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Diário de Guerra  9 -  Judeus e muçulmanos – Jayme Fucs bar

Muitas vezes me pergunto como chegamos a esta situação atual de ódio e violência entre judeus e muçulmanos. A história nos mostra que essa relação foi muito melhor e mais tolerante do que a convivência  entre judeus e cristãos.

O que causou essa mudança nos últimos 100 anos? Na cultura islâmica, a palavra "judeu" tornou-se, para muitos, um termo fortemente depreciativo, diferente do que foi no passado.

Muitos árabes israelenses muçulmanos com quem convivo aqui em Israel me dizem sempre que o radicalismo desses grupos islâmicos não representa o verdadeiro islamismo nem as palavras do profeta Maomé. Ouço isso com frequência e pergunto a elas por que não reagem contra esses grupos e a resposta é única: medo!

Eu sei que é difícil imaginar, mas os historiadores dizem que, na Idade Média, os judeus que viviam no mundo islâmico tiveram sua idade do ouro, pois foi um período de muita prosperidade, com amplo desenvolvimento da ciência, filosofia, medicina, matemática, etc. Me lembro dos vários escritos do grande líder árabe Saladino, nos quais ele descrevia os europeus de sua época  como um povo de bárbaros, atrasados e ignorantes.

A mudança nas relações entre  judeus e muçulmanos se deteriorou nos  últimos 100 anos em consequência dos movimentos nacionalistas que ocorreram na Europa e entraram pelas portas dos fundos do Oriente Médio, principalmente com o fim do império otomano em 1917 e o domínio desse grande território por forças europeias, como a Inglaterra e a França.

 A chegada das forças europeias  não somente esfacelou os grupos e as estruturas tribais de toda a região, como deu surgimento a  novas tendências no Oriente Médio e criou rivalidades. E sses grupos sofreram  um forte impacto nos conceitos e valores, entre eles o nacionalismo ocidental, que vai se mesclar com os valores tradicionais e religiosos, criando o embrião do que seria futuramente o movimento nacionalista religioso fundamentalista, muçulmano ou judaico.

Essas potências, Inglaterra e França, retalharam todo esse grande território e criaram estados nacionais em função de seus interesses. Essa nova realidade exigiu uma revisão das escrituras sagradas que tiveram que ser adaptadas às ideias nacionalistas nascentes na região. Isso acontece dos dois lados, entre os judeus Kalisher primeiro e depois o Rav Kook: adaptam  os escritos da Torá ao movimento sionista; ao passo que os árabes muçulmanos criam a irmandade muçulmana. A base dos dois é muito semelhante, pois  revindicam direitos sagrados pelas terras de Israel.

Os judeus determinam que essas terras foram dadas aos judeus por Adonai e os muçulmanos afirmam que essas terras foram dadas aos muçulmanos por Alá.

Para quem não sabe, esse é o verdadeiro  impasse religioso que trava qualquer tipo de paz entre árabes e judeus, em que cada qual acredita que Deus determinou essas terras para si e, portanto, eles têm o direito absoluto a ela, e se esquecem de que Deus determinou que a vida é mais sagrada que a terra.

Na história da humanidade, as religiões são reinventadas em função do tempo em que vivemos.  Com certeza, se algum profeta de Israel  ou Maomé se transportasse ao nosso tempo, não reconheceriam o que é o judaísmo ou o islamismo de hoje em dia.

As religiões sempre adaptam e interpretam seus livros sagrados de acordo com as mudanças que acontecem na história. Exemplo claro é o que aconteceu com essa relação entre judeus e muçulmanos, a atual situação de num abismo de guerras e intolerância em que judaísmo e islamismo vivem.

Se  você procurar ler o que está escrito nas escrituras sagradas do Alcorão sobre os judeus, terá grandes surpresas. Não estou dizendo que tudo foi uma grande maravilha, mas jamais  ocorreram as barbaridades que testemunhamos hoje. No Alcorão está escrito que Alá ordena que os muçulmanos amem  o "povo do livro", isto é, os judeus e os cristãos.  Está escrito que os muçulmanos reconhecem que o criador do mundo se revelou ao povo de Israel, e que no Monte Sinai, entregou-lhe a Torá. Eles também acreditam nos profetas de Israel e que suas palavras eram verdadeiras.

O Alcorão é claro: os muçulmanos têm o dever de amar o povo do livro e Alá se revelou ao povo de Israel.

Do início do islamismo até o fim do império otomano, essa era uma ordem que todos os muçulmanos deveriam cumprir. De fato, em grande parte desse longo período, foi isso o que aconteceu. O mundo islâmico foi um grande refúgio para as perseguições aos judeus na Europa cristã, principalmente no terrível período da Inquisição em Portugal e na Espanha.

Obviamente nem tudo foi um mar de rosa nesse longo período que mencionei. Em determinados momentos, também houve conversões forçadas dos judeus ao islamismo, pois o que mais machucava os muçulmanos nessa época era o fato de que os judeus se negavam a reconhecer a nova profecia de Maomé. .

É realmente curioso perceber a relação entre Maomé e os judeus. Está escrito no Alcorão que houve um grande sábio judeu com quem Maomé aprendeu muito. Em seus sermões, ele incentivava os árabes a acreditar no criador do mundo e na Torá de Moisés e sua moral.

A tradição islâmica também nos conta que a primeira esposa de Maomé, Khadijah, tinha um primo judeu chamado Ben Nofal. Quando Maomé era ainda um menino, ele fugiu de casa, Ben Nofal o encontrou e o levou de volta a casa. Depois, crescido, Ben Nofal foi seu professor.

 O mais curioso é que, conforme a tradição xiita, Maomé disse que "seu nome é Ahmed Israel, e que os deveres que Deus impôs a Israel também se aplicam a ele".

O que muitos não sabem é que das várias esposas que Maomé teve, uma delas era  judia. Seu nome era Safya e tinha 17 anos quando se casaram. Era muito bonita e culta, filha de Chaim Ben Ahitov, líder da comunidade judaica Bnei Nadir. 

Fico aqui pensando no que Maomé pensaria hoje sobre essa confusa relação entre judeus e muçulmanos, e qual seria sua reação ao ver como modificaram os verdadeiros valores do Alcorão, que fala na obrigação de "amar o povo do livro".

Fonte: Por de trás do Alcorão Chai Bar Zeev  2010

2010 "מאחורי הקוראן" (הוצאת "דפים מספרים"), חי בר זאב

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Diário de Guerra 8 - Ou Nós Ou Eles – Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 8 - Ou Nós Ou Eles – Jayme Fucs Bar


Como compreender o fenômeno do ódio, profundamente enraizado, aos judeus?


Quem é judeu ou judia sabe que é difícil não ter passado por uma situação de antissemitismo em sua vida, pois ele está enraizado em todos os setores da nossa sociedade. Este é um fenômeno muito antigo, que se manifesta sempre em proporções diferentes, em função das situações do nosso cotidiano.


O Rabino, médico e filósofo, Rambam escreveu na ‘Epístola do Iêmen’, durante a Idade Média, que o antissemitismo é como uma doença do ciúme, pelo fato de Deus ter dado a Torá ao povo de Israel. Para Rambam, o ciúme é uma epidemia crônica que causa o ódio. Do ódio vem o preconceito, a vingança, que se transforma no extermínio.

Milhões de seres humanos sofrem a "epidemia do ciúme" contra os judeus e, em certas ocasiões, como nesta guerra de Israel contra a Hamas-Estado Islâmico, dá a oportunidade dessas pessoas colocarem suas caras para fora, podendo manifestar o seu grande ódio aos judeus. Assim podemos ver a dimensão dessa epidemia que se chama antissemitismo.

O ódio aos judeus sempre foi um bom remédio para amenizar e simplificar o sentimento das angústias, dentro da complexa realidade que vivem certos seres humanos. A História precisa sempre criar a figura imaginária do Judeu. Ela é essencial para explicar todo o mal que acontece na sociedade!

A figura do judeu imaginário se apresenta sempre de formas diferentes como: o rico explorador que domina o capital do mundo, o idealizador do Capitalista, o inventor do Comunista, o que domina poder da maçonaria, o anticristo, o que matou Deus, o Imperialista, o colonialista, o que tem pacto com o demônio etc.

Se vocês me perguntarem se tenho uma resposta clara para esse fenômeno do ódio aos judeus e judias, somente uma coisa eu tenho certeza: Isso está totalmente integrado na educação que temos desde criança e o que recebemos em casa. Isto sim vai modelar o que seremos como adultos!

Ninguém nasce antissemita, racista, xenófobo etc.. Acredito que esses valores são adquiridos em casa, na escola, nas instituições religiosas e nos centros cívicos etc.

Escrevendo essas linhas, me lembrei de um episódio que aconteceu comigo, há alguns anos, numa pequena aldeia de Portugal – em Belmonte. Era Sábado à noite e eu estava com o Cláudio, um Italiano que viveu em Israel por muitos anos e o reencontrei depois de 45 anos em Belmonte. Nos conhecemos em 1978 no Kibbutz Keren Shalom, na faixa de Gaza. Este foi um dos Kibbutzim que foram invadidos pelos terroristas do Hamas, no dia 07 de outubro.

Depois de ter tomado uns copos de vinho, nos sentamos na porta da casa do Cláudio que fica no coração da aldeia. Cláudio pegou o seu acordeão e começamos a cantar músicas em hebraico. A música chamou a atenção de 2 crianças, uma menina de 9 e seu irmão de 7 anos.

A menina nos perguntou: "Que música é essa? " Eu respondi: " música em Hebraico"

Pela reação dela, entendi que ela não compreendeu minha resposta, pois nunca tinha escutado a palavra "Hebraico”. E para ajudar a compreensão disse: "Música dos judeus".

Aí ela fez uma cara feia e disse:" Aqueles que mataram Deus". Na hora pulei, pela surpresa que me causou, pois na minha frente estavam somente 2 crianças, com toda a sua pureza e ingenuidade! Perguntei: " Quem te falou que os judeus mataram Deus". Ela me respondeu: "Meu pai e minha mãe". Não sei como expressar a tristeza que veio em meu coração, mas para amenizar essa difícil situação falei para eles: " Eu e o Cláudio somos Judeus. Vocês acham que nós matamos Deus? Ela com toda a segurança disse: "Claro que não!"

De fato, o antissemitismo está presente por todos os lados, como uma vez me confessou um grande amigo não judeu quando veio me visitar a Israel: "Jayminho, fui criado num ambiente muito hostil aos judeus. Levou anos para eu me libertar desse preconceito, que era parte integral de minha cultura e de meus valores!"

Meu Pai Nilo Barboza, um judeu converso casado com uma judia, e com 3 filhos judeus, viveu muito essas situações, pois o seu nome camuflava a sua verdadeira origem no seu meio social e de trabalho. Ele me dizia que ouvia barbaridades sobre os judeus e que sempre se manifestava e respondia entrando em severas discussões. Ouvia muito o discurso do ódio que dizia que Hitler deveria ter exterminado todos os judeus! Meu pai, numa dessas ocasiões, fez o merecido. Deu um soco na cara de um oficial da marinha e quase foi preso. Perdeu o emprego por isso.

Nesse momento, aqui em Israel estamos numa guerra na luta por nossa existência física, pois se Israel perder a guerra todos nós aqui seremos exterminados brutalmente!

ENTENDAM! Eu sei que muitos estão lacrados dentro de seus conceitos, mas façam um esforço e procurem entender.  O que vocês estão vendo não é uma guerra pela libertação da Palestina! Essa guerra que o Hamas- Estado islâmico trava é contra Israel, é para o extermínio de 7 milhões de judeus e judias que vivem nesse território!

A realidade aqui é muito clara, sentimos que o apocalipse pode chegar a cada um de nós! Não um apocalipse como o fim do mundo, mas sim o apocalipse da nossa existência!

Os terroristas do Hamas entraram nas comunidades e exterminaram a sangue frio famílias inteiras, violaram mulheres e meninas, queimaram e decapitaram bebês e crianças, mataram sem piedade pelo simples fato de serem judeus e Judias!

O que vimos em 7 de outubro de 2023 nada mais é que uma amostra do que esses assassinos sanguinários e antissemitas são capazes. Se tiverem a oportunidade de vencer essa guerra, esse será o nosso fim!

Para isso, a única forma de responder a essa realidade é lutar com todos os recursos e com tudo que o temos em nossas mãos, para garantir a nossa sobrevivência física e proteger as nossas famílias.

Gostem ou não! Estamos numa verdadeira encruzilhada de vida ou morte, onde não existe uma escolha nessas ocasiões da História! Ou Nós Ou Eles!  

 

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Diário de Guerra 7 - Hamas: a verdadeira face do terror — Jayme Fucs Bar
Há muito anos, conheci um árabe muçulmano que vivia em Jerusalém Oriental. Ele era uma pessoa muito especial, um teólogo e intelectual, muito culto, enfim, um homem de muitas sabedorias. Era sempre um prazer ouvir suas interpretações do Alcorão e perceber o respeito que ele tinha pelos mandamentos da Torá e seus profetas, por Jesus e as passagens do Novo Testamento.
Na época, ele era muito crítico à transformação e ao uso da religião islâmica para objetivos de grupos políticos e terrorismo, tudo em nome de Alá.
Ele desejava ver a criação do Estado da Palestina, mas sem o uso de qualquer tipo de violência. Das vezes em que tive a oportunidade de conversar com ele, eu sempre saía otimista, acreditando que ainda havia esperança.
A última vez em que me encontrei com ele, percebi que ele estava meio abalado e temeroso, até se lamentou comigo e me contou que foi convidado para participar de um fórum teológico islâmico, no qual estavam presentes várias pessoas, muitas representando o Hamas Estado Islâmico. Ele sentiu que aquilo não era um simples encontro, e sim uma armadilha. Mesmo assim, ele teve a coragem de dizer o que pensava e de questionar onde está escrito que Alá manda matar seres humanos inocentes.
Ele também disse que a verdadeira interpretação de jihad não é trazer a morte e a violência para o mundo, e sim procurar realizar o que Alá deseja para a humanidade, que é a paz e a valorização da vida e do amor ao próximo. E continuou: “Não existe um Deus particular dos muçulmanos, dos judeus ou dos cristãos. Deus é único para todos.”
Essa pessoa, cujo nome não posso citar, ao terminar o encontro, recebeu uma mensagem de ameaça de morte, pois foi classificado como herege, traidor da causa islâmica. Nunca mais o vi ou ouvi sobre ele. Conheço seus familiares, alguns até trabalham comigo como motoristas de grupos de turistas. Depois de minha insistência, alguém me disse: “Ele teve que fugir e se exilar, ficar em silêncio em algum lugar do mundo para não ser assassinado, ele e sua família.”
Conto essa história para vocês entenderem que não estamos aqui falando sobre a legitimidade dos direitos dos palestinos.
O que está acontecendo agora em Israel não é uma luta entre israelenses e palestinos, já que muitos dos palestinos e do mundo árabe estão doidos para se livrar dessa corja de terroristas do Hamas, cada vez mais fortes e ameaçadores, não somente para a existência de Israel, mas para milhões de muçulmanos.
Para quem não sabe, o Hamas é considerado uma extensão do movimento islâmico mundial ISIS ou Estado Islâmico, cujo principal líder ideológico foi o sheik Ahmad Yassin, morto por Israel na faixa de Gaza em 2004.
O principal objetivo do Hamas sempre foi eliminar o Estado de Israel. Por isso, não existe nenhuma possibilidade de qualquer negociação com Israel. Para o Hamas, a paz ou qualquer acordo é inaceitável, pois seu compromisso declarado e irreversível é com a destruição do Estado de Israel.
O Hamas, além de um movimento nacionalista palestino, propõe a substituição da Palestina por um Estado Islâmico e o hasteamento da “bandeira de Alá sobre cada centímetro da Palestina”.
Para entender melhor o que vem a ser a estratégia desse movimento terrorista Hamas, veja suas quatro estratégias principais:
1. A construção de uma forte estrutura assistencialista para atendimento dos mais pobres como forma de garantir apoio para a organização, e também dependência direta, fazendo o papel social que deveria estar na competência de seu grande rival a OLP e a AP (Autoridade Nacional Palestina). Eles exigem que sejam reconhecidos como os únicos e legítimos representantes do povo palestino e do movimento islâmico.
2. O uso de uma estrutura bélica forte e bem treinada com apoio militar e financeiro de organizações e nações islâmicas como Irã, Hezbollah, Catar, Turquia e, logicamente, a Irmandade Muçulmana, que tem ramificações por todo o mundo como forma de fomentar e ampliar os ataques terroristas contra Israel e no mundo.
3. A visão maximalista de não diferenciação entre civis e militares, uma vez que todos os judeus em Israel são inimigos, e, portanto, devem ser exterminados, independentemente de serem crianças, mulheres, idosos etc. Sua plataforma de extermínio não exclui os "hereges" não judeus que vivem em Israel, como as comunidades de cristãos, drusos, Bahay, até mesmo as comunidades de muçulmanos que cooperam e desejam viver em paz no Estado de Israel.
4. Ações contra qualquer tipo de ocidentalização e secularização da sociedade muçulmana, e uma luta sem trégua para a restauração das terras que foram tomadas dos muçulmanos no período dos califados, que inclui toda a Ibéria, Malta, Itália, Armênia, Países Bálticos, Geórgia e outros.
O Hamas é nada mais do que um componente de uma estratégia muito maior que na sua luta pela Palestina e pelo extermínio de Israel, na sua visão política e teológica, a única forma de existir uma paz mundial é pela submissão do mundo na sua totalidade à bandeira islâmica.
A jihad é o caminho para essa paz mundial. Inicialmente deve haver muitas guerras santas, finalizando com a vitória dos "guerreiros de Alá" e a rendição do mundo ao islamismo.
Veja abaixo o que está escrito em sua plataforma ideológica:
"A luta pessoal pela moralidade e virtude, que é a resistência sancionada contra todos que vão contra o islamismo. Neste mundo somente o islamismo e as leis de Alá têm o direito de existir."
“Alá é o maior e único objetivo, o Profeta é o nosso modelo, o Alcorão é a nossa constituição. A jihad é o seu caminho e a morte em nome de Alá é o mais elevado dos seus desejos.”
Dessa forma, o Hamas combina o elemento religioso com o elemento nacionalista, mas seu objetivo é mundialista.
A guerra atual é contra o fundamentalismo religioso do Hamas. O Estado Islâmico não é uma ameaça somente para a existência de Israel, mas para todos os que desejam e amam a liberdade, inclusive milhões de fiéis e verdadeiros muçulmanos, como é o caso daquele meu corajoso amigo que hoje vive em algum lugar em silêncio e com medo de ser encontrado.
Fontes: ( MAQDSI, Muhammad (1993). Charter of the Islamic Resistance Movement (Hamas) of Palestine. Journal of Palestine Studies, 22(4), 122-134., p. 124)
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Sion não é palavrão- Jayme Fucs Bar

Diario de Guerra 5 - Sion não é palavrão- Jayme Fucs Bar
Em razão de meu ativismo nas redes sociais como judeu sionista Socialista humanista, com uma posição clara de esquerda, recebo todos os tipos de mensagens. A última que recebi me despertou uma grande curiosidade.
Alguém me questionou sobre como eu podia ser um judeu humanista e me definir como sionista. A princípio, não entendi a pergunta, mas parei para pensar e me surgiu a ideia de perguntar à pessoa o que, em sua opinião, era o sionismo e ele respondeu:
“Sionismo é um movimento racista, militarista de ocupação, destruição e extermínio do povo palestino”.
Incrível! Como pode, com o tempo, uma palavra se tornar tão deturpada que chegou a ponto de perder completamente o contexto da realidade. Voltei à conversa com a pessoa e perguntei se ela era a favor de que todos os povos da humanidade tivessem o direito de autodeterminação nacional. A pessoa de imediato me respondeu: “Claro que sim!”.
Então respondi: “Querida pessoa, estou feliz em saber que você
também é sionista!”. Acredito que a pessoa do outro lado pulou! Eu
tentei explicar!
Se todos os povos da humanidade têm o seu direito de autodeterminação nacional, como palestinos, curdos, tibetanos, chechenos, bascos etc., por que os judeus, que são um povo milenar, não teriam também esse direito de autodeterminação nacional?
Pois o sionismo é o movimento nacional do povo judeu. Esse movimento faz parte de um processo histórico milenar, seus laços entre o povo judeu e a Terra de Israel são inseparáveis a mais de 3000 mil anos !
No Movimento Sionista existiram, como em todos os movimentos
nacionais, tendências políticas e vertentes ideológicas diferentes, como liberais, sociais-democratas, socialistas, comunistas, religiosos etc.
As pessoas estão tão confusas e com seus cérebros congelados sob
tantas desinformações e manipulações que não sabem definir entre realidade e “fantasias”, nem entre os vários “Israéis” imaginários que elas mesmas criaram.
É incrível como as pessoas têm dificuldades de entender, saber e
aceitar que você poder ser sionista, amar Israel, servir seu Exército, lutar em suas guerras e ser ativamente contrário ao atual governo de direita de Israel, ou ser sionista e apoiar a criação do Estado Palestino ao lado do Estado de Israel etc.
A estupidez é tão generalizada, que essa pessoa, nesse diálogo até
meio surreal, me disse: “Mas quem criou o Estado de Israel foi o imperialismo dos EUA e da Inglaterra!”.
Uau, como estou cansado de ouvir essa bobagem!
Eu respondo, já numa ironia típica de um israelense: “Imperialismo? Ah, sim, é verdade! O Estado de Israel realmente existe graças ao
imperialismo, mas não o dos estadunidenses ou dos ingleses, e sim dos soviéticos”.
A pessoa quase caiu da cadeira do outro lado !
O bloco soviético e seus aliados foram os que votaram em massa na ONU pela criação do Estado de Israel, os “imperialistas” estadunidenses ficaram em cima do muro e no final, na última hora, votaram a favor, por pressão da comunidade judaica dos EUA. O grande imperialismo inglês deu o voto de abstenção, mas apoiou com armas os árabes.
A Guerra de Independência de Israel foi e é até hoje considerada a
pior e a mais cruel de todas as guerras que Israel teve que enfrentar. Israel não tinha a estrutura militar e econômica que tem hoje em dia, sua população era de 650 mil judeus e muitos eram refugiados recém-chegados do Holocausto. No final dessa guerra terrível, haviam morrido quase 7% da população judaica do Estado de Israel nascente.
“E sabe quem apoiou Israel com armas nesse momento crucial da
independência israelense?”, perguntei à pessoa do outro lado.
Foram os socialistas!
As armas chegaram da República Socialista da Tchecoslováquia.
A pessoa, acreditou eu, pensou que eu estava inventando história,
mas quem quiser saber dos fatos pode pesquisar!
Pedi, com todo respeito, que ela parasse de acreditar em fantasmas que haviam sido inventados para milhões de pessoas viverem numa eterna escuridão sobre a realidade de Israel.
“Sion” de onde deriva o nome sionismo, o movimento de libertação nacional do povo judeu, não é nome feio, nem palavrão. Sion
aparece nada mais, nada menos que 150 vezes na Torá, definindo o local onde se encontravam o Templo e a cidade de David.
O movimento sionista foi, para muitos judeus, a resposta política
clara para a situação de suas eternas lutas de sobrevivência a opressões, perseguições, perseguições religiosas, pogroms, antissemitismo e a tentativa de seu total extermínio como aconteceu no Holocausto.
Em 14 de maio de 1948, o Estado de Israel se tornou uma realidade e o estado Palestino poderia também existir mas infelizmente eles negaram a Partilha aprovada pela ONU em novembro de 1947 e saíram numa guerra total contra Israel , sendo que nessa partilha Jerusalém ficou definida como Internacional.
Realmente estamos vivendo num mundo de metamorfoses ideológicas! Nos da esquerda acusamos as massas da direita Bolsonaristas de gado, de usar fake News, de deturpar e inventar mentiras como se fosse realidade, mais acreditem nas palavras de um ativista de esquerda!
Existe um forte grupo que se define como esquerda no Brasil, mas na verdade são uma nova seita, eles estão em vários setores da sociedade brasileira inclusive no atual governo, usam os mesmos métodos dos Bolsonaristas, são um bando de gado, usam Fake News , deturpam e inventam uma nova realidade é o pior são uma cambada de anti-semitas, que apóiam terroristas e envergonham o que deveria ser o verdadeiro movimento Socialista Humanista no Brasil!
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Diario de Guerra 3 - Nós nos negamos a sair da História - Jayme Fucs Bar
“Judaísmo é uma religião para adultos”, assim bem definiu Emmanuel Levinas. Ser judeu é ter uma maturidade emocional e psíquica para continuar a existir através da história.
O que fizemos para que tanto nos odeiem?
Somente judeus e judias se fazem esse tipo de pergunta. Essa é uma pergunta puramente judaica, para a qual jamais encontramos as respostas!
O que nos ajuda é saber que não estamos sozinhos neste mundo, e
que nem todos no mundo nos odeiam!
A prova disso foi ver de imediato as mensagens de centenas de amigos e amigas na maioria não Judeus se preocupando com minha familia e com os familiares de mais de 1300 civis assasinados pelos terroristas da Hamas - Estado islamico.
A Preocupação dessas pessoas que muitos nem conheço , me tras um conforto e uma alegria imensa, saber que, iguais a elas, existem milhões de pessoas neste mundo que reagem dessa forma, e isso me fez lembrar um grande amigo que conheci no princípio da década de 1980: o Carlinhos.
Éramos estudantes de história e ativistas no Movimento Estudantil na Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, em pleno período da Ditadura Militar.
Carlinhos, de família de mestiços, índio e negro; e eu, judeu, compartilhávamos uma mesma casa em Laranjeiras e esse espaço nos dava a liberdade de manter preciosas discussões filosóficas e políticas noites adentro.
Falávamos sobre tudo, mas, principalmente, sobre nossas ascendências e raízes culturais.
Carlinhos me contou histórias amargas de como seus bisavôs foram expulsos de suas terras na região de Angra dos Reis. Ele sempre me impressionava por seu raciocínio claro e complexo e por suas palavras sempre diretas e precisas.
Conversávamos muito sobre nossas dores e sobre os preconceitos
que vivíamos, eu por ser judeu, e ele por ser mestiço! Recordo-me que, numa dessas longas conversas, Carlinhos uma vez me perguntou:
“Jayminho, sabe por que o mundo odeia os judeus e o Estado de Israel?”.
Procurei dar uma resposta para ele, mas me enrolei todo e não
consegui.
Carlinhos, então, me interrompeu e me disse uma frase que veio como uma flecha disparada direto no meu coração:
“É que vocês se negam a desaparecer da história da humanidade!”.
Essa frase do Carlinhos me acompanha por toda a minha vida!
Jamais consegui achar as palavras para entender esse fenômeno, que emana de parte da sociedade humana há muitas e muitas gerações, esse ódio contra os judeus e contra o Estado de Israel, mas, com o tempo e com os anos, as palavras do Carlinhos fazem cada vez mais sentido nessa triste realidade de como o mundo se apresenta frente aos judeus e frente ao Estado de Israel!
Nego-me a crer que humanidade não possa se curar dessa doença
crônica que é o ódio contra os judeus; mas Carlinhos, naquela noite, tentou me ensinar o que somente compreendo hoje: que o grande desejo de muita gente e de até nações é que os judeus deveriam ser uma página a mais nos livros de história antiga, que os judeus deveriam ser uma simples página amarelada e empoeirada nas prateleiras dos povos desaparecidos da história da humanidade, como os assírios, os caldeus, os gregos, os romanos, os fenícios e os egípcios...
Num mundo de caos, corrupção, desordem e medo, há algo que une e ameniza as tensões que vêm do mundo e de seus dirigentes: o anseio de demonizar e deslegitimar o Estado Judeu!
Por que o mundo está sempre colocando em foco os judeus e o Estado de Israel?
Carlinhos rapidamente iria me responder: “É porque vocês se negam a desaparecer da história da humanidade!”.
E é por isso que é possível neste mundo até mesmo tapar o sol com a peneira!
Tantos problemas existem em nosso mundo, mas a prioridade e demonizar o estado de Israel, mesmo quando bandos de sanquinários terroristas invadem Israel, assasinam milhares de civis, queimam vivas famílias inteiras , degolam crianças , estrupam mulheres e meninas . Fazem um verdadeiro pogrom.
E ainda tem gente que culpa Israel e justifica esses atos!
Mais uma vez, me faltam palavras para definir essa situação: Trágica? Absurda? Ridícula? Não sei! Faltam-me as palavras!
Sempre que me encontro com o Carlinhos no Brasil ele me pergunta, num tom de ironia:
“Oh, meu companheiro, está preocupado com o quê?”
Eu sempre respondo: “Não há nada de novo sob o sol”.
Ele ri e me rebate: “Há sim, camarada, gostem ou não, Israel existe e é uma realidade e eu estou do seu lado!”.
Como é bom ouvir essas palavras de um não judeu neste mundo tão conflitante e ameaçador!
As palavras do Carlinhos, meu amigo, irmão, camarada, me trazem certa esperança: a de saber que não estamos sozinhos neste mundo.
Shabat Shalom!
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Diário de Guerra 2 - Acordem antes que seja tarde! – Jayme Fucs Bar
Na minha vida sempre me defini como um judeu de esquerda - sionista socialista, que sempre fez parte das lutas sociais sejam no Brasil ou em Israel, há mais de 45 anos de ativismo!
Minha avó Cecília uma vez me disse! "Ser judeu é estar sempre em perigo”.
E cada vez mais entendo que ela tinha toda a razão!
Eu faço parte de um grupo que sempre defendeu, e vai continuar defendendo, o direito legítimo de existência do estado judeu – democrático (Israel) ao lado do Estado palestino: 2 estados e 2 nações!
Mas o que acompanho nos últimos tempos é que realmente estamos vivendo num mundo que se encontra num processo de grande metamorfose de valores, princípios e ideologias.
Às vezes tenho a impressão de que a sociedade humana está totalmente desgovernada, a caminho de um abismo e de sua própria aniquilação!
Eu, como uma pessoa que tem princípios socialistas humanistas, o que mais me incomoda hoje são esses grupos que se definem como esquerda.
Quero falar e advertir a essa gente, pois não sei se estão conscientes ou não de sua metamorfose de valores, que é cada vez é mais presente no mundo e especificamente no Brasil.
A maior prova disso são os últimos acontecimentos com a invasão de Israel pelos terroristas da Hamas e o genocídio sanguinário que realizou contra a população civil. E, dentro dessa inaceitável realidade, fico cada vez mais impressionado como uma boa parte dessa esquerda brasileira, aprova e aplaude essa barbaridade.
Parece que essa esquerda brasileira está vivendo o auge de sua metamorfose, onde se divorciou dos verdadeiros valores democráticos, socialistas e humanistas, se tornando uma seita de sectários.
Eles se transformaram em mariposas e criaram uma nova ideologia, que é uma manifestação pós moderna de um neo -socialismo, impregnado de antissemitismo e um desejo claro da destruição física do Estado de Israel !
Sempre faço uma pergunta a essa gente e não encontro respostas!
Quais são os planos que vocês têm para aniquilar e exterminar os 7 milhões de judeus e judias que vivem em Israel?
Essa seita, que se define como esquerda, caminha como gado atrás da bandeira da morte do extremismo islâmico e os aplaudem!!
Loucura ou delírio imaginar que isso se considera esquerda!
O que pensaria esses 2 judeus - Karl Marx e Moshe Hess - sobre esse pacto diabólico entre o Fundamentalismo Islâmico e essas seitas que se definem com esquerda?
Como podem se definir como esquerda, aceitar e apoiar o genocídio de civis israelenses entre os milhares, de inocentes idosos, crianças e bebês?
Genocídio é genocídio. Não existe genocídio bom e genocídio mau!
O que passou com a população civil em Israel é sim um genocídio sanguinário, onde esses covardes raptaram crianças, bebês, famílias inteiras, estupraram mulheres e meninas, decapitaram cabeças de crianças, queimaram famílias inteiras, ainda vivas.
Que tipo de covardes sanguinários são esses que se dizem "guerreiros de Alá"? Que assassinam inocentes civis, em nome da libertação da Palestina?
Que crença é essa que justifica genocídio e sangue em nome de Alá?
É inaceitável qualquer tipo de violência sanguinária à inocentes. Isso é uma regra para quem é um verdadeiro socialista Humanista! E isso, independente de que lado esteja!
Esse grupo palestino chamado Hamas é parte do estado islâmico, cujos membros são o maior perigo para a própria causa Palestina!
Vejam como assassinaram de forma sangrenta as lideranças da OLP (Organização de Libertação da Palestina) em Gaza, quando tomaram a força o poder há 17 anos.
Vejam se existem sinagogas, igrejas, templos e outras religiões em Gaza?
Vejam se existe em Gaza algum partido político, seja de esquerda ou de direita?
Vejam se eles investem seus recursos para o desenvolvimento e bem-estar de seu próprio povo?
Para quem quiser saber é simples: procure ler o que está escrito na plataforma da Hamas (estado islâmico).
Está escrito, em letras maiúsculas, que o seu grande objetivo não é somente exterminar dos 7 milhões de judeus que vivem em Israel. É também aniquilar os outros 8 milhões de judeus que vivem no mundo. Eles nem tem interesse em ter sua Palestina.
O seu grande e maior objetivo é transformar o mundo todo num estado islâmico!
Essa é verdadeira ideologia do Hamas e do estado islâmico. Para eles somente assim poderá haver a paz mundial. O mundo todo islâmico.
Existe hoje no Brasil uma seita que se define como esquerda. Ela é antissemita e, o pior, se transformou em massa de manobra da ideologia fundamentalista islâmica.
Não sei se vocês sabem ou não, mas no momento certo todos, independente de suas ideologias, seja socialista, comunista, liberal, social-democrata, não terão mais o direito de existir!
Não haverá no mundo outra religião, crença ou espiritualidade ou ideologias, a não ser o islamismo fundamentalista radical.
Vocês ativistas da seita, que se define com esquerda, estão cegos, adormecidos. Esses fundamentalistas sanguinários estão rindo de seus discursos e de suas análises de conjuntura.
Vocês são para eles nada mais que uma massa de manobra (gado), que no momento certo suas vidas e suas ideologias também serão descartadas de sua existência!
E terão sim o mesmo destino dos judeus e judias, que foram assassinados e aplaudidos por vocês!
O Hamas faz parte de uma luta muito maior do que a luta pela Palestina, pois sua teologia somente tem uma única e verdadeira causa, que é transformar o mundo num grande estado islâmico!
Se vocês não conseguirem entender isso hoje, tenho certeza de que vão entender mais tarde!
Mas não haverá mais tempo de se lamentar, pois não poderão ter mais o direito de existir!
Acordem antes que seja tarde!
Saiba mais…

Diário de Guerra 1 – A Volta Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 1 – A Volta
Jayme Fucs Bar
No momento em que estourou a guerra em Israel, eu estava a trabalho em Portugal. Seguindo o instinto israelense, que é sempre muito claro nessas ocasiões, decidi voltar a Israel de forma imediata. E aí começou a corrida para conseguir lugar num voo da El Al, a única companhia disponível e com experiência em lidar com esse tipo de desafio.
Muitos outros israelenses fizeram a mesma coisa. Por isso, foi difícil encontrar um lugar, mas por fim consegui. Meu pensamento era estar em Israel o mais rápido possível, pois um de meus filhos foi convocado para atuar na linha de frente no norte de Israel. Assim como ele, milhares de israelenses estão lutando por nossa existência. Chego a Israel com um único objetivo: proteger meus 4 netos e apoiar minha nora neste momento difícil.
No aeroporto em Lisboa, me senti meio desorientado com a passagem brusca de uma realidade a outra. Da paz e do sossego em Portugal para um clima de guerra, uma guerra sangrenta causada por um grupo de terroristas islâmicos, cujo único intuito é nos exterminar, e não defender a Palestina.
Um jovem oficial me atendeu na seção de controle de passaporte e, com meu passaporte nas mãos, verificou que sou israelense, nascido no Brasil, me questionou: "Estás a voltar a Israel para a guerra?"
Expliquei a ele que adoro Portugal, mas voltar a Israel era uma necessidade vital neste momento de sobrevivência do nosso povo.
Ele mexeu com a cabeça aprovando minhas palavras e disse: “Entendo perfeitamente, eu estive na guerra no Afeganistão e ninguém aqui sabe o que é uma guerra contra o fundamentalismo islâmico radical.”
E continuou: “Esta não é uma luta pessoal de vocês israelenses. Admiro vosso povo, pois sei o que muitos não sabem, que vocês não estão lutando somente por vocês, mas por cada um de nós aqui na Europa e todo o mundo livre.”
Fiquei surpreso com a afirmação do oficial no balcão, que naquele momento deixou os outros viajantes de lado na fila. O rapaz carimbou meu passaporte e reafirmou “Vai, irmão, que Deus te proteja e todo seu nobre povo. Poucos sabem o que vocês estão enfrentando e fazendo por todos nós.”
Nem preciso dizer que saí dali muito emocionado.
Como era de se esperar, por questão de segurança, o avião não saiu no horário marcado. No vôo, todos sem exceção eram israelenses. Parecia que estávamos em casa; as formalidades comuns em voos normais não existiam.
Sentei-me ao lado de duas jovens que estavam aflitas para chegar, tinham familiares que haviam sido raptados pelo Hamas. Quando o avião pousou no aeroporto Ben Gurion, foram muitos os aplausos e gritos de Am Israel Hay Vêkaiam (O povo de Israel vive e existe).
Todo o processo de saída do aeroporto praticamente vazio foi muito rápido. Lá fora, jornalistas entrevistavam os jovens que chegavam para se engajar nas fileiras do exército de Israel, abandonando seus passeios e aventuras.
Yosique, que vive no meu kibbutz, foi me buscar. No caminho para casa, ele contou como estamos organizados no kibbutz para qualquer tipo de enfrentamento. Cheguei cansado, fui dormir um pouco e me preparar para encontrar minha nora e meus netos.
Ao chegar a casa deles, ouvi a única palavra em português que eles nunca esquecem: VOVÔ!
Abraços e beijos de felicidade e carinho. Sinto que cumpri minha a missão, que é ficar aqui com meus netos e principalmente procurar dar total segurança ao meu filho que está nessa guerra lutando por nós.
Quero que ele saiba que seus filhos estarão protegidos por mim e por nossa comunidade, custe o que custar.
Saiba mais…

Diário de Guerra 1 – A Volta Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 1 – A Volta
Jayme Fucs Bar
No momento em que estourou a guerra em Israel, eu estava a trabalho em Portugal. Seguindo o instinto israelense, que é sempre muito claro nessas ocasiões, decidi voltar a Israel de forma imediata. E aí começou a corrida para conseguir lugar num voo da El Al, a única companhia disponível e com experiência em lidar com esse tipo de desafio.
Muitos outros israelenses fizeram a mesma coisa. Por isso, foi difícil encontrar um lugar, mas por fim consegui. Meu pensamento era estar em Israel o mais rápido possível, pois um de meus filhos foi convocado para atuar na linha de frente no norte de Israel. Assim como ele, milhares de israelenses estão lutando por nossa existência. Chego a Israel com um único objetivo: proteger meus 4 netos e apoiar minha nora neste momento difícil.
No aeroporto em Lisboa, me senti meio desorientado com a passagem brusca de uma realidade a outra. Da paz e do sossego em Portugal para um clima de guerra, uma guerra sangrenta causada por um grupo de terroristas islâmicos, cujo único intuito é nos exterminar, e não defender a Palestina.
Um jovem oficial me atendeu na seção de controle de passaporte e, com meu passaporte nas mãos, verificou que sou israelense, nascido no Brasil, me questionou: "Estás a voltar a Israel para a guerra?"
Expliquei a ele que adoro Portugal, mas voltar a Israel era uma necessidade vital neste momento de sobrevivência do nosso povo.
Ele mexeu com a cabeça aprovando minhas palavras e disse: “Entendo perfeitamente, eu estive na guerra no Afeganistão e ninguém aqui sabe o que é uma guerra contra o fundamentalismo islâmico radical.”
E continuou: “Esta não é uma luta pessoal de vocês israelenses. Admiro vosso povo, pois sei o que muitos não sabem, que vocês não estão lutando somente por vocês, mas por cada um de nós aqui na Europa e todo o mundo livre.”
Fiquei surpreso com a afirmação do oficial no balcão, que naquele momento deixou os outros viajantes de lado na fila. O rapaz carimbou meu passaporte e reafirmou “Vai, irmão, que Deus te proteja e todo seu nobre povo. Poucos sabem o que vocês estão enfrentando e fazendo por todos nós.”
Nem preciso dizer que saí dali muito emocionado.
Como era de se esperar, por questão de segurança, o avião não saiu no horário marcado. No vôo, todos sem exceção eram israelenses. Parecia que estávamos em casa; as formalidades comuns em voos normais não existiam.
Sentei-me ao lado de duas jovens que estavam aflitas para chegar, tinham familiares que haviam sido raptados pelo Hamas. Quando o avião pousou no aeroporto Ben Gurion, foram muitos os aplausos e gritos de Am Israel Hay Vêkaiam (O povo de Israel vive e existe).
Todo o processo de saída do aeroporto praticamente vazio foi muito rápido. Lá fora, jornalistas entrevistavam os jovens que chegavam para se engajar nas fileiras do exército de Israel, abandonando seus passeios e aventuras.
Yosique, que vive no meu kibbutz, foi me buscar. No caminho para casa, ele contou como estamos organizados no kibbutz para qualquer tipo de enfrentamento. Cheguei cansado, fui dormir um pouco e me preparar para encontrar minha nora e meus netos.
Ao chegar a casa deles, ouvi a única palavra em português que eles nunca esquecem: VOVÔ!
Abraços e beijos de felicidade e carinho. Sinto que cumpri minha a missão, que é ficar aqui com meus netos e principalmente procurar dar total segurança ao meu filho que está nessa guerra lutando por nós.
Quero que ele saiba que seus filhos estarão protegidos por mim e por nossa comunidade, custe o que custar.
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