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O veredicto que o juiz deu ao ladrão.

O veredicto que o juiz deu ao ladrão.

Um garoto de 15 anos foi pego roubando de uma loja na América. Na tentativa de escapar, o menino também destruiu uma prateleira. Depois que o juiz ouviu o caso, ele perguntou ao menino: "- Você realmente roubou alguma coisa? Você roubou pão e queijo e destruiu a prateleira?" O menino, envergonhado, de cabeça baixa, respondeu: "- Sim ". Juiz: "Por que você roubou?" ′ ′ Menino: "Eu precisava." Juiz: "Você não poderia comprá-los em vez de roubar?" Menino: "Eu não tinha dinheiro" Juiz: "Você poderia pedir dinheiro aos seus pais" Menino: ′ ′ Só tenho minha mãe que está doente de cama e não tem trabalho. Para ela, roubei o pão e o queijo. Juiz: 'Você não está fazendo nada, não tem emprego? ′ ′ Menino: ′ ′ Trabalhei em um lava-rápido. Tirei um dia de folga para ajudar minha mãe e é por isso que fui demitido. ′ ′ Juiz: "Você não procurou outra coisa para trabalhar em outro lugar?" Terminada a conversa com o menino, o juiz deu o veredicto: Roubar, especialmente roubar pão, é um crime muito vergonhoso. E aqui somos todos responsáveis ​​por este crime. Todos os presentes neste tribunal hoje, incluindo eu, são responsáveis ​​por este crime. Assim todos os presentes serão multados em $ 10 e ninguém sairá daqui até que ele dê os $ 10 O juiz tirou uma nota de $ 10 do bolso, pegou uma caneta e começou a escrever: Além disso, impus uma multa de US $ 1.000 ao dono da loja por entregar a criança faminta à polícia. Se a multa não for paga em uma hora, a loja permanecerá fechada. " Todos os presentes pediram desculpas ao menino e entregaram-lhe todo o dinheiro. O juiz saiu do tribunal escondendo as lágrimas. Depois de ouvir o veredicto, os presentes no tribunal ficaram com lágrimas nos olhos. Eu me pergunto se nossa sociedade, nosso sistema, nossos tribunais poderiam ter emitido tal veredicto? O juiz acrescentou: "Se uma pessoa for pega roubando pão, todas as pessoas desta comunidade, sociedade e país deveriam ter vergonha!" 

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O diamante do maggid de Dubno - Jayme Fucs Bar

O diamante do maggid de Dubno - Jayme Fucs Bar
Uma parábola para refletir no Shabat
Jacob Ben Wolf Kranz foi um judeu que viveu no Século XVIII e que era mais conhecido como o “Maggid de Dubno”. Kranz foi um dos mais famosos comentaristas dos textos sagrados de sua época, além de ser um pregador incomparável. Ele ilustrava suas pregações com parábolas da vida cotidiana. Com essas parábolas, o Maggid de Dubno conseguia explicar as passagens mais difíceis do Tanakh, esclarecendo muitas perguntas desconcertantes sobre as leis judaicas. Ele também foi um eminente rabino e um grande erudito. Em muitas ocasiões, foi consultado por grandes autoridades religiosas do mundo judaico.
As palavras portuguesas “magia”, "mágica" e "mago”, como também palavras semelhantes em outros idiomas, podem ter origem no hebraico, na palavra maggid. Esse termo descreve dois conceitos distintos. O mais comum é o de um pregador judeu, especializado nas narrativas da Torah e na história judaica. Nos dias de hoje, utilizamos o termo “darshan” para designar esses pregadores.
O outro significado de “maggid” aparece no contexto do misticismo judaico descrevendo uma entidade celestial, mais comumente um anjo, que se manifesta como uma voz que entrega segredos místicos a um cabalista, ou, por vezes, um ser que se manifesta através da boca dos escolhidos.
Como bom exemplo, temos um dos famosos livros escritos pelo rabino cabalista Yosef Karo, de nome "Maggid Mesharim ". No livro, Yosef Karo declara que as páginas foram escritas através da boca de uma entidade celestial, que, por curiosidade, era uma mulher.
O “Maggid Mesharim" é uma espécie de diário estranho e muito místico, em que Karo registrou, durante muitos anos, as visitas noturnas de uma entidade celestial, seu “maggid”, que o estimulava a realizar atos de justiça, além de exortá-lo a estudar a cabala, a dizer suas orações com a máxima devoção, a não beber vinho demasiadamente e a não comer carne.
Mais do que isso: o maggid de Karo o ordenava a ser modesto ao extremo e a ser gentil e sempre paciente com as pessoas. Estranho ou não, é importante compreender a existência, dentro do judaísmo, do conceito do “maggid” místico celestial!
Ninguém foi tão famoso como o Maggid de Dubno com as parábolas! Toda vez que alguém fazia uma pergunta ou pedia um conselho, o Maggid respondia contando uma história, que nada mais era do que uma forte ajuda espiritual.
O conceito de explicar situações humanas através de parábolas é uma prática judaica muito antiga, já praticada no período do Segundo Templo. Para ajudar a entender essa riqueza, apresento uma das parábolas do Maggid de Dubno.
Um dia, um estudante que estava andando com o Maggid confessou, de forma muito dolorosa:
"Eu não tenho jeito! Não vou ser nada na vida! Me sinto uma pessoa cheia de defeitos e incapaz de fazer alguma coisa boa em minha vida! Diga-me: o que posso fazer para me tornar uma pessoa melhor?"
O Maggid de Dubno respondeu: "Vou te contar uma história”.
Ele começou: era uma vez um rei que tinha um dos mais belos diamantes do mundo. Ele estava muito orgulhoso daquela pedra, que achava ser perfeita em todos os detalhes, e não hesitou em mostrá-la a todos os dignitários que passavam por seu palácio.
Um dia, o rei notou que sua pedra não era perfeita. Havia uma pequena rachadura dentro do diamante. Embora a rachadura fosse muito fina, aquilo estragava completamente o magnífico conjunto de brilho e luz que a pedra poderia emitir: "Que desastre!", pensou o rei. "Espero que haja alguma maneira de reparar o defeito!" Instantaneamente, o rei chamou os melhores joalheiros de seu reino e lhes perguntou:
"O que vocês podem fazer para que esse diamante recupere sua perfeição original?".
Os lapidadores não conseguiram dar nenhuma solução para esse grande problema. De repente, no meio do silêncio geral, um jovem levantou a voz. Seu nome era Eliahu e ele acabara de terminar seu aprendizado de lapidador do reino.
"Majestade", disse Eliahu, "já que não é possível restaurar o brilhante, como todos os mestres e grandes lapidadores aqui presentes admitem, eu gostaria de criar uma nova joia se aproveitando da imperfeição do diamante.
O rei, ainda cheio de dúvidas, mas sem ter outra saída, deu seu consentimento a Eliahu, que havia deixado de ser aprendiz há pouco tempo e era muito inexperiente.
Eliahu trabalhou duro, em segredo, por várias semanas. Quando ele terminou sua tarefa, foi ao palácio mostrar o resultado ao rei. O monarca estava morrendo de ansiedade para ver como seu diamante estaria! Para falar a verdade, não tinha grandes esperanças. Ele supôs que Eliahu teria dividido o brilhante em dois, para transformá-lo em duas pedras menores.
"É uma pena", pensou o rei, ciente de que dois pequenos brilhantes não valem nada comparado a um grande. No entanto, o que mais poderia esperar?
Quando Eliahu removeu o diamante do tecido que o escondia, o rei sorriu com satisfação. O jovem não havia dividido o diamante em dois. Não! Ele teve uma ideia muito mais criativa. Em vez de considerar a rachadura como uma imperfeição, ele a usou para embelezar o diamante! Naquela fenda, Eliahu imaginou o caule de uma rosa, por isso, havia esculpido o resto da flor no brilhante: as raízes por baixo, as folhas dos lados e as pétalas por cima. Dessa forma, ele transformou o diamante imperfeito em uma das mais maravilhosas joias de todos os tempos.
O rei, que sempre valorizou seu diamante, apreciou a pedra muito mais a partir daquele dia.
Terminada a história, o Maggid de Dubno virou-se para o aluno e disse:
“Assim como aquele diamante, todos nós temos defeitos, mas cabe a cada um de nós ter a sabedoria para saber lapidar as nossas imperfeições e transformá-las em algo, útil, bom e valioso em nossas vidas”.
E depois de dizer essas palavras, o Maggid calou e continuou andando em silêncio ao lado do aluno.
SHABAT SHALOM!

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Nos tempos bíblicos havia dois começos de ano, o Primeiro no mês de Nissan( primavera),onde comemorávamos a saída dos filhos de Israel da escravidão do Egito , e também o começo do ano agrícola , o segundo era no mês de Tishrei,( outono) que marcava a criação de toda a Humanidade, simbolizada por Adão é Eva e o fim do ano agrícola.
Outra curiosidade é que o chamado Rosh Hashana nome da festa que conhecemos hoje era conhecido dentro das fontes da Torá com outro nome, seu verdadeiro nome era "Yom Teruah ( Números) ou "a Lembrança da Teruah" (Levítico ). O nome "Teruah" em hebraico é o ato de tocar o shofar. Na verdade esse era festa de tocar a trombeta ( shofar).
Mais porque tocar Trombeta ( shofar) ?
Na Torá não nos dá uma resposta muito clara sobre esse motivo, nos deixa tudo aberto com algumas pistas , apesar de estar claro que é uma mitzva o ato de Tocar o Shofar em Rosh Hashana.
O grande mestre Rambam (Maimônides) deu uma resposta curta mais bastante complexa sobre essa questão ele escreve que " tocar o Shofar é um dos preceitos que está além de nossa capacidade de compreensão humana".
Para nos facilitar essa discussão o Rav Saadia Gaon relacionou Rosh HaShaná e o toque do Shofar como o dia que anuncia o início da Criação da humanidade, o dia em que Deus se tornou Rei do Universo. E o Saadia Gaon nos diz que " Da mesma forma que se tocamos trombetas no dia da coroação de um rei de carne e osso, nós devemos tocar o Shofar para coroá-lo o Rei do Universo".
Outra relação com o Toque do Shofar é o sacrifício de Issak que também aconteceu em Tishrei , que Abrão estava disposto a sacrificar a vida de seu filho por uma ordem divina e, no último instante, foi substituído por um carneiro que tinha seus chifres presos num arbusto. Seus chifres ( o Shofar) relembra, a fidelidade do povo de Israel ao Criador.
O Interessante que o Rosh Hashana é um ferido longo de dois dias dias consecutivos (tanto em Israel como fora de Israel), e esses dois dias em aramaico se chamava " Yoma Arichta. "( um longo dia).
De acordo com a tradição da Torá nos tempos de bnei Israel ( filhos de Israel) , Rosh Hashaná não era só um dia que deve ser importante para os judeus e sim a toda a Humanidade , pois é o dia do juízo da consciência de todos seres humanos , onde o Todo Poderoso coloca em "julgamento todas as coisas vivas no mundo " Por Isso que Rosh Hashana também é conhecida como o Dia do Julgamento". Esse é o Dia que não somente comemoramos o " Ano Novo" e sim o inicio da Historia da Humanidade!
Então Porque que somos julgados em Rosh Hashaná e perdoados em Yom Kipur?
O Judaísmo como uma cultura milenar de grande sabedoria cria no Rosh Hashana um momento de reflexão para poder julgar sobre os nossos atos para conscientes saber pedir o perdão em Yom Kipur!
Muitos dos Sábios judeus enfatizaram o papel do shofar relacionando com a ideia de termos um dia especial para um tipo de sessão celestial para realizar interiormente o nosso propio julgamento, sendo o tocar melancólico do shofar a formula de nos levar as profundezas de nossas almas , fazendo abrir os nossos corações e os pensamentos, uma chamada para uma Tshuvá (resposta) para "Melhorar nossas ações."
O famoso Filósofo judeu Philo na Alexandria definiu o significados do tocar do Shofar com o povo de Israel no Monte Sinai "e houve trovões e relâmpagos e nuvem pesada sobre o monte e o som do Shofar muito forte estremeceu todo o povo que estava no acampamento. " (Exodus)
De acordo com Philo, o toque do shofar no Monte Sinai foi um alerta não somente ao povo de Israel, e sim para toda a humanidade é um grito para o fim das guerras e da violência é o grito da esperança de paz e prosperidade. Para Philo as orações de Rosh Hashaná "Ê a condenação das maldade no mundo é um pedido a Deus, de terminar com todos os regimes que geram as desgraças e o mal no mundo"
Há uma história, no Talmud, que expressa de forma brilhante a ideia do tocar o do shofar em Rosh Hashana. Onde conta que o filho de um rei tinha ido pelo mau caminho. Seu pai lhe mandou uma mensagem ( Um Toque de Shofar), rogando-lhe: “Volta, filho”. O filho, responde: “Como posso voltar? Estou envergonhado de voltar à tua presença”. Então o pai manda-lhe outra mensagem,( Um toque de Shofar) dizendo: “Volta até onde conseguires, e eu irei encontrar-te no restante do caminho”.
Rosh Hashana é o ato de poder ouvir no toque do Shofar as palavras ocultas que vem em seu sonido, palavras que chegam de formas diferentes para cada um de nos , como desse conto do Talmud onde o toque do Shofar é de não ter medo de voltar até onde conseguires, pois se fizer isso terá com certeza alquem para encontra-lo .
Shabat Shalom ve Shana Tova!

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O Shofar de Pinchas – Jayme Fucs Bar

- Em Homenagem a meu Avô Chaim Fucksman Z"L de Bilgorja ( Polônia)

Nos finais da primeira guerra mundial, numa pequena cidade da Polônia Bigorja , vivia Pinchas um jovem adolecente, seu pai Chaim , muito doente de tuberculoses o chamou ao lado de sua cama e em suas mãos segurava um pequeno embrulho enrolado e dentro dele um shofar, e com a voz tremula disse:

"Pinchas meu filho não tenho muito tempo de vida! Quero que você guarde, sempre esse shofar, que eu recebi de meu pai e agora passo a responsabilidade para você, nunca esqueça de toca-lo em Rosh Hashana, seu som melancólico ilumina e purifica os corações das tempestades e das turbulência que vivemos em nossas vidas".

O tempo passou e Pinchas jamais tocou o shofar em Rosh Hashana , como tinha pedido seu pai , porém a vida na Polônia, ficou ainda mais difícil depois da guerra, miséria, fome, pogrons, perseguições e antissemitismo , fez que Pinchas como muitos judeus fosse procurar refúgio no Brasil, partindo assim que podia no primeiro navio.

A Viagem a America do sul era longa e cansativa e quando estava em alto mar era noite de Rosh Hashana, os judeus que estavam abordo se preparavam junto com o Rabino para comemorar esse dia, mais Pinchas somente pensava como sobreviver no Brasil e começar uma nova vida.

Derrepente sem ninguém esperar , o tempo mudou, ventos e chuvas aterrizaram sobre o navio, trasformando tudo numa grande tempestade , ondas enormes jogavam o navio de um lado para o outro, gritos de desesperos era ouvido por todos os lados, uns rezavam outros se abraçavam já á espera do fim da vida se aproximar, o capitão e seus marinheiros depois de todas as tentativas perderam as esperanças.

Pinchas chorava de medo e em seus prantos o fez lembrar de seu pai que o fez um pedido antes de morrer " Pinchas guarde esse shofar e toque sempre no Rosh Hashana!"

Pinchas, com toda as suas forças , conseque tira de sua bolsa o shofar esquecido de seu pai, que jamais tinha tocado em sua vida, e pensou antes de morrer ,pelo menos uma vez em vida , vou cumprir o pedido de meu pai.

Pinchas conseque chegar até a frente do navio amarando todo seu corpo em uma corda numa grande barra de ferro. Ele vê em sua frente a morte e a fúria da tempestade e com a profundeza de seu coração toca o shofar, o som é forte e profundo, e por todos os lados se ouve um grande grito de misericórdia, seu som entra nos corações de judeus e não judeus, fazendo a todos ficarem num silêncio absoluto , o som do Shofar penetra nas ondas e nos ventos, nas chuvas e nas nuvens e de repente como um grande milagre tudo se acalma. O mar fica sereno, o céu se abre de estrelas e a lua iluminou a felicidade e a alegria de todos.

O capitão do navio e o rabino e todos chegam para agradecer a Pinchas e perguntam como ele conseguiu realizar esse milagre?

Pinchas meio sem jeito disse " Eu não fiz nenhum milagre! O que fiz foi cumprir o pedido de meu pai, de tocar o Shofar em Rosh Hashana para iluminar e purifica os corações das tempestades e das turbulência que vivemos em nossas vidas".

Shaná Tova!

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Em Homenagem a Salvador Barzellai, Z"L

Em Homenagem a Salvador Barzellai, Z"L
Salva, assim era carinhosamente chamado por todos, faleceu de Covid19 em Israel.
Nasceu no Rio de Janeiro em 1952, parte de uma grande familia de 11 irmãos e irmãs que emigraram para Israel.
Salva foi um dos maiores divulgadores de todos os tempos da música e da cultura brasileira em Israel, fundador do famoso grupo musical Leakat Brochay, foi comentarista de futebol na TV israelense e colunista de esporte no jornal Yediot Hachonot.
Amigo íntimo do famoso músico israelense Arik Einstein , onde participou varias vezes de shows e gravações musicais, e junto ao radialista Eli Israeli, divulgou a música brasileira nos corações dos jovens israelenses.
Como meu querido amigo e músico Carlinhos Gornic que tocou varias vezes com Salva em Israel me disse ontem carregado de lagrimas nos seus olhos.
" Salva foi e sempre será um exemplo único, e inesquecível da cultura e da música popular brasileira em Israel"
Que sua memória, com sua eterna alegria, seja para sempre guardada e abençoada no livro da vida.
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Os conversos e a alma judaica - Jayme Fucs Bar

“Tenho um forte sentimento no meu interior quanto a tudo que seja judaico”.
Essa é uma expressão que se repete entre certas pessoas que conheço, entre elas o meu próprio pai. Na trajetória de suas vidas, apesar de muitos não serem oficialmente judeus ou judias, essas pessoas sentem ter em seu interior uma alma judaica, uma sensação que muitos não conseguem explicar em palavras.
O interessante é que os nossos sábios do passado já falavam dessa misteriosa sensação. Eles diziam que uma pessoa que tem esse grande desejo de se aproximar do judaísmo, e até de se converter, é alguém que sempre possuiu no seu interior uma alma judaica.
É por isso que muitos sábios se referem ao convertido como “um regresso” em vez de “um gentio que vem se converter”. Em outras palavras, o convertido é geralmente alguém que tem uma alma judaica guardada em seu coração.
Sempre vivenciei isso muito de perto, desde criança. Meu pai, Nilo Barboza é um exemplo vivo dessa sensação, um exemplo no interior de minha própria vida familiar. Ele se casou com minha mãe, uma judia de origem polaca, e se converteu na Associação Religiosa Israelita no Rio de Janeiro, com o sábio Rabino Henrique Lemle.
Meu pai sempre teve essa forte sensação no seu interior: o sentimento de possuir uma alma judaica. Talvez isso se relacione com o fato de meu pai ser de origem cristã-nova, descendendo de criptojudeus portugueses que viveram no interior de Portugal, na província de Trás-os-Montes, região portuguesa em que se verifica uma forte característica de sobrevivência da cultura dos bnei anussim.
Ando pensando muito sobre esse tema nesses últimos anos. Constantemente, aparecem pessoas que me procuram e me contam sobre essa “alma judaica” que sentem possuir em seu interior.
Eu sei que muitos podem dizer que isso é nada mais do que uma mistificação da realidade, ou uma simples manifestação psicológica, mas aprendi com o tempo que, apesar de acharmos que sabemos tudo sobre os mistérios do mundo, essa pandemia veio nos provar que sabemos muito pouco sobre a vida e sobre a própria natureza humana.
Pensando nessas pessoas e no meu próprio pai, resolvi falar de alguns conversos para vocês. Não sobre os conversos de hoje, mas sim os conversos do período bíblico, para que suas histórias talvez nos ajudem a entender esse judaísmo que há 3700 anos vem caminhando em sua longa jornada.
A Torah, de certa forma, não descreve explicitamente uma cerimônia de conversão, porém, podemos ver, nas mais diversas histórias, vários momentos em que um não-judeu ou uma não-judia se integram na Casa de Israel.
A lista desses conversos do período bíblico é enorme, tão grande que seria possível preencher várias páginas de um grosso livro com elas! Porém, pouco se fala na Torah de cerimônias, regras ou rituais de conversão, o que vemos é sim uma saga humana de pessoas que, em um determinado momento de suas vidas, aparecem como enviados dos anjos celestiais para se integrarem ao povo judeu. Nesses casos, sua integração é sempre acompanhada de um fato marcante, de uma missão especial que o converso vem a cumprir como judeu dentro da vida judaica.
Apresento a vocês alguns exemplos de personagens conhecidos na nossa cultura e na nossa tradição, para que essas histórias talvez nos ajudem a pensar no quanto devemos sempre buscar nos conectar às fontes da Torah, para que possamos compreender o que realmente é a essência da conversão ao judaísmo.
Sem dúvida, o primeiro converso foi Abraão, Avraham, cujo nome significa “Pai do Povo”. Sim, essa é a tradução literal do nome que ele recebeu do Único depois de se tornar oficialmente o primeiro convertido da história do povo de Israel. Será esse converso quem consagrará a crença no Deus Único: uma revolução que abrirá as portas para o surgimento da civilização judaica.
Outro momento simbólico com uma importância determinante em nossa história e que podemos interpretar como uma conversão coletiva foi quando o povo hebreu saiu do Egito. Junto da multidão de hebreus, estavam os "erev rav ", em outras palavras, diversos povos e de diversas culturas que se integraram aos hebreus na saída do Egito. Dentre eles, temos como exemplo a figura extraordinária de Jetro (Yitro), o sogro de Moisés, que terá um papel fundamental na estruturação dos primeiros tribunais que irão aplicar e interpretar as leis judaicas.
Nossos sábios também interpretaram que o ato do recebimento da Torah (As Tábuas das Leis) no Monte Sinai e o longo processo de aprendizagem no deserto, que vai durar quarenta anos e só terminará com a chegada dos hebreus na terra de Israel, foram sem dúvida um processo de conversão coletiva que se concretizou quando os hebreus fizeram a travessia do Rio Jordão.
O interessante é que, logo na chegada à Terra Prometida, vemos um acontecimento especial que foi a conquista de Jericó, quando o povo de Israel foi ajudado de forma corajosa por uma jovem mulher cananeia de nome Raabe (Rahav), quem, mesmo sendo considerada uma meretriz, será reconhecida por sua bravura e se converterá ao povo de Israel, tornando-se a mulher de Yoshua Ben Nun, Josué, o sucessor de Moisés na liderança do povo judeu.
Temos até um famoso profeta converso: Obadias (Obadiah), um judeu convertido quer originalmente pertencia ao povo de Edom, segundo a tradição rabínica. Obadias não somente se tornou um profeta reconhecido e respeitado, mas também arriscou a sua vida para salvar mais de cem sábios judeus da perseguição e do ódio de Jezabel.
Mas, sem dúvida, uma das únicas referências que nos trazem uma luz sobre como seria uma conversão na Torah está contida no livro de Ruth. Essa passagem belíssima nos ajuda a entender o sentido do que seria a conversão nos tempos bíblicos.
A história de Ruth a Moabita, servirá como um protótipo para a conversão descrita na Torah. No primeiro estágio, Naomi vai tentar de todas as formas persuadir tanto Ruth como Orpah, falando de forma clara todas dificuldades que cada uma deverá passar caso decidam se tornar judia, seja a fome, seja a miséria na terra de Israel.
No segundo estágio, Orpah se convence do perigo e volta para sua terra em Moab, mas Ruth se mantém firme, mesmo sabendo das dificuldades que poderá enfrentar. Isso convence Naomi de que a decisão de Ruth é verdadeira e que vem do interior de seu coração. Ruth, diferentemente de Orpah, abre mão da sua cultura, do seu povo e de suas tradições para ir em busca de uma nova identidade.
Na terceira etapa, Ruth terá que conviver dentro do povo de Israel, para conhecer seus costumes, suas leis e suas tradições. Na etapa final, Ruth sente que, com o tempo, adquiriu uma nova identidade, fazendo uma declaração que sai do interior de sua alma e que soará em todos os cantos da terra de Israel:
“Seu povo, meu povo, seu Deus, meu Deus” (Ruth, 1:16).
Porém, o que vou relatar agora para vocês é a história de uma personagem pouco conhecida, mas que desempenhou um papel muito importante na terra de Israel durante o período bíblico. Isso aconteceu na época do Segundo Templo, quando a rainha Helena de Adiabena e seu filho Monobaz II se converteram ao judaísmo.
Não temos nenhum documento que descreva como essa conversão aconteceu, a não ser o relato sobre o encontro da rainha e de seu filho com dois comerciantes judeus que chegaram ao seu reino. Sabemos que Helena era a rainha de um reino chamado Adiabena, que foi parte do antigo Império Assírio e que hoje se encontra na região do atual Curdistão, no Norte do Iraque.
A rainha Helena e seu filho, o rei Monobaz II, se converteram ao judaísmo por volta do ano 30 da Era Comum. Ela terá um papel importantíssimo no período do Segundo Templo. Nas obras de Flávio Josefo , ela é mencionada como a “Rainha da Justiça”, que, em várias ocasiões, ajudou muitíssimo ao povo de Israel. Segundo ele, a rainha Helena, depois de convertida, decidiu fazer uma viagem a Jerusalém, para conhecer o Templo e oferecer sacrifícios no lugar mais sagrado do judaísmo.
Ela chegou a Jerusalém no ano de uma grande seca que havia espalhado a fome e a miséria por todos os lados da Judeia. Diante disso, a rainha Helena se sensibilizou com a situação do povo de Israel, que agora era o seu povo, e de imediato saiu ao auxílio da população faminta e miserável.
Usando suas próprias finanças, para ajudar os famintos e os miseráveis, a rainha Helena de Adiabena comprou muito trigo no Egito, que em seguida foi distribuído para todos os necessitados de Jerusalém. Dessa forma, foi possível acabar com a fome e salvar milhares de judeus e judias da morte.
A rainha Helena, em determinado momento, decidiu largar o seu próprio reinado e vir passar o resto de sua vida em Jerusalém. Poderíamos dizer, na linguagem de hoje, que a rainha Helena de Adiabena fez aliyah para Israel, onde construiu um lindo palácio e fez grandes doações ao Templo.
A rainha Helena faleceu por volta do ano 50 da Era Comum, antes da destruição do Segundo Templo, que aconteceu no ano 70. Seu corpo foi enterrado em Jerusalém no antigo cemitério judaico do Monte das Oliveiras. O seu sarcófago foi encontrado e se encontra hoje no Museu de Israel em Jerusalém.
A tradição judaica considera todos os conversos como figuras exemplares, que devem ser mencionadas sempre com respeito, carinho e louvor na história povo de Israel.
A conversão ao judaísmo é de fato um resgate de uma alma judaica que ficou guardada no passado, mas que se despertou no presente e que será lembrada e abençoada pelas futuras gerações.
Atualmente, certas correntes do judaísmo criam enormes barreiras para a conversão, mas, para todos aqueles que estão nesse processo de retorno, eu digo: não desistam!
Mesmo que enormes barreiras e empecilhos sejam colocados no seu caminho!
Acredite!
Caminhe sempre com essa sua alma judaica e nunca deixe de enaltecer esse sentimento.
Fortaleça a sua identidade judaica, ela é mais forte e verdadeira do que os dogmas de qualquer instituição!

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Para muitos talvez não sabem que hoje os direitos que temos como jornada de trabalho de 8 horas, pagamento de horas extras, justiça do trabalho, serviço social, pensão, fundo social, etc... foram conquistas alcançadas durante muitas jornadas de luta da classe trabalhadora.
Então qual é a verdadeira história desse dia 1 de Maio ?
O "Primeiro de Maio" começou em uma manifestação em Toronto, Canadá, em 15 de abril de 1872. A manifestação foi organizada por uma federação de sindicatos em Toronto, exigindo a libertação de 24 trabalhadores detidos que lideraram uma greve para limitar a jornada de trabalho de 9 horas em vez das 12 a 16 horas muito comum nesse periodo da historia.
As greves foram considerados ilegais, eles foram presos. A Federação dos trabalhadores de Toronto aproveitou o evento para organizar uma demonstração em pró de seus legitimos direitos conseguindo assim pela primeira vez na historia uma grande Vitória.
Essa vitoria vai influenciar decisivamente a classe dos trabalhadores dos Estados Unidos da America, que estabeleceu como ultimato o dia 1º de maio de 1886 exigindo que fosse o prazo para que a jornada de trabalho seja reduzida a oito horas, porem a reivindicação dos trabalhadores não foram atendidas até a data estabelecida, e assim eles lançaram uma greve geral.
Em 4 de maio de 1886, na cidade de Chicago, aumentaram as tensões decorrendo uma onda de violência e repressão do estado contra os trabalhadores levando a morte de 60 manifestantes.
Pelo sangue derramado nesse dia , as manifestações começaram a usar a bandeira vermelha que se tornou o símbolo oficial, dos trabalhadores para lembrar o "sangue da classe derramado "
Em comemoração a esses eventos, a Conferência Internacional, dos trabalhadores realizada em Paris em julho de 1889, marcou o dia 1 de maio como o dia dos trabalhadores.
Curiosidade:
Bund - A União Geral de Trabalhadores Judeus na Rússia, Lituânia e Polônia era o partido autônomo socialista da classe operaria dos judeus fundado no Império Russo em 1897. Sua ideologia pedia justiça e igualdade econômica e social e, com ela, direitos políticos para os judeus como indivíduos e como uma minoria nacional . Por volta da Primeira Guerra Mundial, o Bund se dividiu em base geográfica. Além do ramo remanescente na União Soviética, que foi reprimido e colocado na ilegalidade pelo regime comunista liderado por Stalin . Na Polônia, em particular, o Bund era uma força política expressiva , culminando em 100.000 votos nas eleições nacionais de 1928.
A maior parte do Bund foi assassinada no Holocausto pelos nazistas.
Devido a grande imigração judaica o Bund chegou em todas as parte do mundo inclusive no Brasil ,tendo o Bund um papel expressivo na vida comunitária.
Shabat Shalom !!

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Amós O Profeta da Justiça Social- Jayme Fucs Bar

Há cerca de 2750 anos viveu no Reino de Juda o Profeta Amós. Originário do vilarejo de Tekoa a 25 km de Jerusalém. O Povo de Israel estava dividido em dois reinos o de Judá e o reino de Israel onde reinava o Rei Jeroboão II .
Amós era um simples pastor de ovelha que cuidava também das árvores de Shikma que é um tipo de figueira muito comum nessa região, ele diferente de muitos profetas nunca foi educado junto com os outros profetas; Porém parece que nesse período de grandes corrupções, injustiças e diferenças sociais foi escolhido por Deus para adivertir ao Reino de Israel sobre o perigo de sua total destruição.
Tudo começou a acontecer de forma inesperada num belo dia em que Amós estava junto as suas ovelhas e de repente teve a sua primeira visão profética: Uma praga de gafanhotos invadia os campos de Israel e destróia a tudo, deixando os campos agrícolas totalmente arrasados.Amós entendeu a mensagem que a fome e a miséria iriam devastar as terras de Israel. Então desesperadamente gritou pedindo perdão ao Todo Poderoso e aos brandos gritou, Senhor Deus do Universo, perdoe." E Deus perdoou!
Mas depois de alguns dias, Amós teve uma outra visão: uma chuva de fogo caiu sobre a terra de Israel, queimando tudo e levando todos a morte. Mais uma vez, Amós pede perdão ao Todo Poderoso.E Deus Perdoou!
Amós depois desses dois episódios ficou perturbado e, perguntava para si e a Deus o significado dessas terríveis imagens! E teve a resposta!
Numa noite quando olhava para o céu ,Viu as luzes das estrelas se transformarem numa terceira visão, diferente das anteriores, dessa vez Deus não mostrou a Amós uma catástrofe e sim ele viu um homem que com suas mãos seguravam uma grande parede toda torta e inclinada.
E a voz de Deus aparece e pergunta: " O que você vê, Amós?"Ele respondeu: "Um Homem segurando uma parede.
"Deus lhe disse:“Com este homem segurando essa parede, medirei o comportamento do povo de Israel se não for reto. Eu não perdoarei mais uma vez ”.
E Amós o nosso profeta entendeu que dessa vez não adiantava pedir de novo perdão! Amós compreendeu a mensagem do Todo-poderoso: O muro inclinado (isto é, o reino de Israel) estava torto e se não souberem concertar os seus atos o Muro (O reino de Israel) seria destruído!
O que poderá fazer o nosso Profeta Amós para tentar reverter essa trágica situação de destruição total do reino de Israel?
Amós,Toma uma decisão e sai em direção ao Reino de Israel com a intenção única de evitar a sua destruição e ver a possibilidade de ainda concertar ("O muro torto")
Ele vai chegar as suas cidades e vilarejos e vai descobrir no que Deus tanto se referia, e verá com seus olhos a grande, decadência social e humana , desigualdade social, corrupção generalizada, miséria e pobreza, camponeses a mercê dos seus credores, a classe dominante que aumentava sua riqueza, e constroia grandes palácios frente as casas miseráveis que viviam a maioria da população, a lei que impera é valida somente em pro dos ricos, juízes que deveriam pôr a ordem eram subornados e tudo isso sob o apoio do Rei de Israel.
Amós entende as palavras de Deus ao perceber tanta Injustiça, imoralidade e corrupção de uma sociedade em processo de deterioração e somente agora sente a profundidade da mensagem de Deus quando se refere em "Um Muro Torto" Que tende a desabar por si próprio e levar a sua destruição.
O Nosso Profeta não desiste de sua tarefa e na sua inocência tem a esperança de reverter a situação! E chegando em cada cidade e vilarejo procura alertar ao perigo eminente. Amós se apresenta nas praças públicas e sobe nos lugares mais alto onde todos podiam a vê-lo escuta lo e pronuncia seus sermões apontando e denunciando os perigos.
Suas palavras saem como fogo e se espalhava entre as multidões E Ele dizia: “ Escutem Vocês! Que cometem tantos crimes. Por que vocês vendem os inocentes por dinheiro, e os pobres por um par de sandálias;vocês que oprimem e humilham os fracos;pervertem os mais humildes; Vocês com sua imoralidade filho e pai vão dormir com a mesma mulher;Vocês que tomam o que não é seu;Vocês que oram aos ídolos e depois vão ao templo para beber vinho comprado com dinheiro estrangeiro”(Am2,6-16).
As palavras do Profeta Amós entravam na carne das pessoas como uma faca pontuda cravada no coração! Suas palavras transformavam o silêncio da culpa em tensão, muitos se irritavam e tentavam rebater e procurar de alguma forma calar o profeta, mas nada podia impedir a Amós de levar a sua mensagem antes que seja tarde.
E na tentativa de ofende lo uma das mulheres ricas da região de Bashã o rebateu tentando calar sua boca e ele reagiu e gritou:
“Ouça isto, Mulheres com suas vacas de Bashã, que oprimem os pobres, maltratam os necessitados. Deus jura: há dias em que vocês serão levadas juntas com seus filhos com ganchos.Eles terão que se alinhar nos escombros e serão jogados nas fezes.O Senhor o assegura”( Am 4,1-3).
Bashã era a região fértil do nordeste da Galileia, famosa por suas vacas gordas.Que só era possível graças à exploração dos camponeses.
E desesperadamente Amós continuou sem descanso a fazer as suas advertências e denunciar a imoralidade, a injustiça e a corrupção nas cidades do reino de Israel!
Ele vai continuar a caminhar em cada cidade e vilarejo e denunciar: A guarda local e seus métodos violentos (3,9-10),
os juízes corruptos (6,12), os advogados desonestos (5,7), as autoridades que aceitam suborno (5,12), os funcionários cúmplices da casa real (6.1), aos usurários (5.11), aos ricos com sua vida luxuosa e superficial (6.4-6), às falsas testemunhas (8.14), os poderosos que se aproveitaram dos fracos (8,4), os comerciantes inescrupulosos (8,5), os vendedores imorais (8,6).
Ele não abriu mão de nada que pode acusar. E logicamente se tornou um homem amado pelo povo Humilde mas odiado pelos ricos corruptos!
Mas com todo o seus esforços nada vai mudar na atitude dos privilegiados, e principalmente do Rei Jeroboão II e de seus funcionários, Amós o Profeta vai ser chamado de baderneiro, rebelde e mau feitor!
Então, um dia, ele teve uma nova visão desta vez era uma cesta com figos muito maduros; e Deus, lhe disse que o povo, era como aquela cesta de figos, que já estava tão maduro a se apodrecer e que o castigo se aproximava e estava prestes vir! (8,1-3).
Amós triste decide então a voltar as suas terras e ficar ao lado de suas ovelhas no caminho passa pela cidade de Betel, onde ficava o santuário do reino de Israel Então Amós ficou em frente ao Santuário na sua última tentativa e esperança, que pudessem compreender e ouvir suas mensagens e com uma voz alta, começou a dizer: "Deus: odeia e detesta essas suas celebrações religiosas;Tem nojo dessas reuniões cheias de maldade e corrupção. Não suporta os sacrifícios que vocês oferecem em sua homenagem, nem aceita as suas ofertas;Rejeita os seus bezerros gordos que vocês sacrificam.Pare de cantar em seu nome!Deus não quer ouvir o som de suas harpas.O que Deus quer é que simplesmente haja justiça social e que pratiquem a honestidade todos os dias ”(5,21-24).
E assim o inevitável aconteceu. Amós foi denunciado que estava conspirando contra o Rei de Israel e teve que fugir pois sua vida agora estava em perigo, mas antes de partir para suas terras vai responder na sua eterna firmeza aos insultos e as ameaças que vai sofrer! E assim declarar!
“Eu não sou um profeta, nem pretendo ser.Sou pastor de ovelhas;e Deus me tirou do meio dos animais para vir alertar.Agora ouça o que Deus lhe anuncia: suas esposas serão violentadas no meio da cidade;seus filhos e filhas serão esfaqueados;suas terras serão distribuídas a outros;vocês morrerão em terras estrangeiras, e serão levados como prisioneiros”(7,10-17).
Depois dessa declaração, Amós voltou para o seu vilarejo em Tekoa junto as suas ovelhas, e sentiu uma imensa dor e tristeza e um sentimento de culpa de não ter conseguido fazer o reino de Israel entender o perigo de sua destruição!
E assim num final da tarde de verão em 722 aC, a profecia de Amós se concretizava!
Os assírios invadiram o reino de Israel, destruindo, seus campos, suas casas, somente morte e sofrimento por todos os lados.
Os que sobreviveram foram deportados aos ganchos como escravos para longe das terras de Israel.
Sua profecia foi cumprida!
Mas vejam vocês uma curiosidade!
A Última profecia feita por Amós, antes de morrer . Ele Descreve que apesar de tantas tragedias que o povo de Israel sofrerá através da historia, chegará o momento que ele voltará para a Terra de Israel .
Depois de mais de 2700 anos a profecia de Amós se torna realidade!
O Povo Judeu volta a terra de Israel!
E assim Amós escreveu na sua ultima profecia:
" Veja, os dias certamente chegarão, diz D'us.
Eu retornarei os cativos de meu povo Israel.
E eles construirão as cidades destruídas e nelas habitarão.
E eles plantarão vinhas, e dali beberão o vinho.
Também plantarão pomares, e comerão seus frutos.
E Eu os plantarei na terra, e eles não serão mais arrancados Da terra que Eu dei para eles.
Assim diz o teu D'us. - Amós, 9.
Esperamos que o alerta de Amós seja uma lição viva para todos os Povos, para todas as nações, para todos os Governantes e para toda Humanidade!
E principalmente para o novo Estado Judeu onde os sonhos e as palavras dos profetas foram escrita e firmada na carta de independência de Israel em 1948,
E essas palavras são para ser cumpridas !!!
"O Estado de Israel ...
Terá como base os preceitos de liberdade, justiça e paz ensinados pelos profetas de Israel; defenderá a total igualdade social e política de todos os cidadãos, sem distinção de raça, credo ou sexo; garantirá liberdade total de consciência, culto, educação e cultura; protegerá a santidade e a inviolabilidade de santuários e Lugares Sagrados de todas as religiões; e se manterá fiel aos princípios da Carta das Nações Unidas."
Bibliografia:
El Profeta Amos Y La Justicia Debida a Los Pobres -
Ariel Álvarez Valdés
O Profeta Amos e sua luta contra a Injustiça Social
–Emerson J Dias
רפאלמ. לוין,עמוס-הנביא מתקוע
Carta da Declaração de Independência do Estado de Israel 14 de maio de 1948

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Nesse dia muito significativo quero deixar marcado uma homenagem a quatro mulheres importantes na minha vida, nenhuma delas estão vivas hoje, mas para minha elas estarão sempre vivas e as guardo dentro de mim no fundo do meu coração.

Dona Sara Ghelman

Quando fui criado no colégio interno “ Lar das Crianças Israelita” Dona Sara era voluntária e vinha uma vez por semana para dá aula de Bar — Bat Mitzva ,me lembro que não tinha muito interesse pelo Barmitzva , mas ela como uma boa e experiente educadora ,depois que terminou a aula, me pediu para ficar e perguntou se podia contar uma história eu por educação disse que sim e, para minha surpresa escutei uma história que me deixou fascinado, e assim toda semana aguardava a chegada dela para ficar depois das aulas e escutar um novo conto, que hoje sei que a fonte era do Talmude e dos sábios judeus.
Depois que terminou a cerimonia e a festa do Barmitzva eu continuei me encontrando com Dona Sara e já não somente ouvia histórias e contos judaicos, mas também ouvia importantes conselhos de uma sabia anciã, que me fez abrir meu coração e me ajudou muito nesse momento difícil em minha vida.
Me lembro de um dos contos que Dona Sara Ghelman me contou!
Um judeu de nome Menache que era muito pobre sonhava durante todos as noites ,que tinha um tesouro de baixo da ponte do palácio real, um belo dia acordou e viajou até o palácio, mas foi preso pelo guarda, que o perguntou o que estava procurando e ele disse: "Tive um sonho sobre um tesouro!”
O guardar riu e exclamou! “ Não seja tolo eu também todas as noites sonho que na casa de um judeu de nome Menache, ao lado da lareira tem uma pedra negra e dentro dela tem um tesouro”.
O Judeu ficou impressionado e nada falou e quando foi solto correu para casa retirou a pedra negra que estava ao lado da lareira e achou um saco com várias moedas de Ouro.
E assim Dona Sara concluiu : "Não precisa ir longe para achar um tesouro!, O tesouro pode estar em sua casa!

Morá Sara

Morá Sara era voluntária na biblioteca da escola Talmude Torá Hertzlia, na qual eu sempre fui um péssimo aluno, e sempre quando era possível fugia das aulas e naquela época tinha uma pessoa que sua função era o inspetor da disciplina ,e sempre que eu fugia e ele me pegava, me levava pela orelha para a diretoria e um desses dias que fugi procurei esconderijo na biblioteca, assim que a Morá Sara me viu me chamou e me disse:
“ Não tenha medo venha se esconder aqui na minha sala”.
Confiei nela que me colocou debaixo da mesa e para minha surpresa quando o inspetor chegou e perguntou se tinha me visto ela simplesmente mentiu e disse que não!
Logo me colocou numa cadeira ao seu lado, me deu um café com leite e biscoito Maria, pegou um livro e me mostrou fotos dos lugares e paisagens de Israel, e viu como eu fiquei compenetrado.
A partir dai sempre quando podia, fugia para a sala da Morá Sara ela me contava histórias sobre Israel, e as personagens da Bíblia uma vez me disse:
“Jayminho Israel é o seu Lugar vai para lá e você vai ver como a sua vida vai mudar”
Eu acho que ela deve ter feito algum acordo com o inspetor, pois nunca mais ele me procurou!
Morá Sara foi a melhor professora que tive em toda a minha vida! Ela me despertou essa paixão que tenho por História e sempre serei muito grato a ela !
A ultima vez que me encontrei com a Morá Sara , foi como uma despedida, pois no final do encontro ela me deu um livro, que acho que era o livro que ela me ensinava “ História do Povo de Israel “ Abba Eban, que tenho guardado até hoje.
• Se alquiem que lê esse texto e souber o sobrenome dela e algo sobre a morá Sara da escola Talmude Torá Hertzlia ficaria muito grato

Avó Cecilia

Sem dúvida essa foi uma das pessoas que, mas marcou em minha vida!
Avó Cecilia, era a única pessoa que me fazia sentir protegido, sempre quando eu ia para a casa dela, numa vila em São Cristóvão, no Rio de Janeiro , ela se dedicava a mim durante todo o tempo que estávamos juntos.
Eu acompanhava em todos os lugares, faziamos compras na feira, e depois eu gostava de ajudar na cozinha , onde sempre me colocava num banco para ficar na altura desejada, e observava como ela fazia as comidas, os doces e sobremesas que eu adorava.
Ajudava a plantar sementes em latas de conservas e quando nasciam as mudas e viravam pequenas árvores saiamos para plantar na quinta da boa vista, que com certeza hoje muitas das arvores existente lá foram plantadas por mim e pela minha avó Cecilia .
O que eu mais gostava era sentar ao seu lado ouvir as histórias de sua vida e de sua infância!
Eu aprendi com ela certas magias, remédios caseiros, plantas e ervas que curavam as doença e até um segredo de me proteger quando alquem me maltratasse ou me fizesse algo ruim, simplesmente me ensisou jogar uma boa praga, acreditem ou não mas funcionava !
Muitos tinham medo dela achavam que ela era feiticeira, mas para minha era, a minha fada, meu anjo da guarda!.
Uma das muitas coisas que ela me ensinou foi que o uso da palavra que vem do coração tem força e pode mudar a realidade ou mesmo uma situação.
Hoje sou avô de 6 netos e netas, uma coisa é certa tenho como modelo a minha avó Cecilia, que foi para mim a melhor Avó do mundo.

Orpa Fucs Bar

Orpa foi minha companheira e mãe de meus 2 filhos,e faleceu em 2012 com 54 anos.
Eu Vivi com Orpa 28 anos, ela foi para mim a bússola de minha vida, pois chequei em Israel com 24 anos e tive a sorte de encontra la pois eu era uma pessoa meio perdido nesse mundo, vivia nas nuvens não sabia onde e como pousar na terra, queria salvar o mundo e fazer grandes revoluções, era hiperativo e o meu ritmo de vida era totalmente descontrolado.
Orpa me ajudou a equilibrar minha vida, sempre me apoiava no que eu acreditava e no que gostava, porém me orientava na medida e na forma de como fazer.
Orpa me ajudou a achar o equilíbrio que tanto precisava, ela fez diminuir as minhas ansiedades, me fez aterrizar na terra sem perder contato com as nuvens, que sempre vivi! E me abriu um caminho novo em minha vida.
Eu jamais vou esquecer da Orpa ela sempre estará no meu coração e sempre serei muito grato a ela.
Uma das frases da Orpa que levo sempre comigo:
” A Vida é um fio de Luz que de repente se apaga sem aviso prévio simplesmente bate na sua porta, portanto aproveite bem cada dia de sua vida. “

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Estudo Judaico Virtual - Introdução ao Pensamento da Cabala judaica.
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2 Cabalá e suas Origens - Shimon Bar Yochai - Moshe Leon - Yzaak Luria-Yehuda Ashlag- Gershon Sholem
3 Cabalá e o pensamento de desvendar o segredo.
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5 Cabalá da Magia e suas restrições.
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1 Status dos judeus em Portugal antes da inquisição.
2 O Edito de Expulsão dos Judeus de Portugal e o batismo em Pé.
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1 Messianismo no periodo do primeiroTemplo.
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GRUPO

BOM DIA,

Passando para deixar uma opinião, seria bom criamos um grupo no WhatsApp para maior interação e dividimos um pouco da nossa historia. 

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Hace un siglo, en el sur de Polonia, judíos religiosos­ortodoxos consolidan una corriente política denominada Agudat Israel, para hacer frente a dos tendencias que ya entonces se perfilan como posibles convocatorias hegemónicas para la juventud judía de Europa. Agudat Israel es ­en aquel histórico momento­ la respuesta a la opción emancipadora propuesta por el sionismo en Basilea en 1897. Pero hay otro eje de confrontación: la Ortodoxia visualiza un grave peligro en la Reforma, movimiento religioso que se inicia en Alemania y se propaga a los Estados Unidos a medida que crece la inmigración judía al “nuevo mundo”. Ortodoxos proponen allí atenerse firmemente a la legislación rabínica tradicional. Reformistas pregonan la modificación de los preceptos acorde con la “Zeitgeist” de su entorno social y cultural. Tanto ortodoxos como reformistas se oponen, en ese entonces, al rumbo nacional, al sionismo. Ambos sectores desarrollan agresivas políticas propagandísticas para detener la influencia del pensamiento sionista –mayoritariamente laico y contestatario­ en el seno de las comunidades judías de América y Europa. Pero el movimiento sionista en su conjunto, ocupado en avanzar en la promoción del retorno del pueblo a Sión, se abstuvo de tomar parte en la puja entre sus adversarios ideológicos. 1 El sionismo sería, en este sentido, como un espectador en el torneo de tenis teológico que durante más de una centuria tuvo como escenario a Europa y – despues del Holocausto­ se juega en otras colectividades occidentales. Craso error, no fue ni es un metafísico partido de tenis: lo que se disputa –por ejemplo, normas de conversión e incorporación a la grey­afecta al conjunto de los judíos, por lo menos de aquellos que permanecen todavía en el circuito institucional. Posiblemente haya sido un error irreparable: el movimiento sionista no reclamó una autocrítica de ortodoxos desde su reunión Katowice ni de reformistas en América del Norte por aquella acérrima oposición a la propuesta de liberación nacional. El movimiento sionista, tal vez por espíritu conciliador y para cicatrizar heridas, no presentó, al terminar la Segunda Guerra Mundial, exigencias de replanteo a sus contendientes reformistas y ortodoxos que llamaron a desoirlo cuando advertía –antes del Holocaustosobre los riesgos del antisemitismo y la debilidad concreta de la plataforma religiosa para asegurar la existencia del colectivo judío en el exilio. El sionismo, en sus diversas corrientes, en definitiva, tampoco percibió que algún día, muy lejos de la ciudad polaca de Katowice, se formalizaría una alianza entre antípodas, entre reformistas y ortodoxos. Esta falta de percepción es algo más que una pérdida de reflejos políticos: obliga a una seria autocrítica y a un replanteo de la visión y la misión del sionismo contemporáneo. 2 Posiblemente el movimiento sionista no supo confrontar con sus opositores pero ya no puede eludir enfrentarse consigo mismo: ahora, su acción política ha de ser primordialmente, de introspección. Buenos Aires, 4 de Junio de 2008

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Como a Genética vem prevenindo doenças graves e de alta frequência em judeus e a importância da conscientização da comunidade.

Nossos genes são a unidade fundamental da hereditariedade, formados por DNA, e determinam inúmeras funções no organismo. Nossas características físicas, traços de personalidade, facilidade para aprender línguas estrangeiras ou tocar um instrumento têm relação com a genética. Pressão alta e diabetes também são influenciadas pelos genes, mas não exclusivamente. Isso em genética é denominado de herança multifatorial.

Infelizmente, na nossa herança podemos também carregar, mesmo sem saber, informações relacionadas a algumas doenças. Doenças essas diferentes das citadas acima, onde os genes até podem exercer influência, mas que o nosso modo de vida pode modificá-las, para melhor ou pior. Tais doenças são graves, geralmente cada uma delas ligada a um único gene, as quais denominamos herança monogênica. Todas as pessoas carregam em seu material genético informações que determinam inúmeras características, e também algumas informações que podem determinar doenças. Alguns desses genes são denominados recessivos, ou seja, como herdamos material genético tanto de nosso pai quanto de nossa mãe, o problema só irá se manifestar se ambos os pais nos transmitirem aquele gene recessivo.

Em praticamente todo grupo étnico, racial ou demográfico, algumas doenças genéticas ocorrem com maior frequência quando comparamos com a população geral. Como exemplos podem ser citadas algumas anemias, como a talassemia, em povos do Mediterrâneo e indianos, e a anemia falciforme em africanos. As “doenças genéticas judaicas” são um grupo de doenças encontrado com maior frequência na população de judeus ashkenazi, cujos ancestrais vieram da Europa central e oriental. Isso é devido a ocorrência do que se chama de “efeito fundador”. Toda a população ashkenazi hoje teve origem de um grupo de cerca de 350 pessoas, há cerca de 600-800 anos, e várias das informações genéticas são compartilhadas pelo grupo, tendo sido transmitidas através das gerações.

No que diz respeito aos judeus sefaradi e mizrahi, tratam-se de grupos geneticamente mais heterogêneos, com ancestralidade variada (origem em Espanha, Portugal, Marrocos, Tunisia, Argélia, Itália, Líbia, Bálcãs, Irã, Iraque, Índia, Iêmen). Há também doenças genéticas de maior prevalência, embora essas variem de acordo com a origem específica e se assemelhem a subpopulações regionais.

Afinal, o que são essas doenças? E o que podemos fazer a respeito?

A primeira doença grave reconhecida como de alta incidência nessa população foi a Doença de Tay-Sachs, que é um erro metabólico determinado geneticamente, onde a falta de uma enzima nas células causa degeneração e destruição progressiva do sistema nervoso central. As crianças afetadas nascem aparentemente normais, indo apresentar um atraso importante no desenvolvimento, notado a partir dos 4-8 meses de vida. Não chegam a sentar, andar ou falar, e apresentam cegueira e convulsões. Não há nenhum tratamento disponível, e a doença evolui inevitavelmente para o óbito antes dos 5 anos de vida. Um em cada 25-30 judeus ashkenazi carrega uma informação (gene mutado) para esta doença, e até o início de medidas preventivas (que serão apresentadas a seguir), 95% dos casos dessa doença ocorriam em judeus.

O caminho para a prevenção

Na década de 1960 descobriu-se qual era o defeito bioquímico que causava a doença (a enzima que faltava). Outra descoberta muito importante no início da década de 1970 foi que, através do mesmo exame que se confirmava o diagnóstico (uma dosagem da enzima no sangue), era possível detectar também as pessoas sadias que seriam portadoras da doença (ou seja, que carregavam uma copia do gene mutado e que teriam risco de ter filhos com a doença caso o parceiro também fosse portador). Isso permitiu que tal informação passasse a ser usada na programação da família, uma vez que, em casais onde ambos são portadores do gene mutado, o risco de um bebê afetado é de 25% ou 1 em 4.

Partindo de tais informações, foi iniciado nos Estados Unidos, ainda na década de 1970, um programa educativo de populações consideradas de alto risco para a doença, onde eram fornecidas informações sobre a doença e sobre os exames para detectar os portadores, e fornecida orientação genética preventiva, incluindo informações sobre diagnóstico na gravidez. Tal programa foi muito bem aceito na comunidade judaica, envolvendo líderes comunitários e religiosos de diversas correntes, e passou progressivamente a ser adotado em diversos países, como Israel, Canadá, Inglaterra, França, Austrália e outros. Estima-se que mais de 2 milhões de indivíduos sob risco para a doença já foram testados, tendo sido identificados cerca de 65.000 portadores, 1.500 casais sob risco e evitados pelo menos 1.000 casos da doença.

Na maioria desses programas de prevenção, as pessoas fazem os exames antes de casar, antes de programar o início da procriação ou mesmo em fase bastante inicial da gravidez – nesses casos, a escolha do parceiro não está vinculada ao eventual risco de ambos serem portadores. Quando isso acontece, o casal tem a opção da reprodução assistida, com diagnóstico nos embriões ainda antes dos mesmos serem transferidos para o útero materno. Tal opção já deriva de técnicas modernas, pois inicialmente o programa tinha como principal opção (ainda disponível atualmente) o diagnóstico pré-natal, onde durante fase inicial da gestação pode ser feito um exame invasivo (biópsia de vilo corial ou amniocentese), sendo colhido material do feto; diante de um diagnóstico desfavorável, a maioria dos casais acabava optando pela interrupção da gravidez, apesar das questões éticas envolvidas nesse tipo de decisão.

A tecnologia pode também ser usada a favor das individualidades de cada população: em comunidades ultra-ortodoxas, criou-se um programa de “compatibilidade” baseados nos testes genéticos. Adultos jovens são testados e não recebem o resultado dos exames, apenas um número. Quanto os casamentos começam a ser programados, uma base central de dados é consultada, e apenas serão considerados “compatíveis” casais nos quais ambos não sejam portadores de um mesmo gene recessivo. As famílias continuam sem saber os resultados dos testes, sabem apenas se aquele casal teria risco ou não. Deste modo, é feita uma “prevenção primária” – casais em risco geralmente não são formados.

Com o progresso galopante da Genética nas últimas décadas, principalmente da genética molecular e análise direta de DNA, foi possível adicionar aos programas de prevenção o rastreamento para mais doenças, também de alta incidência em judeus, sem aumentar muito os custos. Atualmente, há programas que investigam o risco para várias doenças genéticas, inclusive incorporando outras não tão específicas em judeus, mas de alta frequência na população geral, como um tipo frequente de surdez ou mesmo de retardo mental. Para o sucesso dos programas de prevenção em casais, são essenciais quatro pré-requisitos básicos:

1) Consciência da comunidade envolvida no que diz respeito à gravidade das doenças e importância de prevenção de novos casos;

2) Envolvimento dos rabinos da comunidade (sem importar a linha específica da religião adotada por cada um, dos mais ortodoxos aos mais liberais), no sentido de educar ainda antes do casamento sobre a importância dos exames, além de dar suporte às famílias atingidas por tais doenças;

3) Informação da classe médica, principalmente obstetras, que ainda podem fornecer aos casais orientação visando prevenção em fase pré-gestacional, idealmente, ou em fase muito inicial de uma gravidez;

4) Excelência dos laboratórios onde são realizadas as análises, além de suporte por médico geneticista para o aconselhamento genético, orientação quanto a alternativas reprodutivas e compreensão correta dos resultados por cada indivíduo envolvido.

Esses exames já fazem parte, há muitos anos, da rotina médica e da cultura de vários países, sendo inclusive inseridos em sistemas públicos de saúde, no caso do Canadá, França, Inglaterra e Israel, dentre outros. Até este ano, não houve movimento consistente para a adoção desta rotina aqui no Brasil, apesar de algumas iniciativas isoladas. Quando é diagnosticado um caso, alguns membros da comunidade ficam mobilizados e querem ser submetidos aos exames, mas o tempo acaba por apagar a memória e a preocupação, até que outra família tenha a desagradável surpresa de um diagnóstico. Nos países onde a rotina de prevenção dessas doenças existe, as primeiras iniciativas sempre vieram do grupo de risco específico, ou seja, da comunidade judaica. Nos EUA, onde o sistema de saúde é primordialmente privado, há inclusive programas patrocinados pela comunidade para orientação de membros que não podem arcar com os custos dos exames ou aconselhamento genético.

Finalmente em 2019 assistimos um conjunto de iniciativas do grupo Cure Tay-Sachs Brasil, formado por familiares de uma criança que teve a doença diagnosticada, mas que decidiu fazer a diferença e tentar implementar a consciência da prevenção na comunidade.

Foi criado um site com material informativo (www.curetay-sachsbrasil.org) e promovidas palestras no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, palestras para médicos, distribuído material informativo nas sinagogas, marcada presença em eventos comunitários, dentre outras ações.

Talvez estejamos vivendo agora um momento favorável, uma mudança de paradigma. A tecnologia do DNA agora permite a realização de múltiplos exames em um só teste, com custo reduzido, sem necessidade de envio de material para o exterior. E apesar de ainda não haver no Brasil cobertura desses exames pelo SUS (Sistema Único de Saúde), já há normas específicas para os exames em genética via planos de saúde, com possibilidade de cobertura. Faltam então a consciência e envolvimento comunitários. Que 2019 seja a marca da mudança e da implementação de programa tão importante na nossa comunidade no Brasil.

Dafne Dain Gandelman Horovitz é médica geneticista do Instituto Fernandes Figueira / Fundação Oswaldo Cruz e do CERES-Genética – Centro de Referência e Estudos em Genética Médica, Rio de Janeiro; doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Segue abaixo uma lista com o resumo dos sintomas de algumas das doenças investigadas nos programas de rastreamento:

- Tay-Sachs é uma condição onde as crianças se desenvolvem normalmente até cerca de quatro a seis meses, quando o sistema nervoso central começa a degenerar, devido a falta de uma enzima chamada hexosaminidase (Hex A).

A criança perde todas as habilidades motoras, tornando-se cega, surda e não responsiva, vindo a falecer antes dos 5 anos.

- Doença de Canavan é muito semelhante à doença de Tay-Sachs, com o desenvolvimento normal até dois a quatro meses, seguidos por perda progressiva dos marcos do desenvolvimento previamente alcançados. O obito tambem ocorre até os 5 anos.

- Doença de Niemann-Pick Tipo A é uma doença em que uma quantidade prejudicial de uma substância gordurosa se acumula em diferentes partes do organismo, levando a deficiencia do crescimento e quadro neurodegenerativo, levando a morte em torno dos 3 anos. 1 em 90 judeus Ashkenazi são portadores do gene para esta doença.

- Doença de Gauchertipo 1 é uma condição variável, tanto na idade de início e na progressão dos sintomas. O baço é doloroso e aumentado, levando a anemia e baixa contagem de globulos brancos. A doença ossea é uma das principais causas de desconforto e limitação fisica. Há tratamento disponivel, com infusão na veia de substancia similar a enzima deficiente no organismo a cada duas semanas, terapia esta de altissimo custo e necessaria por toda a vida.

- Disautonomia Familiar é uma doença que leva a disfunção do sistema nervoso autonomo e sensitivo. Isso afeta a regulação da temperatura corporal, pressão arterial, resposta ao stress, deglutição e digestão.

- Síndrome de Bloom é caracterizada por baixa estatura, lesões da pele causadas por luz solar, aumento da susceptibilidade às infecções e uma maior incidencia de leucemia e outros cânceres.

- Anemia de Fanconi tipo C é uma doença associada à baixa estatura, falência da medula óssea e uma predisposição para leucemia e outros canceres infantis. Alguns podem ter dificuldades de aprendizagem ou retardo mental.

- Mucolipidose IV é causada pelo acúmulo de certas substâncias nocivas no corpo. Individuals com a doença apresentam varios graus de retardo mental ou motor, muitas vezes manifestando-se logo no primeiro ano de vida. Outros sintomas podem ser oculares, como opacidade da córnea, pseudo-estrabismo e degeneração da retina.

- Fibrose Cística ou Mucoviscidose é um distúrbio do multi-sistemico que faz o corpo produzir um muco espesso, que se acumula principalmente nos pulmões e no trato digestivo, resultando em infecções pulmonares crônicas e baixo crescimento.

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