Mais de 7 mil novos cidadãos provenientes da França fizeram aliá (nome que designa a imigração judaica a Israel) em 2014. Chegaram a tempo de não presenciar o pior atentado terrorista em solo francês das últimas décadas.
A história contada em frente a nossos olhos: a migração francesa ganha impulso em resposta ao antissemitismo no país.
No início do ano, publicou-se um sem-número de reportagens tratando sobre um fenômeno no mundo imigratório israelense: o recorde histórico do número de judeus franceses que decidiram desembarcar na Terra Santa.
Os 7 mil franceses que chegaram por aqui em 2014, mais do que o dobro do ano passado, saíram a tempo de não acompanhar de perto o atentado ocorrido na quarta-feira, dia 8, com a invasão da sede do periódico Charlie Hedbo em Paris e o assassinato de 12 de seus funcionários. Este foi considerado o pior atentado em solo francês das últimas décadas.
O evento certamente dará o empurrãozinho final em uma parte dos 50 mil judeus franceses residentes na capital francesa e proximidades que, ao longo do ano passado, procuraram a Agência Judaica em busca de informações sobre aliá. Com tamanha procura, a organização vem realizando dois seminários diários, com cerca de 200 participantes em cada um, para prover informações sobre Israel. Uma situação inimaginável em 2013, quando era promovido apenas um encontro mensal. Essas informações foram passadas por Natan Sharansky, presidente da Agência Judaica em Israel, ao jornal The Jerusalem Post na última segunda-feira, dia 5 de janeiro.
As duas grandes ondas migratórias do momento – a maior é proveniente da Ucrânia – não são motivadas por fatores inerentes à realidade israelense. Ao contrário, são uma reação à antiga mistura de fatores socioeconômicos e antissemitismo nos países da Diáspora. Deve-se notar que os franceses judeus, antes divididos entre a imigração para Israel e para o Canadá francófono, atualmente mostram clara preferência ao primeiro: em 2014, 70% dos judeus imigrantes franceses decidiram arriscar sua sorte pelas bandas de cá.
Imigração recorde desde 2002
Em 2014, Israel recebeu um total 33.539 imigrantes. Esse número representa um recorde desde o ano de 2002, quando o país recebeu 26.500 novos cidadãos, segundo dados da Agência Judaica. Esse resultado representou um crescimento de 32% em comparação com 2013.
Essa é a primeira vez que os franceses lideraram a lista de novos imigrantes em Israel. A marca provavelmente será mantida – o ministério de Aliá e Absorção de Imigrantes estima a entrada de 10 mil franceses em 2015. A maior parte dos novos cidadãos franco-israelenses adotam as cidades de Netanya, Tel Aviv, Ashdod e Ashkelon.
Na minha suburbana Raanana, onde são quase predominantes — competem cabeça a cabeça com americanos, argentinos e sul-africanos –, ainda há espaço para eles. E com o tempo, encontraremos por aqui mais opções de croissant do que de pita, de frites do que de humus, de quiche do que de shawarma. O que, aliás, me parece ótimo. Voilà!
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