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Diário de Guerra 25 – Refugiados Judeus dos Países Árabes – Jayme Fucs Bar

É muito interessante quando se fala de refugiados palestinos ou mesmo, de forma geral, sobre a temática dos refugiados no mundo. Creio que se esquecem, ou não querem lembrar, que um dos maiores grupos de refugiados do mundo são, sem nenhuma dúvida, os judeus.

Ser refugiado, para cada judeu ou judia, é parte de seu DNA. Não existe um só judeu nesse mundo que não seja descendente de um refugiado – algum antepassado longínquo ou mesmo seus pais ou avós, que fugiram de perseguições e antissemitismo, levando o povo judeu a diversos lugares pelo mundo.

Me lembro de minha avó Necha Fuksman, que fugiu da Polônia com 2 filhos pequenos. Saíram da aldeia de Birgoja e chegaram ao porto do Rio de janeiro – Brasil, em 1921. Minha avó não tinha a menor ideia de onde havia chegado. O que importava para ela era fugir dos Pogroms que aconteciam com os judeus. Quando desceram do navio, ela realmente não sabia que tinha chegado a um país chamado Brasil. Ela sempre dizia que estava na América. Meus avós e tios, como milhares de outros refugiados judeus, fugiram do inferno que viviam na Europa e no mundo árabe pelo simples fato de serem judeus.

Falar de refugiados judeus é uma temática muito frequente na história judaica. Para quem não sabe, ela faz parte de um processo contínuo de mais de 2.500 anos, que começou com a destruição do primeiro templo em 582 aC e depois com o segundo templo 70 dC. Este último foi o principal fator do grande exílio dos judeus no mundo antigo que, em sua maioria, foram levados como escravos para todos os cantos do mundo. Neste momento começou a saga dos judeus errantes, ou melhor, de judeus refugiados, que estarão sempre fugindo de uma perseguição, de um pogrom, de uma matança, da Inquisição ou de algum genocídio, na esperança de encontrar um exílio, um porto seguro.

A necessidade da criação do Estado de Israel, a terra de seus ancestrais, não é somente uma necessidade vital do povo judeu, mas sim uma solução ao problema crônico que vivem há mais de 2500 mil anos como refugiados e perseguidos no mundo. O povo judeu deve ter, como todos os povos do mundo, o direito à sua autodeterminação.

A criação do Estado de Israel foi talvez a única solução prática que deu uma resposta ao mundo sobre o problema da "questão judaica". Com certeza essa solução criou paradigmas, conflitos e, como consequência, a questão dos refugiados palestinos. Mas para mim o que mais me incomoda não é que realmente precisamos ter uma resposta humanitária ao problema dos refugiados palestinos. O que sempre me incomoda é esse total desequilíbrio quando se trata dos refugiados judeus, principalmente dos judeus que foram expulsos dos países árabes.

O mundo nunca acorda, quando se trata dos judeus. O peso sempre tem outras medidas. O foco do mundo é sempre o problema dos refugiados palestinos. O mundo se faz de desentendido em relação ao problema dos refugiados judeus dos países árabes. Todos esses refugiados estão ligados às mesmas consequências da guerra de 1948, após a proposta da ONU pela partilha em novembro de 1947, aceita pelos judeus e negada pelos palestinos.

 

 

Seria bom saber que até o ano de 1948, viviam nos países árabes por volta de 1 milhão de judeus e judias, principalmente nos países como: Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Iraque, Síria, Líbano e Iêmen. Praticamente, em meados dos anos setenta, a maioria das comunidades judaicas nestes países foram totalmente dissolvidas e esses judeus e judias se tornam novos refugiados pelo mundo. O número de refugiados palestinos em 1948, nos dados informados pela ONU, era de 726 mil. A maioria deles se estabeleceu nos países árabes, que negaram sua integração como cidadãos de iguais direitos em seu novo país, inclusive para as gerações seguintes.

Pensem bem sobre isso: os judeus que viviam no que hoje chamamos de países árabes (no Oriente Médio) já viviam nessas terras muito antes das conquistas muçulmanas, ou seja, antes dos árabes terem vindo da península Arábia e conquistado esse grande território no século VII d.C. Os judeus já habitavam esses territórios, que foram dominados anteriormente por outros conquistadores como os persas, os babilônios, os gregos (Helenistas), os romanos, os bizantinos e, depois, os muçulmanos.

É difícil imaginar isso, mas os judeus nesses 2.500 anos em que viveram no exilio, sempre mantiveram sua identidade coletiva e civilizatória. Ela sempre funcionou como "um Estado dentro de uma Nação". Os judeus viveram nesses territórios muito antes de suas identidades nacionais e mesmo antes de seus conquistadores. Os judeus já viviam nessas terras como uma sociedade organizada, antes de existir qualquer país muçulmano ou cristão.

A temática dos refugiados judeus expulsos dos países árabes sempre foi, de certa forma, esquecida. Os judeus árabes refugiados em Israel ou em outros países souberam, mesmo com todas as dificuldades, se integrar nas sociedades que os receberam. Já esse processo com refugiados árabes palestinos, que fugiram ou foram expulsos de Israel na guerra de Independência em 1948, aconteceu de forma cínica. Isso é um aspecto importante para entender o conflito árabe-israelense. Temos que tomar em conta, pois não é simétrico falar somente de refugiados palestinos e esquecer os problemas dos refugiados judeus, que viviam nos países árabes.

De fato, pouco se escreve ou se fala sobre os judeus que foram expulsos dos países árabes e se tornaram, de um dia ao outro, cerca de 850 mil refugiados no mundo. Do outro lado o problema dos refugiados palestinos está bem documentado e bastante conhecido a nível internacional. Não existe um melhor exemplo disso, que foi a criação da UNRA - a Agência das Nações Unidas de Assistência e Emprego para os Refugiados Palestinos. Ela foi criada após a Guerra da Independência com base na Resolução 302 da Assembleia das Nações Unidas, em 1949, e funciona ainda hoje.

O número de refugiados judeus de países árabes é maior que o número de refugiados árabes palestinos, mas, diferentemente dos refugiados palestinos, não houve a criação de nenhuma organização semelhante para cuidar dos refugiados judeus expulsos dos países árabes.

Me recordo eu ainda jovem no Rio de Janeiro, ouvindo histórias do pai de grande amigo, que a família era de refugiados egípcios. Com os olhos cheios de lágrimas, seu pai contava que eles foram obrigados a abandonar tudo o que tinham no Egito. Chegaram ao Brasil com "uma mão na frente e outra atrás". Abandonaram não somente seus pertences, suas propriedades e negócios, mas uma vida inteira. Me lembro bem do olhar triste de um homem já idoso e amargurado, tirando de uma velha caixa de madeira um molho de chaves, como recordação de tudo que ele tinha na vida e que ficou para trás.

Eu tenho tentado escrever sobre fatos e informações que procuram trazer um certo equilíbrio, dentro desse mundo de total desequilíbrio. Na verdade, escrevo porque é um dever. Mas sinto que é uma guerra perdida, pois muitas pessoas não estão interessadas em se aprofundar, aprender e compreender as várias facetas desse conflito. Principalmente essa grande complexidade que é a história dos judeus e do Estado de Israel.

Admiro todos aqueles que se negam a se fechar dentro de concepções pré-determinadas, resistem como seres humanos livres e se negam a se transformar em boiada.

Lutem por sua liberdade de pensar e jamais renunciem a esse seu direito.

A história está repleta de tragédias. A questão dos refugiados palestinos é uma delas. Temos uma grande tragédia que foi o Holocausto dos judeus na Europa. Mas o que aconteceu com os refugiados judeus dos países árabes também precisa ser lembrado, pois foi algo muito duro e foi totalmente esquecido.

Vale a pena observar que a moeda sempre tem um outro lado!

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Diário de Guerra 23 Free- Free Curdistão! Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 23 Free- Free Curdistão!  Jayme Fucs Bar

O que aconteceu nessa guerra entre Israel e o Hamas – Estado Islâmico não foi descobrir que o fundamentalismo islâmico tem em sua plataforma a destruição do Estado de Israel. Para quem vive aqui, isso não é nenhuma novidade. O que essa guerra mostrou foi a verdadeira cara de muita gente nesse mundo. Foi o ódio à Israel e o povo judeu, quando muitos propõem, de forma muito clara, o fim da existência de Israel!

Não tem uma outra palavra para definir isso a não ser ANTISSEMITISMO!

Como pode um país tão pequeno e um povo que tem cerca de 15 milhões de pessoas em todo mundo, conseguir unificar pela mesma causa os fundamentalistas islâmicos, as esquerdas radicais, os partidos e organizações nazifascistas, o movimento LGBTQIA+, o movimento ecológico, o movimento feminista etc.? Todos levantando a bandeira do Antissemitismo e manifestando, numa mesma causa, o ódio a Israel e ao povo judeu. 

Essa guerra possibilitou a essa massa de gente a garantia de poder se manifestar de forma livre, mostrando o que realmente sentem e pensam sobre Israel e os Judeus. Antissemitismo é uma doença social que existe dentro de muita gente, de certa forma até inconscientemente. Não é um fenômeno novo e sempre, em algum momento, ele se manifesta na história.

Muitas dessas pessoas vão dizer: "Que absurdo, eu não sou antissemita. Eu tenho até um amigo judeu.”

Como posso provar?  Gostaria de comparar situações que têm o mesmo contexto que a luta por autodeterminação nacional. Vamos entender a desproporção dessa militância "Pró-Palestina" e “anti-Israel”. O exemplo que apresento a vocês é a luta pela autodeterminação do povo curdo.

De acordo com o World Factbook, a população curda é estimada em 35 milhões e está dividida da seguinte forma: 55% dos curdos no mundo vivem na Turquia, 20% no Irã, 20% no Iraque e cerca de 5% na Síria.

O povo curdo é um povo muito antigo. Ele vive há mais de 3 mil anos nessas regiões montanhosas. Apesar de ocuparem por séculos a mesma região, nunca tiveram um país e sempre foram oprimidos sob domínio político e militar de outros povos.

Na Turquia, onde vive a maioria do povo curdo, o seu idioma é proibido de ser usado. São perseguidos e descriminados como minoria nacional. Milhares de curdos estão presos por reivindicar os seus direitos nacionais. Por que não se escuta nas ruas que a Turquia é um país de Apartheid? Já com Israel....

A Turquia de um lado dá apoio incondicional à luta dos direitos nacionais do povo palestino, mas de outro os mesmos turcos ocupam, dominam e oprimem os direitos nacionais do povo curdo. E o mundo se cala sobre essa inaceitável situação. Não existe nenhuma ação do comitê de segurança da ONU sobre esse importante tema. Nem mesmo uma pequena manifestação nas ruas, gritos ou cartazes de grupos, organizações, ativistas de direitos humanos. Nenhum partido político gritando Free, Free, Curdistão!  Turquia Estado Assassino! Curdistão do Mar Vermelho ao Mediterrâneo!

 

 

No Iraque, região onde conseguiram uma certa autonomia em 2005, aconteceu os verdadeiros combates contra o grande genocídio que foi realizado pelos aliados do Hamas - o ISIS "Estado Islâmico", que exterminaram milhares das minorias Yazidis, Cristãos e Curdos. Mas não vemos ninguém nas ruas gritando Free- Free Curdistão! Fim do genocídio!

Como explicar que o povo curdo, que tem cerca de 35 milhões de pessoas e que luta pelos seus direitos nacionais, foi esquecido pelo mundo e do outro lado os direitos nacionais do povo palestino é a principal e a maior preocupação de todos?

Entendam, eu sou a favor da criação de um estado palestino ao lado do Estado de Israel. Dois povos, dois países. Mas se formos comparar com a luta de autodeterminação do povo curdo, não existe coerência entre a "simpatia" pela luta dos palestinos com a desproporcional e inexistente simpatia da luta do povo curdo.

E a Pergunta é por quê?

Na verdade, já fiz essa pergunta a essas pessoas que lutam de forma obcecada pelos “palestinos" e ninguém conseguiu me dar uma resposta. Mas eu tenho.

Na verdade, ninguém se importa sobre os direitos nacionais do Povo Palestino e muito menos sobre o povo curdo e, inclusive, desconhece que ele existe.

O grande problema de muitos no mundo é o ódio aos Judeus e ao Estado de Israel. É algo que eles mesmo, muitas vezes, não conseguem explicar o que é a “Judeu fobia”. Para essas pessoas, ver como um pequeno povo milenar conseguiu, apesar de perseguições, pogroms, genocídios, Inquisição e Holocausto, se organizar  e transformar esse pequeno território árido, sem recursos, em uma potência de grande desenvolvimento cultural, tecnológico, científico e econômica. Trouxeram, em tão pouco tempo, um exemplo inigualável no mundo.  Isso leva as pessoas à loucura e ao delírio!

Na verdade, o que mais incomoda aos antissemitas é ver os Judeus “se darem bem". Criar em tão pouco tempo um exemplo de nação. Isso na verdade é que mais incomoda às pessoas e não a "criação de um estado palestino". E sim a existência dos Judeus e o seu Estado de Israel

Aqueles que gritam Palestina do rio ao mar falam exatamente o que acreditam. A sua prioridade não é o estado palestino, mas a destruição do Estado de Israel e do povo judeu!

Mas vão te dizer: "isso não é antissemitismo e sim antissionismo"

De fato, não existe uma camuflagem melhor nessas palavras. Falar que ser antissionista não é ser antissemita não procede. É impossível fugir disso. Quem nega o direito de o povo judeu ter, como todos os povos do mundo, o seu direito de autodeterminação nega o direito do povo judeu de existir. Por isso Antissionismo = Antissemitismo.  

Escrevo a todos aqueles que realmente são a favor dos direitos de autodeterminação dos povos, em terem seus estados nacionais como: palestinos, judeus, tibetanos, ciganos, bascos, chechenos e, com certeza, nunca esquecer os curdos - esse grande povo sem uma nação! A cultura curda é rica em história e tradição!

Finalizo esse pequeno memorando, sob a luz da poetisa curda Latif Hamet, que testemunha a grande participação das mulheres curdas nas fileiras da tuta por sua libertação.

 

“Eu vou mãe.

Se não regressar,

serei flor desta montanha

torrão de terra

para um mundo

maior do que este

(…)

Eu vou mãe.

Se não regressar,

a minha alma será palavra

para todos os poetas.”

 

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Diário de Guerra 22 – Jogo de cartas conflito Israel Palestina – Jayme Fucs Bar
O conflito entre Israel e Palestina é um dos mais antigos do mundo.
O que faz este conflito ser diferente dos outros é que essa disputa não é somente uma questão territorial e sim há um caráter histórico - teológico, onde cada lado reivindica o direito a essas terras, com base no que está escrito na Bíblia ou no Alcorão.
Essa é uma disputa de terras, onde um acredita que Adonai deixou essa terra como herança ao povo judeu e o outro que Alá deixou essa terra como herança aos muçulmanos.
Em outras palavras, cada lado entende a mesma coisa de forma diferente. Isso quer dizer que se você abre mão dessas terras, você descumprirá uma lei divina. Para os fundamentalistas religiosos, tanto muçulmano quanto judeu, o seu destino será a morte, como foi o caso do assassinado de Anwar Sadat, pela irmandade Muçulmana em 1981, e depois o assassinato de Yitzhak Rabin, em 1994, por um judeu religioso fundamentalista.
A palavra Paz aqui é uma palavra muito complexa. Para muitos é até mesmo uma ameaça, para outros uma chance para uma possível solução. Dentro de uma população nada homogênea, a diversidade e as divergências são muito grandes.
Aqui estamos muito longe de termos algum consenso. O que determina o jogo político de Israel são as eleições e as disputas político-partidárias, onde sempre o que se destaca como prioridade é a questão do conflito.
Podemos dizer que, após todos esses anos, houve várias tentativas para solucionar esse conflito e até certas conquistas, quando foram assinados o acordo de paz entre Israel e o Egito (1979), os Acordos de Oslo (1993) e o acordo de paz entre Israel e a Jordânia (1994).
No Oriente Médio não existe vácuo. Sempre as grandes potências mundiais estão envolvidas. Nesses territórios, para essas potências, o envolvimento nos conflitos não é uma questão de desejarem realmente a paz mundial ou bem-estar de todos. O que está em jogo é, antes de tudo, seus interesses estratégicos.
Os Estados Unidos, como a Rússia, estão normalmente envolvidos dentro de seus interesses no processo de paz árabe – israelense. O interessante é que essas duas potências concordam com o mesmo objetivo de levar a uma solução de “dois estados para dois povos”.
O público em Israel tem opiniões e percepções diversas em relação a essa proposta de paz de “dois estados para dois povos”. Já a posição do atual governo de Israel, que domina a política israelense há mais de 15 anos, sempre foi de "administrar o conflito". Isso quer dizer deixar a situação como está, fortalecendo o Hamas na Faixa de Gaza e enfraquecendo a Autoridade Palestina, ampliando os assentamentos judaicos na Cisjordânia, criando assim um obstáculo concreto para que no futuro não possa existir qualquer possibilidade para criação de um Estado Palestino.
Essa estratégia do governo de Benjamin Nataniel, durante esses 15 anos, foi por água abaixo em 7.10.2023, quando 3000 terroristas da Hamas invadiram Israel de surpresa, rompendo totalmente o posicionamento estratégico do primeiro-Ministro de Israel e, em consequência, a entrada de Israel na atual guerra contra a Hamas.
Sem dúvidas, o caos que todos nós estamos vivendo nesse momento é a consequência desse governo irresponsável. A política anterior a Bibi Nataniel, em grande parte pelo governo trabalhista, sempre procurou uma negociação de paz, com a possibilidade de desistir, até certo ponto, do controle da Judéia e da Samaria, em troca da cessação do terrorismo e da assinatura de um acordo de paz.
Esta posição foi expressa de forma clara na Conferência de Madrid (1991), nos Acordos de Oslo (1993) e na Conferência de Camp David (2000). A entidade palestina com a qual os governos israelenses conduziram no passado essas negociações foi sempre a Autoridade Palestina, liderada por Arafat e depois por Mahmoud Abbas.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007 (quando derrotou a Fatah numa guerra civil) e esteve sempre fora desse processo. Definido como uma organização terrorista, contrária a qualquer negociação com Israel, o Hamas tem como seu grande objetivo a destruição física do Estado de Israel, o extermínio dos judeus e o estabelecimento de um Estado islâmico (não de um Estado Palestino).
Na verdade, a pergunta que muitos de nós fazemos é: "Por que ainda não conseguimos chegar à solução de Paz ao conflito Israel- Palestina?
Não é certo dizer que existe um só culpado e que toda a culpa caia somente nas forças políticas direitistas, ultranacionalistas e fundamentalistas de Israel, que dominam os seus governos nos últimos 15 anos. O grande paradoxo é que quem fortalece essas forças, que se opõem a solução de “dois estados para dois povos”, são as próprias lideranças palestinas.
Suas lideranças, além de serem altamente corruptas, lhes faltam muito o pragmatismo, que sempre caracterizou no passado as lideranças judaicas. Se as lideranças palestinas não fossem tão intransigentes, já teriam há muitos anos a sua Palestina.
Se formos verificar essas oportunidades dentro do processo histórico, veremos diversas chances de paz que foram descartadas pelas lideranças palestinas. Várias propostas extrapolaram a possibilidade prática de uma solução.
A maior delas foi a eterna exigência de que todos os refugiados palestinos e os seus descendentes poderiam regressar às suas casas e controlar a terra em que viveram até 1948. Essa abordagem foi o real motivo que Arafat não assinou um acordo de Paz com Israel em 1999 e que se desencadeou na segunda intifada e o congelamento do processo de Paz.
Vejam a lista das oportunidades de Paz que estiveram em mãos dos palestinos, durante esses últimos 100 anos:
• Em 3 de janeiro de 1919, houve uma tentativa através dos ingleses de acordo territorial entre Faisal-Weizmann. Acordo negado pelos árabes.
• Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 181, que previa a criação de um Estado árabe palestino e um Estado judeu. Israel aceitou a resolução da ONU e os palestinos negaram. Começou a guerra de Independência.
• De 1948 a 1967, durante o cessar fogo que durou 19 anos, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental ficaram totalmente nas mãos dos Palestinos, que não conseguiram estabelecer nesse longo período o seu estado nacional. Sua única preocupação foi se organizar, junto com as Nações árabes, e tentar "expulsar Israel para o mar".
• Em 13 de setembro de 1993, Plano Oslo. Foi um reconhecimento mútuo de ambas as partes, onde se estabeleceu um período de transição, inferior a cinco anos, de autogoverno para Gaza e a Cisjordânia, visando o cumprimento das resoluções 242 e 338 da ONU. Esse processo foi interrompido devido ao assassinato do Primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin, em 1994, por um terrorista judeu ultranacionalista e fundamentalista.
• Em 1999, Ehud Barak, primeiro-Ministro de Israel, retirou as forças israelenses do sul do Líbano. Em 2000 ele se reuniu novamente com os Palestinos na Cúpula da Paz de Camp David, mas Yaser Arafat não aceitou o acordo, onde 97% das terras da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza ficariam nas mãos dos Palestinos;
• Entre 27 e 28 de novembro de 2007, na Conferência de Annapolis, houve uma proposta de efetivar um acordo de Paz entre Israel e Palestina, proferida pelo primeiro Ministro Yeud Omer, onde foi oferecido um acordo parecido com o que Yeud Barak ofereceu a Arafat em 2000, mas os palestinos, através de Mahmoud Abbas, negaram o acordo.
• Em 2005, Ariel Sharon retirou todas as forças militares e seus colonos israelenses da Faixa de Gaza, com a ideia de ser criado nesse território um exemplo de prosperidade e estabilidade. Mas em junho de 2007, confrontos entre os próprios palestinos (Fatah e o Hamas) se transformaram em uma guerra civil. Hamas massacra o Fatah e a disputa terminou com a vitória do Hamas controlando totalmente a Faixa de Gaza e transformando esse território em um estado fundamentalista islâmico, fortemente bélico. Desde 2008 as populações civis de Israel são atacadas e isso desencadeou várias ações militares de Israel, até a guerra atual em 2023.
Acredito que, terminando essa terrível guerra, os objetivos de Israel sejam consagrados: o extermínio das forças do fundamentalismo islâmico do Hamas na Faixa de Gaza e a libertação dos mais de 200 reféns israelenses.
Com certeza, a realidade política de Israel e dos palestinos não serão as mesmas. Acontecerão sérias mudanças entre elas. Teremos finalmente o fim do poder do Bibismo na política israelense e, quem sabe, possa ser criada uma liderança palestina, menos corrupta e mais pragmática.
Venho há anos rezando para que essas novas forças sejam capazes de criar um forte elo entre esses povos sofridos, israelenses e palestinos, e finalmente possa ser criada a paz tão esperada e o diálogo que todos nós necessitamos.
Oseh shalom bimromav Hu ya'aseh shalom aleinu V'al kol Yisrael y kol haolam
V'imru: Amém.
"Que aquele que cria a paz nas alturas traga paz para nós e para todo Israel e para todo o mundo. E nós dizemos: Amém."
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Diário de Guerra 21 – Guerra entre civilizações – Jayme Fucs Bar

Os valores e códigos ocidentais de Israel são muito estranhos aqui no Oriente Médio, o mundo árabe absorve alguns elementos materiais desse mundo ocidental, como: tecnologias, meios de comunicação, armamentos etc., mas por outro lado ele se nega, de forma intransigente, aos costumes e valores desse mundo ocidental.

Não é uma questão de culturas diferentes e sim da resistência de se integrar na Globalização ou, se quiser, a ocidentalização que quase todo o mundo vive, inclusive países do Oriente como a China.

O Oriente Médio é uma região especificamente de maioria de países árabes Muçulmanos e é por isso que aqui podemos sentir fortemente uma grande resistência à esta ocidentalização. É fácil entender, de forma clara, o que o Sociólogo Samuel Huntington escreveu sobre a guerra das civilizações:

"Os Estados-nação continuarão a ser os atores mais poderosos nas questões mundiais, mas os principais conflitos da política global ocorrerão entre nações e grupos de diferentes civilizações. O choque de civilizações dominará a política global. As guerras civilizacionais serão as batalhas do futuro." (HUNTINGTON, Samuel. Clash of Civilizations, 1996)

Nesse espaço chamado Oriente Médio estamos de fato dentro de uma guerra entre civilizações, que não é somente uma simples questão de mais uma disputa territorial entre Israel X Palestinos. É algo muito maior que vem se expandindo e já se pode sentir seus efeitos principalmente na Europa, onde vemos um fenômeno preocupante que é a unidade estratégica de grupos ecológicos, antiglobalização e partidos radicais de esquerda.

Todos se unindo com o fundamentalismo Islâmico radical, que tem como objetivo comum combater e destruir a ocidentalização. Mas esses grupos esquecem que essa unidade é algo temporário, pois são, no momento, apenas "gados de manobra". Não percebem que dentro da plataforma dos fundamentalistas islâmicos esses grupos não terão direito de existir.

A Frente fundamentalista árabe muçulmana e a esquerda radical se transformaram numa nova manifestação nazifascista e veem Israel como um grande perigo. Não somente por dominar um território, consagrado como legítimo e reconhecido pela ONU mas, sem dúvida, por ser um estado de maioria de Judeus.

Isso faz a resistência ser ainda maior, pois para esses grupos a existência de Israel é mais do que uma invasão dos valores ocidentais dentro do coração da civilização árabe muçulmana, além de uma grande conquista dos valores da civilização judaica no Mundo.

Essa tensão se intensifica quando esses grupos tomam em conta que Israel, mesmo sendo um país minúsculo, num território árido sem recursos naturais, sem os poços bilionários dos petróleos árabes consegue, em 75 anos de existência, realizar uma revolução e se transformar numa pequena potência econômica, tecnológica, científica e militar. Um país que conquistou, em tão pouco tempo, um desenvolvimento humano e cultural jamais visto no mundo.

O que passa dentro do olhar da sociedade muçulmana fundamentalista e de seus aliados não é somente uma simples questão de inveja. Para esses grupos, claramente antissemitas, o Estado Judeu é a prova concreta de que os judeus, estão a "conspirar" a partir de Israel, para "dominar e subjugar todo o Mundo".

Há um outro fator que também interfere nesta situação. O crescimento e a prosperidade de Israel se tornaram uma ameaça direta aos países árabes muçulmanos, pois Israel é o único exemplo de democracia no coração do Oriente Médio e pode trazer uma grande instabilidade aos países árabes que vivem em regimes feudais, fundamentalistas e patriarcais.

A forma de perceber isso é observar como vivem os árabes muçulmanos em Israel. Eles são 1 milhão e meio de cidadãos israelenses. O nível sócio – cultural e econômico deles é maior que em todos os países árabes.

Essa população (praticamente 20% de Israel) está cada vez mais integrada aos valores ocidentais. Isso inclui uma grande revolução cultural, principalmente na integração da mulher árabe muçulmana em todos os setores da sociedade israelense. Muitas estão no meio acadêmico, onde podemos encontrar mulheres muçulmanas advogadas, médicas, professoras e cientistas. Estão também dentro do meio artístico.

Muitos dos muçulmanos, que vivem em Israel, são considerados no mundo árabe como traidores e um perigo à toda a região. Eles são exemplos claros da integração e absorção dos valores ocidentais, tendo muitos deles se definido como seculares.

Israel é um Estado Judeu democrático e, logicamente, totalmente diferente dos países árabes. Cada cidadão israelense tem a garantia e o direito de viver em sua "tribo", seja ele Muçulmano, Beduíno, Judeu Ortodoxo, Judeu Laico, Secular, Druso, Charqueasse, Bahay, Cristão, Ivri'im de Dimona, ou outro e a manter seu idioma, religião, cultura e tradição.

Quem vem visitar Israel percebe que este é um país que se concentra e representa a maior liberdade de manifestações culturais e religiosas do mundo, completamente diferente dos países árabes.

Na guerra de Israel contra a Hamas – Estado Islâmico, muitos não sabem, mas dentro do exército de Israel, não se encontram somente Judeus e Judias. Muitos são soldados e oficiais Drusos, Beduínos, Muçulmanos, Ivri'im de Dimona e Cristãos.

Mas porque esses grupos que não são judeus estão lutando pelo Estado de Israel?

Esses grupos sabem que o mundo não quer saber que o Estado de Israel é o único espaço existente, nesta região de predominância árabe, que garante, sem diferença de raça, cultura ou religião, o direito de viver numa nação que valoriza a vida, a liberdade e a dignidade de TODOS.

Se Israel não existir, TODOS deixam de existir! 

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Diário de Guerra 16 - Hodna X cessar-fogo – Jayme Fucs bar
Eu nasci no Brasil, no Rio de Janeiro. Cheguei em Israel com 24 anos. As grandes dificuldades de um novo imigrante em Israel não são somente aprender um novo idioma, conseguir trabalho e criar uma nova vida. A dificuldade maior é você viver num país ocidental e ter que entender os códigos, os valores culturais e religiosos dos países árabes muçulmanos e, mais especificamente, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Nessa convivência, você rapidamente entende que esses códigos e valores são muitíssimos diferentes do que você viveu na América Latina ou na cultura ocidental.
No mundo árabe muçulmano os códigos são outros, as expressões e as intenções têm diferentes significados e valores. Se você não compreende isso, você não pode entender nada do que se passa por aqui. Essa é a grande dificuldade de todos, quando analisam ou acham que entendem o conflito no Oriente Médio e, particularmente, esta situação entre Israel e Palestina. Exemplo é a atual questão sobre do cessar-fogo na faixa de Gaza.
Cessar-fogo para nós ocidentais é a paralisação de um conflito, no qual cada lado concorda com o outro em suspender as operações de guerra, de forma provisória (um acordo comum que tem o mesmo peso para os dois lados).
O Hamas não entende cessar fogo dentro dos valores ou termologias ocidentais. Eles somente compreendem o que está de acordo com a tradição islâmica.
O nome dado por eles para uma parada na guerra chama-se HODNA.
Diz que somente em certas condições estão autorizados a declarar a cessação das hostilidades (uma espécie de cessar-fogo). Isso ocorre, quando a guerra corre mal para eles ou quando se avalia que o inimigo tem mais poder ou capacidade do que eles e, se continuar lutando, o inimigo vencerá a guerra, aí sim poderá fazer a HODNA.
O objetivo do HODNA é reorganizar-se para a continuação da luta e fortalecer a capacidade dos combatentes. A HODNA é limitada no tempo (10 anos) e é permitido violá-lo se o inimigo estiver enfraquecido.
O fim da HODNA pode ser anunciado, sem negociação com o outro lado. Portanto, o HODNA não é um acordo prático de trégua entre as duas partes em conflito, uma vez que o significado do HODNA não é um acordo de cessar-fogo coordenado entre os dois lados. Ela é uma cessação das hostilidades para que, no caso o Hamas, possa se reorganizar de forma unilateral, com a retomada de hostilidades depois.
Vejam como funcionou durante todos esses últimos 15 anos as 4 tentativas de cessar fogo já ocorridos no conflito entre Israel e a Hamas. Observem que todos esses "cessar-fogo" foram rompidos pelo Hamas exatamente dentro da definição que não é o cessar-fogo ocidental e sim a HODNA.
• A Operação Chumbo Fundido (27 de dezembro de 2008 - 18 de janeiro de 2009)
A operação terminou após 22 dias de combates, terminou com um “cessar-fogo” (HODNA)
• A Operação Amud Anan (14 de novembro de 2012 - 21 de novembro de 2012).
A operação terminou uma semana depois com o anúncio de um “cessar-fogo”. (HODNA)
• Operação Tzuk Eitan (8 de julho de 2014 - 26 de agosto de 2014)
Uma operação militar contra o Hamas em Gaza que começou com lançamento de foguetes e três meninos israelenses foram sequestrados e assassinados. Terminou com "cessar-fogo” (HODNA)
• Operação Shomer Homot (10 de maio de 2021 – 21 de maio de 2021)
Uma operação militar, que começou no Dia de Jerusalém, após as organizações terroristas da Hamas começarem a disparar foguetes em direção à área de Jerusalém e arredores de Gaza. Terminou com um "cessar-fogo" (HODNA)
• 07 de outubro 2023, às 6:30 da manhã, 3000 terroristas do Hamas rompem o "cessar-fogo", invadem Israel e fazem atrocidades nas comunidades vizinhas da faixa de Gaza. Foram assassinadas 1400 pessoas, em sua maioria civis. Duzentos e quarenta e quatro (244) pessoas foram raptadas: entre elas crianças, bebês, idosos mulheres e homens. Israel entra em guerra (Charavot Barzel) e, depois de 30 dias de Guerra, o Hamas pede um novo "cessar-Fogo" (HODNA)
A forma que a Hamas - Estado Islâmico entende o mundo é totalmente diferente dos nossos valores e conceitos, ocidentais na verdade, não é uma questão de idiomas diferentes, mas de visões de mundo completamente antagônicos.
Se quisermos entender o que seja o Hamas - Estado Islâmico, temos que ler e estudar o que está escrito na sua plataforma ideológica e a forma que eles interpretam o Alcorão.
Um exemplo claro é que, para eles, o termo "cessar-fogo", dentro dos direitos internacionais, armistício ou o que for decidido pelo conselho de segurança da ONU, não tem nenhum significado. Para o Hamas o que vale é a sua interpretação do que está escrito no Alcorão que é a HODNA, e não cessar-fogo.
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Diário de Guerra 15 – O Que eu tenho a ver com Isso? – Jayme Fucs Bar
Qual será o verdadeiro motivo do conflito Israel – Palestina conseguir mobilizar boa parte do mundo, levando a grandes manifestações, repúdios, debates e críticas?
Por que será que não se consegue mobilizar grandes manifestações de repúdios, quando mais de 4 mil palestinos são massacrados no campo de refugiados de Yarmouk, na Síria? MAS ISSO NÃO IMPORTA!
E como pode passar, totalmente despercebido, os massacres que o Hamas realiza sistematicamente na Faixa de Gaza aos seus opositores, entre eles os seus grandes rivais palestinos da OLP (Organização de Libertação da Palestina)? Se calcula que o Hamas já assassinou, com suas próprias mãos, mais de 1.500 palestinos que se opuseram ao seu poder na faixa de Gaza. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
É impressionante ver que não existe nenhuma manifestação, ou gritos pelo mundo, de "Free Curdistão", em prol dos direitos legítimos de 40 milhões de curdos de ter o seu lar nacional. A Turquia reprime os seus direitos criando, de fato, um verdadeiro Apartheid, onde os curdos são proibidos de manter seu idioma e guardar a sua herança histórica cultural! MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Não vemos nenhum repúdio à descriminação que sofrem as comunidades palestinas no Líbano, onde foram arrancados seus direitos elementares como educação, saúde e a possibilidade de comprar um pedaço de terra. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Nada se ouve, nem mesmo uma pequena ou simbólica crítica ao Rei Abdalla, da Jordânia e à sua esposa Rainha Nur, de origem palestina. Lá os palestinos representam 70% de sua população, mas estão limitados de ter legitimidade e representatividade no poder. Ou talvez tenham ouvido falar que em setembro de 1970 o exército Jordaniano massacrou em dez dias mais de 5 mil palestinos? MAS ISSO NÃO IMPORTA!
E aqueles que lutam pelos direitos humanos? Não se ouve seus gritos e nem vemos suas bandeiras exigindo a abertura das fronteiras do Egito, para receber refugiados palestinos e prestar ajuda humanitária! MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Muito menos uma palavra sequer sobre Putin e a hipocrisia da Rússia, que fala de massacre de Israel aos palestinos, mas legitima os seus massacres ao povo ucraniano. Até este momento são mais de meio milhão de mortos e feridos. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Ninguém se interessa em saber se existe uma guerra sangrenta na Etiópia, que já deixou milhares de mortos e uma situação em que 900 mil pessoas vão morrer de fome nos próximos anos. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Ou por acaso alguém já ouviu falar sobre o genocídio sistemático, que vem ocorrendo há centenas de anos, aos índios brasileiros e da América Latina. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
E sobre os grupos de militantes islâmicos que se voltam cada vez mais para uma frente de ocupação na África, tentando dominar diversas regiões de diferentes países como Mali, Níger, Burkina Faso, Somália, Congo e Moçambique? MAS ISSO NÃO IMPORTA!
MAS IMPORTA SIM!
Aplaudem e comemoram quando o Iêmen manda foguetes de longo alcance para matar civis em Israel! SIM ISSO IMPORTA! Mas sobre o conflito no Iêmen, país que vive uma sangrenta guerra onde, até o momento, já morreram mais de 233 mil pessoas, entre elas mais de 10 mil crianças. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Será que alguém vai se importar em sair agora em manifestações, pelas ruas do Brasil ou do mundo, para condenar a intenção do Grupo Terrorista Islâmico Hezbollah, ligado ao Irã, detidos na quarta-feira 8.11.23 pela Polícia Federal do Brasil e com a intenção de realizar atentados terroristas nas comunidades judaicas brasileiras? OU SERÁ QUE ISSO TAMBÉM NÃO IMPORTA?
POR QUE SE IMPORTAM TANTO EM SE COLOCAR CONTRA OS JUDEUS E ISRAEL?
A resposta é muito clara: ANTISSEMITISMO!
Nós, Judeus e Judias, conhecemos a cara desse monstro chamado antissemitismo, mesmo quando eles estão camuflados!
Saibam que estamos caminhando na história há mais de 3000 anos. Quanto mais pensam que nos batem, mais saímos fortes e unidos. A nossa capacidade de sobrevivência é um fato comprovado e aqueles que se levantarem contra os judeus e o Estado de Israel, no final serão enterrados no lixo da história.
Fontes:
Além da Guerra na Ucrânia: 7 conflitos sangrentos que ocorrem hoje no mundo - BBC News Brasil
Home - The Geneva Academy of International Humanitarian Law and Human Rights (geneva-academy.ch)
PF prende 2 brasileiros sob suspeita de atuarem para o Hezbollah (uol.com.br)
Reuters | Breaking International News & Views
10 Conflicts to Watch in 2023 | Crisis Group
10 Countries in conflict where Concern is responding in 2023 (concernusa.org)
Pode ser uma imagem de texto que diz "Ο que que eu tenho a ver com isso isso???"
 
 
 
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Diário de Guerra 14 – Os Kibutzim – Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 14 – Os Kibutzim – Jayme Fucs Bar
Minha falecida esposa sempre dizia o seguinte: "Tudo na vida é fruto das nossas escolhas". Acho que ela tinha razão. As escolhas que fazemos na vida determinam nosso destino.
Das muitas escolhas que fiz na vida, a mais importante foi a de morar num kibutz.
Moro no kibutz Nachshon há 41 anos. Aqui conheci minha esposa Orpá, criei dois filhos e hoje tenho seis netos — todos vivem aqui nessa comunidade tão especial. O kibutz partiu da idéia de uma sociedade utópica. Uma utopia criada por jovens judeus sionistas socialistas idealistas que viviam na Europa oriental e conseguiram colocar suas ideias em prática em Israel em 1910.
Hoje em Israel, existem 257 kibutzim (plural de kibutz). A maioria dos kibutzim fica nas fronteiras, principalmente próximos à Faixa de Gaza e no norte de Israel. Os kibutzim não chegam a ter 150 mil habitantes. É um número pequeno, porém significativo devido ao papel de guardiões das fronteiras de Israel e também por terem uma economia altamente diversificada, com fábricas e explorações agrícolas que representam 9% da produção industrial de Israel. Isso sem mencionar que 55% da produção agrícola de Israel provêm dos kibutzim.
O kibutz é um exemplo de sistema socialista que deu certo. A qualidade de vida de seus membros é uma das mais altas de Israel. E o mais incrível é que há kibutzim muito ricos, para não dizer milionários. Por exemplo, o kibutz Sasa na fronteira com o Líbano conta com, no máximo, 200 membros, e no ano de 2020 gerou uma receita de 850 milhões de dólares, que pertencem a esses 200 membros e suas famílias.
Nem tudo no longo processo de realização dessa utopia foi uma maravilha. Nos anos 80, ocorreram crises ideológicas, sociais e econômicas, pois o kibutz teve que adaptar sua vida econômica, que era altamente socializada, porém tornou-se inadequada frente às mudanças do mundo, principalmente a economia global, que forçou o kibutz a ganhar competitividade no mercado e se modernizar. Essa adaptação tirou o kibutz dessa profunda crise para se tornar um dos únicos exemplos no mundo de economia solidária que funciona na prática.
O kibutz sempre foi um pequeno estado paralelo. Ali não é preciso esperar que o estado cumpra sua obrigação de garantir bem-estar social, educação, saúde, segurança, moradia. O kibutz se encarrega disso e conta com a participação dos membros nos meios de produção. Essa realidade ocorre não somente nos dias de paz, mas principalmente nos dias de guerra, como os que vivemos neste momento.
A organização do kibutz nos tempos de guerra mostra o que é de fato solidariedade e ajuda mútua.
Neste terrível momento de guerra e caos que todos estamos vivendo, é impressionante ver como os kibutzim estão muito bem estruturados. Percebe-se que a responsabilidade de um com o outro não é simplesmente uma bela teoria, mas antes de tudo uma prática natural.
Muitos dos membros do kibutz foram para os campos de batalha, deixaram as mulheres e as crianças. E numa situação desse tipo, muita gente necessita de apoio material e psicológico, ajuda social, inclusive a garantia de segurança, para a qual foi criado um pequeno exército.
As maiores vítimas dos terroristas do Hamas habitavam kibutzim, principalmente os da fronteira com Gaza. Um dos kibutzim perdeu 45% de seus membros, que foram assassinados ou raptados, tiveram suas casas destruídas e incendiadas. Ironicamente, essa tragédia ocorreu num dia de festa, o feriado de SimcháTorá, em 7 de outubro de 2023. Essa data jamais será apagada da história do Estado de Israel e do movimento kibutziano.
É impossível não se perguntar onde está o governo para dar resposta a essa imensa tragédia a em que muitas pessoas perderam a vida, e as que sobreviveram perderam tudo.
O absurdo é ouvir vozes desse governo ultradireitista fundamentalista messiânico afirmarem, que a guerra ainda não acabou, mas mesmo assim já estão se organizando para restaurar a antiga colônia judaica na Faixa de Gaza (GushKatif) ou mesmo aproveitar a situação e substituir esses kibutzim que foram massacrados por novos assentamentos para religiosos ultranacionalistas.
O movimento kibutziano, em toda a sua história, teve um papel relevante na criação do Estado de Israel e sua segurança.
Infelizmente ele se tornou um saco de pancada desse governo irresponsável nos últimos anos, que se dedicou a demonizar os kibutzim e seus membros, criando conflitos entre kibutzim e a periferia, chamando os kibutzim de esquerdistas, traidores, e anarquistas. Nos 15 anos do governo de Benjamin Netanyahu, os kibutzim têm sido o grande bode expiatório da sociedade israelense.
É vergonhoso e covarde ver o primeiro-ministro Benjamin Natanyahu, que deveria representar todos os cidadãos, procurar se esconder atrás de mentiras e demonização, e, o pior, fugir de todas as responsabilidades pelo caos e pela guerra que vivemos hoje. Precisamos estar unidos, mas o primeiro-ministro não tem coragem de assumir: "Eu sou responsável por tudo o que aconteceu em 7 de outubro de 2023, já que sou o chefe de estado" .
O primeiro-ministro não pisou nos últimos 9 anos na região desses kibutzim. Entretanto, agora, após a catástrofe, ele resolveu visitar o kibutz Barry, onde morreram pelo menos 85 de seus membros e 26 foram raptados. Ainda assim, ele não pronunciou a palavra “kibutz” ou fez qualquer pronunciamento a respeito dos kibutzim nessa grande tragédia.
O que posso dizer como cidadão israelense que vive num kibutz é que tudo isso é lamentável. Essa é a verdadeira cara do nosso primeiro-ministro, que, com certeza, quando tudo terminar, não vai poder ficar no poder nem mais um dia!
O Estado de Israel nunca mais será o mesmo. Muita coisa deverá ser mudada nesse país. Na verdade, ninguém tem claro para onde caminhará Israel, seu destino, mas uma coisa é certa, jamais poderemos esquecer o preço pago pelos heróis e heroínas desses kibutzim que lutaram até a última gota de sangue, com tanta bravura e praticamente sozinhos frente a 3000 mil terroristas do Hamas fortemente armados.
Onde estava o poderoso exército de Israel?
Onde estava seu famoso serviço de informação?
Na verdade, infelizmente, não temos respostas para essas perguntas. Nossa sorte é que as lideranças das forças de segurança, diferentemente do primeiro-ministro, assumiram todas as responsabilidades. E de uma forma impressionante, conseguiram se organizar e agir para garantir nossa segurança.
Quando eu era um jovem no movimento juvenil sionista socialista Hashomer Hatzair, aprendi que "O verdadeiro patriotismo e amor a Israel se mostram em ações, e não em palavras”. É esse o espírito dos kibutzim, a ruach (alma) do movimento kibutziano.
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Diário de Guerra 13 - A Metamorfose - Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 13 - A Metamorfose - Jayme Fucs Bar
Pela manhã, ao acordar, logo me deparo com a divulgação de uma manifestação pró-Palestina, com uma foto de duas crianças sentadas nos escombros de Gaza. Leio todo o texto e me chama atenção uma das palavras de ordem escritas ao final:
PALESTINA LIVRE DO RIO AO MAR!
Nada mais explícito e que comprova que têm os mesmos objetivos das forças terroristas do Hamas e do Estado Islâmico. Clamam pela destruição física do Estado de Israel.
Nem nos meus piores pesadelos, eu poderia imaginar que um vasto setor que se define como esquerda brasileira adotaria visões políticas nazifascistas, nem que chegaria a esse nível deplorável de manifestar sua verdadeira cara de ódio aos judeus e a velha doença do antissemitismo.
Tenho a sensação de que o mundo chegou ao fim.
Nunca pensei que usariam a bandeira vermelha, que é símbolo da luta das classes trabalhadoras unidas, associada aos valores do fundamentalismo islâmico e que conclamariam a destruição e a morte de um país soberano.
Pergunto se têm um plano para colocar isso em prática, ou seja, como irão exterminar os 10 milhões de habitantes de Israel, sendo que 7 milhões são judeus. INACREDITÁVEL! Estão propondo um novo holocausto.
A esquerda que deveria levantar a bandeira da paz, e não da violência, que deveria gritar por uma Palestina livre e soberana ao lado do Estado de Israel. Dois povos, dois países. Fazem o caminho contrário. Vocês envergonham as verdadeiras causas do movimento socialista e humanista.
Vocês não são de esquerda, nem socialistas.
Vocês são um câncer disfarçado de esquerda, mas suas práticas são nazifascistas.
Penso no livro A Metamorfose de Franz Kafka, no qual um homem se transforma em um odioso inseto. É decepcionante constatar que essa esquerda que apóia o extermínio de Israel se transformou em um enorme inseto que se afunda no lixo da História.
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Diário de Guerra 12 - Que Deus nos livre do Bibismo e das bestas
humanas - Jayme Fucs Bar
É realmente impressionante viver nestes tempos, em que as bestas
humanas se reproduziram, a ponto de exercerem uma forte influência em nossa sociedade. Elas se apresentam vindo de todos os lugares do mundo, de todos os modos, em todos os meios, em todas as formas e ideologias, seja empunhando uma bandeira verde, ou vermelha, ou azul e branca, ou, em alguns lugares, até verde e amarela.
Na aparência, elas até se parecem diferentes, mas não se enganem:
são todas bestas humanas!
Se quiserem identificar o que estou dizendo, vejam o que está acontecendo em Israel! Não é algo que surgiu de repente, como muitos pensam. Não é algo espontâneo. NÃO!
Há muitos anos que esse governo, liderado por seu líder Benjamin
Netanyahu, vem alimentando bestas humanas, o que fizeram com grande sucesso! Essas bestas se proliferaram como vírus e se espalharam por todos os lados: o medo, o ódio e a violência.
Foi esse governo que criou as leis de desigualdade de cidadania entre os judeus e os “outros” cidadãos israelenses: árabes muçulmanos, árabes cristãos, druzos etc. Foi esse governo que deslegitimou o sistema jurídico, o Supremo Tribunal e o Ministério Público. Foi esse governo que abandonou aldeias e cidades árabes nas mãos do domínio do crime organizado, das milícias armadas, que lembram muito a realidade das favelas do Rio de Janeiro, dominadas pelo narcotráfico e abandonadas pela sociedade civil.
O nosso primeiro-ministro é sem dúvida um gênio. Alguns o consideram um mago da manipulação e da sobrevivência em se manter no poder. Para isso, a sua grande estratégia de mais de quinze anos é alimentar as bestas que se proliferam e que, em troca, o mantêm no poder.
Dessa vez, porém, uma coisa inesperada aconteceu, algo capaz de
surpreendê-lo em toda a sua genialidade: essas bestas, que há anos ganharam legitimidade, hoje se sentem fortes o suficiente para atuar sem sua permissão. Veja aonde chegamos: um país em total caos. Algo sem precedentes na história de Israel...
Para entender isso melhor, é importantíssimo saber compreender
algo novo, que foi criado nesse país durante os últimos quinze anos: a ideologia do Bibismo, em que tudo e todos aqueles que são contrários à sua política de alimentar as bestas são considerados esquerdistas, traidores, anarquistas e não patriotas!
Não importa quem sejam. Nem mesmo aqueles que têm uma posição política mais à direita, como Gideon Sa’ar, Naftali Bennett ou Avigdor Lieberman, viram esquerdistas e “traidores da Pátria”.
O Bibismo é algo único no mundo e realmente se tornou um fenômeno da história judaica que ainda será estudado por muitos anos, pois seu líder se considera um semideus, o seu ego extrapola a realidade. Ele acredita e faz milhões de pessoas acreditarem que só ele e mais ninguém pode fazer grandes proezas e salvar a nação das eternas ameaças à existência do Estado de Israel. Mas algo que o Bibismo não tinha previsto aconteceu: as bestas que ele mesmo criou e alimentou estão fortes o suficiente para traí-lo e abandoná-lo.
Para quem não sabe ou não quer saber, foi a ideologia do Bibismo
que alimentou a besta do Hamas e do Estado Islâmico. Foi essa ideologia que os fez mais fortes do que nunca nos últimos anos, quando o Bibismo optou por encher os bolsos desses terroristas sanguinários com dinheiro em troca da destruição da legitimidade da autoridade palestina na Cisjordânia.
O Bibismo alimentou, com todo o cuidado, os grupos e partidos
de judeus ultranacionalistas, fundamentalistas, racistas e karanistas, mesmo que no passado o seu próprio partido tivesse vetado que essas bestas fizessem parte das eleições e tivessem qualquer legitimidade em Israel.
O Bibismo destruiu o que foi no passado o Partido Likud de Menachem Begin, Yitzhak Shamir e Ariel Sharon! Ele conseguiu criar, no seu maquiavelismo, algo que jamais foi visto em todos esses 75 anos do Estado de Israel, que é o esfacelamento da sociedade israelense. Semeou a fragmentação e o ódio: seja entre árabes e judeus, entre religiosos e laicos, entre ashkenazim e sefaradim, entre a esquerda e a direita, entre a direita e a direita, entre kibutzim e a periferia etc.
Depois de 41 anos vivendo em Israel, olho para essa realidade e vejo um país dominado pelas bestas criadas e fortalecidas pelo Bibismo!
Pergunto: qual será o futuro desse país para as futuras gerações?
Toda essa realidade difícil sob o poder decisório de um homem que
tem um único interesse. Esse interesse, porém, não é a nação ou a pátria, nem muito menos o Povo de Israel!
Seu único interesse é esse desejo obcecado de se manter no poder
pela eternidade. Para isso, Bibi usa suas magníficas habilidades: a manipulação, a propagação do medo e o uso da mentira como formas de se manter em seu trono, cercado e adorado por seus discípulos.
Que glorioso e louvável seria para todos, judeus, árabes, a direita, a esquerda, os ashkenazim, os sefaradim, religiosos, laicos, todos e todas, que esse homem tivesse a dignidade e a integridade, sem precedentes, de nos livrar desse pesadelo.
Benjamin Netanyahu. Nenhum homem, nenhuma mulher, nenhuma pessoa. Somente ele poderia salvar essa nação, exatamente da forma que ele mais domina, indo para a frente das câmeras da mídia e dos meios de comunicação. Ele faria um discurso cheio de glória e de coisas impactantes, mas, no final, ele diria a frase tão esperada por todos nós: Eu me demito!
Israel espera mais do que nunca por esse momento, pois a ideologia do Bibismo está destruindo esta grande nação, o Estado de Israel, que surgiu depois de uma luta difícil, após tanto sangue e tanto suor. Um Estado que não foi criado para propagar e alimentar bestas humanas, seja de que origem forem.
Este texto foi escrito em 2021*
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