Todos os posts (1538)

Classificar por

Resumo    

No início dos anos 90, três pesquisadores lançaram um artigo acadêmico que prometia revolucionar todo campo científico. Um artigo que provaria a existência de Deus.

A evidência estaria oculta por meio de um código secreto contido na bíblia. O caso não ganhou de imediato a preocupação da mídia. Após o livro “Código da Biblia” (Michael Drosnin) ser publicado em 97, centenas de pessoas se impressionaram com a real possibilidade de achar uma prova de que as escrituras judaicas são de fato divinas.

A SLE 1 foi o método para desvendar os códigos secretos. Trata-se de ajustar todo o texto em linhas equidistantes, sem espaços entre as palavras, ignorando as vírgulas e os pontos.

Tabela 1 – Exemplo de Sequência de Letras Equidistantes (SLE) com os três primeiros parágrafos deste próprio texto (arrumado de 50 em 50 letras)

Introdução   

Ao longo da história, diversas pessoas se dedicaram ao estudo e à interpretação do livro mais influente de todos os tempos. O tema não se restringia apenas a rabinos ou religiosos. Acredita-se que Isaac Newton usou parte de seu tempo em busca de padrões e códigos escondidos no texto original 2.

No meio do século XX, o Rabino Michael ber Weissmandl fez um resumo de muitas descobertas a respeito do assunto. Entre os achados do rabino, encontra-se o famoso exemplo em que a partir da primeira letra ת (Tav ) encontrada no livro Gênesis, saltam-se 50 letras e encontra-se uma letra ו (Vav ). Saltando outras 50 letras, encontra-se a letra ר (Resh ) e por fim, saltando-se mais uma vez 50 letras, encontra-se a letra ה (Hey ), que juntas formam a palavra תורה (Torá). O mesmo exemplo se repete quando aplicado ao livro Êxodo, o segundo do pentateuco que compõe a Torá. Vejam ambos exemplos na figura abaixo.

Exemplo no livro Genesis

Bible_code_imagem

Este caso e outros estudos similares despertaram o interesse de dois acadêmicos israelenses, Elyahu Ribs e Doron Witztum. Eles resolveram investigar a questão com o auxílio de duas ferramentas desenvolvidas no século XX: computadores e programas estatísticos.

As evidências

Após anos de pesquisa, os autores escreveram um artigo 3 publicado no respeitado jornal acadêmico Statistical Science. O artigo buscava demonstrar que o fenômeno dos Códigos da Biblia era sobrenatural e restrito aos textos sagrados do antigo testamento. Para provar sua teoria, eles usaram como amostra uma lista de rabinos conceituados ao longo da História, que continha detalhes de suas datas de nascimento e de morte.

Seguindo o critério de SLE, estas informações (os nomes dos rabinos com suas respectivas datas de nascimento e morte) apareciam muito próximas umas das outras no livro Gênesis, quando comparadas a outros textos de tamanho similar. Ou seja, o primeiro livro da Torá apresentava um resultado significativamente melhor que os demais textos. Os achados eram impressionantes. Afinal, de acordo com a tradição judaica, o antigo testamento foi escrito por Deus, séculos antes do nascimento destes rabinos.

Em suma, os autores “sugeriam” que os códigos deveriam ter sido colocados no texto por alguma “força maior”, visto que estatisticamente falando, as probabilidades de acaso eram ínfimas. O editor da Statistical Science na época, Prof. Robert Kass, definiu no momento de sua publicação que “os códigos eram um enigma a ser decifrado” 4.

O impacto e suas implicações

O impacto inicial foi pequeno. O tema não atraiu a atenção do público em geral. Com exceção de um restrito número de acadêmicos e de um grupo de judeus ultraortodoxos. Este último grupo  5, interessado na reaproximação de judeus seculares à religião, percebeu no “Código” uma excelente possibilidade de provar que a Torá era de fato divina.

Foi apenas após a publicação do livro “O Código da Bíblia”, de Michael Drosnin, que o assunto ganhou maiores proporções. Baseado nos estudos de Rips e Witztum, mas bastante ampliado pelo próprio autor, o livro rapidamente tornou-se um best seller, ficando por treze semanas consecutivas na lista de livros mais vendidos do New York Times e sendo traduzido para inúmeras línguas.

Michael Drosnin deu um passo adiante. Além de descrever eventos passados, ele decidiu fazer previsões. Afinal, se os códigos eram divinos, eles continham informações sobre o passado, o presente e o futuro. Então, por que não fazer previsões com base neles? Foi o que fez o autor. Ele afirma em seu livro ter previsto o assassinato do primeiro ministro israelense Itzhak Rabin  6. Ver detalhes na Tabela 2.

Tabela 2 – Itzhak Rabin aparece em uma SLE de 4227 letras no livro de M.Drosnin

O descobrimento da farsa

Tomou cinco anos para que a farsa  das pesquisas sobre os códigos fosse desmascarada. Em 1999, por meio de um artigo 7 em resposta a Ribs e Witztum, publicado na mesma Statistical Science, o enigma, finalmente, foi decifrado.

Os autores do artigo original, em uma arte de pseudociência, selecionaram uma amostra que lhes favorecia, escolhendo nomes e datas (em hebraico é possivel escrever as datas de formas distintas) que lhes permitiu encontrar o resultado esperado. Este processo ocorreu ou de forma intencional (manipulação de dados) ou por desconhecimento dos métodos de pesquisa corretos.

Uma lista similar, tão boa quanto a primeira de acordo com um juiz religioso, falhou em achar diferenças nos textos 8. No entanto, o viés amostral foi apenas um dos equívocos encontrados no artigo original. Para outros problemas, vejam as referências no final do texto.

Entretanto, ainda persistia uma questão: como refutar a previsão de Michael Drosnin? Afinal, Itzhak Rabin havia de fato sido assassinado. Simples. As previsões do autor se mostraram erradas em muitos outros casos. Ele “previu”, por exemplo, a existência de um “atentado atômico” no ano de 1996 e duas guerras mundiais, uma no ano de 2000 e outra em 2006 9. A própria previsão sobre o assassinato de Rabin pode ser colocada em questão, devido a uma má tradução do hebraico para o inglês feita pelo autor. (Drosnin não sabe hebraico. Para mais detalhes, ver Bar Hillel e Margali,1999) 10.

Como muito bem colocado pelo físico dinamarquês Niels Bohr, “(Fazer) previsão é muito difícil, especialmente se é sobre o futuro”.

Hoje em dia

Este tema chamou minha atenção depois que participei, no mês passado, de um seminário de uma renomada Yeshivá . Assisti a uma aula sobre os Códigos da Bíblia sem nenhuma referência a seus críticos. Todas as evidências contra a hipótese dos códigos parecem ter sido ignoradas pelos organizadores do seminário, que seguem cegamente tentando reaproximar judeus seculares da religião. Por sinal, o objetivo do seminário era demonstrar que não existe nenhuma incompatibilidade entre a história descrita na Bíblia e as descobertas científicas.

Discordo completamente deste tipo de abordagem. Todas as vezes que religiosos tentaram me convencer em acreditar na Bíblia por meio de associações entre religião e ciência, o argumento vinha desprovido de um vasto conhecimento dos verdadeiros métodos de pesquisa científicos. Além de exagerar na retórica, na maioria das vezes, existe uma falha em compreender dois conceitos primordiais: 

I) Amostras viesadas são problemáticas. Isto quer dizer que se os dados selecionados não foram escolhidos ao acaso, eles podem estar “contando uma história” que não representa a realidade. Fazendo uma analogia, significa tirar frases de um contexto e tentar resumir e explicar todo o texto com base nelas. Por exemplo, poderia dizer que a Bíblia prega o assassinato de crianças, mulheres e recém-nascidos com base na instrução que Deus dá a Saul em relação ao povo de Amalek, no livro 1 Samuel (15:3). Uma amostra viesada poderia levar-me a escolher este trecho como representativo de todo o conteúdo. 

Amostras viesadas, no entanto, não resistem a testes subsequentes como a repetição do mesmo experimento com outros dados (tecnicamente falando: testes de robustez 11). Isso resulta em pseudociência.

II) Um acontecimento a posteriori sempre tem probabilidade de 100% de acontecer (depois que ele já aconteceu!). Eu sei que pode parecer trivial, mas não é. Um “milagre” está previsto em qualquer tipo de distribuição de acontecimentos. Ele tem uma probabilidade muito rara de acontecer, mas depois que ele ocorre, passa a ter 100% de probabilidade. Justificar algo que já passou e dizer que ele tinha uma probabilidade ínfima a priori, não prova a divindade por meio da ciência. Apenas prova a “divindade” da ciência por meio do acaso.

Particularmente, em relação à questão ‘ciência e religião’, compartilho mais das ideias do Prof. Yeshayahu Leibowitz(Z’L), um intelectual ultraortodoxo israelense, que nos diz que a Torá não serve como um livro que explica a criação; ela não substitui um livro de física ou de química. Ou seja, é inútil buscar estes tipos de associações entre ciência e religião. Cada uma delas tem um objetivo diferente: a primeira visa entender como funciona o mundo dos homens, enquanto a segunda está focada no “trabalho” em relação a Deus. Na fé e no cumprimento dos preceitos e mandamentos (Mitzvot).

Por mais que este por si próprio seja o tema de um outro texto, traduzo apenas uma analogia interessante escrita por Leibowitz em que ele relaciona a primeira carta recebida pelos jovens israelenses chamando-os para o alistamento militar, com a forma na qual devemos nos relacionar com a Torá. Leibowitz afirma: “a carta de alistamento não tem a intenção de passar informações sobre o exército ou sobre a guerra, e sim, chamá-lo para servir a pátria” 12.A Torá nao vem nos oferecer um guia de como funciona o mundo –  ela não se ocupa da relação entre o homem e a natureza, e sim, da relação entre o homem e sua fé em Deus.

Por fim, gostaria de dizer que este texto também contém um código secreto. A Tabela 3 evidencia o código oculto dentro dos três primeiros parágrafos, destacando as palavras que aparecem “milagrosamente” quando o texto está escrito na forma de SLE com 50 letras.

Tabela 3 – Exemplo de Sequência de Letras Equidistantes com os três primeiros parágrafos deste próprio texto – Desvendando o código: NAO ACREDITE, MANIPULAR DADOS, MERO ACASO

Milagre? Inspiração divina? Não, longe disso. Apenas um pouco de esforço para deixar o texto mais interessante. A mensagem codificada confirma tudo o que o texto já nos diz: não acredite em pseudociência e em manipulação de dados. Busque uma forma mais coerente de se relacionar com suas raízes judaicas. 13

Quer saber mais sobre o assunto? Além das referências contidas no texto, veja também:

http://www.talkreason.org/articles/Codpaper1.cfm

http://www.letusreason.org/current3.htm

http://www.realbiblecodes.com/experiments/aumann_experiment.php

Quer buscar “códigos” na Biblia ou em qualquer outro livro? Veja um divertido tutorial neste link:

http://dmitrybrant.com/fun-with-the-bible-code

Saiba mais…

Faleceu no dia de ontem (24/01) Shulamit Aloni, aos 85 anos. Seu nome pode ser desconhecido para os leitores, Aloni não é noticiada pelos jornais israelenses há um tempo, afinal. Desde 1996 retirada da vida pública, suas aparições foram raras desde então, em geral quando publicou livros sobre o tema dos direitos humanos. Mas a repercussão de sua morte nos mostra que sua herança política é imensa: os diários eletrônicos Haaretz e Ynet publicaram uma longa lista de personalidades políticas que lamentaram seu falecimento e valorizaram seus feitos públicos: desde militantes do seu partido (Meretz), passando por políticos de outros partidos e movimentos sociais como Itzhak Herzog (Trabalhista), Dov Chanin (Chadash) e Yariv Oppenheimer (Paz Agora), passando por partidos de centro (Yesh Atid) até chegar a membros do Likud, como o Ministro da Defesa Moshe “Buggi” Yalon, que a citou como defensora da democracia, apesar das diferenças de opinião entre ambos.

Não seria para menos: Shulamit Aloni, filha de judeus poloneses, nasceu em Tel-Aviv em 1928 e foi membro do movimento juvenil sionista socialista HaShomer HaTzair. Participou da guerra de 1948 como membro do Palmach (força de elite da Haganá, principal milícia judaica na Palestina britânica), quando chegou a ser presa pelos jordanianos. Formou-se em direito na Universidade Hebraica de Jerusalém, e trabalhou como professora durante seus estudos. Posteriormente licenciou-se e pôde lecionar como profissão permanente.

No fim dos anos 1950, Aloni ingressou na juventude do Mapai (Partido Trabalhista Israelense), destacando-se pela defesa dos direitos humanos, e elegeu-se parlamentar entre 1961-65. Neste período popularizou-se por ser autora da lei que criou o Departamento de Reclamações do Público para auxiliar o “Mevaker HaMedina” 1. Descontente com os rumos do partido e desafeta de Golda Meir, desfiliou-se em 1973 e criou o partido Ratz (Partido dos Direitos do Cidadão), disputando as eleições de 1975 e alcançando três assentos na Knesset. Aloni foi um dos primeiros políticos no país a criticar a ocupação à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, e a defender os direitos da mulher. Foi ministra sem pasta do primeiro governo Rabin (1974), mas retirou-se da coalizão quando os nacionalistas-religiosos (Mafdal) passaram a fazer parte da mesma.

Shulamit Aloni, desde então, destacou-se por uma feroz luta legalista a favor dos direitos humanos, que lhe renderam popularidade: em 1988 conseguiu que a Knesset descriminalizasse o homossexualidade no Código Penal. Na mesma década, conseguiu integrar o movimento Paz Agora ao seu partido, o que lhe rendeu popularidade. Em 1988 o Ratz conseguiu cinco cadeiras na Knesset, duas a mais que o antes popular Mapam.

Mas o mais relevante que fez Aloni foi reunir os três principais partidos que se posicionavam no campo da esquerda sionista e que faziam oposição ao governo de união nacional (Trabalhistas-Likud), criando o Meretz. Aloni foi uma das mentoras da fusão entre Ratz (seu partido, que destacava-se por defender os direitos humanos), Mapam (sionistas socialistas, enfraquecidos com a queda da URSS e a crise dos kibutzim) e o primeiro Shinui (que defendia a separação entre religião e Estado), que juntos deram origem ao atual Meretz. Aloni foi a número 1 do novo partido nas eleições de 1992, quando alcançaram a histórica marca de 12 assentos. Rabin, eleito primeiro ministro, a ofereceu o prestigiado cargo de Ministro das Relações Exteriores, recusado prontamente. Aloni preferiu ser Ministra da Educação, onde até hoje é considerada referência. Aloni questionou as viagens institucionais do ensino médio à Polônia, multiplicou a verba para a educação e reformou o currículo escolar (sobretudo no que se refere ao ensino de cidadania). Criticada pela direita religiosa e nacionalista, elogiada pelas esquerdas em geral, seu mandato é tema de estudos de acadêmicos até hoje. Após divergências com o Shas, foi convencida a renunciar por Rabin, que temia a queda de seu governo. Dando prioridade ao processo de paz, Aloni optou por assumir os Ministérios de Artes, Ciência e Tecnologia e de Comunicação no mesmo governo.

Após ser derrotada nas primárias do partido em 1996 por Yossi Sarid, Aloni decidiu não disputar mais eleições para a Knesset, mas não abandonou a luta por direitos humanos. Em 2000 recebeu o Prêmio Israel por suas contribuições para a sociedade israelense através de sua luta por direitos humanos. Autora de seis livros, mãe de três filhos, Shulamit era viúva desde 1988. Ontem faleceu e deixou órfãos seus milhares de seguidores ideológicos.

Durante a campanha que fiz para o Meretz nestas últimas eleições, um senhor passou por nós e disse: “eu não votarei este ano, mas se vocês me trouxessem de volta a Shulamit Aloni meu voto seria de vocês”. Minha companheira de militância lhe respondeu: “infelizmente não podemos mais trazê-la”. Ontem, de fato, eu tive esta certeza. Fica a impressão de que é necessário que a esquerda sionista se renove, e que apareçam mais nomes que defendam os direitos humanos como Shulamit Aloni. Antes que seja tarde demais.

Foto de capa retirada do site https://picasaweb.google.com/sfp.wasns/SukatAvelim

http://www.conexaoisrael.org/obrigado-por-tudo-shulamit/2014-01-26/joao

Saiba mais…

Tamanho & Documento por Yair Mau da Conexão Israel

Israel é um país pequeno. Isso todos sabemos. O interessante é notar como a percepção espacial do israelense é diferente da percepção do brasileiro, principalmente dos que vivem nas grandes cidades.

Uma viagem de duas horas em Israel é considerada longa. Vejam os mapas abaixo, comparando Israel com os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A distância entre as capitais dos dois estados é 430 km, quase igual a distância entre os extremos Norte e Sul de Israel, 426 km.

Já ouvi vários israelenses de Tel Aviv dizer que há tempos não visitam Jerusalém, porque é longe. A viagem entre as duas cidades é de apenas 50 minutos (70 km), e provavelmente isto revela mais sobre a distância psicológica que o interlocutor atribui à capital, pois os 96 km que separam Haifa de Tel Aviv não parecem tão longe assim.

O conceito de cidades e bairros em Israel também é bastante diferente, especialmente para mim, que cresci em São Paulo. Em Israel um conjunto de algumas ruas já pode ser chamado de bairro. As cidades também me parecem muito pequenas, apenas Jerusalém eu chamaria de grande. Tomemos como exemplo a região da grande Tel Aviv, conhecida em hebraico com Gush Dan, e que inclui as seguintes cidades: Tel Aviv-Yafo, Herzliya, Ramat Hasharon, Bnei Brak, Ramat Gan, Givataim, Kiryat Ono, Or Yehuda, Holon e Bat Yam. O mapa abaixo mostra todas essas cidades cabendo confortavelmente dentro da área da cidade de São Paulo. É bem verdade que São Paulo é uma monstruosidade, mas muitas destas cidades não deixam de ser extremamente pequenas.

Região metropolitana de Tel Aviv dentro da cidade de São Paulo

A grande Tel Aviv dentro da cidade de São Paulo

O mapa abaixo mostra a região central da cidade de São Paulo ao lado da região da grande Tel Aviv. O bairro onde eu cresci, Vila Mariana, é comparável a muitas das cidades israelenses. Cada uma destas cidades tem a sua própria administração, com prefeitura, vereadores, sistema de coleta de lixo próprio, orçamento para educação, e tudo mais que uma municipalidade tem. Eu sempre me pergunto se não é um grande desperdício isso tudo, que cidades tão pequenas e parecidas (com exceção da ortodoxa Bnei Brak) se administrem separadamente.

Região metropolitana de Tel Aviv ao lado do centro de São Paulo

Região metropolitana de Tel Aviv ao lado do centro de São Paulo

E os palestinos de Gaza e da Cisjordânia? Certamente sua percepção de distância é influenciada pelo tamanho de seus territórios, que são bastante menores que Israel. O mapa abaixo mostra a capital paulista ocupando a maior parte da parte Norte da Cisjordânia (chamada pelos judeus de Shomron, ou Samária), e dentro dela toda a Faixa de Gaza. Assim é possível entender como a densidade populacional de Gaza é tão alta, aproximadamente 4900 pessoas/km2. Compare com os 7430 habitantes/km2 da cidade de São Paulo.

Faixa de Gaza dentro da cidade de São Paulo, que está dentro da Cisjordânia

Faixa de Gaza dentro da cidade de São Paulo, que está dentro da Cisjordânia

Abba Eban, ministro das relações exteriores de Israel entre 1966 e 1974, é conhecido por ter dito que as fronteiras de antes da Guerra dos Seis Dias seriam “Fronteiras de Auschwitz”, por representarem um perigo existencial a Israel. A frase é famosa, mas falsa. Abba Eban nunca disse “fronteiras de Auschwitz”. Numa entrevista à revista alemã Der Spiegel, em Janeiro de 1969, ele disse:

Dissemos abertamente que o mapa do país nunca mais será como era em 4 de Junho de 1967. Para nós isto é uma questão de segurança e de princípios. O mapa de Junho para nós é identificado com falta de segurança e perigo. Eu não estarei exagerando se disser que há nele para nós algo da lembrança de Auschwitz. Se levarmos em conta a nossa situação em Junho de 1967, e imaginarmos o que nos aconteceria em caso de derrota, nos dá um arrepio: a situação na qual os sírios novamente estão sobre as montanhas e nós estamos no vale, com o exército jordaniano podendo ser visto da costa, com os egípcios em Gaza, com a mão em nosso pescoço. Esta é uma situação que nunca voltará na História.

Para não ficar dúvida, aí vai o original em alemão.

Entrevista de Abba Eban à revista alemã Der Spiegel

Entrevista de Abba Eban à revista alemã Der Spiegel

É verdade que a menor distância entre o mar e a Cisjordânia é muito pequena. Menos de 14 quilômetros separam a cidade palestina de Qalqilya da praia do kibutz Shfaim. Vejam a imagem abaixo, preparada por mim usando o site mapfrappe.com. A linha azul é o percurso que eu fazia de minha casa, na Vila Mariana, à cidade universitária, sobreposto no mapa de Israel. Percorria este percurso diariamente, e nenhum paulistano o julgaria especialmente longo. Se não fossem as curvas do caminho, e pudesse esticar a linha azul, facilmente a distância seria suficiente para atravessar Israel em sua parte mais fina. Brinquem vocês mesmos com o site, e vejam como percursos que são quotidianos para vocês parecem grandes em relação a Israel.

A cintura fina de Israel

A cintura fina de Israel

Para terminar, uma última reflexão em relação a distâncias, desta vez oferecida pelo escritor A.B. Yehoshua. Em 9 de Outubro de 2011 ele publicou no jornal Haaretz um artigo entitulado “Dividir a Terra de Israel em dois estados é um imperativo moral”. Leia a minha tradução ao português em meu antigo blog O Estadão de Israel. O penúltimo parágrafo diz:

[...] a identidade da pátria dos palestinos é quase o oposto da identidade de nossa pátria, e em certo sentido, isso também requer exame. Em comparação a uma nação que mudou de pátria como um viajante freqüente, para muitos palestinos a pátria é por vezes reduzida à aldeia e à casa, e é por isso que cada desenraizamento deles fomenta tragédia e crise. Os palestinos nos campos de refugiados na Faixa de Gaza ou na Cisjordânia não estão muitos quilômetros de distância das casas e as aldeias de onde fugiram ou foram expulsos na guerra de 1948, embora eles ainda sejam residentes da pátria palestina. Seu sentimento é que eles não só foram ao exílio da aldeia e da casa, mas de seu próprio território, e assim por 64 anos, eles continuaram a viver nas condições indignas e incapacitantes dos campos de refugiados sem o desejo ou a capacidade de reabilitar-se em suas pátria. O direito de retorno à pátria, que é legítimo, tornou-se o direito de retorno para a casa de Israel, que é impossível e desnecessário.

Como se diz em inglês, food for thought.


Fontes: A história da citação de Abba Eban, bem como a imagem da revista Der Spiegel, encontrei no blog israelense rafimann.

Se você gostou de bricar com mapas, aí vão algumas sugestões interessantes: 11 Overlay Maps That Will Change The Way You See The World OverlapMaps O site do Ministério do Exterior de Israel oferece algumas comparações.

Com excessão do mapa produzido através do site mapfrappe.com, os demais mapas foram produzidos por mim. Este trabalho pode ser compartilhado sem adaptações e para fins não lucrativos, desde que devidamente atribuidos a mim e a esta página, segundo a licença Creative Commons abaixo.

Creative Commons License Mapas comparativos de Israel by Yair Mau is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.

Saiba mais…

11419595285?profile=original

AGRADEÇO AO ÚNICO POR ESTAR NOS DANDO CONDIÇÕES DE PROMOVER A CONSPIRAÇÃO DO UNIVERSO ÀNOSSO FAVOR.

APÓS QUASE 10 ANOS DE FUNCIONAMENTO DA NOSSA COMUNIDADE, HOJE, 10 DE SHEVAT DE 5774 É UM DIA HISTÓRICO. FORMALIZAMOS NOSSA INSTITUIÇÃO E FICOU OFICIALIZADA A DIRETORIA E ALGUNS DEPARTAMENTOS.
NESSA NOVA FASE ESTAMOS EM UMA SEDE MARAVILHOSA ONDE TEMOS A SINAGOGA, BIBLIOTECA, ESCRITÓRIO, SALÃO DE FE...STAS E ALOJAMENTO PARA HÓSPEDES.

NOSSA DIRETORIA:

Presidente: Marcelo Barzilai
Vice Presidente: Fabiano AmarAl
Secretário: Marcello Siewerdt
Tesoureiro: Marco Figueiredo

Departamento de Educação e Cultura: Konrad Yona Riggenmann
Departamento Jurídico: Marinalva Siewerdt
Departamento de Ação Social e Comunicação: Célia Regina Piontkievicz R. S.

Saiba mais…

O que influência a sua decisão de ler todo este texto?

(1) Evidentemente, o crédito e o interesse que você tem pelo nosso site estão entre as suas motivações. O fato de já haver lido algum texto meu que tenha causado boa impressão também ajuda. Possivelmente, você acredita que a perda de tempo com a leitura trará benefícios na forma de conhecimento geral. Sem falar na possibilidade de você ser apenas meu amigo, familiar, ou mesmo ter simpatizado comigo quando nos conhecemos. Todos estes são fatores que jogam bastante a favor das probabilidades de você perder seu precioso tempo e dedicá-lo a esta leitura.

(2) Mas existem outros fatores tão (ou mais!) importantes que estes – muito mais sensíveis e indiretos – que atuam sobre a sua decisão de forma imperceptível. Por exemplo, a forma como está exposta a introdução. A imagem que está associada ao meu texto. A hora do dia que você teve acesso ao link. O seu humor neste mesmo momento. O fato de você estar com fome ou não quando olhou a chamada para o texto. E muitos outros fatores.

Guardando as devidas proporções e fazendo uma generalização, podemos dizer que os economistas dedicaram muito tempo ao estudo dos fatores expostos em (1), conhecidos  como Teoria da Escolha. O que determina nossas preferências? Como tomamos decisões com base na nossa utilidade? Como fazemos julgamentos e ordenamentos de prioridades? Criaram pressupostos gerais e tiraram conclusões importantes que ajudaram no entendimento desta área de estudo.

Dois renomados acadêmicos israelenses, Daniel Kahneman e Amos Tversky (Z”L), fundaram um novo campo de estudo, que mistura psicologia e economia. Eles decidiram pesquisar sobre as questões descritas em (2) com base na seguinte premissa: porque algumas vezes não atuamos de acordo com (1), mesmo quando tudo indicaria que assim o faríamos? Ou seja, por que razão alguns de nossos julgamentos e decisões contrariam tanto a teoria econômica tradicional? Eles pensaram que deveria haver algo a mais que ajudasse a explicar nossos julgamentos e decisões.

Kahneman e Tversky
Kahneman e Tversky

Em uma série de artigos fundamentais para o mundo acadêmico[i], estes autores mostraram falhas na forma como a economia tradicional trabalha com a utilidade e o risco e propuseram uma teoria alternativa (Teoria da Perspectiva), descreveram fenômenos importantes como: a regressão à média, o efeito dotação, o efeito da ancoragem, além de mostrarem a necessidade da nossa mente em sempre buscar causalidade onde possivelmente existe apenas correlação.

A explicação de cada um destes conceitos tomaria o espaço de mais alguns outros posts, assim que recomendo aos interessados a leitura do livro: “Rápido e Devagar: duas formas de pensar”, de Daniel Kahneman, onde eles aparecem descritos de forma impecável.

Infelizmente, Amos Tversky (Z”L) não estava mais vivo para receber o prêmio Nobel  recebido por Daniel Kahneman em 2002. Hoje em dia, este campo de estudo está muito mais desenvolvido e tem como um dos seus principais representantes outro israelense, chamado Dan Ariely.

Dan Ariely e Daniel Kahneman compartilham de algumas semelhanças. São israelenses (para ser mais preciso, Ariely veio viver em Israel com apenas 3 anos), tiveram participações no exército, são graduados em psicologia por universidades israelenses e hoje vivem nos Estados Unidos.

Nesta última semelhança que eu gostaria de me focar. A “fuga de cérebros”  tem sido um fenômeno amplamente discutido aqui em Israel nos últimos anos. Depois do anúncio dos ganhadores do prêmio Nobel de Química deste ano, entre eles dois israelenses-americanos  (Arieh Warshel e Michael Levitt), a discussão voltou novamente às manchetes dos jornais.

O Centro Taub publicou um informe mostrando que para cada 100 membros de faculdades israelenses vivendo em Israel, 29 estavam trabalhando em universidades americanas [ii]; uma das maiores taxas do mundo. “Merecíamos um prêmio Nobel na fuga de cérebros”, apontou o jornal eletrônico ynet[iii].

"A fuga das galinhas"

“A fuga das galinhas” ?

O curioso está em observar que a maioria dos textos e opiniões a respeito deste assunto buscam entender quais são os motivos racionais (representados por mecanismos de incentivos) que levam os acadêmicos israelenses a abandonarem o país. A falta de estrutura para pesquisas, os baixos salários comparados aos salários no exterior, a possibilidade de serem mais influentes no exterior e a escassez de postos para acadêmicos são apontadas como as principais motivações de fuga em direção a outros lugares.

Não existe uma solução unânime para este problema. Alguns propõem uma mudança total na política das universidades que melhore as condições de trabalho e, desta forma, influencie a decisão destes acadêmicos de permanecer em Israel. Outros dizem que apenas uma adequação salarial já seria suficiente para mantê-los aqui.

Seja qual for a proposta, me surpreendo ao ver que todas trabalham com questões relativas à (1). Em geral, analisando as pessoas de forma racional, tentando buscar incentivos que as levem a atuar de uma forma distinta e propondo soluções do tipo melhorar a relação de custo-benefício destes pesquisadores.

De fato, estas podem ser políticas que trarão algum tipo de retorno.

Mas será que a economia comportamental não poderia nos apresentar alguns outros insights? Será que o momento da vida em que a decisão de largar o país é tomada não influencia fortemente nesta decisão? Se tivermos a tendência de observar as coisas de forma relativa e enquadrá-las de acordo com o status quo, como nos mostra a economia comportamental, poderíamos de alguma forma buscar soluções neste campo de estudo, e não apenas apelar ao sistema de incentivos da economia clássica?

Ninguém melhor do que Kahneman e Ariely para me ajudarem a entender esta questão.

Poster "A migração é bela"

Poster “A migração é bela”


[i] Apenas para citar alguns: “Judgment under uncertainty: Heuristics and biases.” , “Evidential impact of base rates.” e The framing of decisions”.

[ii] http://www.haaretz.com/business/.premium-1.551116 . Os interessados no relatorio original, devem buscar “State of the Nation Report 2013”, neste link: http://taubcenter.org.il/index.php/category/publications/lang/en/

[iii] http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-4439199,00.html

[iv] Imagem de Capa: http://www.rgcarter-construction.co.uk/wp-content/gallery/education-universities-cul/cambridge-university-library-2.jpg

Saiba mais…

I'm Ori


I live in Tel Aviv, I am politologist and psychologist. Member of the Association for Civil Rights in Israel, the Socialist Party of Israel (Meretz) and Peace Now.

Saiba mais…

I am Ori

I live in Tel Aviv, I am politologist and psychologist. Member of the Association for Civil Rights in Israel, the Socialist Party of Israel and Peace Now.

Saiba mais…

Tu Bishvat

Tu Bishvat , el Año Nuevo de los Arboles, cae en el día quince  de Shvat  ( este año el 16 de Enero de 2014) Esta celebración se originó de una fiesta pagana en honor a Asera, (Astarte)la diosa de los agricultores y la fertilidad.  En los últimos años, las comunidades judías de todo el mundo han comenzado a celebrar  Tu Bishvat como "Día de la Tierra judía" -  organizando seders , plantaciones de árboles, actividades de restauración ecológica, y eventos educativos, todos los cuales ofrecen la oportunidad de expresar nuestro  compromiso  con la protección de la tierra exaltando  la importancia de nuestra obligación  de cuidar y sanar el mundo - Tikun Olam

Saiba mais…

Todos os nomes Escrito por Yair Mau - Conexão Israel

Em Novembro de 2013, em comemoração ao dia internacional das crianças, a Agência Central de Estatística de Israel publicou dados do ano de 2012 sobre as crianças deste país. Daí aprendemos que dos 171 mil bebês nascidos, 73% são judeus, enquanto 21% são árabes. Oito por cento das crianças judias vivem em famílias uniparentais (apenas pai ou mãe, mas não ambos), e 1365 jovens entre 12 e 17 anos já fazem algum curso de graduação em uma das universidades israelenses. Para mim, o mais interessante mesmo é a parte que traz o ranking dos nomes mais dados às crianças nascidas no último ano. Todo Novembro eu adoro ler as listas de nomes, procurar padrões e fazer as minhas reflexões. Compartilho com vocês agora um pouco dos dados e o que passou pela minha cabeça.

Adel

O nome que cresce mais rapidamente em Israel é Adel. Na verdade, em hebraico o nome é אדל, que pode ser transliterado também como Adele, mas fico com a versão fonética Adel mesmo. Em 2012 foram registradas 851 meninas chamadas Adel, e pelo gráfico abaixo vemos como a popularidade do nome vem crescendo. Um olho não treinado poderá pensar que o crescimento é recente, sendo a popularidade da cantora britânica Adele uma possível explicação do fenômeno. O primeiro álbum da cantora foi lançado apenas em 2008, mas o nome Adel vem crescendo rapidamente há mais de duas décadas.

adele_linear

Abaixo vemos um outro gráfico produzido com os mesmos dados do gráfico anterior. A diferença é que usei a escala logarítmica (de base 2) para descrever o número de meninas. O gráfico é muito mais significativo que o anterior porque nos mostra que entre os anos 1993 e 2011 o nome Adel vem crescendo de maneira exponencial, o que é indicado pela reta vermelha pontilhada. A inclinação da reta é de 1/5.1, o que significa que em média a cada 5.1 anos a popularidade do nome dobra (por isso escolhi o logarítmo de base 2). Extrapolando a tendência atual, podemos prever que daqui apenas 30 anos todas as meninas nascidas em Israel se chamarão Adel! A previsão é obviamente absurda, e nos ajuda a entender o crescimento assustador deste nome. Por que então Adel, que nem mesmo tem origem hebraica? Não tenho a mínima ideia. O leitor está convidado a especular nos comentários.

adele_log2

Variedade de nomes

Mais de 20% dos meninos muçulmanos nascidos em 2012 tem os mesmos três nomes: Muhammad (10.7%), Ahmed (5.3%) e Mahmad (5.1%). Eu não falo árabe, e não pude encontrar em nenhum lugar o nome Mahmad (מחמד), então provavelmente esta é uma grafia alternativa de Muhammad (מוחמד), e eu não sei ler direito, o que faria do nome do profeta (que a paz esteja com ele) um nome incrivelmente popular, com mais de 15% de name share. Será que os muçulmanos são menos originais que os judeus na hora de dar nome aos seus filhos e filhas? Sim e não.

O gráfico abaixo nos mostra a porcentagem de bebês nascidos em 2012 em função do número de nomes. Em azul e vermelho vemos que meninos judeus e meninas judias (respectivamente) seguem aproximadamente o mesmo padrão. Cinquenta por cento de cada uma das populações tem os mesmos 44 nomes. Já entre muçulmanos a diferença entre meninos e meninas é enorme. A variedade de nomes dados aos meninos é muito pequena, e apenas 23 nomes correspondem a metade da população (curva verde). Os nomes das meninas muçulmanas são muito mais variados (curva amarela), inclusive bastante mais que os judeus, e para se chegar a metade da população são precisos 72 nomes.

originalidade

Unissex

A lista dos nomes mais populares de 2012 tem 400 nomes para meninos e meninas judeus. Escrevi um simples programa de computador para comparar as duas listas e encontrar nomes unissex, isto é, nomes que aparecem em ambas as listas. Eu já estava cansado de saber que em Israel são muitos os nomes aceitos para ambos os sexos, mas o resultado da minha comparação me surpreendeu. Dos 400 nomes de cada lista, 104 são unissex! Entre eles, os 20 nomes mais comuns, isto é, os que figuram mais alto em ambas as listas, são: Ariel, Noam, Daniel, Yuval, Ori/Uri, Amit, Elya, Yahli, Halel, Or, Orya, Lior, Maayan, Liam, Omer, Shachar, Ofir, Shai, Liel, Aviv.

É de se supor que todo nome começa apenas em um dos sexos, e com o tempo o outro sexo pode adotá-lo. Dos 20 nomes unissex mais comuns, quem roubou mais de quem? Meninas se apossaram do nome de meninos, ou vice-versa? Se o nome é originalmente masculino e hoje também é usado para meninas, é lógico que seu ranking na lista dos meninos seja mais alto, pelo menos nas primeiras décadas. Apenas seis nomes dos 20 citados acima figuram mais alto na lista das meninas: Yuval, Yahli, Halel, Orya, Maayan e Liel. Está claríssimo então que em Israel o mais comum mesmo é que nomes tradicionalmente masculinos passem a ser femininos também. Alguns exemplos do processo contrário são: Libi, Michelle/Michel, Agam, Roni, Noy, Michal, Shir.

Meu tio Sylvio, irmão do meu pai, se casou com a Silvia, mas estes não são exatamente o mesmo nome. Em Israel não é difícil conhecer casais com exatamente o mesmo nome. Uma das melhores amigas de minha esposa se chama Chen (חן), e se casou com um cara também chamado Chen. A primeira filha do casal foi chamada de Eli, mesmo nome de seu avô materno.

Nomes raros e proibidos

A tabela no fim deste artigo lista apenas os nomes mais populares. E os nomes menos populares? O que em Israel é considerado raro, estranho, e até mesmo ofensivo? Eu bem sei que não é fácil viver em um lugar onde todos estranham o seu nome, e para mim foi um grande alívio dizer meu nome em Israel e não ter que repetir 3 vezes nem soletrar (Yair é o 15o nome mais popular para meninos). Suponho que meus colegas do Conexão Israel — João, Marcelo, Bernardo, Claudio — com nomes ‘normais’ no Brasil, sintam na pele o saco que é explicar o seu nome o tempo todo. Eu não devia, mas sinto um pouco de Schadenfreude, fazer o quê.

Em Janeiro de 2012 a comissão ministerial de assuntos constitucionais discutiu uma proposta de lei que permitiria o Ministro do Interior vetar nomes que possam causar dano à criança. Foram citados nomes como Nana (נענע = menta), Eshkolit (אשכולית = grapefruit), Etrog (אתרוג = cidra), Chalon (חלון = janela), Shulchanit (שולחנית = mesinha), Adolf (אדולף), Menora (מנורה = lâmpada) e Snait (סנאית = esquila), entre outros. A proposta ficou para ser debatida mais tarde, e nunca voltou, por falta de apoio da coalisão. Houve um movimento contrário à proposta de lei, argumentando que esta é uma intrusão inconstitucional, e que isso estagnaria o desenvolvimento natural da sociedade. De toda forma, atualmente o Ministro do Interior já pode vetar um nome que “engane ou que atinja as condutas públicas ou seus sentimentos”, então efetivamente ninguém pode ser chamado de Adolf ou Kadafi. Em vários países do mundo existem restrições aos nomes, por exemplo, o Ministério da Justiça de Portugal tem uma lista de “Vocábulos Admitidos ou Não Admitidos como Nomes Próprios“.

Sobrenome que soa como nome

Ler o nome de alguém e não saber dizer o sexo já é um desafio. Um outro grande desafio é o fato de muitos sobrenomes em Israel serem também prenomes. Em algumas circunstâncias a ordem é antes o sobrenome e depois o prenome, como em escolas, exército, etc. Isso sem contar pessoas que preferem escrever o sobrenome antes do prenome, porque sim.

avraham_tal

Avraham Tal

O rabino chefe sefaradi se chama Yitzchak Yosef. Eu tinha dois colegas de universidade chamados Amir Erez e Alon Yaniv. Alguns nomes de cantores e compositores: Avraham Tal, Meir Ariel, Idan Yaniv, Chaim Moshe, Tomer Sharon. Troque a ordem dos nomes e o resultado será um outro nome completamente normal e aceitável. Esse exercício funciona muito mais com homens, pois prenomes masculinos (isto é, tradicionalmente masculinos, pois já vimos que ‘quase tudo’ pode ser unissex) muitas vezes também podem ser sobrenomes.

Aliás, apenas mencionei pessoas com um prenome e um sobrenome. Essa é a norma em Israel. Pouquíssimos tem dois sobrenomes, e embora ter dois prenomes não seja tão incomum, quase ninguém é chamado pelos dois prenomes (nada de José Carlos ou Ana Júlia). Os únicos que me ocorrem agora são o pai do Sionismo Binyamin Zeev Herzl, e o poeta nacional Chaim Nachman Bialik. Conclusão, até você fundar um país, esconda o seu nome do meio, pelo menos em Israel.

Demais considerações

No gráfico do crescimento do nome Adel, parece que entre 2011 e 2012 o crescimento se acelerou ainda mais, e os 5 anos em média necessários para que o nome dobrasse sua popularidade talvez tenham se encurtado para apenas um ou dois anos. Em Novembro de 2014 saberemos melhor, aguardem. É possível que o mais rápido aumento sim seja por causa da crescente popularidade da cantora Adele, que deu um empurrão mais forte a um nome que já crescia rapidamente. Contudo, é difícil demonstrar causalidade, certamente com os dados que tenho (cuidado com a falácia post hoc ergo propter hoc).

Transliterei os nomes mais comuns dados às crianças judias, vejam a tabela abaixo. Para você que tem um nome em hebraico, procure em que lugar está na lista, e saia contando a todos os familiares, mas apenas nesta próxima semana, senão fica chato. Se você é mulher e não tem um nome em hebraico, ainda há esperança! Enquanto transliterava todos os 800 nomes percebi que quase não há nomes de origem não hebraica entre os meninos, mas são muitos os nomes estrangeiros entre as meninas. Alguns exemplos são Elisabeth, Nicole, Sofia e Frida. Apesar de alguns nomes como Amy virem do inglês, eu os transliterei foneticamente para evitar confusões, então Amy ficou Eymi. Alguns nomes aparecem mais de uma vez na mesma coluna, pois embora tenham grafia distinta em hebraico, eu os transliterei da mesma forma, por exemplo o nome feminino Lihi, que pode ser escrito ליהי (lugar 106) e também ליהיא (lugar 109). O campeão de diferentes grafias é Ilay, que pode ser escrito de 8 maneiras: איליי, עילי, אילי, עיליי, אילעאי, אילעי, עלאי, עילאי. Outros nomes como Mishel e Daniel tem versões masculinas e femininas em outras línguas (Michel / Michelle, Daniel / Danielle), mas isso não faz a menor diferença em hebraico, já que soam a mesma coisa.

Encontrei muitos artigos na imprensa israelense sobre os nomes mais populares, mas todos eram muito parecidos, e basicamente repetiam os pontos principais do relatório preparado pela Agência Central de Estatística. É uma pena que nenhum veículo pôde oferecer a seus leitores algo a mais. As análises feitas por mim foram relativamente simples, e usei dados que estão disponíveis ao público em geral. Para terminar: estão faltando mais pessoas que gostam e sabem um pouco de matemática nos veículos de informação, para poderem nos oferecer leituras originais e para colorir nossas vidas com a magia dos números, e não nos fazer comer a mesma informação enlatada de sempre.

 


Materiais extra: Estudo completo, preparado pela Agência Central de Estatística (hebraico) Planilha com os dados, preparada pela Agência Central de Estatística (hebraico)

Foto de capa: adaptação de flickr Foto de Avraham Tal: wikipedia Os gráficos foram produzidos pelo autor, vide licença abaixo:

Creative Commons License Graphics by Yair Mau is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.

Saiba mais…

SHABAT SHALOM – Religião e Tolerância

11419594291?profile=original

Professar uma fé é algo pessoal e certamente para a vida dentro da sociedade. Estabelecerem-se padrões de comportamentos que tenha a haver com a moral é importante e faz bem a alma e a sociedade, pois teremos provavelmente uma convivência harmoniosa e pacífica entre as pessoas, e será muito mais fácil convivermos com as dificuldades da vida.

Agora quando professamos uma fé que exclui os outros, tipo assim: estou salvo, e você não; a minha religião é que é a verdadeira a sua não, isso aí é um comportamento doentio e acima de tudo intolerante. Tem um determinado deputado que se diz profeta, que é odiado não por ser religioso, mas porque acha que o bam bam da vida, que ele vai pró céu, determinados grupos minoritários não, cita até a Biblia, mas sua vida não produz a paz.

Professe sua fé, mas deixe ou outros em paz. Procure na Toráh os ensinamentos do Criador e seja um vaso de bênção e não de maldição. A salvação ou a Redenção é um ato do Criador que restabelecerá a ordem no Comos, e aí, está incluído o homem e a natureza, não é propriedade nem de pessoas que se dizem ungidas, nem de instituições que afrontam a Toráh, a Lei do Eterno. O mundo será inevitavelmente salvo, Redimido. O Mashiach está chegando. SHABAT SHALOM!

By Moreh Altamiro de Paiva

 

Saiba mais…

O Hassidismo como visão de mundo.

Bom Dia!

Tem textos que trazem um pensamento que muitos têem, mas que ninguem diz.

Este não só me encanta pela idéia; mas também pela forma em que é transmitida. Sendo que o mais me chamou a minha atenção foi a palavra paradoxo; que no âmbito religioso é o "fiel da balança".

Sim, neste contexto vivemos sempre a nos questionar o certo ou errado. Particularmente, vejo as ordenanças do Eterno como o caminho perfeito a ser trilhado; mas como ser completamente; absolutamente fiel aos mandamentos do Criador uma vez que somos uma vez que somos apenas criaturas? Aquele que afirma fidelidade plena pode estar andando no caminho da hipocrisia.

A evolução do pensamento humano passa pela permissão da verdade que Adonai permite que conheça-mos nos diferentes estágios dessa evolução.

Ética, esta, também, foi uma pralavra que me sensibilizou; porquê: nela reside princípios de conduta verdadeira. O que realmente podemos fazer de melhor (dentro de nossas limitações) para atender a vontade do Eterno e aplicar em nossas vidas, sem escondermos parte do que somos atrás de uma folha de parreira; assumindo assim, de forma verdadeira, sem hipocrisia o que realmente somos e do que somos capazes de fazer. Ruim é mostrar-se o que não é; e pior, fazer os outros acreditarem nisso.

Shabat Shalom.

Sérgio Freitas Oliveira.  

 

 

Saiba mais…

 

En estos momentos especiales es oportuno recordar este aspecto de la vida de Nelson Mandela. Vaya como homenaje al "Padre de la Nación" como le llaman los sudafricanos y a todos los que lucharon contra el apartheid y contra la opresión en general.

Es conocida la mutua admiración entre Mandela y miembros de la comunidad judía sudafricana, de la cual surgieron destacados luchadores contra el apartheid.

Esta simpatía se remonta a la juventud de Mandela; en los años '40, antes de obtener su título de abogado por la Universidad de Witwatersrand en Johannesburgo, Mandela fue contratado como pasante por Lazar Sidelsky, socio de la firma de abogados Witkim, Sidelsky y Eidelman, Mandela en su autobiografía expresó sobre estos abogados: "Los socios eran judíos y en mi experiencia, éstos suelen tener una mentalidad más abierta que la mayoría de los blancos sobre las cuestiones de raza y la política, tal vez porque ellos mismos han sido históricamente las víctimas de prejuicios. El hecho de que Lazar Sidelsky, uno de los socios de la firma, aceptara a un joven africano como pasante –algo casi increíble en aquellos días- es buena muestra del liberalismo del que hablo"(1).

A modo de anécdota es interesante recordar el encuentro de Mandela con el hijo de Lazar Sidelsky durante la visita de Mandela a Israel en 1999. El entonces Primer Ministro, Ehud Barak sorprendió a Mandela al presentarle a Barry "Dov" Sidelsky, quien reside en Jerusalén.

El hijo del abogado le comentó a Mandela: "La última vez que lo vi, fue el día de su matrimonio con Winnie. Yo tenía seis años"(2).

La historia de la relación de Lazar Sidelsky con Mandela está documentada en el libro "Mandela's Boss: The Sidelsky - Nelson Mandella Connection" escrito por Barry "Dov" Sidelsky y su hermano Colin. Lazar falleció en el año 2002 en Johannesburgo a la edad de 90 años.

Como estudiante de la Universidad de Witwatersrand ("witts") también se vinculó con estudiantes judíos: "En Witts conocí a Joe Slovo y a su futura esposa Ruth First. Ya entonces, como después, Joe tenía una de las mentes más aceradas e incisivas que jamás haya conocido. Era un ferviente comunista. (...). Ruth tenía una personalidad extrovertida y era una escritora de talento. Ambos eran hijos de inmigrantes judíos"(3).

Slovo fue arrestado por oponerse al apartheid en 1956 y en 1960, luego debió partir al exilio desde donde continuó militando contra el apartheid, regresó a Sudáfrica en la década de los '90, fue Ministro de Vivienda durante la presidencia de Mandela, falleció en ejercicio de su cargo en 1995. Ruth fue arrestada en las mismas oportunidades que su marido, en 1982 fue asesinada en su exilio en Mozambique al recibir una carta-bomba(4).

A partir de octubre de 1961, Mandela se alojó –en el marco de su clandestinidad- en la granja Lilliesleaf, en las afueras de Johanesburgo, la granja fue un centro de organización de actividades clandestinas contra el apartheid. Una persona clave en estas actividades fue Arthur Goldreich, quien se instaló en la granja con su familia. Sobre Goldreich, Mandela comentó: "La presencia de Arthur era una buena tapadera para nuestras actividades. Era artista y diseñador de profesión (...). Sus simpatías políticas eran desconocidas para la policía (...). En los años cuarenta, Arthur había combatido en el Palmach, la rama militar del Movimiento Nacional Judío en Palestina. Era un buen conocedor de la guerra de guerrillas y me ayudó a rellenar muchos vacíos de mis conocimientos. Arthur era una persona extrovertida y aportó a la granja una atmósfera animosa"(5).

Goldreich había nacido en Johanesburgo en 1929, concretó su aliá antes de la creación del Estado de Israel, regresó a Sudáfrica en 1954. En julio de 1963 se produjo una redada en la granja y fueron detenidos varios dirigentes del Congreso Nacional Africano, entre ellos Mandela y Goldreich, quien logró escapar junto con otros compañeros un mes después. Se instaló en Israel nuevamente en 1964, donde fue un destacado docente de la prestigiosa Academia de artes y diseño Bezalel . Falleció en Israel en el año 2011 a la edad de 82 años, había estado de nuevo en Sudáfrica en 1994 para participar en un evento en la granja Lilliesleaf(6).

Otro compañero de lucha de Mandela es Albie Sachs, nacido en Sudáfrica en 1935, sus padres eran inmigrantes judíos lituanos. Desde los años '50 militó contra el apartheid por lo que fue arrestado y luego debió marchar al exilio. "El 7 de abril de 1988 el reconocido abogado defensor de los derechos humanos voló en pedazos en Maputo, capital de Mozambique, tras la explosión de una bomba que había sido colocada en su automóvil. Agentes de las fuerzas de seguridad sudafricanas intentaron asesinarlo y estuvieron cerca. Debió aprender a caminar otra vez y a escribir con la mano izquierda. (...) Como miembro activo del Congreso Nacional Africano, fue designado por Nelson Mandela para integrar la nueva Corte Constitucional"(7). Ejerció dicho cargo entre 1994 y 2009.

En su visita al Río de la Plata en el año 2004, Sachs visitó Uruguay, dio una conferencia en el Paraninfo de la Universidad "Evolución de los Derechos Humanos en el mundo actual"(8) y visitó una muestra del artista plástico uruguayo y miembro de la organización Afroamérica XXI, Julio Olivera (ahora fallecido) en la sede de la ALADI(9).

Mención especial merece la actitud institucional de algunos grupos judíos durante el apartheid, según consta en el sitio del Hashomer Hatzair de Australia, en los años 70, durante el apartheid, el Hashomer Hatzair de Sudáfrica fue cerrado debido a sus actividades antigubernamentales(10). En wikipedia se menciona que miembros del Hashomer Hatzair de Sudáfrica fueron arrestados por realizar actividades educativas anti-apartheid.

(1) Mandela, Nelson, El Largo Camino Hacia la Libertad. Ediciones Aguilar, Madrid. 1995. Pág. 81.

(2) Independent Online (medio de prensa sudafricano en inglés), 19 de octubre de 1999. http://www.iol.co.za/news/politics/mandela-meets-mentor-s-son-in-israel-1.16697?ot=inmsa.ArticlePrintPageLayout.ot

(3) Mandela, Nelson, op. Cit. Pág. 100.

(4) El País de Madrid. JUEVES, 19 de agosto de 1982 http://elpais.com/diario/1982/08/19/internacional/398556007_850215.html

(5) Mandela, Nelson, op. Cit. Pág. 292

(6) Sitio: South African History Online: http://www.sahistory.org.za/people/arthur-goldreich

(7) Entrevista a Albie Sachs por Hugo Alconada Mon en Diario LA NACION, Buenos Aires. Domingo 5 de diciembre de 2004.

(8) Diario El País. Montevideo 23 de octubre de 2004. http://historico.elpais.com.uy/04/10/23/pnacio_117903.asp

(9) Sitio de la ALADI http://www.aladi.org/nsfweb/fototeca/espanol/image219.htm

(10) http://www.hashy.org.au/?page_id=81

Saiba mais…

HISTORIA E MEMORIA

Dedicado a Otto klein

sobrevivente da shoa e do campo de concentração de Auschwitz

 

Otto klein nasceu em 1932 em Hongria et foi seleccionado com o seu irmão gémeo desde a sua chegada ao campo; separado dos pais, imediatamente exterminados, e da sua irmã, que lá esteve durante o mesmo periodo; os 3 irmãos sairam salvos no momento da liberaçâo. 

 

Otto klein nos dis a sua experiência no bloco do doutor *Josef Mengele :

 

- "Nós tinhamos 12 anos, eu e o meu irmão... podemos dizer que o doutor era un gentleman conosco; ele examinava as orelhas, a cabeça, os braços e até o dedo mais pequenino...

 

Nós ficamos 7 meses no campo, num periodo durante o qual se praticavam já menos experiências e o fim da guerra se aproximava; nós não sabemos exactamente o que nos fizeram...

Um dia o doutor pôs um produto nos meus olhos, que me queimou e fiquei assim durante alguns dias... sem ver nada à minha volta... Hoje estou quase cego; um professor me disse que a minha vista está lesada por causa desse produto.

 

Nos primeiros dias respondemos às perguntas administrativas tais que data e lugar de nascimento.

Lembro-me ainda da pergunta do doutor : - "dis-me o que sabes da religião cristã ?"

à qual eu respondi : - "o judaísmo."

 

tinhamos guardado as nossas roupas e cabelos; ao terceiro dia fizeram-nos uma tatuagem no braço : o meu numero A5332 ... de manhà nos chamaram para ir ao oftalmologo e ao dentista; tudo estava programado...

Nós tinhamos muitos exames; menos que as raparigas... e ao contrario dos outros prisioneiros, nós não trabalhavamos, mas viviamos em frente do crematório ÏII... viamos as filas - das pessoas - que entravam e desapareciam... grandes lavaredas todo o tempo...

 

Por volta de 60 pares de gémeos seleccionados, só 7 sobreviveram no momento da liberação."

 

Essas experiências eram o resultado dum delirio, da obsessão do doutor, cujo objectivo era de encontrar uma maneira de facilitar a reprodução dos seres superiores que seriam os arianos alemães; o doutor fazia um catálogo dos traços fisicos, mas não era especialista no domínio da genética; era um coleccionador de anomalias fisicas - anoes tambem serviam às suas experiências.

 

No campo existia um jardim para as crianças, um terreno com areia e baloîços; Otto dizia que os SS chogavam à bola com eles; nesse jardim estavam também regrupadas as crianças com menos de 6 anos, destinadas a servir de cobaias para o doutor; todos gémeos, serviam ao estudo que tinha por vocação de penetrar no mistério da gemeologia.

 

Nos primeiros dias as crianças recebiam leite, manteiga, pão branco, molho de carne e chocolate; o doutor era descrito como sendo bom e dedicado; trazia brinquêdos e doçarias para as criança, que lhe chamavam papa ou tio.

 

Esse jardim era uma vitrina para a propaganda dos Nazis e muito visitado pelos SS de alto cargo. Otto se lembra também da visita da cruz vermelha, que não se apercebeu de nada, considerou tudo como sendo normal... nesse dia Otto recebeu o suplemento dum torrão de açucar da parte duma enfermeira da Cruz Vermelha !

 

O doutor praticava experiências pseudo medicaís duma grande crueldade : 90 castraçoes, 10 ablaçoes dos ovarios; elle teria praticado experiências en cirurgia sem analgesia e transfusoes de sangue dum gémeo ao outro; injecçoes de germes infecciosos inoculação da tuberculose, e tentativas de mudar a cor dos olhos - passar do castaho ao azul.

 

traduzido de HISTORIA E MEMORIA : Mengele à Auschwitz www.philippedevigneulles.blogspot.com  fotografias e outdros vidios em françês : Otto klein l'un des jumeaux cobaye de docteur Mengele

sobre josef Mengele www.wikipedia.org

este doutor utilisava as crianças para as suas experiências medicais, examinava as cobaias, tirava medidas e assassinava-as para dissecar os corpos.

 

Otto klein vive hoje em Suissa; depois da liberação voltou à Hongria e fez a sua Bar Mitzva, ainda hoje se lembra de tudo o que aprendeu na Tora e Talmud; durante vàrios anos esteve hospitalizado en Suissa para cura-se da tuberculose; depois, fez um diplôma de contabilité e criou uma pequena empresa com 3 empregados no serviço de vendas; Resta-lhe a sua familia, uma esposa, primos que vivem em Israël e 3 sobrihas na América; Otto faz um  imenso trabalho, participa à Transmissâo, testemuha nas escolas, acompagna grupos ao campos de Auschwitz, deixou un registo de mémoria para as geraçoes futuras.

elle aprecia receber correio e comentàrios sobre o seu trabalho.

 

 

 

 

Saiba mais…

LUA NOVA DE TEVET – CAPRICORNIO - 5774

“Soprai o Shofar na Lua Nova, no tempo fixado como dia da nossa festa. (Tehilim (Salmos) 81:4, Biblia Judaica).

11419594059?profile=originalA partir deste dia 02 de Dezembro/2013 estamos no mês de Tevet, no calendário Cabalístico Judaico. No Zodiaco o signo é o de Capricórnio, a tribo de Dan, que significa julgamento.

O Livro da Formação, escrito por Abraão, o Patriarca, há mais de 4000 anos atrás, revela que Saturno é responsável pelas distrações, doenças, morte, prisão, pobreza, desgraças, vergonha e muitos outros obstáculos que atormentam as nossas vidas.

Capricórnio é um dos três meses mais difíceis do ano, mas graças ao feriado de Chanuká, que se estende aos primeiros dois dias de Tevet, recebemos uma injeção da força da Luz que pode nos sustentar durante esse mês, tornando-o mais adocicado.

Os Signos apesar de serem individuais, na Kabbaláh Judaica cada um corresponde também a um mês, tendo como limites a Lua Nova de cada um. Este mês requer muita disciplina e fidelidade. Há uma tendência nesse mês a não se dar crédito as coisas espirituais e que alguns projetos tendem a não se executar, daí ter de recomeçar posteriormente.

Em razão de lidar-se com a recusa das coisas espirituais o Universo parece não conspirar ao seu favor. Paradoxalmente o Capricorniano sabe intuitivamente que a pessoa está "prestes a perder algo" e por isso tem a tendência de querer segurar próximo e forte o que é seu - o que só o faz a pessoa perder mais rápido ainda.

Capricórnio é um signo de terra, com uma forte conexão com o mundo material. Há uma tendência no mês de dedicação a família e ao Lar e se preocupam com a situação financeira de amanhã. Esses temores impedem muitos nesse mês de capricórnio de se tornarem mais espirituais e ficarem muito ligados as coisas materiais, daí a necessidade de exercer o livre arbítrio.

Ao nos colocar neste mundo o Criador estabeleceu critérios para que possamos ter como informações para o nosso dia-dia. Não somos escravos ou manipulados pelos signos, mas eles nos servem como sinalização para exercermos o livre arbítrio a quem interessar possa. Shalom!

By Moréh Altamiro de Paiva

Saiba mais…

11419593890?profile=original 

Estamos vivenciando CHANUCHÁ, um acontecimento histórico, quando os selêucidas adentraram a Yeruschalaim para a profanação do Templo. A resistência do Macabeus (165 a.e.c) assegurou a vitória sobre os invasores, e o óleo utilizado para apenas um dia para acender a menorar, a fez brilhar por oito dias.

Os Kabalistas concebem CHANUCHÁ não apenas como um fato histórico, que resultou em uma celebração religiosa, mas como um ensinamento do Criador para com a humanidade. O período que tem o tom festivo, trás consigo um período de enfrentamentos, de lutas, mas também de resistência a estes conflitos, sinalizados com um gosto de vitória.

O inimigo grego agora dentro de nós é o nosso EGO, que se opondo ao desejo de compartilhar, pode motivar um curto circuito entre nós e o Criador. É um período para revermos alguns paradigmas que ainda impedem nosso crescimento espiritual. Ao acendermos as velas da festa, renovamos o sentido da vida simbolizada pelo fogo, de que há esperança, mesmo que a luta continui. Chag Chanuká Samêach! (Feliz Festa de Chanuká!).

 

By Moreh Altamiro de Paiva

Saiba mais…

Tópicos do blog por tags

  • e (5)

Arquivos mensais