Shabes em Jerusalém - Jayme Fucs Bar
Sábado em Jerusalém. Lá vou eu receber um casal de jovens turistas tipicamente cariocas, da Zona Sul, corpos malhados e com
a beleza exposta para se admirar.
O casal de turistas chega pronto para passear pelo Mar Morto, vestindo a moda carioca, de um jeito que, mesmo com toda a ajuda de Deus, não tem nenhum religioso que resista olhar de forma discreta para o corpo esculpido da minha cliente carioca.
Até mesmo as religiosas não se seguram e dão uma olhadinha no Deus Apolo, com seu corpo sensual e atlético.
É uma situação quase incompreensível, uma realidade onde dois
mundos diferentes se encontram e convergem em todas as diferenças.
Saímos para o passeio, com o carro estacionado em um lugar estratégico para não incomodar os nervos dos mais radicais.
Passamos um dia lindo e maravilhoso, apesar do calor quase insuportável do Deserto de Judá. Voltamos cansados a fim de matar o calor com uma cerveja gelada!
É fim de tarde em Jerusalém. Ainda é shabat, por isso, levo o jovem casal de turistas a conhecer as ruelas de Jerusalém, dominadas por jovens que procuram uma alternativa diferente de cumprir o seu shabat.
Estamos sentados numa mesa no meio da rua, música latina toca para alegrar o ambiente. O cheiro da cannabis é mais forte do que o cheiro da cerveja, tudo muito descontraído, um carro da polícia passa entre as cadeiras e mesas espalhadas na rua, o guarda sorri como se estivesse entendendo a situação! Um jovem grita shabat shalom! E o guarda responde!
Para consagrar o shabat, um pequeno grupo de ultrarreligiosos invade o lugar aos gritos: Shabes, shabes, shabes!
Um jovem, já bastante alegre, grita: “Shabat shalom, somos todos
irmãos!”.
Os turistas cariocas me perguntam o que está acontecendo. Eu digo:
“É shabat em Jerusalém”.
O rapaz, muito sem entender, me diz: “Me parece que estamos em
outro planeta, o Planeta Shabes”
Shabat Shalom!