O que é o Judaismo Humanista? Será que ele implica em imaginarmos um Judaismo Humanista e outro não-humanista? Não, certamente não é isso. É uma proposta de reunirmos aqueles que tem além do olhar voltado para o Judaico, específico, um outro olhar para o Humano, global. É vivenciar a vida Judaica, na perspectiva de manter sua identidade e permitir a troca com a sociedade mais ampla, buscando estabelecer uma relação de construção e reciprocidade, onde as tradições judaicas de justiça, respeito, pluralidade, igualdade, entre outras tantas, possam servir de interface com o mundo que nos cerca enquanto indivíduos e enquanto comunidade. Estamos hoje diante de muitas questões e muitos questionamentos. Temas como democracia, justiça social, luta contra qualquer tipo de discriminação, seja social, sexual ou racial, nos mobilizam e podemos dar nossa contribuição, e tambem aprender muito.
Essa proposta surgiu num ótimo momento, em que muitos judeus se afligem ao ver sua identidade agredida com manifestações que são aberta ou veladamente anti-semitas com agressões tambem ao governo de Israel intencionalmente ou não frequentemente confundido com o Estado de Israel, levando á um movimento para sua deslegitimização. Este forum do Judaismo Humanista pode afinar nosso discurso e nos encorajar a nos defendermos mais e melhor, sem ufanismos, com a razão. Podemos estar melhor preparados e embasados para expormos o que pensamos, na busca da paz e do entendimento.
Paralelamente às angústias geradas por um movimento exterior, surgem outras internas como a questão da definição de quem é Judeu, isto é, como manter o Judaismo por nossos filhos e nossos netos. Dentre essas angústias, uma tentativa de monopolizar alguma suposta resposta por parte da ortodoxia ultra-conservadora em Israel, foi parcialmente bloqueada pela oportuna reação popular e pela força do Judaismo norte-americano, mais permeável às concepções da nossa época. Precisamos estar mais atentos a essas manifestações xenofóbicas, e estarmos preparados para não só nos indignarmos, mas trazer argumentos consistentes para a defesa dos nossos pontos-de-vista.
Talvez esse grupo, como um bom grupo judaico tenha menos respostas, e mais perguntas, mas o que tambem nos diferencia de outros é que apesar de muitas vêzes não sabermos muito bem para onde ir, de certa forma sabemos para onde não queremos ir. Percebemos onde está o perigo, na nossa vivência comunitária, na sociedade maior e dentro das nossas casas, quando o futuro da identidade judaica passa a ser uma dúvida.
E o que fazer? Mais uma vez vamos tentar. Acertando e errando, vamos construindo nossso caminho. Não temos um formato preciso, contamos com uma ferramenta poderosa, a internet, que agiliza o contato, mas sabemos que o mundo real é que realiza o presente e determina o futuro. Somos um grupo não-institucional, numa comunidade pequena em retração, de perfil conservador, insegura quanto à preservação da sua identidade judaica, num mundo em permanente transformação.
O que propomos? Mantermos e aprofundarmos o nosso contato pessoal, virtual por meio do blog Judaismo Humanista, quem sabe um e-grupo Judaismo Humanista http://groups.google.com.br/group/judaismo-humanista, etc. Alem disso, poderíamos ter encontros formais ou informais, mesmo em espaços públicos, onde possamos trocar idéias, compartilhar experiências, e quem sabe, desenvolver novos projetos. Um colegiado poderia ajudar na programação, sempre em contato permanente com o restante do grupo. Podemos levar essas conversas para dentro das instituições que compartilham do conjunto ou de parte das idéias do grupo, agregando novos projetos. Instituições como os Movimentos Juvenis Dror e Hashomer, Hillel, sinagogas inclusivas como ARI e CJB, ou outras instituições como ASA, Museu Judaico, CHCJ, etc., além óbviamente de quem mais se afinar com essas questões e seus desdobramentos.
Enfim, podemos ter a oportunidade de não só nos entender melhor, como ajudar minimamente a construir um mundo melhor. Temos o que dar e o que receber. Para isso, poderemos ser algo mais que bons idealistas dispersos.
Bernardo Furrer
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