicos da Espanha os quais decretaram a Inquisição? Em que se baseavam? Fica a pergunta. Na época, os reis da Espanha assinaram um documento dizendo que seus atos a respeito dos judeus eram uma solicitação do Criador e eles apenas foram encarregados de executá-los. Hoje, está parado no Vaticano um projeto para canonização de Isabel de Castela, maldito seja o seu nome, quem iniciou a Inquisição na Espanha. O autor do projeto é um religioso espanhol que alega ter sido Isabel uma rainha a frente de seu tempo, uma mulher de visão além de católica fervorosa. Será que a igreja romana mudou? Não. O período da Inquisição foi um período negro na história da humanidade. Muitos povos, muitos grupos, muitas nações se enchem de orgulho e júbilo quando falam do seu passado. A igreja romana não tem do que se alegrar. O clímax da imoralidade papal deu-se no período de 1378 a 1417, durante o qual houve mais de um papa ao mesmo tempo. Como exemplo, a França e seus aliados obedeciam ao Papa de Avignon, enquanto a Alemanha, a Itália e a Inglaterra obedeciam ao papa de Roma. Recuso-me a chamar a Inquisição de Santo Ofício ou de Santa Inquisição, pois este tenebroso acontecimento só poderia ser chamado de santo se tivesse sido inspirado pelo Eterno ou a Seu serviço. O paradoxo é que este crime contra a humanidade foi urdido no seio de uma igreja que se declarou infalível e dona da verdade. As Cruzadas e a Inquisição mataram mais do que o nazismo na Segunda Guerra Mundial, na qual morreram seis milhões de judeus. Os massacres em nome de um deus pagão vitimaram um número bem superior de pessoas classificadas de hereges, acusadas de desenvolverem uma fé contrária à da igreja romana, de não aceitarem a infalível autoridade papal e de combaterem, ousadamente, a imoralidade, a ganância e a corrupção no clero romano. Não se tem notícia até hoje de que os assassinos do período inquisidor tenham se submetido a um tribunal internacional para responder pelos seus crimes. Um ou outro papa foi preso e condenado, como no caso do Papa João XXIII, Baldassare Cossa (1410-1415), julgado e condenado pelo Concílio de Constança por 54 crimes da pior espécie. A História condena a todos, mas a justiça maior virá do Eterno, Bendito Seja. O que relatamos neste estudo representa apenas uma pequena parcela do que realmente foi a diabólica Inquisição e o que ela representou para toda a humanidade e para os judeus. Os representantes papais nunca agiram sozinhos. A igreja romana estava atrelada de tal forma aos imperadores e reis que, por vezes, não se sabia o que pesava mais em um massacre: se o motivo religioso, em que Roma defendia seus interesses, ou o político, sob a manobra dos governantes. O certo é que a parceria Igreja-Estado fabricou mais uma arma mortífera, a Inquisição. Os sanguinários inquisidores tentaram purificar a intitulada fé católica matando os que ela intitulou de hereges e, bem mais tarde, o sanguinário Adolf Hitler tentou purificar a tal raça ariana exterminando o povo judeu. Uma pergunta que devemos fazer é a seguinte: A igreja romana foi realmente guiada desde sua instituição, pelo Eterno? Se a resposta for negativa, então a criação da Inquisição também está plenamente justificada. Se positiva a resposta, isto é, se aceitarmos a versão de que o Eterno guiou esta igreja desde o seu nascimento, teremos que fazer outra indagação: O Eterno justificou estes homens sanguinários para dirigirem igrejas para que estas substituíssem as sinagogas? Para justificar os crimes cometidos pelos inquisidores, a igreja romana põe a culpa no diabo. Por mais que desejemos fazer reflexões com serenidade, não conseguimos conter nossa perplexidade diante de tantos desatinos promovidos por homens que se intitulavam, Vigários de Cristo e Infalíveis. Os crimes cometidos em nome da fé católica, quer nas Cruzadas, quer durante a Inquisição, foram crimes inqualificáveis, crimes contra a humanidade, e como tal devem ser lembrados por todos os séculos. Muitos cristãos tentam se defender ainda hoje diante dos fatos durante o tempo inquisidor argumentando que a igreja é formada por homens e que os homens erram. Mas na realidade, os homens erram desde Adão. Portanto, o problema não são os erros dos homens, mas sim o sistema religioso falso e hipócrita, as contradições do Novo Testamento, as retóricas muito utilizadas pelos filósofos gregos e etc. Eis aí apenas um esboço do que foi a diabólica Inquisição, que tantos malefícios causou à humanidade. Muito longe estamos de conhecer todos os labirintos dos tribunais inquisitórios. O atual representante da igreja romana tem ensaiado pedidos de perdão, como no caso de Galileu Galilei. Mas nós, judeus, perguntamos: Pedido de perdão a quem? Ao Eterno? À Humanidade? Às famílias das vítimas? Ora, não se pode pedir perdão ao Eterno em nome de um pecador. O pedido de perdão formulado pela igreja romana, através de seu líder, é na verdade um falso gesto elogiável de cunhos políticos, e que não apaga o pecado dos algozes da Inquisição. O mais engraçado disto tudo é que sites católicos tais como
http://www.cleofas.com.br/
http://www.lepanto.org.br/
http://www.montfort.org.br/
http://www.presbiteros.com.br/ e
http://www.veritatis.com.br/,
uma onda negra de desculpas repletas de hipocrisias e mentiras são escritas para um público que não conhece a história da sua religião. Neste sites, tenta-se provar com muito esforço e cinismo ridículo que acontecimentos como os da Inquisição, por exemplo, não tiveram participação da igreja romana, mas diretamente do Estado, que os números de mortos são exagerados e outras mentiras típicas da igreja romana.



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