Sete escritores internacionalmente conhecidos enviaram carta a Conselho de Segurança, instando-o a aprovar uma resolução condenando a Síria pela violenta repressão de seus cidadãos.

« Salvem os Sírios ! »

Umberto Eco, David Grossman, Bernard-Henri Lévy, Amos Oz, Orhan Pamuk, Salman Rushdie, Wole
Soyinka, enviam carta aberta ao Conselho de Segurança da ONU (incluindo o Brasil) : 


Caros Embaixadores,


Estamos chamando a sua atenção para a dramática situação na Síria e para a proposta Resolução do Conselho de
Segurança com respeito àquele país.

Estamos bem a par da situação na Síria, que foi submetida à sua atenção.

 

Cidades inteiras como Deraa, Homs, Lattaquié, Kamchli, Banyas, cujos nomes se tornaram familiares para todos nós, foram cortadas do mundo, privadas de eletricidade e comunicações telefônicas. Estas cidades são patrulhadas por tanques nas ruas e por helicópteros no ar, que atiram nas multidões, alvejam pessoas desde os telhados. Milícias irrompem em lares, um a um, sequestrando homens de quinze a oitenta anos.

 

Os Senhores certamente sabem os nomes dessas prisões, onde eles estão sendo detidos: Tadmor (Palmira); Palestina, Adra, Douma (Damasco) ; Sied Naya - o inferno na Síria.

 

Os Senhores devem saber das torturas que esses milhares de homens sofrem. Os Senhores quase certamente sabem, e ficam chocados ao saber, de como estudantes, democratas e cidadãos comuns são tratados, por todo o país. Pessoas que pedem pacificamente a dignidade e liberdade que jamais tiveram, ao preço de milhares de prisões e centenas de mortes.

 

A Síria do clã El-Assad é uma ditadura passada de pai para filho por mais de quarenta anos e que, com total
impunidade, instilou medo no próprio coração de cada cidadão, usando meios bárbaros e pisoteando toda e qualquer lei humana. Milhões de cidadãos indefesos foram forçados à rebelião. Esta gente amigável e hospitaleira foi empurrada até seu limite e, com mãos nuas enfrentaram uma máquina de guerra, sabendo do alto preço que pagaria.


Nos últimos meses, as manifestações em Deraa, Homs, Kamchli, Banyas e Lattaquié acabaram em massacres pelo exército, milícias e serviço secreto. Entretanto, desconsiderando o terror e com grande coragem, os manifestantes, após enterrar seus mortos, recomeçam no dia seguinte. Isto é admirável. Isto é monstruoso. Isto acontece por trás de portas fechadas, dentro de fronteiras seladas. Organizações humanitárias e imprensa internacional são banidas - « Silêncio ! Estamos atirando ! »

Os Senhores e Senhoras Embaixadores conhecem, mais do que ninguém, da situação. E neste mesmo momento precisam tomar decisões. Na verdade, a comunidade internacional já começou a agir.


Alemanha, Reino Unido, França e Portugal propuseram uma Resolução condenando esta repressão, a qual deve ser submetida ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, da qual suas quinze nações são atuais membros.


O resultado desta Resolução está nas suas mãos. Ela qualifica a repressão na Síria como ‘Crime Contra a Humanidade’. Não propõe sanções contra a Síria nem intervenção militar. Limita-se a condenar a repressão, abrindo caminho para investigações. Embora limitada, esta Resolução é necessária.


Senhores e Senhoras Embaixadores, pelo povo maltratado da Síria e pela sua luta pacífica pela liberdade, é essencial que aprovem esta Resolução.

 

Com a presente e unânime pressão internacional e o apoio do Conselho de Segurança, o governo sírio pode acabar cessando os massacres que impõe diariamente sobre seu povo, por todo o país, com total impunidade.

 

A opinião pública internacional, acima e além de sua diversidade, finalmente seria ouvida. Enviando uma mensagem ao mundo todo, proporcionando imenso conforto ao povo sírio, confirmando a influência moral do Conselho de Segurança e de cada um de seus países membros, todos tornando-se defensores da consciência universal !


Esperamos, fortemente, que a Resolução proposta seja submetida a exame e voto pelo Conselho de Segurança.  É
sumamente imperativo obter, desde já, o maiso esforço pelos Senhores e Senhoras Embaixadores no Conselho de Segurança.

 

Seria trágico – e moralmente inaceitável – que, em função da ameaça de um eventual veto ou ocasional abstenção, esta proposta de Resolução abstenção não fosse examinada pela sua consciência e acabasse na gaveta do abandono.


Mui sinceramente,


Assinam :

Umberto Eco

David Grossman

Bernard-Henri Lévy

Amos Oz

Orhan Pamuk

Salman Rushdie

Wole Soyinka 



Enviado para :

Peter Wittig (Alemanha)

Hardeep Singh Puri (India)

Nestor Osorio (Colombia)

Jose Filipe Moraes Cabral (Portugal)

Baso Sangpu (África do Sul)

Ivan Barbalic (Bosnia e Herzegovina)

Maria Luiza Ribeiro Viotti (Brasil)

Denis Dangue Rewaka (Gabão)

Nawaf Salam (Líbano)

Joy Ogwu (Nigéria)

Baodong Li (China)

Susan Rice (Estados Unidos da América)

Gérard Araud (França)

Mark Lyall Grant (Grã Bretanha)

Vitaly Churkin (Rússia)



(Com cópia para o Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidos) 



[ fonte: La Regle du Jeu 22|06|12    |  apoio e tradução dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA - www.pazagora.org ]

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