Um grupo de pesquisadores de diversas universidades européias e de renomados institutos de pesquisa analisou haplótipos (tipos de seqüencias de DNA) do cromossomo Y de 1140 homens da Península Ibérica e das Ilhas Baleares. Os resultados surpreendentes demonstraram que em média 19,8% da população masculina ibérica descende diretamente de judeus sefarditas (judeus ibéricos) e 10,6% descende de mouros (berberes do Norte da África).
Os resultados contradizem certas fontes historiográficas tanto dos meios judaicos quanto não-judaicos que afirmavam que a maioria da população judaica original havia abandonado a Península Ibérica em virtude das perseguições religiosas em direção a outros países do Mediterrâneo e da Europa Central. Contradizem também as afirmações dos historiadores de que a população moura (islâmica, de ascendência norte-africana) havia abandonado a Península após a expulsão de 1492.
Conclui-se a partir dos dados do estudo que uma enorme parcela de mouros e judeus permaneceram na Península Ibérica mesmo após as expulsões e as perseguições, de modo que seus genes podem ser observados em grandes proporções ainda hoje na população local.
A origem basca é a de maior proporção na população ibérica como um todo, como já era de se esperar, beirando a 70%, na média de todas as regiões geográficas. O que surpreendeu foi a alta proporção média de descendentes de judeus sefarditas, variando de zero% em Minorca a 36,3% no sul de Portugal, e a de norte-africanos, variando de zero% na população da Gasconha a 21,7% na população do noroeste de Castela.
Veja no mapa a proporção de descendentes de mouros, judeus e ibéricos (bascos) na população da Península Ibérica, por região geográfica. Quanto maior a barra, maior a proporção dos descendentes daquele grupo étnico na população atual da região.
Estas proporções atestam que ao invés da saída da Península Ibérica, ocorreu um alto nível de conversões religiosas (sejam voluntárias ou forçadas) das populações de mouros e judeus, em consequência de episódios de intolerância social e religiosa, resultando em última instância na assimilação dos descendentes de mouros e judeus ao grosso da população ibérica. Segundo os pesquisadores, os resultados sugerem que o componente genético judaico sefardita é o mais antigo, corroborando os registros históricos.
Curiosamente, a maior prevalência de descendentes de judeus ibéricos está no sul de Portugal, país do qual veio a maior parte de imigrantes brancos para o Brasil. Estudos semelhantes poderiam ser feitos no país para que se possa conhecer com precisão qual foi a real contribuição dos componentes mouro e judaico na colonização brasileira.
Leia o estudo completo sobre a composição genética da população ibérica
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