Guila Flint De Tel Aviv para a BBC Brasil
Segundo as notícias que começaram a veicular neste domingo, um batalhão do Exército israelense foi levado para rezar junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém, após uma operação militar na região da Faixa de Gaza.
A viagem teve como objetivo fazer uma oração de agradecimento por terem saído vivos da ação militar. Um porta-voz do Exército declarou que os soldados "não foram obrigados a rezar".
No entanto, subalternos que falaram à mídia israelense sob condição de anonimato disseram ter tido medo de desobedecer às ordens dos comandantes e participado da cerimônia religiosa contra a própria vontade.
Neste domingo, o ex-chefe do setor de Educação do Exército, general da reserva Nehemia Dagan, disse à radio estatal Kol Israel que os comandantes responsáveis pela decisão de levar o batalhão para a oração devem ser demitidos imediatamente.
A repórter para assuntos militares Carmela Menashe disse que os soldados jovens "não teriam coragem de desobedecer as instruções dos comandantes e todos receberam em mãos o texto da oração".
Para a mãe de um soldado secular que falou com a radio estatal, a mensagem que o Exército passa aos jovens soldados é de que "não importa o que eles façam, pois seu destino está nas mãos de Deus".
Vínculo polêmico
O vínculo entre Exército e religião desperta uma intensa polêmica na sociedade israelense, pois todos os jovens do país, tanto homens como mulheres, são obrigados a prestar serviço militar ao completar 18 anos, à exceção dos jovens árabes-israelenses.
Outro setor do público religioso, os denominados nacionalistas-religiosos, presta serviço militar, mas constitui minoria dentro do Exército.
No entanto, nos últimos anos, soldados nacionalistas-religiosos, com forte motivação ideológica, têm conquistado altas posições de comando em diversas unidades de elite e assim tornam-se mais influentes nas decisões do Exército.
Há poucos dias o chefe do Estado Maior, general Benny Gantz, que é secular, também gerou polêmica ao alterar o texto tradicionalmente lido nas cerimônias anuais em memória dos soldados mortos.
O texto original, que dizia que "o povo de Israel vai sempre lembrar dos soldados que sacrificaram suas vidas", foi alterado para "Deus vai sempre lembrar...".
A alteração provocou protestos na sociedade e Gantz foi acusado de ter contribuído para transformar Israel em um Estado "fundamentalista".
Em decorrência dos protestos, o general resolveu nomear uma comissão militar para discutir a formulação do texto.
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