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Diário de Guerra 34- Yeshayahu Leibowitz e o judaísmo maximalista – Jayme Fucs Bar
Nesses últimos tempos, tenho observado o triste processo político que estamos vivendo em Israel e Palestina, com certeza, também em vários lugares do mundo, entre eles o Brasil. Tudo isso me fez pensar muito em uma das personalidades que admiro muito, o professor Yeshayahu Leibowitz.
Eu nunca soube como realmente defini-lo: um cientista, um rabino, um sábio ou um profeta? Talvez ele tenha sido um pouco de tudo isso em vida. Na verdade, fico até meio inibido e escrevo este texto com muita humildade, pois estou muito longe de ser um grande entendedor sobre esse grande homem.
Foi somente com o tempo e com mais idade que pude começar a compreender Leibowitz. Na verdade, eu percebi que já compreendia Leibowitz há muitos anos, dentro do meu olhar como judeu humanista. Contudo, também descobri que o pensamento dele era muito mais complexo do que o meu entendimento. Na verdade, eu não tinha compreendido nada!
Leibowitz sempre esteve totalmente conectado, sob uma visão religiosa puramente judaica, à crença na totalidade absoluta do monoteísmo maximalista, visão judaica, pouco conhecida por muitos, que entrava constantemente em choque e em contradição com os valores das correntes religiosas tradicionais do judaísmo e, por vezes, com a própria sociedade israelense.
Leibowitz não foi somente um crítico da direita nacionalista, mas também uma fonte de desespero para as correntes religiosas tradicionais e um verdadeiro tapa na cara dos socialistas trabalhistas.
Para Leibowitz, no judaísmo, a vida é a coisa mais sagrada de todas e não a terra, a pátria ou a nação. Essa visão está totalmente ligada ao conceito do monoteísmo maximalista. Segundo essa ideia, há seres humanos que se comportam como deuses em nome de ideias “santificadas” e que, de forma independente de suas origens, podem transformar suas ideias e seus líderes em religiões.
Leibowitz sempre nos alertava sobre o perigo desses pensamentos, que podem levar qualquer povo, inclusive os judeus e os palestinos, a se comportarem como fascistas. Um dos grandes legados de Leibowitz foi a sua coragem de alertar a nossa consciência judaica e humana sobre esse perigo.
Acredito que essa contribuição foi de uma grandeza sublime! Considero esse homem um profeta dos tempos modernos. Leibowitz tinha a capacidade de ver o mundo sob a ótica do olhar judaico maximalista.
Apesar de negar ser um grande humanista, ele foi e sempre será um exemplo de um grande ser humano. Para muitos, sejam ultranacionalistas, religiosos, liberais, socialistas, entre outros, as palavras de Leibowitz sempre feriram como se fossem uma faca pontuda. Ele não perdoava ninguém de uma severa crítica, mas ouvi-lo era uma boa oportunidade de libertação e de encontrar uma luz para nossa escuridão, se você não tivesse medo e desejasse ouvir e aprender algo novo em sua vida.
Leibowitz, diferente de muitos, observa o mundo judaico com um olhar totalmente diferente do comum, por isso suas palavras sempre nos machucavam: ele tinha a capacidade de nos fazer ver o reflexo de nossas próprias vidas em nossa total nudez, a nudez do medo e das incertezas que, para ele, era na verdade o espectro do fascismo existente em cada um de nós. Isso me faz lembrar de uma magnífica frase que escutei de outro mestre com quem venho aprendendo muito: o psicanalista Paulo Blank, que diz que “O fascismo é a condição natural do homem, e compete a cada um combatê-lo”.
Fico imaginando os gritos que ouviríamos de Yeshayahu Leibowitz ao ver a realidade atual de Israel e da palestina, dois lados governados por fações, religiosas, ultra nacionalista e messiânicos. Infelizmente o alerta do perigo declarado em suas profecias não foi ouvido e o resultado é a guerra, o caos, o medo e a insegurança.
Yeshayahu Leibowitz morreu em 1994, mas continua a existir em nossos corações.
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Diário de Guerra 35 – Você sabia? Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 35 – Você sabia? Jayme Fucs Bar

Quando eu vivia no Brasil, e ainda era um adolescente, passei umas férias em Teresópolis com alguns amigos. Lá conheci uma menina que era nascida e criada na cidade. Começamos a nos encontrar e, passado um tempo, ela me convidou para ir num Domingo em um evento social da Igreja que ela e a família frequentavam. Disse a ela que até poderia ir ao evento da Igreja, mas que eu não era cristão e sim judeu. Me lembro bem da carinha dela de espanto e as frases que se seguiram: "Você é judeu? Mas você é um cara muito legal."

Com certeza quem é judeu ou judia passou por algum tipo de situação como esta. Não que a pessoa já seja má de nascença, com pré-conceitos a judeus e judias. Mas essa é a forma que muitos são criados, aprendendo desde cedo a ver o outro como um ser demonizado.

Aprendi que a única forma, quando você não conhece o diferente, é procurar estudar e aprender um pouco sobre o outro, principalmente aqueles que tem uma cultura, religião e tradição diferentes da sua. Por isso coloquei aqui vinte (20) coisas importantes, que eu considero que você deveria saber sobre Israel e os judeus. Talvez isso ajude a nos conhecermos um pouco melhor.

1. Que os israelitas (judeus) são como os índios brasileiros. Eles são o povo originário da terra de Israel e não os árabes, que têm sua origem na península Arábia. Os árabes invadiram essa região e a conquistaram a partir de 636 d.C;

2. Que antes do uso do nome povo Judeu, esse povo teve outros nomes como: Hebreus (Período dos Patriarcas), Bnei Israel ou filhos de Israel (Período dos Juízes e Reis) e Povo Judeu (depois da destruição do primeiro templo);

3. Que Judá era um dos 12 filhos de Jacó, que originou o nome judeus e judaísmo. Dentro do relato bíblico Jacó lutou com um anjo e por isso foi rebatizado com um novo nome: Israel, que significa "aquele que luta com Deus";

4. Que a Ligação dos Judeus com a Terra de Israel não começou a partir da criação do Estado Judeu moderno em 1948. A terra de Israel é parte inseparável da civilização judaica há mais de 3000 anos;

5. Que a História dos judeus na terra de Israel sempre foi uma história de resistência aos seus conquistadores. Alguns exemplos no período em que foi dominado pelos gregos e romanos: Revolta dos Macabeus 167a.C - A grande revolta 66 d.C , - A Revolta de Kitos 115 d.C e A rebelião de Bar Kochba 132 d.C;

6. Que Jesus, Pedro, Maria a mãe, Maria Madalena e todos os discípulos eram Judeus e Judias, e toda história de vida e morte e ressureição de Jesus aconteceu nas terras de Israel;

7. Que o Nome da região sempre foi Judeia. Foi mudado em 135 d.C para palestina prima e palestina segunda, devido ao grande ódio que o imperador Adriano tinha em relação aos judeus, por ter sido humilhado na revolta de Barkova, que libertou a Judeia durante 3 anos e meio;

8. Que existe no idioma hebraico 70 nomes diferentes para definir a Cidade de Jerusalém. Entre esses nomes aparece “Sion”, de onde deriva o nome sionismo, o movimento moderno de libertação nacional do povo judeu. Que a palavra Sion não é nome feio, nem palavrão. Sion aparece nada mais, nada menos que 150 vezes na Torá (Bíblia), definindo o local onde se encontravam o Templo e a cidade de David;

9. Que a Mesquita Domo da Rocha foi construída em 685 d.C, logo após a invasão dos árabes à terra de Israel. O Domo da Rocha é considerado um dos 3 lugares mais sagrados dos Muçulmanos. A Mesquita Dourada foi construída exatamente no lugar onde ficava o primeiro templo dos israelitas, construído pelo rei Salomão 1500 anos antes da construção da mesquita;

10. Que até 1917 todo o Oriente Médio era parte do Império Turco Otomano. Não existia países, nem identidades nacionais como conhecemos hoje. Palestina, Líbano, Jordânia, Emirados Árabes, entre outros foram criados e tiveram suas fronteiras definidas a partir dos anos 40, em função dos interesses de seus novos colonizadores: ingleses e franceses. Que até o início do século XX o termo “palestino” tinha um significado exclusivamente local e não nacional;

11. Que Judaísmo é uma civilização e não uma simples religião. O Judaísmo contém cultura, história, tradição, religião, povo, nação, idioma, filosofia, espiritualidade, misticismo, e uma terra chamada Israel;

12. Que entre os Judeus não existe uma hegemonia de pensamentos, crenças e muito menos de visões políticas iguais. Você pode encontrar na diversidade judaica judeus e judias: religiosos, seculares, tradicionalistas, transcendentais, panteístas, agnósticos, ateus, místicos, cabalistas, liberais, progressistas, conservadores, reformistas, capitalistas, socialistas, comunistas, sociais-democratas, ultranacionalistas, fundamentalistas, messiânicos etc.;

13. Israel é o único país democrático no Oriente Médio, onde o sistema é parlamentar. Atualmente existem 2 partidos árabes dentro do Parlamento de Israel, com 10 representantes;

14. Israel é o terceiro país com o maior número de empreendedores no mundo. É o primeiro em número de mulheres empreendedoras com mais de 55 anos;

15. Israel é um país que, apesar de se localizar no deserto, realizou em 75 anos o maior número de reflorestamento do mundo;

16. O Judaísmo começou a utilizar o símbolo da Estrela de David na Idade Média. A primeira bandeira com a Estrela de David foi aparentemente hasteada em 1354, quando o Imperador Carlos IV concedeu aos judeus de Praga o direito de hastear uma bandeira. Eles escolheram uma bandeira com o símbolo da Estrela de David;

17. O Hebraico foi um único idioma no mundo que conseguiu reviver de uma língua morta e se transformou no idioma nacional de Israel;

18. Além de Israel ser considerado um lugar sagrado para o Judaísmo, ele também é sagrado para o Cristianismo, o Islamismo e para a religião Bahá'í. As duas cidades mais sagradas os Bahá'ím são Acre e Haifa;

19. Em Israel é obrigatório por lei o serviço militar para homens e mulheres ao completarem 18 anos, porém as minorias não têm essa obrigação. Mas existem comunidades como os Drusos que, em sua grande maioria, servem o exército. Nos últimos anos houve um aumento significativo nas forças do Exército de Israel das minorias dos beduínos, cristãos e muçulmanos;

20. A expectativa de vida em Israel está em sexto lugar no mundo: mulheres - 85,1 anos e Homens - 81,2. 

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Diário de Guerra 32 - Foda-se — Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 32 - Foda-se — Jayme Fucs Bar
Os judeus são o único povo do mundo que foi relegado pela eternidade a estar no banco dos réus da história. Sempre existem indivíduos, grupos, organizações, partidos políticos e até países que os acusam do grande delito de existirem.
Em muitas ocasiões, o veredito dessas acusações é a pena de morte, pois para essas pessoas a melhor fórmula de solucionar o problema dos judeus como "o mal da humanidade" é o seu extermínio.
A lista das acusações contra os judeus é enorme, difícil de contar o número de páginas que ocupariam, muitas ficaram amareladas no percurso da história.
O réu, ou seja, os judeus, não têm direito a advogado ou qualquer tipo de defesa, nem mesmo precisam de provas, o martelo do juiz já foi ouvido em público, e o réu recebeu sua sentença.
Entre as acusações estão a de matar Deus (Jesus), de negar Maomé e o Alcorão, de ter pacto com o diabo, de propagar as pestes no mundo, de usar sangue de criança para fazer pão, de ter inventado o capitalismo, o comunismo, o socialismo, a maçonaria; são imperialistas, colonialistas, genocidas, ricos e exploradores, dominam a economia, roubam as terras dos palestinos.
Agora Jesus deixou de ser judeu e passou a ser palestino. O judaísmo é uma invenção e nunca existiu. Sionismo é racismo e apartheid. Os judeus tramam uma conspiração para dominar e escravizar o mundo. Os judeus inventaram as atrocidades cometidas pelo Hamas em Israel em 7de outubro de 2023.
O Hamas é a resistência ao plano dos judeus de exterminar os palestinos. Mulheres e meninas judias podem ser estupradas, pois isso faz parte do pacote da “resistência palestina”. Sendo assim, incentivar o genocídio dos judeus é legitimo, seja nas escolas seja nas universidades, na verdade, em qualquer lugar. Crianças e civis judeus israelenses não são reféns, e sim prisioneiros de guerra.
Chega! Cansei. Sinto náusea. Essa lista poderia seguir e segui até ocupar milhares de páginas. O ódio contra os judeus, as mentiras e a reinvenção da história sobre os judeus é interminável.
Tenho 65 anos. O tempo me dá uma vantagem: faz-me entender que, com esse tipo de gente, qualquer argumentação está perdida. Não se trata de ser pessimista, e sim de ser realista, aceitar. Aqueles que nos acusam de tudo isso e mais não estão dispostos a procurar saber de fatos ou verdades. Estão com a cabeça e o coração tomados pelo ódio, ao ponto da histeria. Parece que esse ódio está enraizado no DNA das pessoas. É um sentimento muitas vezes inexplicável, até mesmo por aqueles que nos odeiam.
A história do antissemitismo sempre se repete. Muitos acreditavam que depois do Holocausto, a humanidade pudesse aprender algo, mas não é verdade. Um sábio judeu que viveu na Idade Média, e era rabino, filósofo e médico, chamado Maimônides, em sua época definiu que essas manifestações de ódio aos judeus são como "A DOENÇA DA INVEJA".
Talvez para vocês a conclusão de Maimônides pareça simplista, mas não! Neste difícil período em que nós, judeus e judias, estamos vivendo , aprendi que quanto mais você justificar e provar a inigualável contribuição do povo judeu à humanidade em todos os setores, mais essa doença da inveja parece aumentar e corroer o interior dessas pessoas.
Nem adianta apresentar documentações, fatos e processos históricos. Ninguém vai querer saber. E o pior é que as pessoas chegam a delirar de cólera e inveja quando são confrontadas com a proeza que o Estado de Israel conseguiu em somente 75 anos. Trazer ao mundo uma enormidade de inovações, científicas e tecnológicas, para todos! Aí é que você enlouquece essas pessoas.
Maimônides tinha toda a razão, essas pessoas estão contaminadas pela doença da inveja, que parece ser um mal sem cura.
Cheguei a uma conclusão. Não precisamos justificar nada, nem tentar dar explicações, muito menos pedir perdão por algo que não fizemos. Não querem nem saber. Nós, judeus, temos que nos concentrar em continuar lutando para garantir nossa sobrevivência, e deixar muito claro para quem nos ameaça, que ele também estará ameaçado, que quem desejar nos exterminar também será exterminado.
Temos sim que saber ampliar o diálogo e a coexistência com todos aqueles que nos respeitam e desejam viver num mundo de paz e tolerância, e respeitam o nosso direito de existir. Para aqueles, cujas mentes já estão irreversivelmente contaminadas pela loucura da doença da inveja e do antissemitismo, minha palavra é simplesmente Foda-se!
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Diário de Guerra 31 - Palestina e sua identidade nacional – Jayme Fucs Bar
Existiu um povo antigo que viveu na planície costeira da terra de Israel. Ele chegou nessa região durante o século XII aC. e seu nome ficou conhecido na história como filisteu. Sua origem indica uma forte conexão com a antiga cultura grega micênica e, apesar de serem conhecidos como filisteus, não sabemos realmente seu nome.
O que sabemos é que esse povo vivia nas ilhas do Mar Egeu, hoje ilhas Gregas e que, provavelmente, por causa de um grande terremoto ou causas climáticas, tiveram que abandonar seu habitat original.
Os filisteus abandonaram seu território e emigraram para a costa da área litorânea, que hoje corresponde as cidades de Asdod, Asquelon e Gaza. Na Bíblia podemos ler muito sobre os filisteus, principalmente no livro de Samuel, onde esses locais aparecem como "terra dos Plistin" (terra dos filisteus).
Esse apelido foi dado pelos próprios israelitas e é um nome pejorativo que vem da raiz da palavra hebraica POLES, que quer dizer INVASOR. Esse povo também vai aparecer na bíblia com um outro apelido, também pejorativo, de GOY YAM (os gentios do mar). Mas o uso do nome Plistin (filisteus) será o nome que ficará consagrado e conhecido na História.
O Povo Filisteu, como muitos outros povos da região como os Fenícios, Cananeus, Amonitas, Moabitas, Edomitas etc., vão desaparecer da história em consequência das invasões dos grandes impérios, que conquistaram toda essa região. Sabemos que os Filisteus deixaram de existir na conquista dos Babilônios em 604 aC.
O uso do nome “Philisteia”, hoje Palestina, foi usado para definir uma localização geográfica por um grande historiador da época antiga chamado Heródoto, que viveu no século V aC.
Segundo seu depoimento, ele visitou a planície costeira da Terra de Israel nas cidades de Gaza e Ashkelon, e lá ele aprendeu sobre os filisteus que viveram na região e foram exterminados sobre o domínio de Nabucodonosor, o rei da Babilônia. Daí o nome que Heródoto deu em seus escritos a esse pedaço de terra: Philisteia, mais tarde Palestina.
No entanto, o nome Yehuda (Judá) vai prevalecer como o grande nome dessa região, assim conhecida entre as nações do mundo antigo. A prova disso foi quando o Império Romano, em 63 a.C, assumiu o controle de Israel e chamou essa região de "Província de Judá".
Este nome também aparece nas moedas da vitória de Vespasiano, depois que seu filho Tito derrotou a grande rebelião judaica e destruiu o segundo Templo. Na moeda está escrito: Judea capta (Judéia conquistada).
Então como acontece a mudança do nome dessa região de Judeia para Philisteia/Palestina?
Com a rebelião de Bar Kochba em 132 d.C., e em consequência da expulsão dos romanos da Judeia, o imperador Adriano vai ser humilhado por um pequeno grupo de guerreiros judeus, que conseguiu realizar uma proeza considerada única naqueles tempos. Expulsaram e aniquilaram o poderoso império romano da Judeia e se tornaram uma nação livre durante 3 anos e meio.
Essa realidade levou o Imperador Adriano a uma fúria imaginável contra os judeus. Ele reconquistou a Judeia em 135 d.C, realizando uma carnificina muito bem descrita na época pelo historiador romano Cassius Dio: "985 de suas aldeias foram arrasadas. 580.000 homens foram mortos e o número daqueles que morreram de fome, doenças e incêndios era incompreensível. Assim, quase toda a Judéia ficou desolada.”
Independente do número de mortos descritos pelo historiador romano Cassius Dio parecer bastante exagerado, a ideia aqui é descrever a vitória romana sobre os judeus, não somente pelo massacre, mas também pela grande vingança de Adriano. Veja como Cassius Dio descreve, ainda nesses dias em seus escritos o nome da região como Judeia. Porém, a partir desse momento tudo vai mudar nessa região, não só o nome.
O Imperador Adriano vai ter um só intuito: procurar apagar de uma vez por todas a memória dos judeus nessa terra. Ele não vai se contentar apenas em deportar milhares de judeus sobreviventes, agora como escravos, para outras regiões do Império Romano. Ele vai também mudar o nome de Jerusalém para Helia Capitolina, além de criar no local do templo dos judeus o templo de Júpiter.
Mas o mais importante será a mudança do nome oficial da província rebelde de Yehuda (Judá) para Philisteia ou Palestina prima e Palestina segunda, um nome que ele conhecia dos livros gregos de Heródoto.
Mais tarde, o nome Palestina torna-se a designação dominante para a Terra de Israel, que passou a fazer parte dos Impérios que vão governar futuramente essa região (romanos, bizantinos, árabes, cruzados, mamelucos, turcos até chegar no Mandato Britânico).
Como surgiu a identidade nacional Palestina?
Importante entender que, anterior ao Mandato Britânico, nunca houve um país ou uma Identidade nacional chamada Palestina. A população que vivia nessa região era, em sua grande maioria, de cultura árabe muçulmana. Estes chegaram a essa região através da Península Arábica em 632 d.C, dominando esse território por mais de 1300 anos até a conquista dos Ingleses e Franceses, em 1917.
A prova disso é que nos primeiros conflitos entre árabes e judeus, durante o Mandato Britânico, a instituição mais importante que representava os árabes na região era o "Comitê Árabe Supremo", e nele não houve em momento qualquer menção sobre um povo chamado palestino.
De Fato, o termo "povo palestino" para designar os árabes da Terra de Israel aparece pela primeira vez na Carta Palestina da OLP, em 1964.
Portanto, ao contrário de outros povos do mundo que formaram a sua identidade nacional ao longo de muitos séculos, o povo palestino, como muitos povos dessa região, nasceu de repente, dentro de uma necessidade estratégica do que foi o retalhamento das terras do antigo Império Turco pelos ingleses e franceses, que criaram países e novas identidades nacionais inexistentes até aquele momento.
Não somente a Palestina, mas novos países e novas identidades nacionais surgiram como por exemplo a Jordânia, o Líbano, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes etc.
Muitos historiadores alegam que o nacionalismo palestino nasceu graças ao conflito árabe-israelense. Outros dizem que a criação da identidade nacional palestina deve a sua existência nacional ao movimento sionista. Se o Sionismo não existisse, os palestinos como uma nova identidade nacional não existiria. Provavelmente seriam parte desse novo país criado pelos ingleses chamado Jordânia.
Não existe para mim nenhuma discussão, dentro da realidade atual, sobre a criação de um estado palestino ao lado do Estado Judeu (dois povos dois países). Isso é uma necessidade estratégica para os interesses do Estado de Israel.
Eu sei que parece um paradoxo, mas é um fato. Sem o movimento sionista que tantos odeiam, não existiria o que hoje chamamos de povo palestino. E, se um dia o Estado Israel deixar de existir, o povo palestino também desaparecerá, pois ele nasceu por razões políticas, relacionadas ao interesse dos modernos conquistadores dessa região.
Os Ingleses e franceses, apesar de seu curto domínio nessa região (nada mais que 30 anos), deixaram seus rastros em todo o Oriente Médio. Isso é sentido até hoje entre judeus e palestinos, pois somos todos "herdeiros" desse caos criado por essas potências. Para mim pessoalmente fica sempre difícil ouvir seus pronunciamentos cínicos e hipócritas, quando falam sobre os conflitos entre Israel e palestinos, como se eles não tivessem culpa no cartório.
O que devemos saber de toda essa História?
Existe alguns fatos óbvios em todo esse meu relato, que são importantes para vocês saberem e terem isso muito claro. Vivemos num mundo conturbado de desinformação e de criação de novas realidades e mentiras. Gostaria de resumir cinco fatos importantes do meu texto:
1. Os Israelitas (judeus) são como os índios brasileiros. O povo originário da terra de Israel ou, se desejarem, originário da região da Judeia/Palestina;
2. Os Israelitas (judeus) são um povo de 3.500 anos, que sobreviveu na história. Sua cultura, história, tradição e religião são inseparáveis da Terra de Israel;
3. O Povo que hoje se autodefine como palestino não tem nenhuma relação com o povo filisteu, que viveu na Antiguidade. Nem sua cultura, história, tradições ou religião;
4. Na modernidade surgiram vários movimentos nacionalistas e, com isso, um novo povo se autodenominou palestino. Porém sua origem é da Península Arábica. Sua cultura e tradição são árabes e, na sua maioria, muçulmanos;
5. Os palestinos, assim como a Jordânia, Líbano, Arábia Saudita, Emirados Árabes entre outros foram criados pelos ingleses e franceses, a partir dos anos 40. Eles se transformaram em novos países e povos na região. Em comum todos são árabes de maioria muçulmana. Mas, como uma nova nação, carecem de uma identidade nacional ainda sem raízes, sem história e sem tradições.
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Diário de Guerra 29 – Ai Que Loucura – Jayme Fucs Bar
Há muitos anos trabalho com um motorista de Jerusalém Oriental. Ele palestino árabe muçulmano e eu judeu. Conheço ele já há bastante tempo. O nosso encontro foi por acaso, em um desses dias que eu estava subindo a pé o Monte das Oliveiras, local onde tinha estacionado o meu carro. Nesse dia desci a pé com os meus turistas cristãos, fiz o percurso das igrejas e finalizei na tumba de Maria.
Deixei o grupo tomando uma água, subi a pé essa grande e cansativa ladeira, para pegar o carro e dar continuidade ao passeio.
No meio da subida, já cansado, passou um táxi de 9 lugares e o motorista me chamou: - “Ei, guia! Está subindo para o Monte das Oliveiras”?
Eu já meio mal-humorado respondi: - “Não tenho dinheiro para pagar o táxi”.
Rapidamente ele me retrucou: - “Quem está aqui te cobrando táxi? Estou te oferecendo uma carona, pois essa é a minha direção”.
Entrei no carro e ele logo se apresentou. “Meu nome é Maher, falou. Sou árabe muçulmano e vivo aqui no bairro do Monte das Oliveiras. Trabalho com turistas das igrejas ortodoxas russas”.
Chegando lá em cima, entendi em alguns minutos, pela cordialidade e a gentileza, que o Maher era realmente uma pessoa muito especial. Logo trocamos telefones e, a partir desse dia, começamos a trabalhar juntos. Eu como guia e ele como motorista.
Na verdade, somos de dois mundos, de duas culturas e de duas histórias bem diferentes. O que temos em comum é o nosso lado humano e o grande respeito um pelo outro.
Com o tempo Maher se tornou um grande amigo. Sempre disposto a ajudar e prestar favores. Sempre falamos sobre nossas famílias, nossos filhos e nossas preocupações. Principalmente dessa realidade absurda que nós estamos vivemos, que sempre tenta nos separar e nos exilar numa grande muralha de desconfiança, de ódio e de violência. Mas isso de forma alguma vai existir entre nós. Muito pelo contrário!
Nesses dias complicados, de medo e insegurança que todos vivemos aqui em Israel, resolvi ligar para o Maher. Ele me atendeu de imediato. Primeiro me perguntou como eu, meus filhos e netos estávamos passando esses momentos tão difíceis. Depois ele apenas me disse 3 palavras, que entendi imediatamente seus sentimentos: “ Ai que loucura”. Verdade, todos nós estamos vivendo uma loucura!
Mandei um forte abraço a ele e à sua família, e disse que se precisasse de qualquer coisa estaria sempre pronto a ajudar. Senti em nossa conversa uma forte emoção e uma grande tristeza. Convidei Maher para sair um pouco dessa loucura e vir passar uns dias junto com sua esposa, como meu convidado, em uma de minhas casas em Belmonte, Portugal.
Maher me agradeceu num tradicional Shukran, Salam maleku.
Terminei essa conversa e pensei comigo mesmo que ninguém escolhe nascer judeu, muçulmano ou cristão. Mas quando a vida te dá oportunidade de conhecer o outro, o diferente, não tenha medo, você vai descobrir o óbvio. O que nos unifica é que somos simples seres humanos. Ai que Loucura!
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Reféns X Prisioneiros — Jayme Fucs Bar

Reféns X Prisioneiros — Jayme Fucs Bar
Sem a gente perceber, estamos numa guerra mundial. Essa guerra acontece nas mídias e nas redes sociais. É uma guerra nojenta, pois não existem escrúpulos nem regras, vale tudo!
O objetivo não é a informação, e sim modelar a opinião pública, em função do lado que você pertence. A estratégia é realizar constantes bombardeios de desinformações, e modelar nossos pensamentos para criar uma realidade conforme os objetivos que cada grupo tem.
De fato, estamos sendo todos manipulados constantemente. Meu único conselho é: se cuide. Cuide você e da sua família. A maioria das informações que circulam nos meios de comunicações são puro lixo. Existe uma máquina de manipulação da realidade.
Ouvi uma frase que adorei e não sei a quem pertence “A única verdade que sei quando abro para ler os jornais (meios de comunicação) é a data."
Um pequeno exemplo dessa triste realidade é como a mídia e as redes sociais apresentam a questão da libertação dos reféns civis israelenses. Quarenta deles são crianças, algumas bem pequenas na idade de maternal, todas sequestradas de suas casas e encarceradas em Gaza pelo Hamas. Esse tipo de mídia tendenciosa os apresenta como “prisioneiros de guerra”.
É claro que existem ainda muitas pessoas que não renunciaram à liberdade de pensar e sabem definir o que seja a manipulação dos fatos. No entanto, muitos, para não dizer milhões, já caíram nessas armadilhas.
O fato é que todos os prisioneiros palestinos que estão destinados a serem libertados como parte do acordo foram condenados por tentativa de homicídio, e não porque jogaram flores nos soldados israelenses.
Entre os prisioneiros libertados, estão jovens de 14 a 18 anos, que não são bebês nem inocentes crianças de 3, 4,5 anos cujos pais foram assassinados em sua frente. Também serão libertadas mulheres palestinas de todas as idades não porque estavam participando de um festival de música ou cuidando do jardim de sua casa, mas por tentativa de homicídio.
A maioria dos libertados são palestinos da Judeia e Samaria. Outros são residentes de Jerusalém. Os libertados não estão identificados com o movimento "Paz Agora" ou com o "Children for Peace”, mas sim pertencem em sua maioria a organizações terroristas como Hamas, a Jihad Islâmica, e outras organizações.
Alguns exemplos do motivo de terem sido condenados: Mason Musa, que foi condenado a 15 anos de prisão por um ataque com facadas, Merah Senior, que foi detida, quando tinha 16 anos por esfaquear um policial e feri-lo , e Asraa Gebas, de Jerusalém Oriental, que detonou uma bomba caseira num posto de controle perto de Jerusalém, causando ferimentos a um policial.
Na verdade, não se fala na massificação feita de forma sistemática nas escolas palestinas, onde o que mais ensinam é ódio e violência. Nas próprias escolas, começam um engajamento político e ideológico com o objetivo de transformar esses adolescentes em ativos militantes pelas causas palestinas e usar o terrorismo como meio.
O que ajuda, sem dúvida, a radicalização desse processo é a política do governo de Benjamin Natanyahu, que há 15 anos domina a política israelense e vem com uma estratégia de “administrar o conflito”, e não de procurar uma solução.
A estratégia é clara: aumentar as colônias nos territórios ocupados e impossibilitar futuramente qualquer tipo de negociação. Em outras palavras, CAOS!
Outro fator que é importante ter claro também são as condições de funcionamento, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, das prisões e dos direitos dos prisioneiros palestinos que pertencem a uma organização palestina rival.
Sabemos que esses prisioneiros sofrem condições brutais e torturas, como choques elétricos, fome, espancamentos e privação de sono. Uma realidade em que não existe nenhuma organização de direitos humanos ou Cruz Vermelho para ver as condições nas prisões palestinas.
Um relato de um antigo prisioneiro palestino conta sobre a sua prisão na Autoridade Palestina em 2009. Ele contou como ele e os seus amigos foram torturados com choques elétricos, fome, espancamentos, privação de sono, ameaças de violar as suas esposas, e muito mais.
ATENÇÂO!
Os civis israelenses sequestrados pelo Hamas- Estado Islâmico NÂO SÂO PRISIONEIROS, eles SÂO REFÉNS.
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Diário de Guerra 27 - Sinwar o Açougueiro de Gaza – Jayme Fucs Bar
A guerra é sem dúvida a forma mais grave de todos os conflitos humanos. Cada lado, quando sai para um conflito, tem suas justificativas que geralmente estão inseridas não somente nos interesses políticos e econômicos, mas também numa carga de ódio e demonização do inimigo. Elas se apresentam muitas vezes por questões religiosas, ideológicas, territoriais, heranças históricas ou mesmo a manutenção ou mudança de relações de poder.
Não existem guerras justas, mas geralmente existem algumas regras que procuram evitar que esses conflitos cheguem à população civil, principalmente às crianças. Essas regras estão amparadas na Convenção de Genebra, que define de forma clara o que seja "crimes de guerra".
A faixa de Gaza foi liberada por Israel em 2005, quando foi passado o seu controle para a Autoridade Palestina, com intuito de transformar esse território num exemplo de paz e prosperidade. Rapidamente se travou uma guerra civil entre os grupos rivais palestinos Fatah e Hamas e, em 2007, o Hamas expulsou a Autoridade Palestina, assumindo total controle da faixa de Gaza.
Esse território foi transformado em um estado bélico terrorista islâmico, onde não existe nenhuma regra em suas práticas militares. Portanto para o Hamas o termo "crimes de guerra" é inexistente. Exterminar judeus e judias é a forma prática que "justificam seus meios".
O que para nós é considerado ataques brutais e sanguinários à civis, para eles é uma forma normal de comportamento, pois o conceito é que todo judeu ou judia, sem precedentes, incluído aí bebês, crianças, idosos homens ou mulheres, devem ser exterminados.
Essa máquina de extermínio não vem de ações espontâneas ou individuais, mas sim de um plano muito bem definido, onde exige um processo de domínio e massificação da população geral de Gaza. Isso acontece através de um sistema da manutenção ao ódio aos judeus e a necessidade imediata da destruição física do Estado de Israel.
Esse projeto faz parte do currículo educacional e acontece no dia a dia de sua população. Desde criança os palestinos são doutrinados pela educação ao ódio e a violência sem precedentes!
Esse é o resultado de uma geração que foi doutrinada a manifestar a sua fúria e a violência a todos os judeus. Exemplo vivo de como essa massificação está muito bem enraizada nas mentes desses terroristas, foi o que vimos no episódio que aconteceu no Festival de música, no dia 7 de outubro de 2023. Algo difícil de se imaginar.
Um dos jovens terroristas, depois de assassinar com suas próprias mãos mais de 10 civis inocentes, fez uma ligação para sua mãe, relatando com a maior alegria a sua ação e é abençoado do outro lado com a frase: "Me orgulho de você meu filho. Deus é grande".
Somente uma máquina muito bem estruturada pode transformar seres humanos em monstros sanguinários, onde invadem comunidades como os Kibutzim da região, tiram de suas casas civis e os matam sem precedentes. Foram capazes de assassinar uma mulher grávida e arrancar de seu ventre um feto!
Como pode a mente humana imaginar que esses sanguinários puderam fazer de reféns crianças e bebês, muitas delas tendo visto seus pais sendo assassinados em sua frente. Todas foram levadas para serem trancadas em um cárcere nos porões da faixa de Gaza, para futuramente serem usadas como uma "mercadoria" para as suas negociações.
Que justificativa podem ter esses covardes assassinos terroristas ao queimar famílias inteiras vivas e cortar cabeças de pobres inocentes aos gritos de louvor à Deus?
Difícil imaginar, mas é real. Seres humanos se transformaram em verdadeiros demônios. Estupraram mulheres e meninas, depois as mataram e cortaram seus seios.
Somente mentes doentias, que há anos foram programadas, são capazes de ser tão brutais com um outro ser humano! Estão totalmente condicionados para agir de forma fria e serem incapazes de sentir empatia, culpa ou vergonha.
Toda essa carnificina foi muito bem planejada detalhadamente sob a ordem de um só homem: Yahya Ibrahim Hassan Sinwar. Somente um psicopata agiria dessa forma. A prova disso é bem explicada nas ações dele quando esteve preso em Israel e ficou doente com um grave câncer no cérebro. Apesar de sua vida ter salva pela medicina de Israel e de seus médicos judeus, ele nem agradeceu.
Saiu da cadeia com mais ódio, não demonstrando apego a nada.
Sinwar sabe que ele está vivo graças aos judeus, mas ele não sente nenhuma culpa ou vergonha. Sua mente é doente. Ele se sentiu livre para planejar, de uma forma fria e desumana toda essa barbaridade, sem manifestar qualquer emoção.
O perfil psicopata de Sinwar é evidente na sua postura, na sua paciência para planear esse tipo de ato de terrorismo a população civil. Tudo foi bem planejado, com anos de antecedência. Ele não somente domina o idioma hebraico que fala fluentemente, mas sobretudo compreende como pensa a sociedade israelense e como pode manipular suas emoções.
Essa percepção profunda das fraquezas emocionais da sociedade israelense é a sua arma secreta. Ele sabe que os judeus têm uma grande valorização a vida e sabe da responsabilidade que tem seus governantes ao bem-estar de seus cidadãos principalmente se são crianças, idosos e mulheres. Essa é a forma de conseguir ganhos nessa sua estratégia demoníaca!
Sinwar é conhecido dentro do mundo árabe como “O Açougueiro de Gaza”, por matar centenas de palestinos. Muitos deles com suas próprias mãos. Qualquer um suspeito de ser contrário ao regime da Hamas na Faixa de Gaza ou de passar informações a Israel está na mira do assassino.
Sinwar é o responsável principal pelo massacre sanguinário e brutal de crianças, mulheres e homens inocentes em 7 de outubro de 2023. Portanto "seus dias estão contados". Essa foi a promessa feita pelo chefe das forças armadas de Israel e, se por acaso for preso, será julgado por crimes contra a humanidade e seu fim será o mesmo que o Nazista Adolf Eichmann.
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Diário de Guerra 25 – Refugiados Judeus dos Países Árabes – Jayme Fucs Bar

É muito interessante quando se fala de refugiados palestinos ou mesmo, de forma geral, sobre a temática dos refugiados no mundo. Creio que se esquecem, ou não querem lembrar, que um dos maiores grupos de refugiados do mundo são, sem nenhuma dúvida, os judeus.

Ser refugiado, para cada judeu ou judia, é parte de seu DNA. Não existe um só judeu nesse mundo que não seja descendente de um refugiado – algum antepassado longínquo ou mesmo seus pais ou avós, que fugiram de perseguições e antissemitismo, levando o povo judeu a diversos lugares pelo mundo.

Me lembro de minha avó Necha Fuksman, que fugiu da Polônia com 2 filhos pequenos. Saíram da aldeia de Birgoja e chegaram ao porto do Rio de janeiro – Brasil, em 1921. Minha avó não tinha a menor ideia de onde havia chegado. O que importava para ela era fugir dos Pogroms que aconteciam com os judeus. Quando desceram do navio, ela realmente não sabia que tinha chegado a um país chamado Brasil. Ela sempre dizia que estava na América. Meus avós e tios, como milhares de outros refugiados judeus, fugiram do inferno que viviam na Europa e no mundo árabe pelo simples fato de serem judeus.

Falar de refugiados judeus é uma temática muito frequente na história judaica. Para quem não sabe, ela faz parte de um processo contínuo de mais de 2.500 anos, que começou com a destruição do primeiro templo em 582 aC e depois com o segundo templo 70 dC. Este último foi o principal fator do grande exílio dos judeus no mundo antigo que, em sua maioria, foram levados como escravos para todos os cantos do mundo. Neste momento começou a saga dos judeus errantes, ou melhor, de judeus refugiados, que estarão sempre fugindo de uma perseguição, de um pogrom, de uma matança, da Inquisição ou de algum genocídio, na esperança de encontrar um exílio, um porto seguro.

A necessidade da criação do Estado de Israel, a terra de seus ancestrais, não é somente uma necessidade vital do povo judeu, mas sim uma solução ao problema crônico que vivem há mais de 2500 mil anos como refugiados e perseguidos no mundo. O povo judeu deve ter, como todos os povos do mundo, o direito à sua autodeterminação.

A criação do Estado de Israel foi talvez a única solução prática que deu uma resposta ao mundo sobre o problema da "questão judaica". Com certeza essa solução criou paradigmas, conflitos e, como consequência, a questão dos refugiados palestinos. Mas para mim o que mais me incomoda não é que realmente precisamos ter uma resposta humanitária ao problema dos refugiados palestinos. O que sempre me incomoda é esse total desequilíbrio quando se trata dos refugiados judeus, principalmente dos judeus que foram expulsos dos países árabes.

O mundo nunca acorda, quando se trata dos judeus. O peso sempre tem outras medidas. O foco do mundo é sempre o problema dos refugiados palestinos. O mundo se faz de desentendido em relação ao problema dos refugiados judeus dos países árabes. Todos esses refugiados estão ligados às mesmas consequências da guerra de 1948, após a proposta da ONU pela partilha em novembro de 1947, aceita pelos judeus e negada pelos palestinos.

 

 

Seria bom saber que até o ano de 1948, viviam nos países árabes por volta de 1 milhão de judeus e judias, principalmente nos países como: Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Iraque, Síria, Líbano e Iêmen. Praticamente, em meados dos anos setenta, a maioria das comunidades judaicas nestes países foram totalmente dissolvidas e esses judeus e judias se tornam novos refugiados pelo mundo. O número de refugiados palestinos em 1948, nos dados informados pela ONU, era de 726 mil. A maioria deles se estabeleceu nos países árabes, que negaram sua integração como cidadãos de iguais direitos em seu novo país, inclusive para as gerações seguintes.

Pensem bem sobre isso: os judeus que viviam no que hoje chamamos de países árabes (no Oriente Médio) já viviam nessas terras muito antes das conquistas muçulmanas, ou seja, antes dos árabes terem vindo da península Arábia e conquistado esse grande território no século VII d.C. Os judeus já habitavam esses territórios, que foram dominados anteriormente por outros conquistadores como os persas, os babilônios, os gregos (Helenistas), os romanos, os bizantinos e, depois, os muçulmanos.

É difícil imaginar isso, mas os judeus nesses 2.500 anos em que viveram no exilio, sempre mantiveram sua identidade coletiva e civilizatória. Ela sempre funcionou como "um Estado dentro de uma Nação". Os judeus viveram nesses territórios muito antes de suas identidades nacionais e mesmo antes de seus conquistadores. Os judeus já viviam nessas terras como uma sociedade organizada, antes de existir qualquer país muçulmano ou cristão.

A temática dos refugiados judeus expulsos dos países árabes sempre foi, de certa forma, esquecida. Os judeus árabes refugiados em Israel ou em outros países souberam, mesmo com todas as dificuldades, se integrar nas sociedades que os receberam. Já esse processo com refugiados árabes palestinos, que fugiram ou foram expulsos de Israel na guerra de Independência em 1948, aconteceu de forma cínica. Isso é um aspecto importante para entender o conflito árabe-israelense. Temos que tomar em conta, pois não é simétrico falar somente de refugiados palestinos e esquecer os problemas dos refugiados judeus, que viviam nos países árabes.

De fato, pouco se escreve ou se fala sobre os judeus que foram expulsos dos países árabes e se tornaram, de um dia ao outro, cerca de 850 mil refugiados no mundo. Do outro lado o problema dos refugiados palestinos está bem documentado e bastante conhecido a nível internacional. Não existe um melhor exemplo disso, que foi a criação da UNRA - a Agência das Nações Unidas de Assistência e Emprego para os Refugiados Palestinos. Ela foi criada após a Guerra da Independência com base na Resolução 302 da Assembleia das Nações Unidas, em 1949, e funciona ainda hoje.

O número de refugiados judeus de países árabes é maior que o número de refugiados árabes palestinos, mas, diferentemente dos refugiados palestinos, não houve a criação de nenhuma organização semelhante para cuidar dos refugiados judeus expulsos dos países árabes.

Me recordo eu ainda jovem no Rio de Janeiro, ouvindo histórias do pai de grande amigo, que a família era de refugiados egípcios. Com os olhos cheios de lágrimas, seu pai contava que eles foram obrigados a abandonar tudo o que tinham no Egito. Chegaram ao Brasil com "uma mão na frente e outra atrás". Abandonaram não somente seus pertences, suas propriedades e negócios, mas uma vida inteira. Me lembro bem do olhar triste de um homem já idoso e amargurado, tirando de uma velha caixa de madeira um molho de chaves, como recordação de tudo que ele tinha na vida e que ficou para trás.

Eu tenho tentado escrever sobre fatos e informações que procuram trazer um certo equilíbrio, dentro desse mundo de total desequilíbrio. Na verdade, escrevo porque é um dever. Mas sinto que é uma guerra perdida, pois muitas pessoas não estão interessadas em se aprofundar, aprender e compreender as várias facetas desse conflito. Principalmente essa grande complexidade que é a história dos judeus e do Estado de Israel.

Admiro todos aqueles que se negam a se fechar dentro de concepções pré-determinadas, resistem como seres humanos livres e se negam a se transformar em boiada.

Lutem por sua liberdade de pensar e jamais renunciem a esse seu direito.

A história está repleta de tragédias. A questão dos refugiados palestinos é uma delas. Temos uma grande tragédia que foi o Holocausto dos judeus na Europa. Mas o que aconteceu com os refugiados judeus dos países árabes também precisa ser lembrado, pois foi algo muito duro e foi totalmente esquecido.

Vale a pena observar que a moeda sempre tem um outro lado!

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Diário de Guerra 23 Free- Free Curdistão! Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 23 Free- Free Curdistão!  Jayme Fucs Bar

O que aconteceu nessa guerra entre Israel e o Hamas – Estado Islâmico não foi descobrir que o fundamentalismo islâmico tem em sua plataforma a destruição do Estado de Israel. Para quem vive aqui, isso não é nenhuma novidade. O que essa guerra mostrou foi a verdadeira cara de muita gente nesse mundo. Foi o ódio à Israel e o povo judeu, quando muitos propõem, de forma muito clara, o fim da existência de Israel!

Não tem uma outra palavra para definir isso a não ser ANTISSEMITISMO!

Como pode um país tão pequeno e um povo que tem cerca de 15 milhões de pessoas em todo mundo, conseguir unificar pela mesma causa os fundamentalistas islâmicos, as esquerdas radicais, os partidos e organizações nazifascistas, o movimento LGBTQIA+, o movimento ecológico, o movimento feminista etc.? Todos levantando a bandeira do Antissemitismo e manifestando, numa mesma causa, o ódio a Israel e ao povo judeu. 

Essa guerra possibilitou a essa massa de gente a garantia de poder se manifestar de forma livre, mostrando o que realmente sentem e pensam sobre Israel e os Judeus. Antissemitismo é uma doença social que existe dentro de muita gente, de certa forma até inconscientemente. Não é um fenômeno novo e sempre, em algum momento, ele se manifesta na história.

Muitas dessas pessoas vão dizer: "Que absurdo, eu não sou antissemita. Eu tenho até um amigo judeu.”

Como posso provar?  Gostaria de comparar situações que têm o mesmo contexto que a luta por autodeterminação nacional. Vamos entender a desproporção dessa militância "Pró-Palestina" e “anti-Israel”. O exemplo que apresento a vocês é a luta pela autodeterminação do povo curdo.

De acordo com o World Factbook, a população curda é estimada em 35 milhões e está dividida da seguinte forma: 55% dos curdos no mundo vivem na Turquia, 20% no Irã, 20% no Iraque e cerca de 5% na Síria.

O povo curdo é um povo muito antigo. Ele vive há mais de 3 mil anos nessas regiões montanhosas. Apesar de ocuparem por séculos a mesma região, nunca tiveram um país e sempre foram oprimidos sob domínio político e militar de outros povos.

Na Turquia, onde vive a maioria do povo curdo, o seu idioma é proibido de ser usado. São perseguidos e descriminados como minoria nacional. Milhares de curdos estão presos por reivindicar os seus direitos nacionais. Por que não se escuta nas ruas que a Turquia é um país de Apartheid? Já com Israel....

A Turquia de um lado dá apoio incondicional à luta dos direitos nacionais do povo palestino, mas de outro os mesmos turcos ocupam, dominam e oprimem os direitos nacionais do povo curdo. E o mundo se cala sobre essa inaceitável situação. Não existe nenhuma ação do comitê de segurança da ONU sobre esse importante tema. Nem mesmo uma pequena manifestação nas ruas, gritos ou cartazes de grupos, organizações, ativistas de direitos humanos. Nenhum partido político gritando Free, Free, Curdistão!  Turquia Estado Assassino! Curdistão do Mar Vermelho ao Mediterrâneo!

 

 

No Iraque, região onde conseguiram uma certa autonomia em 2005, aconteceu os verdadeiros combates contra o grande genocídio que foi realizado pelos aliados do Hamas - o ISIS "Estado Islâmico", que exterminaram milhares das minorias Yazidis, Cristãos e Curdos. Mas não vemos ninguém nas ruas gritando Free- Free Curdistão! Fim do genocídio!

Como explicar que o povo curdo, que tem cerca de 35 milhões de pessoas e que luta pelos seus direitos nacionais, foi esquecido pelo mundo e do outro lado os direitos nacionais do povo palestino é a principal e a maior preocupação de todos?

Entendam, eu sou a favor da criação de um estado palestino ao lado do Estado de Israel. Dois povos, dois países. Mas se formos comparar com a luta de autodeterminação do povo curdo, não existe coerência entre a "simpatia" pela luta dos palestinos com a desproporcional e inexistente simpatia da luta do povo curdo.

E a Pergunta é por quê?

Na verdade, já fiz essa pergunta a essas pessoas que lutam de forma obcecada pelos “palestinos" e ninguém conseguiu me dar uma resposta. Mas eu tenho.

Na verdade, ninguém se importa sobre os direitos nacionais do Povo Palestino e muito menos sobre o povo curdo e, inclusive, desconhece que ele existe.

O grande problema de muitos no mundo é o ódio aos Judeus e ao Estado de Israel. É algo que eles mesmo, muitas vezes, não conseguem explicar o que é a “Judeu fobia”. Para essas pessoas, ver como um pequeno povo milenar conseguiu, apesar de perseguições, pogroms, genocídios, Inquisição e Holocausto, se organizar  e transformar esse pequeno território árido, sem recursos, em uma potência de grande desenvolvimento cultural, tecnológico, científico e econômica. Trouxeram, em tão pouco tempo, um exemplo inigualável no mundo.  Isso leva as pessoas à loucura e ao delírio!

Na verdade, o que mais incomoda aos antissemitas é ver os Judeus “se darem bem". Criar em tão pouco tempo um exemplo de nação. Isso na verdade é que mais incomoda às pessoas e não a "criação de um estado palestino". E sim a existência dos Judeus e o seu Estado de Israel

Aqueles que gritam Palestina do rio ao mar falam exatamente o que acreditam. A sua prioridade não é o estado palestino, mas a destruição do Estado de Israel e do povo judeu!

Mas vão te dizer: "isso não é antissemitismo e sim antissionismo"

De fato, não existe uma camuflagem melhor nessas palavras. Falar que ser antissionista não é ser antissemita não procede. É impossível fugir disso. Quem nega o direito de o povo judeu ter, como todos os povos do mundo, o seu direito de autodeterminação nega o direito do povo judeu de existir. Por isso Antissionismo = Antissemitismo.  

Escrevo a todos aqueles que realmente são a favor dos direitos de autodeterminação dos povos, em terem seus estados nacionais como: palestinos, judeus, tibetanos, ciganos, bascos, chechenos e, com certeza, nunca esquecer os curdos - esse grande povo sem uma nação! A cultura curda é rica em história e tradição!

Finalizo esse pequeno memorando, sob a luz da poetisa curda Latif Hamet, que testemunha a grande participação das mulheres curdas nas fileiras da tuta por sua libertação.

 

“Eu vou mãe.

Se não regressar,

serei flor desta montanha

torrão de terra

para um mundo

maior do que este

(…)

Eu vou mãe.

Se não regressar,

a minha alma será palavra

para todos os poetas.”

 

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Diário de Guerra 22 – Jogo de cartas conflito Israel Palestina – Jayme Fucs Bar
O conflito entre Israel e Palestina é um dos mais antigos do mundo.
O que faz este conflito ser diferente dos outros é que essa disputa não é somente uma questão territorial e sim há um caráter histórico - teológico, onde cada lado reivindica o direito a essas terras, com base no que está escrito na Bíblia ou no Alcorão.
Essa é uma disputa de terras, onde um acredita que Adonai deixou essa terra como herança ao povo judeu e o outro que Alá deixou essa terra como herança aos muçulmanos.
Em outras palavras, cada lado entende a mesma coisa de forma diferente. Isso quer dizer que se você abre mão dessas terras, você descumprirá uma lei divina. Para os fundamentalistas religiosos, tanto muçulmano quanto judeu, o seu destino será a morte, como foi o caso do assassinado de Anwar Sadat, pela irmandade Muçulmana em 1981, e depois o assassinato de Yitzhak Rabin, em 1994, por um judeu religioso fundamentalista.
A palavra Paz aqui é uma palavra muito complexa. Para muitos é até mesmo uma ameaça, para outros uma chance para uma possível solução. Dentro de uma população nada homogênea, a diversidade e as divergências são muito grandes.
Aqui estamos muito longe de termos algum consenso. O que determina o jogo político de Israel são as eleições e as disputas político-partidárias, onde sempre o que se destaca como prioridade é a questão do conflito.
Podemos dizer que, após todos esses anos, houve várias tentativas para solucionar esse conflito e até certas conquistas, quando foram assinados o acordo de paz entre Israel e o Egito (1979), os Acordos de Oslo (1993) e o acordo de paz entre Israel e a Jordânia (1994).
No Oriente Médio não existe vácuo. Sempre as grandes potências mundiais estão envolvidas. Nesses territórios, para essas potências, o envolvimento nos conflitos não é uma questão de desejarem realmente a paz mundial ou bem-estar de todos. O que está em jogo é, antes de tudo, seus interesses estratégicos.
Os Estados Unidos, como a Rússia, estão normalmente envolvidos dentro de seus interesses no processo de paz árabe – israelense. O interessante é que essas duas potências concordam com o mesmo objetivo de levar a uma solução de “dois estados para dois povos”.
O público em Israel tem opiniões e percepções diversas em relação a essa proposta de paz de “dois estados para dois povos”. Já a posição do atual governo de Israel, que domina a política israelense há mais de 15 anos, sempre foi de "administrar o conflito". Isso quer dizer deixar a situação como está, fortalecendo o Hamas na Faixa de Gaza e enfraquecendo a Autoridade Palestina, ampliando os assentamentos judaicos na Cisjordânia, criando assim um obstáculo concreto para que no futuro não possa existir qualquer possibilidade para criação de um Estado Palestino.
Essa estratégia do governo de Benjamin Nataniel, durante esses 15 anos, foi por água abaixo em 7.10.2023, quando 3000 terroristas da Hamas invadiram Israel de surpresa, rompendo totalmente o posicionamento estratégico do primeiro-Ministro de Israel e, em consequência, a entrada de Israel na atual guerra contra a Hamas.
Sem dúvidas, o caos que todos nós estamos vivendo nesse momento é a consequência desse governo irresponsável. A política anterior a Bibi Nataniel, em grande parte pelo governo trabalhista, sempre procurou uma negociação de paz, com a possibilidade de desistir, até certo ponto, do controle da Judéia e da Samaria, em troca da cessação do terrorismo e da assinatura de um acordo de paz.
Esta posição foi expressa de forma clara na Conferência de Madrid (1991), nos Acordos de Oslo (1993) e na Conferência de Camp David (2000). A entidade palestina com a qual os governos israelenses conduziram no passado essas negociações foi sempre a Autoridade Palestina, liderada por Arafat e depois por Mahmoud Abbas.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007 (quando derrotou a Fatah numa guerra civil) e esteve sempre fora desse processo. Definido como uma organização terrorista, contrária a qualquer negociação com Israel, o Hamas tem como seu grande objetivo a destruição física do Estado de Israel, o extermínio dos judeus e o estabelecimento de um Estado islâmico (não de um Estado Palestino).
Na verdade, a pergunta que muitos de nós fazemos é: "Por que ainda não conseguimos chegar à solução de Paz ao conflito Israel- Palestina?
Não é certo dizer que existe um só culpado e que toda a culpa caia somente nas forças políticas direitistas, ultranacionalistas e fundamentalistas de Israel, que dominam os seus governos nos últimos 15 anos. O grande paradoxo é que quem fortalece essas forças, que se opõem a solução de “dois estados para dois povos”, são as próprias lideranças palestinas.
Suas lideranças, além de serem altamente corruptas, lhes faltam muito o pragmatismo, que sempre caracterizou no passado as lideranças judaicas. Se as lideranças palestinas não fossem tão intransigentes, já teriam há muitos anos a sua Palestina.
Se formos verificar essas oportunidades dentro do processo histórico, veremos diversas chances de paz que foram descartadas pelas lideranças palestinas. Várias propostas extrapolaram a possibilidade prática de uma solução.
A maior delas foi a eterna exigência de que todos os refugiados palestinos e os seus descendentes poderiam regressar às suas casas e controlar a terra em que viveram até 1948. Essa abordagem foi o real motivo que Arafat não assinou um acordo de Paz com Israel em 1999 e que se desencadeou na segunda intifada e o congelamento do processo de Paz.
Vejam a lista das oportunidades de Paz que estiveram em mãos dos palestinos, durante esses últimos 100 anos:
• Em 3 de janeiro de 1919, houve uma tentativa através dos ingleses de acordo territorial entre Faisal-Weizmann. Acordo negado pelos árabes.
• Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 181, que previa a criação de um Estado árabe palestino e um Estado judeu. Israel aceitou a resolução da ONU e os palestinos negaram. Começou a guerra de Independência.
• De 1948 a 1967, durante o cessar fogo que durou 19 anos, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental ficaram totalmente nas mãos dos Palestinos, que não conseguiram estabelecer nesse longo período o seu estado nacional. Sua única preocupação foi se organizar, junto com as Nações árabes, e tentar "expulsar Israel para o mar".
• Em 13 de setembro de 1993, Plano Oslo. Foi um reconhecimento mútuo de ambas as partes, onde se estabeleceu um período de transição, inferior a cinco anos, de autogoverno para Gaza e a Cisjordânia, visando o cumprimento das resoluções 242 e 338 da ONU. Esse processo foi interrompido devido ao assassinato do Primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin, em 1994, por um terrorista judeu ultranacionalista e fundamentalista.
• Em 1999, Ehud Barak, primeiro-Ministro de Israel, retirou as forças israelenses do sul do Líbano. Em 2000 ele se reuniu novamente com os Palestinos na Cúpula da Paz de Camp David, mas Yaser Arafat não aceitou o acordo, onde 97% das terras da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza ficariam nas mãos dos Palestinos;
• Entre 27 e 28 de novembro de 2007, na Conferência de Annapolis, houve uma proposta de efetivar um acordo de Paz entre Israel e Palestina, proferida pelo primeiro Ministro Yeud Omer, onde foi oferecido um acordo parecido com o que Yeud Barak ofereceu a Arafat em 2000, mas os palestinos, através de Mahmoud Abbas, negaram o acordo.
• Em 2005, Ariel Sharon retirou todas as forças militares e seus colonos israelenses da Faixa de Gaza, com a ideia de ser criado nesse território um exemplo de prosperidade e estabilidade. Mas em junho de 2007, confrontos entre os próprios palestinos (Fatah e o Hamas) se transformaram em uma guerra civil. Hamas massacra o Fatah e a disputa terminou com a vitória do Hamas controlando totalmente a Faixa de Gaza e transformando esse território em um estado fundamentalista islâmico, fortemente bélico. Desde 2008 as populações civis de Israel são atacadas e isso desencadeou várias ações militares de Israel, até a guerra atual em 2023.
Acredito que, terminando essa terrível guerra, os objetivos de Israel sejam consagrados: o extermínio das forças do fundamentalismo islâmico do Hamas na Faixa de Gaza e a libertação dos mais de 200 reféns israelenses.
Com certeza, a realidade política de Israel e dos palestinos não serão as mesmas. Acontecerão sérias mudanças entre elas. Teremos finalmente o fim do poder do Bibismo na política israelense e, quem sabe, possa ser criada uma liderança palestina, menos corrupta e mais pragmática.
Venho há anos rezando para que essas novas forças sejam capazes de criar um forte elo entre esses povos sofridos, israelenses e palestinos, e finalmente possa ser criada a paz tão esperada e o diálogo que todos nós necessitamos.
Oseh shalom bimromav Hu ya'aseh shalom aleinu V'al kol Yisrael y kol haolam
V'imru: Amém.
"Que aquele que cria a paz nas alturas traga paz para nós e para todo Israel e para todo o mundo. E nós dizemos: Amém."
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Diário de Guerra 21 – Guerra entre civilizações – Jayme Fucs Bar

Os valores e códigos ocidentais de Israel são muito estranhos aqui no Oriente Médio, o mundo árabe absorve alguns elementos materiais desse mundo ocidental, como: tecnologias, meios de comunicação, armamentos etc., mas por outro lado ele se nega, de forma intransigente, aos costumes e valores desse mundo ocidental.

Não é uma questão de culturas diferentes e sim da resistência de se integrar na Globalização ou, se quiser, a ocidentalização que quase todo o mundo vive, inclusive países do Oriente como a China.

O Oriente Médio é uma região especificamente de maioria de países árabes Muçulmanos e é por isso que aqui podemos sentir fortemente uma grande resistência à esta ocidentalização. É fácil entender, de forma clara, o que o Sociólogo Samuel Huntington escreveu sobre a guerra das civilizações:

"Os Estados-nação continuarão a ser os atores mais poderosos nas questões mundiais, mas os principais conflitos da política global ocorrerão entre nações e grupos de diferentes civilizações. O choque de civilizações dominará a política global. As guerras civilizacionais serão as batalhas do futuro." (HUNTINGTON, Samuel. Clash of Civilizations, 1996)

Nesse espaço chamado Oriente Médio estamos de fato dentro de uma guerra entre civilizações, que não é somente uma simples questão de mais uma disputa territorial entre Israel X Palestinos. É algo muito maior que vem se expandindo e já se pode sentir seus efeitos principalmente na Europa, onde vemos um fenômeno preocupante que é a unidade estratégica de grupos ecológicos, antiglobalização e partidos radicais de esquerda.

Todos se unindo com o fundamentalismo Islâmico radical, que tem como objetivo comum combater e destruir a ocidentalização. Mas esses grupos esquecem que essa unidade é algo temporário, pois são, no momento, apenas "gados de manobra". Não percebem que dentro da plataforma dos fundamentalistas islâmicos esses grupos não terão direito de existir.

A Frente fundamentalista árabe muçulmana e a esquerda radical se transformaram numa nova manifestação nazifascista e veem Israel como um grande perigo. Não somente por dominar um território, consagrado como legítimo e reconhecido pela ONU mas, sem dúvida, por ser um estado de maioria de Judeus.

Isso faz a resistência ser ainda maior, pois para esses grupos a existência de Israel é mais do que uma invasão dos valores ocidentais dentro do coração da civilização árabe muçulmana, além de uma grande conquista dos valores da civilização judaica no Mundo.

Essa tensão se intensifica quando esses grupos tomam em conta que Israel, mesmo sendo um país minúsculo, num território árido sem recursos naturais, sem os poços bilionários dos petróleos árabes consegue, em 75 anos de existência, realizar uma revolução e se transformar numa pequena potência econômica, tecnológica, científica e militar. Um país que conquistou, em tão pouco tempo, um desenvolvimento humano e cultural jamais visto no mundo.

O que passa dentro do olhar da sociedade muçulmana fundamentalista e de seus aliados não é somente uma simples questão de inveja. Para esses grupos, claramente antissemitas, o Estado Judeu é a prova concreta de que os judeus, estão a "conspirar" a partir de Israel, para "dominar e subjugar todo o Mundo".

Há um outro fator que também interfere nesta situação. O crescimento e a prosperidade de Israel se tornaram uma ameaça direta aos países árabes muçulmanos, pois Israel é o único exemplo de democracia no coração do Oriente Médio e pode trazer uma grande instabilidade aos países árabes que vivem em regimes feudais, fundamentalistas e patriarcais.

A forma de perceber isso é observar como vivem os árabes muçulmanos em Israel. Eles são 1 milhão e meio de cidadãos israelenses. O nível sócio – cultural e econômico deles é maior que em todos os países árabes.

Essa população (praticamente 20% de Israel) está cada vez mais integrada aos valores ocidentais. Isso inclui uma grande revolução cultural, principalmente na integração da mulher árabe muçulmana em todos os setores da sociedade israelense. Muitas estão no meio acadêmico, onde podemos encontrar mulheres muçulmanas advogadas, médicas, professoras e cientistas. Estão também dentro do meio artístico.

Muitos dos muçulmanos, que vivem em Israel, são considerados no mundo árabe como traidores e um perigo à toda a região. Eles são exemplos claros da integração e absorção dos valores ocidentais, tendo muitos deles se definido como seculares.

Israel é um Estado Judeu democrático e, logicamente, totalmente diferente dos países árabes. Cada cidadão israelense tem a garantia e o direito de viver em sua "tribo", seja ele Muçulmano, Beduíno, Judeu Ortodoxo, Judeu Laico, Secular, Druso, Charqueasse, Bahay, Cristão, Ivri'im de Dimona, ou outro e a manter seu idioma, religião, cultura e tradição.

Quem vem visitar Israel percebe que este é um país que se concentra e representa a maior liberdade de manifestações culturais e religiosas do mundo, completamente diferente dos países árabes.

Na guerra de Israel contra a Hamas – Estado Islâmico, muitos não sabem, mas dentro do exército de Israel, não se encontram somente Judeus e Judias. Muitos são soldados e oficiais Drusos, Beduínos, Muçulmanos, Ivri'im de Dimona e Cristãos.

Mas porque esses grupos que não são judeus estão lutando pelo Estado de Israel?

Esses grupos sabem que o mundo não quer saber que o Estado de Israel é o único espaço existente, nesta região de predominância árabe, que garante, sem diferença de raça, cultura ou religião, o direito de viver numa nação que valoriza a vida, a liberdade e a dignidade de TODOS.

Se Israel não existir, TODOS deixam de existir! 

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Diário de Guerra 16 - Hodna X cessar-fogo – Jayme Fucs bar
Eu nasci no Brasil, no Rio de Janeiro. Cheguei em Israel com 24 anos. As grandes dificuldades de um novo imigrante em Israel não são somente aprender um novo idioma, conseguir trabalho e criar uma nova vida. A dificuldade maior é você viver num país ocidental e ter que entender os códigos, os valores culturais e religiosos dos países árabes muçulmanos e, mais especificamente, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Nessa convivência, você rapidamente entende que esses códigos e valores são muitíssimos diferentes do que você viveu na América Latina ou na cultura ocidental.
No mundo árabe muçulmano os códigos são outros, as expressões e as intenções têm diferentes significados e valores. Se você não compreende isso, você não pode entender nada do que se passa por aqui. Essa é a grande dificuldade de todos, quando analisam ou acham que entendem o conflito no Oriente Médio e, particularmente, esta situação entre Israel e Palestina. Exemplo é a atual questão sobre do cessar-fogo na faixa de Gaza.
Cessar-fogo para nós ocidentais é a paralisação de um conflito, no qual cada lado concorda com o outro em suspender as operações de guerra, de forma provisória (um acordo comum que tem o mesmo peso para os dois lados).
O Hamas não entende cessar fogo dentro dos valores ou termologias ocidentais. Eles somente compreendem o que está de acordo com a tradição islâmica.
O nome dado por eles para uma parada na guerra chama-se HODNA.
Diz que somente em certas condições estão autorizados a declarar a cessação das hostilidades (uma espécie de cessar-fogo). Isso ocorre, quando a guerra corre mal para eles ou quando se avalia que o inimigo tem mais poder ou capacidade do que eles e, se continuar lutando, o inimigo vencerá a guerra, aí sim poderá fazer a HODNA.
O objetivo do HODNA é reorganizar-se para a continuação da luta e fortalecer a capacidade dos combatentes. A HODNA é limitada no tempo (10 anos) e é permitido violá-lo se o inimigo estiver enfraquecido.
O fim da HODNA pode ser anunciado, sem negociação com o outro lado. Portanto, o HODNA não é um acordo prático de trégua entre as duas partes em conflito, uma vez que o significado do HODNA não é um acordo de cessar-fogo coordenado entre os dois lados. Ela é uma cessação das hostilidades para que, no caso o Hamas, possa se reorganizar de forma unilateral, com a retomada de hostilidades depois.
Vejam como funcionou durante todos esses últimos 15 anos as 4 tentativas de cessar fogo já ocorridos no conflito entre Israel e a Hamas. Observem que todos esses "cessar-fogo" foram rompidos pelo Hamas exatamente dentro da definição que não é o cessar-fogo ocidental e sim a HODNA.
• A Operação Chumbo Fundido (27 de dezembro de 2008 - 18 de janeiro de 2009)
A operação terminou após 22 dias de combates, terminou com um “cessar-fogo” (HODNA)
• A Operação Amud Anan (14 de novembro de 2012 - 21 de novembro de 2012).
A operação terminou uma semana depois com o anúncio de um “cessar-fogo”. (HODNA)
• Operação Tzuk Eitan (8 de julho de 2014 - 26 de agosto de 2014)
Uma operação militar contra o Hamas em Gaza que começou com lançamento de foguetes e três meninos israelenses foram sequestrados e assassinados. Terminou com "cessar-fogo” (HODNA)
• Operação Shomer Homot (10 de maio de 2021 – 21 de maio de 2021)
Uma operação militar, que começou no Dia de Jerusalém, após as organizações terroristas da Hamas começarem a disparar foguetes em direção à área de Jerusalém e arredores de Gaza. Terminou com um "cessar-fogo" (HODNA)
• 07 de outubro 2023, às 6:30 da manhã, 3000 terroristas do Hamas rompem o "cessar-fogo", invadem Israel e fazem atrocidades nas comunidades vizinhas da faixa de Gaza. Foram assassinadas 1400 pessoas, em sua maioria civis. Duzentos e quarenta e quatro (244) pessoas foram raptadas: entre elas crianças, bebês, idosos mulheres e homens. Israel entra em guerra (Charavot Barzel) e, depois de 30 dias de Guerra, o Hamas pede um novo "cessar-Fogo" (HODNA)
A forma que a Hamas - Estado Islâmico entende o mundo é totalmente diferente dos nossos valores e conceitos, ocidentais na verdade, não é uma questão de idiomas diferentes, mas de visões de mundo completamente antagônicos.
Se quisermos entender o que seja o Hamas - Estado Islâmico, temos que ler e estudar o que está escrito na sua plataforma ideológica e a forma que eles interpretam o Alcorão.
Um exemplo claro é que, para eles, o termo "cessar-fogo", dentro dos direitos internacionais, armistício ou o que for decidido pelo conselho de segurança da ONU, não tem nenhum significado. Para o Hamas o que vale é a sua interpretação do que está escrito no Alcorão que é a HODNA, e não cessar-fogo.
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Diário de Guerra 15 – O Que eu tenho a ver com Isso? – Jayme Fucs Bar
Qual será o verdadeiro motivo do conflito Israel – Palestina conseguir mobilizar boa parte do mundo, levando a grandes manifestações, repúdios, debates e críticas?
Por que será que não se consegue mobilizar grandes manifestações de repúdios, quando mais de 4 mil palestinos são massacrados no campo de refugiados de Yarmouk, na Síria? MAS ISSO NÃO IMPORTA!
E como pode passar, totalmente despercebido, os massacres que o Hamas realiza sistematicamente na Faixa de Gaza aos seus opositores, entre eles os seus grandes rivais palestinos da OLP (Organização de Libertação da Palestina)? Se calcula que o Hamas já assassinou, com suas próprias mãos, mais de 1.500 palestinos que se opuseram ao seu poder na faixa de Gaza. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
É impressionante ver que não existe nenhuma manifestação, ou gritos pelo mundo, de "Free Curdistão", em prol dos direitos legítimos de 40 milhões de curdos de ter o seu lar nacional. A Turquia reprime os seus direitos criando, de fato, um verdadeiro Apartheid, onde os curdos são proibidos de manter seu idioma e guardar a sua herança histórica cultural! MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Não vemos nenhum repúdio à descriminação que sofrem as comunidades palestinas no Líbano, onde foram arrancados seus direitos elementares como educação, saúde e a possibilidade de comprar um pedaço de terra. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Nada se ouve, nem mesmo uma pequena ou simbólica crítica ao Rei Abdalla, da Jordânia e à sua esposa Rainha Nur, de origem palestina. Lá os palestinos representam 70% de sua população, mas estão limitados de ter legitimidade e representatividade no poder. Ou talvez tenham ouvido falar que em setembro de 1970 o exército Jordaniano massacrou em dez dias mais de 5 mil palestinos? MAS ISSO NÃO IMPORTA!
E aqueles que lutam pelos direitos humanos? Não se ouve seus gritos e nem vemos suas bandeiras exigindo a abertura das fronteiras do Egito, para receber refugiados palestinos e prestar ajuda humanitária! MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Muito menos uma palavra sequer sobre Putin e a hipocrisia da Rússia, que fala de massacre de Israel aos palestinos, mas legitima os seus massacres ao povo ucraniano. Até este momento são mais de meio milhão de mortos e feridos. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Ninguém se interessa em saber se existe uma guerra sangrenta na Etiópia, que já deixou milhares de mortos e uma situação em que 900 mil pessoas vão morrer de fome nos próximos anos. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Ou por acaso alguém já ouviu falar sobre o genocídio sistemático, que vem ocorrendo há centenas de anos, aos índios brasileiros e da América Latina. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
E sobre os grupos de militantes islâmicos que se voltam cada vez mais para uma frente de ocupação na África, tentando dominar diversas regiões de diferentes países como Mali, Níger, Burkina Faso, Somália, Congo e Moçambique? MAS ISSO NÃO IMPORTA!
MAS IMPORTA SIM!
Aplaudem e comemoram quando o Iêmen manda foguetes de longo alcance para matar civis em Israel! SIM ISSO IMPORTA! Mas sobre o conflito no Iêmen, país que vive uma sangrenta guerra onde, até o momento, já morreram mais de 233 mil pessoas, entre elas mais de 10 mil crianças. MAS ISSO NÃO IMPORTA!
Será que alguém vai se importar em sair agora em manifestações, pelas ruas do Brasil ou do mundo, para condenar a intenção do Grupo Terrorista Islâmico Hezbollah, ligado ao Irã, detidos na quarta-feira 8.11.23 pela Polícia Federal do Brasil e com a intenção de realizar atentados terroristas nas comunidades judaicas brasileiras? OU SERÁ QUE ISSO TAMBÉM NÃO IMPORTA?
POR QUE SE IMPORTAM TANTO EM SE COLOCAR CONTRA OS JUDEUS E ISRAEL?
A resposta é muito clara: ANTISSEMITISMO!
Nós, Judeus e Judias, conhecemos a cara desse monstro chamado antissemitismo, mesmo quando eles estão camuflados!
Saibam que estamos caminhando na história há mais de 3000 anos. Quanto mais pensam que nos batem, mais saímos fortes e unidos. A nossa capacidade de sobrevivência é um fato comprovado e aqueles que se levantarem contra os judeus e o Estado de Israel, no final serão enterrados no lixo da história.
Fontes:
Além da Guerra na Ucrânia: 7 conflitos sangrentos que ocorrem hoje no mundo - BBC News Brasil
Home - The Geneva Academy of International Humanitarian Law and Human Rights (geneva-academy.ch)
PF prende 2 brasileiros sob suspeita de atuarem para o Hezbollah (uol.com.br)
Reuters | Breaking International News & Views
10 Conflicts to Watch in 2023 | Crisis Group
10 Countries in conflict where Concern is responding in 2023 (concernusa.org)
Pode ser uma imagem de texto que diz "Ο que que eu tenho a ver com isso isso???"
 
 
 
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Diário de Guerra 14 – Os Kibutzim – Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 14 – Os Kibutzim – Jayme Fucs Bar
Minha falecida esposa sempre dizia o seguinte: "Tudo na vida é fruto das nossas escolhas". Acho que ela tinha razão. As escolhas que fazemos na vida determinam nosso destino.
Das muitas escolhas que fiz na vida, a mais importante foi a de morar num kibutz.
Moro no kibutz Nachshon há 41 anos. Aqui conheci minha esposa Orpá, criei dois filhos e hoje tenho seis netos — todos vivem aqui nessa comunidade tão especial. O kibutz partiu da idéia de uma sociedade utópica. Uma utopia criada por jovens judeus sionistas socialistas idealistas que viviam na Europa oriental e conseguiram colocar suas ideias em prática em Israel em 1910.
Hoje em Israel, existem 257 kibutzim (plural de kibutz). A maioria dos kibutzim fica nas fronteiras, principalmente próximos à Faixa de Gaza e no norte de Israel. Os kibutzim não chegam a ter 150 mil habitantes. É um número pequeno, porém significativo devido ao papel de guardiões das fronteiras de Israel e também por terem uma economia altamente diversificada, com fábricas e explorações agrícolas que representam 9% da produção industrial de Israel. Isso sem mencionar que 55% da produção agrícola de Israel provêm dos kibutzim.
O kibutz é um exemplo de sistema socialista que deu certo. A qualidade de vida de seus membros é uma das mais altas de Israel. E o mais incrível é que há kibutzim muito ricos, para não dizer milionários. Por exemplo, o kibutz Sasa na fronteira com o Líbano conta com, no máximo, 200 membros, e no ano de 2020 gerou uma receita de 850 milhões de dólares, que pertencem a esses 200 membros e suas famílias.
Nem tudo no longo processo de realização dessa utopia foi uma maravilha. Nos anos 80, ocorreram crises ideológicas, sociais e econômicas, pois o kibutz teve que adaptar sua vida econômica, que era altamente socializada, porém tornou-se inadequada frente às mudanças do mundo, principalmente a economia global, que forçou o kibutz a ganhar competitividade no mercado e se modernizar. Essa adaptação tirou o kibutz dessa profunda crise para se tornar um dos únicos exemplos no mundo de economia solidária que funciona na prática.
O kibutz sempre foi um pequeno estado paralelo. Ali não é preciso esperar que o estado cumpra sua obrigação de garantir bem-estar social, educação, saúde, segurança, moradia. O kibutz se encarrega disso e conta com a participação dos membros nos meios de produção. Essa realidade ocorre não somente nos dias de paz, mas principalmente nos dias de guerra, como os que vivemos neste momento.
A organização do kibutz nos tempos de guerra mostra o que é de fato solidariedade e ajuda mútua.
Neste terrível momento de guerra e caos que todos estamos vivendo, é impressionante ver como os kibutzim estão muito bem estruturados. Percebe-se que a responsabilidade de um com o outro não é simplesmente uma bela teoria, mas antes de tudo uma prática natural.
Muitos dos membros do kibutz foram para os campos de batalha, deixaram as mulheres e as crianças. E numa situação desse tipo, muita gente necessita de apoio material e psicológico, ajuda social, inclusive a garantia de segurança, para a qual foi criado um pequeno exército.
As maiores vítimas dos terroristas do Hamas habitavam kibutzim, principalmente os da fronteira com Gaza. Um dos kibutzim perdeu 45% de seus membros, que foram assassinados ou raptados, tiveram suas casas destruídas e incendiadas. Ironicamente, essa tragédia ocorreu num dia de festa, o feriado de SimcháTorá, em 7 de outubro de 2023. Essa data jamais será apagada da história do Estado de Israel e do movimento kibutziano.
É impossível não se perguntar onde está o governo para dar resposta a essa imensa tragédia a em que muitas pessoas perderam a vida, e as que sobreviveram perderam tudo.
O absurdo é ouvir vozes desse governo ultradireitista fundamentalista messiânico afirmarem, que a guerra ainda não acabou, mas mesmo assim já estão se organizando para restaurar a antiga colônia judaica na Faixa de Gaza (GushKatif) ou mesmo aproveitar a situação e substituir esses kibutzim que foram massacrados por novos assentamentos para religiosos ultranacionalistas.
O movimento kibutziano, em toda a sua história, teve um papel relevante na criação do Estado de Israel e sua segurança.
Infelizmente ele se tornou um saco de pancada desse governo irresponsável nos últimos anos, que se dedicou a demonizar os kibutzim e seus membros, criando conflitos entre kibutzim e a periferia, chamando os kibutzim de esquerdistas, traidores, e anarquistas. Nos 15 anos do governo de Benjamin Netanyahu, os kibutzim têm sido o grande bode expiatório da sociedade israelense.
É vergonhoso e covarde ver o primeiro-ministro Benjamin Natanyahu, que deveria representar todos os cidadãos, procurar se esconder atrás de mentiras e demonização, e, o pior, fugir de todas as responsabilidades pelo caos e pela guerra que vivemos hoje. Precisamos estar unidos, mas o primeiro-ministro não tem coragem de assumir: "Eu sou responsável por tudo o que aconteceu em 7 de outubro de 2023, já que sou o chefe de estado" .
O primeiro-ministro não pisou nos últimos 9 anos na região desses kibutzim. Entretanto, agora, após a catástrofe, ele resolveu visitar o kibutz Barry, onde morreram pelo menos 85 de seus membros e 26 foram raptados. Ainda assim, ele não pronunciou a palavra “kibutz” ou fez qualquer pronunciamento a respeito dos kibutzim nessa grande tragédia.
O que posso dizer como cidadão israelense que vive num kibutz é que tudo isso é lamentável. Essa é a verdadeira cara do nosso primeiro-ministro, que, com certeza, quando tudo terminar, não vai poder ficar no poder nem mais um dia!
O Estado de Israel nunca mais será o mesmo. Muita coisa deverá ser mudada nesse país. Na verdade, ninguém tem claro para onde caminhará Israel, seu destino, mas uma coisa é certa, jamais poderemos esquecer o preço pago pelos heróis e heroínas desses kibutzim que lutaram até a última gota de sangue, com tanta bravura e praticamente sozinhos frente a 3000 mil terroristas do Hamas fortemente armados.
Onde estava o poderoso exército de Israel?
Onde estava seu famoso serviço de informação?
Na verdade, infelizmente, não temos respostas para essas perguntas. Nossa sorte é que as lideranças das forças de segurança, diferentemente do primeiro-ministro, assumiram todas as responsabilidades. E de uma forma impressionante, conseguiram se organizar e agir para garantir nossa segurança.
Quando eu era um jovem no movimento juvenil sionista socialista Hashomer Hatzair, aprendi que "O verdadeiro patriotismo e amor a Israel se mostram em ações, e não em palavras”. É esse o espírito dos kibutzim, a ruach (alma) do movimento kibutziano.
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Diário de Guerra 13 - A Metamorfose - Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 13 - A Metamorfose - Jayme Fucs Bar
Pela manhã, ao acordar, logo me deparo com a divulgação de uma manifestação pró-Palestina, com uma foto de duas crianças sentadas nos escombros de Gaza. Leio todo o texto e me chama atenção uma das palavras de ordem escritas ao final:
PALESTINA LIVRE DO RIO AO MAR!
Nada mais explícito e que comprova que têm os mesmos objetivos das forças terroristas do Hamas e do Estado Islâmico. Clamam pela destruição física do Estado de Israel.
Nem nos meus piores pesadelos, eu poderia imaginar que um vasto setor que se define como esquerda brasileira adotaria visões políticas nazifascistas, nem que chegaria a esse nível deplorável de manifestar sua verdadeira cara de ódio aos judeus e a velha doença do antissemitismo.
Tenho a sensação de que o mundo chegou ao fim.
Nunca pensei que usariam a bandeira vermelha, que é símbolo da luta das classes trabalhadoras unidas, associada aos valores do fundamentalismo islâmico e que conclamariam a destruição e a morte de um país soberano.
Pergunto se têm um plano para colocar isso em prática, ou seja, como irão exterminar os 10 milhões de habitantes de Israel, sendo que 7 milhões são judeus. INACREDITÁVEL! Estão propondo um novo holocausto.
A esquerda que deveria levantar a bandeira da paz, e não da violência, que deveria gritar por uma Palestina livre e soberana ao lado do Estado de Israel. Dois povos, dois países. Fazem o caminho contrário. Vocês envergonham as verdadeiras causas do movimento socialista e humanista.
Vocês não são de esquerda, nem socialistas.
Vocês são um câncer disfarçado de esquerda, mas suas práticas são nazifascistas.
Penso no livro A Metamorfose de Franz Kafka, no qual um homem se transforma em um odioso inseto. É decepcionante constatar que essa esquerda que apóia o extermínio de Israel se transformou em um enorme inseto que se afunda no lixo da História.
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Diário de Guerra 12 - Que Deus nos livre do Bibismo e das bestas
humanas - Jayme Fucs Bar
É realmente impressionante viver nestes tempos, em que as bestas
humanas se reproduziram, a ponto de exercerem uma forte influência em nossa sociedade. Elas se apresentam vindo de todos os lugares do mundo, de todos os modos, em todos os meios, em todas as formas e ideologias, seja empunhando uma bandeira verde, ou vermelha, ou azul e branca, ou, em alguns lugares, até verde e amarela.
Na aparência, elas até se parecem diferentes, mas não se enganem:
são todas bestas humanas!
Se quiserem identificar o que estou dizendo, vejam o que está acontecendo em Israel! Não é algo que surgiu de repente, como muitos pensam. Não é algo espontâneo. NÃO!
Há muitos anos que esse governo, liderado por seu líder Benjamin
Netanyahu, vem alimentando bestas humanas, o que fizeram com grande sucesso! Essas bestas se proliferaram como vírus e se espalharam por todos os lados: o medo, o ódio e a violência.
Foi esse governo que criou as leis de desigualdade de cidadania entre os judeus e os “outros” cidadãos israelenses: árabes muçulmanos, árabes cristãos, druzos etc. Foi esse governo que deslegitimou o sistema jurídico, o Supremo Tribunal e o Ministério Público. Foi esse governo que abandonou aldeias e cidades árabes nas mãos do domínio do crime organizado, das milícias armadas, que lembram muito a realidade das favelas do Rio de Janeiro, dominadas pelo narcotráfico e abandonadas pela sociedade civil.
O nosso primeiro-ministro é sem dúvida um gênio. Alguns o consideram um mago da manipulação e da sobrevivência em se manter no poder. Para isso, a sua grande estratégia de mais de quinze anos é alimentar as bestas que se proliferam e que, em troca, o mantêm no poder.
Dessa vez, porém, uma coisa inesperada aconteceu, algo capaz de
surpreendê-lo em toda a sua genialidade: essas bestas, que há anos ganharam legitimidade, hoje se sentem fortes o suficiente para atuar sem sua permissão. Veja aonde chegamos: um país em total caos. Algo sem precedentes na história de Israel...
Para entender isso melhor, é importantíssimo saber compreender
algo novo, que foi criado nesse país durante os últimos quinze anos: a ideologia do Bibismo, em que tudo e todos aqueles que são contrários à sua política de alimentar as bestas são considerados esquerdistas, traidores, anarquistas e não patriotas!
Não importa quem sejam. Nem mesmo aqueles que têm uma posição política mais à direita, como Gideon Sa’ar, Naftali Bennett ou Avigdor Lieberman, viram esquerdistas e “traidores da Pátria”.
O Bibismo é algo único no mundo e realmente se tornou um fenômeno da história judaica que ainda será estudado por muitos anos, pois seu líder se considera um semideus, o seu ego extrapola a realidade. Ele acredita e faz milhões de pessoas acreditarem que só ele e mais ninguém pode fazer grandes proezas e salvar a nação das eternas ameaças à existência do Estado de Israel. Mas algo que o Bibismo não tinha previsto aconteceu: as bestas que ele mesmo criou e alimentou estão fortes o suficiente para traí-lo e abandoná-lo.
Para quem não sabe ou não quer saber, foi a ideologia do Bibismo
que alimentou a besta do Hamas e do Estado Islâmico. Foi essa ideologia que os fez mais fortes do que nunca nos últimos anos, quando o Bibismo optou por encher os bolsos desses terroristas sanguinários com dinheiro em troca da destruição da legitimidade da autoridade palestina na Cisjordânia.
O Bibismo alimentou, com todo o cuidado, os grupos e partidos
de judeus ultranacionalistas, fundamentalistas, racistas e karanistas, mesmo que no passado o seu próprio partido tivesse vetado que essas bestas fizessem parte das eleições e tivessem qualquer legitimidade em Israel.
O Bibismo destruiu o que foi no passado o Partido Likud de Menachem Begin, Yitzhak Shamir e Ariel Sharon! Ele conseguiu criar, no seu maquiavelismo, algo que jamais foi visto em todos esses 75 anos do Estado de Israel, que é o esfacelamento da sociedade israelense. Semeou a fragmentação e o ódio: seja entre árabes e judeus, entre religiosos e laicos, entre ashkenazim e sefaradim, entre a esquerda e a direita, entre a direita e a direita, entre kibutzim e a periferia etc.
Depois de 41 anos vivendo em Israel, olho para essa realidade e vejo um país dominado pelas bestas criadas e fortalecidas pelo Bibismo!
Pergunto: qual será o futuro desse país para as futuras gerações?
Toda essa realidade difícil sob o poder decisório de um homem que
tem um único interesse. Esse interesse, porém, não é a nação ou a pátria, nem muito menos o Povo de Israel!
Seu único interesse é esse desejo obcecado de se manter no poder
pela eternidade. Para isso, Bibi usa suas magníficas habilidades: a manipulação, a propagação do medo e o uso da mentira como formas de se manter em seu trono, cercado e adorado por seus discípulos.
Que glorioso e louvável seria para todos, judeus, árabes, a direita, a esquerda, os ashkenazim, os sefaradim, religiosos, laicos, todos e todas, que esse homem tivesse a dignidade e a integridade, sem precedentes, de nos livrar desse pesadelo.
Benjamin Netanyahu. Nenhum homem, nenhuma mulher, nenhuma pessoa. Somente ele poderia salvar essa nação, exatamente da forma que ele mais domina, indo para a frente das câmeras da mídia e dos meios de comunicação. Ele faria um discurso cheio de glória e de coisas impactantes, mas, no final, ele diria a frase tão esperada por todos nós: Eu me demito!
Israel espera mais do que nunca por esse momento, pois a ideologia do Bibismo está destruindo esta grande nação, o Estado de Israel, que surgiu depois de uma luta difícil, após tanto sangue e tanto suor. Um Estado que não foi criado para propagar e alimentar bestas humanas, seja de que origem forem.
Este texto foi escrito em 2021*
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Diário de Guerra  9 -  Judeus e muçulmanos – Jayme Fucs bar

Muitas vezes me pergunto como chegamos a esta situação atual de ódio e violência entre judeus e muçulmanos. A história nos mostra que essa relação foi muito melhor e mais tolerante do que a convivência  entre judeus e cristãos.

O que causou essa mudança nos últimos 100 anos? Na cultura islâmica, a palavra "judeu" tornou-se, para muitos, um termo fortemente depreciativo, diferente do que foi no passado.

Muitos árabes israelenses muçulmanos com quem convivo aqui em Israel me dizem sempre que o radicalismo desses grupos islâmicos não representa o verdadeiro islamismo nem as palavras do profeta Maomé. Ouço isso com frequência e pergunto a elas por que não reagem contra esses grupos e a resposta é única: medo!

Eu sei que é difícil imaginar, mas os historiadores dizem que, na Idade Média, os judeus que viviam no mundo islâmico tiveram sua idade do ouro, pois foi um período de muita prosperidade, com amplo desenvolvimento da ciência, filosofia, medicina, matemática, etc. Me lembro dos vários escritos do grande líder árabe Saladino, nos quais ele descrevia os europeus de sua época  como um povo de bárbaros, atrasados e ignorantes.

A mudança nas relações entre  judeus e muçulmanos se deteriorou nos  últimos 100 anos em consequência dos movimentos nacionalistas que ocorreram na Europa e entraram pelas portas dos fundos do Oriente Médio, principalmente com o fim do império otomano em 1917 e o domínio desse grande território por forças europeias, como a Inglaterra e a França.

 A chegada das forças europeias  não somente esfacelou os grupos e as estruturas tribais de toda a região, como deu surgimento a  novas tendências no Oriente Médio e criou rivalidades. E sses grupos sofreram  um forte impacto nos conceitos e valores, entre eles o nacionalismo ocidental, que vai se mesclar com os valores tradicionais e religiosos, criando o embrião do que seria futuramente o movimento nacionalista religioso fundamentalista, muçulmano ou judaico.

Essas potências, Inglaterra e França, retalharam todo esse grande território e criaram estados nacionais em função de seus interesses. Essa nova realidade exigiu uma revisão das escrituras sagradas que tiveram que ser adaptadas às ideias nacionalistas nascentes na região. Isso acontece dos dois lados, entre os judeus Kalisher primeiro e depois o Rav Kook: adaptam  os escritos da Torá ao movimento sionista; ao passo que os árabes muçulmanos criam a irmandade muçulmana. A base dos dois é muito semelhante, pois  revindicam direitos sagrados pelas terras de Israel.

Os judeus determinam que essas terras foram dadas aos judeus por Adonai e os muçulmanos afirmam que essas terras foram dadas aos muçulmanos por Alá.

Para quem não sabe, esse é o verdadeiro  impasse religioso que trava qualquer tipo de paz entre árabes e judeus, em que cada qual acredita que Deus determinou essas terras para si e, portanto, eles têm o direito absoluto a ela, e se esquecem de que Deus determinou que a vida é mais sagrada que a terra.

Na história da humanidade, as religiões são reinventadas em função do tempo em que vivemos.  Com certeza, se algum profeta de Israel  ou Maomé se transportasse ao nosso tempo, não reconheceriam o que é o judaísmo ou o islamismo de hoje em dia.

As religiões sempre adaptam e interpretam seus livros sagrados de acordo com as mudanças que acontecem na história. Exemplo claro é o que aconteceu com essa relação entre judeus e muçulmanos, a atual situação de num abismo de guerras e intolerância em que judaísmo e islamismo vivem.

Se  você procurar ler o que está escrito nas escrituras sagradas do Alcorão sobre os judeus, terá grandes surpresas. Não estou dizendo que tudo foi uma grande maravilha, mas jamais  ocorreram as barbaridades que testemunhamos hoje. No Alcorão está escrito que Alá ordena que os muçulmanos amem  o "povo do livro", isto é, os judeus e os cristãos.  Está escrito que os muçulmanos reconhecem que o criador do mundo se revelou ao povo de Israel, e que no Monte Sinai, entregou-lhe a Torá. Eles também acreditam nos profetas de Israel e que suas palavras eram verdadeiras.

O Alcorão é claro: os muçulmanos têm o dever de amar o povo do livro e Alá se revelou ao povo de Israel.

Do início do islamismo até o fim do império otomano, essa era uma ordem que todos os muçulmanos deveriam cumprir. De fato, em grande parte desse longo período, foi isso o que aconteceu. O mundo islâmico foi um grande refúgio para as perseguições aos judeus na Europa cristã, principalmente no terrível período da Inquisição em Portugal e na Espanha.

Obviamente nem tudo foi um mar de rosa nesse longo período que mencionei. Em determinados momentos, também houve conversões forçadas dos judeus ao islamismo, pois o que mais machucava os muçulmanos nessa época era o fato de que os judeus se negavam a reconhecer a nova profecia de Maomé. .

É realmente curioso perceber a relação entre Maomé e os judeus. Está escrito no Alcorão que houve um grande sábio judeu com quem Maomé aprendeu muito. Em seus sermões, ele incentivava os árabes a acreditar no criador do mundo e na Torá de Moisés e sua moral.

A tradição islâmica também nos conta que a primeira esposa de Maomé, Khadijah, tinha um primo judeu chamado Ben Nofal. Quando Maomé era ainda um menino, ele fugiu de casa, Ben Nofal o encontrou e o levou de volta a casa. Depois, crescido, Ben Nofal foi seu professor.

 O mais curioso é que, conforme a tradição xiita, Maomé disse que "seu nome é Ahmed Israel, e que os deveres que Deus impôs a Israel também se aplicam a ele".

O que muitos não sabem é que das várias esposas que Maomé teve, uma delas era  judia. Seu nome era Safya e tinha 17 anos quando se casaram. Era muito bonita e culta, filha de Chaim Ben Ahitov, líder da comunidade judaica Bnei Nadir. 

Fico aqui pensando no que Maomé pensaria hoje sobre essa confusa relação entre judeus e muçulmanos, e qual seria sua reação ao ver como modificaram os verdadeiros valores do Alcorão, que fala na obrigação de "amar o povo do livro".

Fonte: Por de trás do Alcorão Chai Bar Zeev  2010

2010 "מאחורי הקוראן" (הוצאת "דפים מספרים"), חי בר זאב

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Diário de Guerra 8 - Ou Nós Ou Eles – Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 8 - Ou Nós Ou Eles – Jayme Fucs Bar


Como compreender o fenômeno do ódio, profundamente enraizado, aos judeus?


Quem é judeu ou judia sabe que é difícil não ter passado por uma situação de antissemitismo em sua vida, pois ele está enraizado em todos os setores da nossa sociedade. Este é um fenômeno muito antigo, que se manifesta sempre em proporções diferentes, em função das situações do nosso cotidiano.


O Rabino, médico e filósofo, Rambam escreveu na ‘Epístola do Iêmen’, durante a Idade Média, que o antissemitismo é como uma doença do ciúme, pelo fato de Deus ter dado a Torá ao povo de Israel. Para Rambam, o ciúme é uma epidemia crônica que causa o ódio. Do ódio vem o preconceito, a vingança, que se transforma no extermínio.

Milhões de seres humanos sofrem a "epidemia do ciúme" contra os judeus e, em certas ocasiões, como nesta guerra de Israel contra a Hamas-Estado Islâmico, dá a oportunidade dessas pessoas colocarem suas caras para fora, podendo manifestar o seu grande ódio aos judeus. Assim podemos ver a dimensão dessa epidemia que se chama antissemitismo.

O ódio aos judeus sempre foi um bom remédio para amenizar e simplificar o sentimento das angústias, dentro da complexa realidade que vivem certos seres humanos. A História precisa sempre criar a figura imaginária do Judeu. Ela é essencial para explicar todo o mal que acontece na sociedade!

A figura do judeu imaginário se apresenta sempre de formas diferentes como: o rico explorador que domina o capital do mundo, o idealizador do Capitalista, o inventor do Comunista, o que domina poder da maçonaria, o anticristo, o que matou Deus, o Imperialista, o colonialista, o que tem pacto com o demônio etc.

Se vocês me perguntarem se tenho uma resposta clara para esse fenômeno do ódio aos judeus e judias, somente uma coisa eu tenho certeza: Isso está totalmente integrado na educação que temos desde criança e o que recebemos em casa. Isto sim vai modelar o que seremos como adultos!

Ninguém nasce antissemita, racista, xenófobo etc.. Acredito que esses valores são adquiridos em casa, na escola, nas instituições religiosas e nos centros cívicos etc.

Escrevendo essas linhas, me lembrei de um episódio que aconteceu comigo, há alguns anos, numa pequena aldeia de Portugal – em Belmonte. Era Sábado à noite e eu estava com o Cláudio, um Italiano que viveu em Israel por muitos anos e o reencontrei depois de 45 anos em Belmonte. Nos conhecemos em 1978 no Kibbutz Keren Shalom, na faixa de Gaza. Este foi um dos Kibbutzim que foram invadidos pelos terroristas do Hamas, no dia 07 de outubro.

Depois de ter tomado uns copos de vinho, nos sentamos na porta da casa do Cláudio que fica no coração da aldeia. Cláudio pegou o seu acordeão e começamos a cantar músicas em hebraico. A música chamou a atenção de 2 crianças, uma menina de 9 e seu irmão de 7 anos.

A menina nos perguntou: "Que música é essa? " Eu respondi: " música em Hebraico"

Pela reação dela, entendi que ela não compreendeu minha resposta, pois nunca tinha escutado a palavra "Hebraico”. E para ajudar a compreensão disse: "Música dos judeus".

Aí ela fez uma cara feia e disse:" Aqueles que mataram Deus". Na hora pulei, pela surpresa que me causou, pois na minha frente estavam somente 2 crianças, com toda a sua pureza e ingenuidade! Perguntei: " Quem te falou que os judeus mataram Deus". Ela me respondeu: "Meu pai e minha mãe". Não sei como expressar a tristeza que veio em meu coração, mas para amenizar essa difícil situação falei para eles: " Eu e o Cláudio somos Judeus. Vocês acham que nós matamos Deus? Ela com toda a segurança disse: "Claro que não!"

De fato, o antissemitismo está presente por todos os lados, como uma vez me confessou um grande amigo não judeu quando veio me visitar a Israel: "Jayminho, fui criado num ambiente muito hostil aos judeus. Levou anos para eu me libertar desse preconceito, que era parte integral de minha cultura e de meus valores!"

Meu Pai Nilo Barboza, um judeu converso casado com uma judia, e com 3 filhos judeus, viveu muito essas situações, pois o seu nome camuflava a sua verdadeira origem no seu meio social e de trabalho. Ele me dizia que ouvia barbaridades sobre os judeus e que sempre se manifestava e respondia entrando em severas discussões. Ouvia muito o discurso do ódio que dizia que Hitler deveria ter exterminado todos os judeus! Meu pai, numa dessas ocasiões, fez o merecido. Deu um soco na cara de um oficial da marinha e quase foi preso. Perdeu o emprego por isso.

Nesse momento, aqui em Israel estamos numa guerra na luta por nossa existência física, pois se Israel perder a guerra todos nós aqui seremos exterminados brutalmente!

ENTENDAM! Eu sei que muitos estão lacrados dentro de seus conceitos, mas façam um esforço e procurem entender.  O que vocês estão vendo não é uma guerra pela libertação da Palestina! Essa guerra que o Hamas- Estado islâmico trava é contra Israel, é para o extermínio de 7 milhões de judeus e judias que vivem nesse território!

A realidade aqui é muito clara, sentimos que o apocalipse pode chegar a cada um de nós! Não um apocalipse como o fim do mundo, mas sim o apocalipse da nossa existência!

Os terroristas do Hamas entraram nas comunidades e exterminaram a sangue frio famílias inteiras, violaram mulheres e meninas, queimaram e decapitaram bebês e crianças, mataram sem piedade pelo simples fato de serem judeus e Judias!

O que vimos em 7 de outubro de 2023 nada mais é que uma amostra do que esses assassinos sanguinários e antissemitas são capazes. Se tiverem a oportunidade de vencer essa guerra, esse será o nosso fim!

Para isso, a única forma de responder a essa realidade é lutar com todos os recursos e com tudo que o temos em nossas mãos, para garantir a nossa sobrevivência física e proteger as nossas famílias.

Gostem ou não! Estamos numa verdadeira encruzilhada de vida ou morte, onde não existe uma escolha nessas ocasiões da História! Ou Nós Ou Eles!  

 

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Diário de Guerra 7 - Hamas: a verdadeira face do terror — Jayme Fucs Bar
Há muito anos, conheci um árabe muçulmano que vivia em Jerusalém Oriental. Ele era uma pessoa muito especial, um teólogo e intelectual, muito culto, enfim, um homem de muitas sabedorias. Era sempre um prazer ouvir suas interpretações do Alcorão e perceber o respeito que ele tinha pelos mandamentos da Torá e seus profetas, por Jesus e as passagens do Novo Testamento.
Na época, ele era muito crítico à transformação e ao uso da religião islâmica para objetivos de grupos políticos e terrorismo, tudo em nome de Alá.
Ele desejava ver a criação do Estado da Palestina, mas sem o uso de qualquer tipo de violência. Das vezes em que tive a oportunidade de conversar com ele, eu sempre saía otimista, acreditando que ainda havia esperança.
A última vez em que me encontrei com ele, percebi que ele estava meio abalado e temeroso, até se lamentou comigo e me contou que foi convidado para participar de um fórum teológico islâmico, no qual estavam presentes várias pessoas, muitas representando o Hamas Estado Islâmico. Ele sentiu que aquilo não era um simples encontro, e sim uma armadilha. Mesmo assim, ele teve a coragem de dizer o que pensava e de questionar onde está escrito que Alá manda matar seres humanos inocentes.
Ele também disse que a verdadeira interpretação de jihad não é trazer a morte e a violência para o mundo, e sim procurar realizar o que Alá deseja para a humanidade, que é a paz e a valorização da vida e do amor ao próximo. E continuou: “Não existe um Deus particular dos muçulmanos, dos judeus ou dos cristãos. Deus é único para todos.”
Essa pessoa, cujo nome não posso citar, ao terminar o encontro, recebeu uma mensagem de ameaça de morte, pois foi classificado como herege, traidor da causa islâmica. Nunca mais o vi ou ouvi sobre ele. Conheço seus familiares, alguns até trabalham comigo como motoristas de grupos de turistas. Depois de minha insistência, alguém me disse: “Ele teve que fugir e se exilar, ficar em silêncio em algum lugar do mundo para não ser assassinado, ele e sua família.”
Conto essa história para vocês entenderem que não estamos aqui falando sobre a legitimidade dos direitos dos palestinos.
O que está acontecendo agora em Israel não é uma luta entre israelenses e palestinos, já que muitos dos palestinos e do mundo árabe estão doidos para se livrar dessa corja de terroristas do Hamas, cada vez mais fortes e ameaçadores, não somente para a existência de Israel, mas para milhões de muçulmanos.
Para quem não sabe, o Hamas é considerado uma extensão do movimento islâmico mundial ISIS ou Estado Islâmico, cujo principal líder ideológico foi o sheik Ahmad Yassin, morto por Israel na faixa de Gaza em 2004.
O principal objetivo do Hamas sempre foi eliminar o Estado de Israel. Por isso, não existe nenhuma possibilidade de qualquer negociação com Israel. Para o Hamas, a paz ou qualquer acordo é inaceitável, pois seu compromisso declarado e irreversível é com a destruição do Estado de Israel.
O Hamas, além de um movimento nacionalista palestino, propõe a substituição da Palestina por um Estado Islâmico e o hasteamento da “bandeira de Alá sobre cada centímetro da Palestina”.
Para entender melhor o que vem a ser a estratégia desse movimento terrorista Hamas, veja suas quatro estratégias principais:
1. A construção de uma forte estrutura assistencialista para atendimento dos mais pobres como forma de garantir apoio para a organização, e também dependência direta, fazendo o papel social que deveria estar na competência de seu grande rival a OLP e a AP (Autoridade Nacional Palestina). Eles exigem que sejam reconhecidos como os únicos e legítimos representantes do povo palestino e do movimento islâmico.
2. O uso de uma estrutura bélica forte e bem treinada com apoio militar e financeiro de organizações e nações islâmicas como Irã, Hezbollah, Catar, Turquia e, logicamente, a Irmandade Muçulmana, que tem ramificações por todo o mundo como forma de fomentar e ampliar os ataques terroristas contra Israel e no mundo.
3. A visão maximalista de não diferenciação entre civis e militares, uma vez que todos os judeus em Israel são inimigos, e, portanto, devem ser exterminados, independentemente de serem crianças, mulheres, idosos etc. Sua plataforma de extermínio não exclui os "hereges" não judeus que vivem em Israel, como as comunidades de cristãos, drusos, Bahay, até mesmo as comunidades de muçulmanos que cooperam e desejam viver em paz no Estado de Israel.
4. Ações contra qualquer tipo de ocidentalização e secularização da sociedade muçulmana, e uma luta sem trégua para a restauração das terras que foram tomadas dos muçulmanos no período dos califados, que inclui toda a Ibéria, Malta, Itália, Armênia, Países Bálticos, Geórgia e outros.
O Hamas é nada mais do que um componente de uma estratégia muito maior que na sua luta pela Palestina e pelo extermínio de Israel, na sua visão política e teológica, a única forma de existir uma paz mundial é pela submissão do mundo na sua totalidade à bandeira islâmica.
A jihad é o caminho para essa paz mundial. Inicialmente deve haver muitas guerras santas, finalizando com a vitória dos "guerreiros de Alá" e a rendição do mundo ao islamismo.
Veja abaixo o que está escrito em sua plataforma ideológica:
"A luta pessoal pela moralidade e virtude, que é a resistência sancionada contra todos que vão contra o islamismo. Neste mundo somente o islamismo e as leis de Alá têm o direito de existir."
“Alá é o maior e único objetivo, o Profeta é o nosso modelo, o Alcorão é a nossa constituição. A jihad é o seu caminho e a morte em nome de Alá é o mais elevado dos seus desejos.”
Dessa forma, o Hamas combina o elemento religioso com o elemento nacionalista, mas seu objetivo é mundialista.
A guerra atual é contra o fundamentalismo religioso do Hamas. O Estado Islâmico não é uma ameaça somente para a existência de Israel, mas para todos os que desejam e amam a liberdade, inclusive milhões de fiéis e verdadeiros muçulmanos, como é o caso daquele meu corajoso amigo que hoje vive em algum lugar em silêncio e com medo de ser encontrado.
Fontes: ( MAQDSI, Muhammad (1993). Charter of the Islamic Resistance Movement (Hamas) of Palestine. Journal of Palestine Studies, 22(4), 122-134., p. 124)
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Sion não é palavrão- Jayme Fucs Bar

Diario de Guerra 5 - Sion não é palavrão- Jayme Fucs Bar
Em razão de meu ativismo nas redes sociais como judeu sionista Socialista humanista, com uma posição clara de esquerda, recebo todos os tipos de mensagens. A última que recebi me despertou uma grande curiosidade.
Alguém me questionou sobre como eu podia ser um judeu humanista e me definir como sionista. A princípio, não entendi a pergunta, mas parei para pensar e me surgiu a ideia de perguntar à pessoa o que, em sua opinião, era o sionismo e ele respondeu:
“Sionismo é um movimento racista, militarista de ocupação, destruição e extermínio do povo palestino”.
Incrível! Como pode, com o tempo, uma palavra se tornar tão deturpada que chegou a ponto de perder completamente o contexto da realidade. Voltei à conversa com a pessoa e perguntei se ela era a favor de que todos os povos da humanidade tivessem o direito de autodeterminação nacional. A pessoa de imediato me respondeu: “Claro que sim!”.
Então respondi: “Querida pessoa, estou feliz em saber que você
também é sionista!”. Acredito que a pessoa do outro lado pulou! Eu
tentei explicar!
Se todos os povos da humanidade têm o seu direito de autodeterminação nacional, como palestinos, curdos, tibetanos, chechenos, bascos etc., por que os judeus, que são um povo milenar, não teriam também esse direito de autodeterminação nacional?
Pois o sionismo é o movimento nacional do povo judeu. Esse movimento faz parte de um processo histórico milenar, seus laços entre o povo judeu e a Terra de Israel são inseparáveis a mais de 3000 mil anos !
No Movimento Sionista existiram, como em todos os movimentos
nacionais, tendências políticas e vertentes ideológicas diferentes, como liberais, sociais-democratas, socialistas, comunistas, religiosos etc.
As pessoas estão tão confusas e com seus cérebros congelados sob
tantas desinformações e manipulações que não sabem definir entre realidade e “fantasias”, nem entre os vários “Israéis” imaginários que elas mesmas criaram.
É incrível como as pessoas têm dificuldades de entender, saber e
aceitar que você poder ser sionista, amar Israel, servir seu Exército, lutar em suas guerras e ser ativamente contrário ao atual governo de direita de Israel, ou ser sionista e apoiar a criação do Estado Palestino ao lado do Estado de Israel etc.
A estupidez é tão generalizada, que essa pessoa, nesse diálogo até
meio surreal, me disse: “Mas quem criou o Estado de Israel foi o imperialismo dos EUA e da Inglaterra!”.
Uau, como estou cansado de ouvir essa bobagem!
Eu respondo, já numa ironia típica de um israelense: “Imperialismo? Ah, sim, é verdade! O Estado de Israel realmente existe graças ao
imperialismo, mas não o dos estadunidenses ou dos ingleses, e sim dos soviéticos”.
A pessoa quase caiu da cadeira do outro lado !
O bloco soviético e seus aliados foram os que votaram em massa na ONU pela criação do Estado de Israel, os “imperialistas” estadunidenses ficaram em cima do muro e no final, na última hora, votaram a favor, por pressão da comunidade judaica dos EUA. O grande imperialismo inglês deu o voto de abstenção, mas apoiou com armas os árabes.
A Guerra de Independência de Israel foi e é até hoje considerada a
pior e a mais cruel de todas as guerras que Israel teve que enfrentar. Israel não tinha a estrutura militar e econômica que tem hoje em dia, sua população era de 650 mil judeus e muitos eram refugiados recém-chegados do Holocausto. No final dessa guerra terrível, haviam morrido quase 7% da população judaica do Estado de Israel nascente.
“E sabe quem apoiou Israel com armas nesse momento crucial da
independência israelense?”, perguntei à pessoa do outro lado.
Foram os socialistas!
As armas chegaram da República Socialista da Tchecoslováquia.
A pessoa, acreditou eu, pensou que eu estava inventando história,
mas quem quiser saber dos fatos pode pesquisar!
Pedi, com todo respeito, que ela parasse de acreditar em fantasmas que haviam sido inventados para milhões de pessoas viverem numa eterna escuridão sobre a realidade de Israel.
“Sion” de onde deriva o nome sionismo, o movimento de libertação nacional do povo judeu, não é nome feio, nem palavrão. Sion
aparece nada mais, nada menos que 150 vezes na Torá, definindo o local onde se encontravam o Templo e a cidade de David.
O movimento sionista foi, para muitos judeus, a resposta política
clara para a situação de suas eternas lutas de sobrevivência a opressões, perseguições, perseguições religiosas, pogroms, antissemitismo e a tentativa de seu total extermínio como aconteceu no Holocausto.
Em 14 de maio de 1948, o Estado de Israel se tornou uma realidade e o estado Palestino poderia também existir mas infelizmente eles negaram a Partilha aprovada pela ONU em novembro de 1947 e saíram numa guerra total contra Israel , sendo que nessa partilha Jerusalém ficou definida como Internacional.
Realmente estamos vivendo num mundo de metamorfoses ideológicas! Nos da esquerda acusamos as massas da direita Bolsonaristas de gado, de usar fake News, de deturpar e inventar mentiras como se fosse realidade, mais acreditem nas palavras de um ativista de esquerda!
Existe um forte grupo que se define como esquerda no Brasil, mas na verdade são uma nova seita, eles estão em vários setores da sociedade brasileira inclusive no atual governo, usam os mesmos métodos dos Bolsonaristas, são um bando de gado, usam Fake News , deturpam e inventam uma nova realidade é o pior são uma cambada de anti-semitas, que apóiam terroristas e envergonham o que deveria ser o verdadeiro movimento Socialista Humanista no Brasil!
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