Do Tejo ao Douro – Jayme Fus Bar
Dia desses encontrei dois jovens estudantes portugueses. Quando me apresentei, disse que vivia há 42 anos em Israel. A reação foi imediata - me indagaram como eu poderia viver num estado genocida, colonialista, imperialista etc.
Na mesma hora perguntei a eles se acreditavam que Israel tinha o direito de existir ao lado de um estado palestino, assim como muitos judeus de Israel e do Mundo desejam esta situação, como forma de solucionar esse longo conflito.
A resposta desses jovens universitários, de classe média alta, foi um sonoro não! Palestina do rio ao mar, disseram. Perguntei a eles se sabiam a que rio e a que mar eles estavam se referindo e o que fariam com os 7 milhões de judeus que vivem hoje em Israel.
Não obtive resposta. Com certeza não tinham ideia da geografia de Israel e muito menos como fazer desaparecer 7 milhões de judeus e judias.
Já num tom de ironia, disse a eles que, como jovens universitários “inteligentes”, seria importante procurar saber qual a verdadeira luta deles e estudar, de uma forma mais profunda, a complexidade desse conflito.
Para provocar, disse uma das coisas que muitos portugueses e espanhóis não sabem, mas deveriam saber: que o Estado Islâmico, esse grupo que o Hamas faz parte e que esses estudantes defendem como “resistência”, tem em sua agenda não só a aniquilação do Estado de Israel, mas também reivindicam o direito histórico islâmico a todo o território da Iberia, território que foi domínio muçulmano de 711 a 1492. Nada mais do que 781 anos.
Em outras palavras, esses estudantes sem saber defendem o direito islâmico das terras portuguesas. Me despedi deles com a frase “do Tejo ao Douro”.
Escrevo isso porque sinto que estamos vivendo num mundo perigoso, não somente por suas guerras e conflitos, mas pelas pessoas não entenderem que existe, por todos os lados, fortes e poderosas estruturas, com muito dinheiro, que tem um só objetivo: modelar a opinião pública dentro de suas agendas.
Essas poderosas estruturas estão espalhadas por todos os cantos do planeta, principalmente nas universidades, onde a juventude está mais exposta. Realizam uma imensa lavagem cerebral, onde as fakenews são mais elaborados e sofisticadas. Na verdade, já não sabemos o que é real ou o que é a reconstrução da realidade, dentro da qual nos desejam modelar.
Sem dúvidas, estamos numa guerra sem precedentes para formar a opinião pública, dentro dos padrões que cada lado deseja. No caso do conflito entre Israel e palestinos isso é muito presente nos dois lados.
No mundo árabe, liderado pela república Islâmica do Irã e pelo Qatar, se investe bilhões em mídia, sem precedentes em todo mundo. Do outro lado temos o Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Nathaniel, que realmente é um grande mestre, um gênio de como manipular a opinião pública. No seu caso, a sua luta nos meios de comunicação tem uma agenda muito pessoal, que é, a todo custo, se manter no poder.
Por isso, continua a justificar a continuidade de uma guerra total em Gaza. Bibi está numa situação difícil na opinião pública israelense e sabe que a única chance de aumentar a sua popularidade é “ele” libertar os reféns e destruir a Hamas, algo praticamente inviável dentro da atual conjuntura.
Se aceitar o fim do conflito em troca dos reféns, sabe que terá que responder não somente a três processos de corrupção, mas também será o acusado direto pela responsabilidade do massacre do Hamas, em 7 de outubro de 2023.
De fato, independentemente da posição que cada um tenha, existe uma regra muito clara que é ter muitíssimo cuidado de não ser manipulado. Deve-se sempre procurar fontes seguras e nunca aceitar tudo que vemos e lemos como verdades absolutas.
Esse mundo virtual se tornou muito nocivo e perigoso, pois não faltam “espertos” a procura de fazer nossas cabeças, como é o caso desses dois estudantes portugueses e, com certeza, de outros milhões nesse mundo.