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Revista Aventuras na História
O que é ser judeu?
Jaime Pinsky
Mesmo para aqueles que acham que judaísmo é apenas uma religião, o assunto provoca divergências. Não é por acaso que se conta a história do náufrago judeu que, após dez anos desaparecido, é encontrado numa ilha deserta por um navio que por lá passava. O capitão encantou-se com as estratégias de sobrevivência dele, que incluíam a construção de uma casa bastante sólida, a confecção de redes de pesca e arpões e, para sua surpresa, duas sinagogas. “Duas sinagogas”, perguntou o capitão, “para que construir duas sinagogas se você está sozinho na ilha”? “Muito simples”, respondeu o náufrago. “Naquela eu rezo todos os sábados. Já na outra eu não entro de jeito nenhum”.
Assim são os judeus religiosos: uns, ortodoxos, outros conservadores, os terceiros liberais e ainda os reformistas, alem de várias outras denominações. A convivência nem sempre é pacífica, mas a ausência de um poder central e de uma função sagrada para os rabinos (eles não falam em nome de Deus, não dão sacramentos, e qualquer ato religioso judaico pode ser realizado sem a sua presença) faz com que as diferentes comunidades contratem diferentes tipos de rabino. Há, inclusive, rabinos gays e “rabinas”. Seu papel mais importante é adaptar leis milenares às práticas de cada grupo. É por isso que uma comunidade tão pequena como a brasileira (menos de 0,1% da população do país) tem tantas sinagogas, organizações e porta-vozes. É muito cacique para pouco índio.
Mas limitar o judaísmo à identidade religiosa é não responde todas as situações. É possível dizer que Philip Roth não seja um escritor judeu, que Woody Alen não é um cineasta judeu, que Marc Chagall não foi um pintor judeu, que Sigmund Freud não tenha sido judeu? O judaísmo está presente em suas obras de todos esses gênios.
Uma parcela significativa da juventude israelense, como protesto pela inexistência do casamento civil no Estado de Israel, recusa-se a se casar na sinagoga e viaja até Chipre para oficializar sua união. Seriam esses jovens não judeus?
Não há uma única forma de identificar os judeus. Eles não permaneceram identificados como tais apesar da História, mas por causa da História. Não fossem necessários, teriam desaparecido como povo. O grande segredo da sua permanência é que não permaneceram, mudaram. Nada mais distante de um judeu do gueto do que um outro que transcenda a idéia da nação. Quando, depois de muitos séculos, os judeus obteveram sua emancipação como cidadãos – isso tudo só após a Revolução Francesa – muitos saíram da cidadezinha para o mundo, tocando música, escrevendo, pintando, marcando, enfim, sua presença no mundo a partir do início do século XX.
Isso, contudo, só ocorre para uma pequena fração de judeus. A maioria continuava nas aldeias e nos bairros pobres das cidades da Europa Oriental. E é nesses ambientes que surge o nacionalismo judaico. Deve-se localizar as raízes da identidade nacional judaica no século XX, na Europa Centro Oriental e atribuí-la a três fatores complementares: o esgotamento das formas de existência judaica nas cidadezinhas e nos guetos das cidades da Polônia e região; a “primavera das nações”, então em curso, que se apresentava como panacéia universal, remédio destinado a superar pobreza e perseguições (não foi, como sabemos); o profundo sentimento de identidade cultural.
Embora a colonização moderna da Palestina pelos judeus tenha se iniciado no final do século XIX , ela não era ainda muito significativa em termos quantitativos até a década de 1930. A ascensão de Hitler ao poder, a “solução final” concebida e executada pelos nazistas, (com o assassinato sistemático da maioria da população judaica européia) fez com que grande parte dos judeus não percebessem outra solução que não a “reconstrução” de um estado que pudesse funcionar como refúgio a todos os judeus do mundo que se sentissem perseguidos. Essa é a história de Israel.
Isso faz com que todos os judeus sejam israelenses e que todos os israelenses sejam judeus? Claro que não. Em Israel existe um importante número de israelenses árabes, muçulmanos ou cristãos. E bem menos da metade da população judaica do mundo vivem em Israel, por qualquer critério que se queira identificar esses judeus.
Há, sempre, quem olhe o judeu de forma preconceituosa, francamente negativa ou falsamente positiva, mas nem por isso menos discriminatória. Há quem diga que existe um judaísmo gastronômico, outro ufanista (esgrimindo com violinistas, escritores e cientistas judeus que ganharam o prêmio Nobel). Há mesmo quem ainda acredite que os judeus sejam o povo eleito. Tenho, contudo, a convicção de que sua experiência como discriminados habilitou os judeus a lutar contra qualquer discriminação, e o período da vida na aldeia isolada ou nos guetos desenvolveu em muitos judeus o ódio ao etnocentrismo, ao horizonte limitado.
Há um judaísmo universal e ele pode ser praticado.
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O sionismo não nasceu como ideologia unitária. Havia o sionismo liberal de Theodor Herzl; o sionismo cultural de Ahad Ha'am's e Judah Magnes'. O sionismo socialista inicialmente era o mais forte e dominou a política israelense pelas primeiras três décadas do país. Nas décadas seguintes, o sionismo revisionista assumiu o poder, fundido com o sionismo messiânico que deu significado religioso à terra e nenhum para os direitos humanos.
Até há poucas décadas, a discussão entre correntes diversas do sionismo ainda era possível. Agora, porém, os auto-nomeados representantes da causa sionista - basicamente da direita - fazem parecer que o sionismo requer uma obediência cega aos governos israelenses; que um sionista é alguém que admira a força dos judeus, de qualquer forma que tenha; e que o sionismo requer que as críticas se calem. Eles tornaram como hábito chamar de 'pós-sionistas' aqueles que deles discordam e os acusam de deslealdade.
Bem, isto faz de Herzl e Ahad Ha'am pós-sionistas ao pé da letra. Herzl acreditava que enquanto o Estado judeu deveria proporcionar espaço para a religião judaica e e seus religiosos, suas institições deveriam ser completamente isoladas das do Estado e da política. Ele também não via espaço para noções teológicas de que os judeus teriam algum direitodivino sobre a Terra de Israel. Ele simplesmente acreditava que os judeus precisavam de seu próprio Estado.
Ahad Ha'am seria, hoje, acusado de ser um pós-sionista que odeia judeus: Ele se afastou de algumas manifestações de força dos judeus do Ishuv, e enfatizava um renascimento cultural, em vez de militarismo.
David Ben-Gurion manteve um diálogo intensivo de décadas com um dos seus mais acirrados opositores ideológicos, Shmuel Hugo Bergman, ex-reitor da Universidade Hebraica de Jerusalém e membro da Brit Shalom, organização que apoiava a cooperação pacíica com árabes. Ben-Gurion acreditava em dialogar com os que tinham posições ideológicas distintas, não em calá-las.
O excelente artigo de Peter Beinart no The New York Review of Books mostra como a linha política do partido do tradicional establishment judaico afastou a nova geração: Ela não acredita na política de poder ilimitado, estão dispostos a aderir às linhas do partido e estão profundamente descontentes com a ladainha interminável da vitimização judeica. Muito deles sentem que se o sionismo significa seguir os preceitos do governo israelense - como suas iniciativas equivocadas de Hasbará, seu apoio aos assentamentos na Cisjordânia e a despossessão de propriedades palestinas em Jerusalém - eles não são sionistas. O mesmo é verdade para muitos jovens em Israel, que repudiam o triste espetáculo da política israelense.
Muitos quase não ligam mais. E caso o façam, estão desanimados, como se não fizessem nenhuma diferença.
Beinart insta por um "sionismo desconfortável... com raiva do que Israel arrisca se tornar, e apaixonado pelo que ainda poderia ser". Esta é uma excelente definição do que é necessário hoje. Isto nem precisaria ser inventado - só temos que nos reconectar com o sionismo progressista de Herzl e Ahad Ha'am, como mostrei numa detalhada proposta para uma nova visão sionista, "Knowledge-Nation Israel".
O sionismo progressista rejeita o pânico do chamado por uma voz unificada para todos os judeus e os gritos alarmados para não se lavar a roupa suja de Israel em frente a não-judeus. Ele recusa ser ensinado sobre o significado de ser um bom judeu ou de ser leal a Israel. E categoricamente rejeita a demanda de que a política dos governos israelenses e suas ações devam ser apoiados, mesmo quando sejam destrutivas, desumanas ou míopes.
O sionismo progressista está realmente irritado com o que Israel se tornou: ele aponta como os sistemas educacionais de Israel, primário e secundário, nas mãos de ideologias partidárias, vêm deteriorando em qualidade e doutrinando as crianças em vez de ensiná-los a pensar criticamente.
Ele mostra exaustivamente como os serviços civis foram ocupados por burocratas da direita que apóiam a expulsão de palestinos de suas propriedades, como em Sheikh Jarrah. Ele ressalta como o sistema educacional superior de Israel foi destruído, enquanto as verbas são desviadas para a construção de ainda mais estradas para colonos que têm pouca utilidade para os valores democráticos e os direitos humanos, e que oprimem e degradam os palestinos.
O sionismo progressista dará à maioria da geração jovem dos judeus, tanto em Israel quanto na Diáspora, um caminho para expressar sua identidade e seu amor pelo que Israel poderá ser caso não seja asfixiado por direitistas com posições totalitárias. O sionismo progressista não demanda que se abdique da clareza moral e do humanismo universalista em nome do pertencimento tribal - ele irá assegurar que o Estado do povo judeu permanecerá democrático não apenas no nome, mas em sua essência.
O sionismo progressista celebra os mais autênticos traços da tradição judaica: a disposição para debates incisivos; o espírito do contraditória de minorias; a recusa a compactuar com o autoritarismo.
Ele valorizará a energia criativa - que tem sido a marca da contribuição judaica para a cultura Ocidental - da indústria hi-tech de Israel, das artes cênicas e da academia, para libertar a política israelense dos dogmas e da inércia.
E para nos mover para um futuro do qual possamos nos orgulhar.
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Para a Bíblia, Israel é "a terra onde corre leite e mel". Não era só força de expressão: arqueólogos anunciaram ontem a descoberta das mais antigas colmeias com abelhas domésticas do mundo, no território israelense. A pesquisa está na revista científica "PNAS".
A equipe liderada por Amihai Mazar, da Universidade Hebraica de Jerusalém, já tinha forte suspeitas de que os cilindros de argila achados em Tel Rehov (norte do país), no vale do rio Jordão, tinham servido para criar abelhas. Uma pequena abertura de um lado e uma tampa do outro sugeriam locais para a entrada dos insetos e para a manipulação dos favos.
Mas foi só agora, com a ajuda de um biólogo brasileiro, que a equipe conseguiu estudar em detalhe os restos de abelhas achados dentro de duas das colmeias. Tiago Francoy, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, explica que foi procurado pelos israelenses graças à sua colaboração com outro autor do estudo, o alemão Stefan Fuchs.
As colmeias de 3.000 anos achadas em Tel Rehov (Israel) |
"Eu fiz parte do meu doutorado na Alemanha e desenvolvi um método para identificar espécies de abelhas com base apenas em pedacinhos da asa", conta. As nervuras que dão sustentação às asas dos insetos formam um desenho típico, que é único de cada tipo de abelha, diz Francoy. "Como eles tinham esses fósseis, deram uma busca na literatura e viram que eu podia ajudar na identificação", afirma o biólogo, que fez o trabalho usando fotos. "É uma pena, infelizmente não pude ir até lá para o trabalho", brinca.
Com pouco menos de 3.000 anos de idade, as colmeias podem datar da época em que o rei Salomão governava as tribos israelitas ou ser um pouco mais recentes, quando o país tinha se dividido nos reinos rivais de Judá (no sul) e Israel (no norte). Apesar de antigas, elas sugerem que a criação de abelhas no Oriente Próximo pode ter uma origem ainda mais remota que a apicultura em Tel Rehov.
Isso porque Francoy usou o programa de computador que desenvolveu para identificar a subespécie de abelha criada lá, e os pesquisadores perceberam que o bicho provavelmente não era a subespécie nativa de Israel (a Apis mellifera syriaca), mas sim a que existe hoje na Turquia (a Apis mellifera anatoliaca).
"Pode ser que a distribuição das subespécies fosse diferente no passado, ou então a abelha criada lá foi trazida originalmente da Turquia", diz ele. O transporte de longa distância da subespécie turca faz sentido porque ela é menos agressiva e produz mais mel do que a variante de Israel. Além do mais, os apicultores de Tel Rehov montavam suas colmeias no meio da cidade, provavelmente para proteger um recurso valioso, o que poderia causar problemas se os bichos saíssem do controle.
"Na verdade, não seria tão difícil transportar as abelhas. Não sabemos se, na época, eles sabiam que a rainha era a responsável por manter a colmeia funcionando. Nesse caso, poderiam transportar só a rainha. Também seria possível fazer algo que ainda é comum hoje: de noite, fecha-se a entrada da colmeia com um pano, para permitir a ventilação, e aí dá para carregar a colmeia por até uma semana", afirma ele.
Ou seja, é provável que a domesticação tenha acontecido antes, talvez na própria Turquia. E mais: talvez houvesse um comércio constantes de rainhas ou colmeias de um lugar para o outro. Isso porque as rainhas turcas, caso se acasalassem com zangões de Israel, teriam menos chance de transmitir sua docilidade e produtividade às descendentes. Valeria a pena, portanto, continuar trazendo animais de fora
Jubrasidaicoleiro
Outro dia me perguntaram se eu sou judeu brasileiro ou brasileiro judeu. De cara respondi que é uma questão complexa, mas na hora cheguei a conclusão que sou judeu brasileiro. Não fiquei satisfeito, essa confusão de identidade ia e voltava, virava e revirava em mim. Afinal, o que eu sou?
Judaísmo é mais que uma religião, é um emaranhado de cultura, tradição e rituais que se mostra presente em diferentes níveis na minha vida. Sou judeu pela minha descendência judaica, mas também sou judeu por opção. Meu pai é judeu, meu avô é judeu e não posso afirmar mais quantas gerações da minha família são de origem judaica, mas tenho certeza que sou um judeu diferente de todas essas gerações. Não me faz mais judeu, ou menos judeu, não acredito nesse nivelamento.
Brasileiro é minha natalidade, porém é mais que isso. Nenhum brasileiro é apenas um número no Censo, há uma emoção que envolve o sentimento de ser brasileiro. Esse sentimento é ainda mais forte pelo fato de ser carioca. Carioca é um estado de espírito, é ir para a Lapa em pleno carnaval e se misturar na multidão, é ir para praia no verão e se deparar com um dos cartões postais mais bonitos do mundo e também sentir vontade de ir a praia no inverno e poder matar essa vontade.
Pedir para me definir no meio de tantas paixões me faz recorrer a Zygmunt Bauman, afirmando que numa era pós-moderna, há uma fluidez das identidades e das ligações que cada indivíduo tem. Há um esvaziamento das ideologias e a criação de uma sociedade individualizada, e é a partir desse individualismo que me proponho como jubrasidaicoleiro*. Uma mistura de rótulos que me faz único e ao mesmo tempo aberto para cada situação. Sinto-me livre para afirmar que sou judeu em oposição à religião da maioria brasileira e para mostrar o “meu” Brasil numa viagem internacional, e sentir saudade da minha cidade.
Não proponho que esse texto finalize essa questão, mas que abra uma nova discussão, que os leitores mudem de opinião ou reforcem a sua própria. Em tempos de tantos conflitos étnicos e/ou religiosos motivados por variadas divergências me pergunto se é necessária essa rotulação, se não podemos simplesmente coexistir como seres humanos.
* Nessa ordem pelo simples motivo sonoro
Interpretación y comentario
La haftará que acompaña a la parashá “Koraj” (Samuel I, capítulos 11-12), describe el final de la época de los Jueces. En el capítulo ocho, el pueblo pide a Samuel que corone a un rey. Según ellos, los hijos de Samuel que deberían ser quienes juzgarían al pueblo después de él no merecían hacerlo porque no siguieron el camino de su padre: “Pero no anduvieron los hijos por los caminos de su padre, pues fueron tras la avaricia, recibieron soborno y no hicieron justicia” (Samuel I, 8:3). El pueblo quería ser como todos los pueblos, con un rey liderándolos.
Samuel se opuso duramente a los deseos del pueblo. A su entender, esto era un golpe directo a Dios, Rey de Reyes, el Único que debe reinar sobre Israel (versículo 6). Pero el Santo Bendito Sea le dice: “Y dijo Adonai a Samuel: Oye la voz del pueblo en todo lo que te digan; porque no te han rechazado a ti, sino a Mí me han rechazado, para que no reine sobre ellos” (versículo 7).
El pueblo se reúne en Guilgal y ahí Samuel corona a Saúl como rey de Israel. Samuel aún está sentido y dolido por el pedido del pueblo y por el rechazo a su liderazgo. Pero frente a todo el pueblo, él coloca a Dios y a Su elegido (el rey Saúl) como testigos y dice:
“Heme aquí, testificad contra mí frente a Adonai y frente a Su ungido. ¿El buey de quién he tomado? ¿El asno de quién he tomado? ¿Y a quién he oprimido? ¿O a quién he expoliado? ¿Y de mano de quién he tomado rescate para que me oculte mi ojo de él? ¡Yo os devolveré!” Dijeron ellos: “No nos has oprimido ni nos has expoliado ni has aceptado nada de mano de hombre alguno”. Les dijo a ellos: “Es testigo Adonai contra vosotros y es testigo Su ungido este día, que nos habéis hallado en mi mano nada”. Y dijo: “Es testigo” (Samuel I: 12:3-5).
Samuel pide testificar delante de Adonai y delante de Su ungido que durante toda su vida él se comportó con rectitud y justicia, no tomó nada de nadie ni hizo mal a nadie.
Estas palabras recuerdan las de Moshé en nuestra parashá. También allí hay una rebelión contra el líder. Además de Koraj y su gente, también se levantaron contra Moshé, Datán y Aviram de la tribu de Rubén. La razón oficial de la rebelión fue que Moshé no cumplió con su promesa y no llevó al pueblo a la tierra de Israel, sino que lo llevó a morir en el desierto. Moshé pidió hablar con Datán y Aviram para llegar a una conciliación. La reacción de Datán y Aviram fue clara: “No iremos” (Números 16:12). Moshé, que fue tras ellos para tratar de conciliar, se sintió profundamente dolido con esta respuesta, y así está escrito (Números 16:15): “Se enfureció Moshé mucho y dijo a Adonai: No aceptes su ofrenda; no he tomado de ellos ni siquiera un asno ni he hecho mal a alguno de ellos”.
Como Samuel, también Moshé declara que nunca tomó nada de nadie y nunca hizo mal a nadie.
En la Biblia, los gobiernos de ambos líderes son considerados como de rectitud y justicia. También nuestros Sabios vieron a Moshé y Samuel como modelos ejemplares de líderes ideales, y así está escrito en el Midrash Tanjuma, Parashat Shoftim, guimel: “Jueces y guardianes.... y es necesario que estén limpios de todo juicio, para que nadie abra la boca contra ellos, como Moshé y Samuel. Es decir, jueces y guardianes que no tengan nada que los pueda impugnar”. Los líderes del pueblo deben ser personas correctas y rectas, guardianes de la justicia.
Koraj, en nombre de la democracia, argumentó que cada uno en el pueblo puede ser líder, puesto que todo el pueblo es santo (Números 16:3). La santidad fue otorgada a todo el pueblo en el Monte Sinai. La santidad es un don. Pero ya aprendimos en la parashá “Kedoshim” (Levítico 19) que el sentido de “ser santo” es cumplir los preceptos de Dios y hacer justicia. El líder merecedor de ese puesto es aquél que es verdaderamente “santo”, como lo fueron Moshé y Samuel.
En estos tiempos tan difíciles que vivimos en el Estado de Israel, rezo para que podamos ser merecedores de líderes capaces que deseen con todas sus fuerzas ser “santos“, guardianes de la ley y de la justicia.
Estudio y análisis
Rabino
Dr. Alexander Even-Jen
Profesor de Pensamiento Judío, Instituto Schechter de Estudios Judaicos, Jerusalén
¿Cómo entender la rebelión? No se trata aquí de otra queja sobre asuntos materiales. Aquí se trata de una protesta contra la forma en que Moshé lidera al pueblo. Según las palabras de Koraj y de los líderes que se le unieron: “Se congregaron contra Moshé y contra Aarón y les dijeron: ¡Bastante para vosotros! Pues toda la asamblea, todos, son consagrados y en su seno está Adonai. ¿Por qué os enaltecéis por sobre la congregación de Adonai?” (Números 16:3).
1-¿Qué hay de malo en este pedido? Si es parecido a lo que pidieron Aarón y Miriam: “Dijeron: ¿Acaso solamente con Moshé ha hablado Adonai? ¡Ciertamente también con nosotros ha hablado! y lo escuchó Adonai” (Números 12:2).
2- ¿La demanda de Koraj es diferente a la de Aarón y Miriam?
3- Las palabras de Aarón y Miriam fueron escuchadas por Adonai. ¿Por qué ellos no tuvieron el mismo coraje que tuvo Koraj? Koraj se presentó directamente delante de Moshé y le dijo sus quejas de frente. ¿No era ése el camino correcto?
4- La crítica de Koraj también estaba dirigida contra Aarón. ¿Cómo se sintió Aarón cuando escuchó las palabras “directas” de Koraj, tan parecidas a aquéllas que él y Miriam dijeron “a escondidas”?
* Investigadora del Centro de Investigación sobre la Mujer en la Ley Judía del Instituto Schechter de Estudios Judaicos
Editado por el Instituto Schechter de Estudios Judaicos, la Asamblea Rabínica de Israel, el Movimiento Conservador y la Unión Mundial de Sinagogas Conservadoras.
Traducción: rabina Sandra Kochman
El barco irlandés fue abordado sin que huiera una confrontación
El "MV Rachel Corrie" llega al puerto de Ashdod
El barco irlandés "MV Rachel Corrie" arribó esta tarde al puerto de Ashdod, adonde ha sido conducido por las tropas israelíes que lo han abordado cuando pretendía alcanzar las costas de Gaza. Los ocupantes de la embarcación no ofrecieron resistencia. Portavoces militares israelíes han confirmado que en el "MV Rachel Corrie" viajaban 19 pasajeros, entre los que figuran la premio Nobel de la Paz norirlandesa Mairead Maguire y un ex subsecretario general de Naciones Unidas, el irlandés Denis Halliday. Las fuentes precisaron que las autoridades militares israelíes procederán a inspeccionar las 1,200 toneladas de ayuda humanitaria que lleva de carga el barco irlandés antes de trasladarlas a Gaza. El "MV Rachel Corrie" es el último barco de la autoproclamada "Flotilla Libertad", la cual arribó en la madrugada del lunes, y derivó en una ola de críticas internacionales a Israel, tras los enfrentamientos que se desarrollaron en el abordaje al barco turco "Mavi Marmara", donde un grupo de unos 40 pasajeros turcos atacó de manera violenta a los soldados que abordaron la nave. El barco irlandés sufrió un retraso debido a problemas técnicos. El abordaje del "MV Rachel Corrie" se produjo la mañana de hoy sábado, después de que el barco ignorara cuatro llamamientos realizados por dos navíos militares de Israel, que lo seguían desde primera hora de la mañana, para que atracara en el puerto de Ashdod en vez de internar hacerlo en Gaza. Según "Gaza Libre", uno de los grupos que organiza la expedición, el "MV Rachel Corrie" transporta 1,200 toneladas de ayuda humanitaria. Un oficial de la Marina, aseguró que "toda la asistencia que trae el barco, incluido cemento, será entregado en la Franja de Gaza, y los pasajeros podrán acompañar la carga hasta los cruces de frontera". "El cemento será entregado a la ONU o a una organización oficial, para asegurar que sea utilizado para fines civiles", dijo el oficial en referencia a la constante construcción en la Franja de túneles por los cuales se realiza el tráfico de armas a Hamás
Interpretación y comentario
Dos pecados que tuvieron consecuencias críticas fueron cometidos por el pueblo de Israel en el desierto: “el pecado del becerro de oro” y “el pecado de los espías”. Estos pecados son típicos de dos debilidades características del pueblo de Israel en todas las generaciones. Una: la tendencia de buscar otros dioses (en todo sentido) en momentos de crisis. Y la segunda: la falta de verdadera motivación para heredar la tierra. Estas debilidades aumentan y vuelven a lo largo de la historia del pueblo de Israel.
La gravedad de estos pecados se expresa en la Biblia mediante sus respectivos castigos.
El pecado del becerro de oro produjo la primera gran crisis en el pacto íntimo entre el Santo Bendito Sea y el pueblo de Israel, el “Pacto del Sinai” (“Os he alzado a vosotros sobre alas de águilas y os he traído a vosotros hacia Mí” (Éxodo 19:4). El quiebre de esta intimidad está simbolizado con el quiebre de las primeras tablas. Después de este pecado, se debilitaron las relaciones entre el Santo Bendito Sea y Su pueblo, y fueron menos íntimas. Fue necesario un nuevo orden y menos intimidad para continuar y fortalecer el pacto del Sinai: “Mi enviado irá delante de ti” (Éxodo 32:34). La gravedad del pecado del becerro es que su vergüenza y dolor la cargan también las próximas generaciones: “Les dijo el Santo Bendito Sea: Vosotros llorasteis en vano, pero Yo les decreto llanto por generaciones” (Taanit 29a).
La gravedad del “pecado de los espías” es mayor que la del becerro, y se expresa en la falta de preparación del pueblo para enfrentarse a las dificultades necesarias para heredar la tierra. Este pecado expresa, por un lado, la crisis de fe que empezó con el pecado del becerro y que llevó a Dios a dudar sobre la continuación de la existencia del pueblo: “Lo golpearé con mortandad y lo destruiré, empero te haré a ti un pueblo grande y poderoso, más que él” (Números 14:12). Hasta que Moshé pide desesperado: “Absuelve ahora la iniquidad de este pueblo de acuerdo con la grandeza de Tu benevolencia, así como has perdonado al pueblo éste, desde Egipto y hasta ahora. Y dijo Dios: He absuelto según tu palabra” (Números 14:19-20).
Por otro lado, el pecado de los espías es superior al pecado del becerro por la falta de fe en sí mismos para enfrentar las dificultades: “Parecíamos a nuestros ojos como langostas y así éramos ante los ojos de ellos” (Números 13:33). Este pecado hizo que el ingreso a la tierra fuera pospuesto por una generación completa.
A diferencia del pecado del becerro cuyas raíces están unidas al pasado del pueblo de Israel en Egipto -en la tendencia de buscar otros dioses en momentos de crisis-, el pecado de los espías se compone de dos transgresiones: la falta de fe en la promesa Divina de entregarles la tierra y la falta de fe en la capacidad “propia” del pueblo para enfrentarse a las dificultades necesarias para heredar la tierra y concretar así la promesa de Dios a Abraham. Por esta razón, su gravedad supera a la del pecado del becerro.
Grandes comentaristas analizaron el caso de los espías y trataron de aclarar la transgresión de quién es superior aquí. ¿Acaso la transgresión de los espías que no se conformaron con pasar información a los líderes de sus tribus, sino que se dirigieron -por sobre ellos- a Moshé y Aarón, e hicieron saber al público una información delicada para que el pueblo se rebele contra el liderazgo que lo estaba guiando a la tierra prometida? ¿O la transgresión del pueblo es mayor aún porque recibió la interpretación de los informantes y decretó: “No podremos subir contra el pueblo, ya que es más fuerte que nosotros” (Números 13:31) y no creyó en la promesa Divina de heredar la tierra?
Y todavía el gran asombro: ¿cómo un pueblo que vivió en Egipto cientos de años de dura esclavitud en que “Les amargaron sus vidas con trabajos duros, en argamasa y en ladrillos, y en todo trabajo en el campo. A todos sus trabajos los sometieron, haciéndolos trabajar con dureza” (Éxodo 1:14) con una antígua esperanza de volver a la tierra de sus padres (“Y la cuarta generación volverá aquí” Génesis 15:16), puede retroceder en un momento de prueba?
Tres opiniones interesantes y relevantes se encuentran en las palabras de los comentaristas.
El rabino Simja haCohen de Dvinsk, en su libro “Meshej Jojmá”, escribe: “Puede ser que dijeron que grandes guerras como ésas no son apropiadas para nuestra generación, sino para nuestros hijos, que crecerán sin humillaciones ni esclavitud. Por eso dijeron: `Porque más fuerte es que nosotros' y no que nuestros hijos”. Es decir, los espías quisieron evitar la entrada a la tierra porque, como representantes del pueblo, conocían la debilidad espiritual de éste y sabían que esta debilidad impediría que ellos vencieran en la lucha.
El rabino Ishaiahu Horowitz en su libro “Shnei lujot habrit al haTorá”, escribe: “Los espías tenían temor a los cambios sociales que vendrían como consecuencia de la entrada a la tierra y que traerían un obligado cambio en el liderazgo actual”.
La profesora Nejama Leibovitz, en “Iunim besefer Bamidvar”, escribe: “El pueblo y su liderazgo -que estaban acostumbrados a una vida de esclavitud-, tenían temor a la independencia y a la responsabilidad que surge dentro de esa independencia, por eso perjudicaron su entrada a la tierra”.
* Profesor de Educación y Halajá, Instituto Schechter de Estudios Judaicos, Jerusalén
Editado por el Instituto Schechter de Estudios Judaicos, la Asamblea Rabínica de Israel, el Movimiento Conservador y la Unión Mundial de Sinagogas Conservadoras.
Traducción: rabina Sandra Kochmann
La tripulación del barco irlandés "MV Rachel Corrie" ha ignorado un segundo llamamiento de los dos navíos militares de Israel que acompañan al barco desde esta mañana del sábado para que ponga rumbo al puerto israelí de Ashdod.
Una portavoz del Ejército israelí aseguró que "el barco irlandés sigue ruta hacia Gaza".
"Esta es la Marina israelí. Se están acercando a un área hostil, sujeta a un bloqueo naval. Gaza, su región costera y su puerto, están cerrados a todo tráfico marítimo; de modo que se les requiere modificar su curso y abstenerse de ingresar a la zona. Repito: la entrega de ayuda humanitaria a la población de Gaza es posible, a través de los cruces terrestres formales entre Israel y la Franja, tras la debida coordinación con las autoridades israelíes", fue el segundo llamado a la embarcación irlandesa, que se negó a acatar el pedido.
Israel ha advertido que impedirá la llegada del "MV Rachel Corrie" a Gaza después de que fracasaran el viernes las gestiones diplomáticas que realizó en los últimos días a través de Irlanda para que la embarcación atracara en Ashdod y desistiera en su intención de romper el bloqueo israelí y llegar a la Franja palestina.
El "Rachel Corrie" formaba parte de la autoproclamada "Flotilla Libertad" pero había retrasado su llegada a la región por problemas técnicos.
Las tropas de Israel abordarán el barco irlandés si éste no varía su rumbo, según ha advertido la portavoz para medios extranjeros en el Ejército israelí, Avital Leibovich, en declaraciones a la cadena británica BBC.
"Si no obedecen, tendremos que abordar el barco", señaló la fuente en declaraciones.
Según señala la BBC, el "MV Rachel Corrie" se encuentra actualmente en aguas internacionales, a unos 56 kilómetros de la costa de Israel.
"Hemos contactado con el barco, y les hemos pedido de forma educada que varíen su rumbo, y se dirijan al puerto de Ashdod. Si lo hacen, les hemos prometido que no abordaremos el barco", dijo Liebovich.
"Si no lo hacen por propia voluntad; si no obedecen, tendremos que abordar el barco", añadió la portavoz, quien señaló que Israel considera que el navío irlandés ha desafiado las instrucciones israelíes para que desembarquen en Ashdod
A frota de Gaza e os limites da força
AMÓS OZ
Por 2.000 anos, os judeus só conheciam a força da força em forma das chibatadas que lhes eram aplicadas. Há algumas décadas, porém, nos tornamos capazes de também exercer a força. Seu poder, no entanto, nos embriagou incontáveis vezes. Incontáveis vezes imaginamos que é possível resolver todo grande problema que encontramos por meio da força.
Como diz um provérbio, para o homem que carrega um grande martelo, todo problema tem jeito de prego. No período anterior à fundação do Estado, larga proporção da população judaica na Palestina não compreendia os limites da força e imaginava que fosse possível usá-la para atingir qualquer objetivo.
Por sorte, durante os primeiros anos de Israel, líderes como David Ben Gurion e Levi Eskhol sabiam muito bem que a força tem seus limites e cuidavam em não ultrapassar essas fronteiras.
Mas, desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel sofre de uma fixação pela força militar. O lema é: aquilo que não pode ser realizado pela força pode ser realizado por uma força ainda maior.
O cerco de Israel à faixa de Gaza é um dos fétidos produtos dessa visão. Origina-se da errônea suposição de que o Hamas pode ser derrotado pela força das armas, ou, em termos mais gerais, que o problema palestino pode ser esmagado em lugar de resolvido.
O HAMAS É UMA IDEIA
Mas o Hamas não é apenas uma organização terrorista. O Hamas é uma ideia. Uma ideia desesperada e fanática nascida da desolação e da frustração de muitos palestinos.
E ideia alguma jamais foi derrotada pela força nem por bloqueios, nem por bombardeios, nem soterrada sob as esteiras dos tanques de guerra ou atacada por forças especiais da Marinha. Para derrotar uma ideia é preciso oferecer uma ideia melhor, mais atraente e mais aceitável.
A única maneira de remover o Hamas é que Israel chegue rapidamente a um acordo com os palestinos para o estabelecimento de um Estado independente na Cisjordânia e na faixa de Gaza, tais como definidas pelas fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental. Israel precisa assinar um acordo de paz com Mahmoud Abbas e seu governo e, com isso, reduzir o conflito entre Israel e os palestinos a um conflito entre Israel e a faixa de Gaza.
E o último só poderá ser resolvido, em última análise, pela integração entre o Fatah, de Abbas, e o Hamas. Mesmo que Israel capture uma centena de outros navios rumo a Gaza, mesmo que envie soldados para ocupar Gaza mais uma centena de vezes, não importa quantas vezes Israel use suas Forças Armadas, polícia e forças clandestinas, não haverá como resolver o problema.
NÃO ESTAMOS SÓS
O problema é que não estamos sós nesta terra, e os palestinos não estão sós nesta terra. Não estamos sós em Jerusalém, e os palestinos não estão sós em Jerusalém. Até que nós, israelenses e palestinos, reconheçamos as consequências lógicas desse simples fato, viveremos todos em permanente estado de sítio: Gaza sob sítio israelense, e Israel sob sítio árabe e internacional.
Não desconsidero a importância da força. A força militar é vital para Israel. Sem ela não seríamos capazes de sobreviver nem por um dia. Ai do país que desconsidere a eficácia da força. Mas não podemos nos permitir esquecer nem por um momento que a força só é efetiva de modo preventivo para impedir a destruição de Israel, proteger nossas vidas e nossa liberdade.
Cada tentativa de usar a força não para fins preventivos, ou de autodefesa, e sim como forma de esmagar problemas e esmagar ideias conduzirá a novos desastres, como aquele que causamos para nós mesmos em águas internacionais, no alto-mar, ao largo das costas de Gaza.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Nascido em Jerusalém em 1939, Amós Oz é escritor e jornalista. Publicou 18 livros, traduzidos para cerca de 30 idiomas. Um dos fundadores do Movimento "Paz Agora", representa a chamada esquerda engajada, favorável à criação do Estado palestino. Ensina literatura hebraica na Universidade Ben Gurion
Alberto Mazor
Podría ser que el grupo de civiles que navegaba hacia Gaza llevara un enorme arsenal de armas blancas junto con sillas de ruedas, medicamentos, toneladas de cemento y muchas ganas de distribuir ayuda humanitaria en un territorio acosado por la miseria y la destrucción, gobernado por fundamentalistas islámicos radicales.
Esa flota calificada por ella misma como "misión de paz" es muy probable que escondiera a un puñado de terroristas dispuestos a todo, hombres sin escrúpulos empeñados en combatir contra Tzáhal, el ejército más democrático del mundo, que nunca deja de pensar en cuestiones morales.
No son superlativos únicamente míos. Lo de ejército democrático y de las cuestiones morales lo ha dicho también el filósofo judío-sionista Bernard-Henri Levy. De hecho, lo dijo justo antes de que Tzáhal abordara la nave turca. El afamado pensador francés que lamentó el ataque, manifestó que se trata de una acción "estúpida" porque daña la imagen de Israel.
Con todo, sean cuales fueren las buenas intenciones, que generalmente asfaltan el camino hacia el infierno, nuestro ejército democrático, que lucha para evitar que Israel caiga en manos de destructores armados con cuchillos, hachas, hondas y palos, no debería cometer estupideces tan evidentes. Tiene derecho a defenderse y a matar a quienes sea en defensa propia, eso está claro y aceptado, aunque se hallen en aguas internacionales y que naveguen bajo la bandera de un país que hasta ayer era más o menos nuestro amigo y nuestro lugar preferido para visitar y disfrutar de vacaciones con toda la familia.
Israel tiene el derecho e incluso la obligación de impedir que esa horda de amotinados amenace su seguridad nacional. Pero matar a tantos resulta bien estúpido, y quizá nuestra imagen se deteriore más de lo que ya está. Ese es el peaje que generalmente pagamos para poder continuar con nuestros exámenes morales, generalmente en los territorios y ahora también en alta mar.
El problema es que entre los viajeros de la flota que partió de Turquía habían también escritores famosos, periodistas renombrados o académicos considerados, conocidos en todo el mundo como individuos súmamente peligrosos que cuando no preparan invasiones sangrientas contra nosotros, se dedican a investigaciones muy meritorias en diferentes campos de la ciencia o la tecnología o a escribir sus impresiones del acontecer diario en los mejores periódicos del mundo.
¡Cuidado con personas como esas. Son de lo peor! Que todo se aclare pronto para que pueda demostrarse que el abordaje fue justo, proporcionado y responsable. Y que la nave era, desde ya, un arma de destrucción masiva apuntada directamente hacia el corazón de Jerusalén.
Pero cuidado también con esas buenas intenciones que acostumbran dividir todo en "buenos y malos"; porque si nosotros somos instantáneamente los malos, para el rol de buenos no quedan otros que Hamás, Hezbolá, la Hermandad Islámica, los Mártires de Al Aksa, las brigadas Izz ad-Din al-Qassam, la Jihad Islámica, los talibanes, Irán, Siria y Al Qaeda. Y ese caso no habrá más remedio que formar una armada en serio.
Silvio Tendler
Cineasta
Sres. que me envergonham:
Judeu identificado com as melhores tradições humanistas de nossa cultura, sinto-me profundamente envergonhado com o que sucessivos governos israelenses vêm fazendo com a paz no Oriente.Médio.
As iniciativas contra a paz tomadas pelo governo de Israel vem tornando cotidianamente a sobrevivência em Israel e na Palestina cada vez mais insuportável.
Já faz tempo que sinto vergonha das ocupações indecentes praticadas por colonos judeus em território palestino. Que dizer agora do bombardeio do navio com bandeira Turca que leva alimentos para nossos irmãos palestinos? Vergonha, três vezes vergonha!
Proponho que Simon Peres devolva seu prêmio Nobel da Paz e peça desculpas por tê-lo aceito mesmo depois de ter armado a África do Sul do Apartheid.
Considero o atual governo, todos seus membros, sem exceção, merecedores por consenso universal do Prêmio Jim Jones por estarem conduzindo todo um pais para o suicídio coletivo.
A continuar com a política genocida do atual governo nem os bons sobreviverão e Israel perecerá baixo o desprezo de todo o mundo..
O Sr., Lieberman, que trouxe da sua Moldávia natal vasta experiência com pogroms, está firmemente empenhado em aplicá-la contra nossos irmãos palestinos. Este merece só para ele um tribunal de Nuremberg.
Digo tudo isso porque um judeu humanista não pode assistir calado e indiferente o que está acontecendo no Oriente Médio. Precisamos de força e coragem para, unidos aos bons, lutar pela convivência fraterna entre dois povos irmãos.
Abaixo o fascismo!
Paz Já!
Silvio Tendler
Cineasta
Uno de los soldados de la Fuerza Naval Israelí, que participó en la intercepción del barco turco "Mavi Marmara" y que sufrió una fractura en el brazo a causa del brutal ataque de los pasajeros, describió los eventos que sucedieron:
"Cada soldado que descendía, era inmediatamente atacado por tres o cuatro individuos que, simplemente, explotaron en rabia. Nos lincharon. Tenían barras de metal, bates de béisbol, cuchillos, hondas, botellas de vidrio rotas. Y en un punto hubo fuego vivo".
"Yo estuve entre los últimos en descender, y vi que el grupo estaba dispersado, cada uno en un rincón de la nave, rodeado por 3 o 4 hombres. Quise ayudar a uno de mis compañeros, que estaba en el piso mientras era duramente golpeado, pero comenzaron a golpearme a mí. Así fue como terminé con una fractura en el brazo. A este punto, me encontraba desarmado, ya que bajé con las manos vacías, como todos los que descendimos del helicóptero".
"Entonces, vinieron y me atacaron nuevamente. Los derribé al piso y tome unos pasos hacia atrás, saque mi arma de balas de pintura (paintball) y les disparé en las piernas mientras se acercaban a mi. Ellos la destruyeron con hierros, y no me quedó alternativa que desenfundar mi pistola, que era el último recurso que me quedaba para defenderme. En ese momento, mi brazo ya no funcionaba".
"Desde la apertura del corredor nos disparaban con fuego vivo todo el tiempo".
El soldado israelí describió como los soldados estuvieron bajo fuego durante los incidentes: "Vi a dos compañeros en el piso. Desde la apertura del corredor les disparaban todo el tiempo con fuego vivo, balas de verdad. Pudimos identificar un barril de rifle, y uno de nosotros abrió fuego contra quien lo sostenía. Cuando entramos, luego, ya no se encontraba ahí. Nosotros llegamos para arreglar las cosas, pero cada uno de nosotros que descendió, simplemente fue atacado".
"Fuimos con la intención de detener el barco y dirigirlo a Ashdod, no teníamos las armas que normalmente tenemos, fuimos para algo totalmente distinto, no fuimos preparados a una confrontación violenta".
Fuente: Portavoz del Ejército
Para especialista, Oriente Médio sem bomba é ilusão
Historiador compara metas da revisão do TNP com "universo paralelo"
Israelense Avner Cohen diz que trato Brasil-Irã-Turquia é um "mau acordo, risível e que foi obtido por amadores"
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O plano de criar uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio -incluído no acordo que concluiu a revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear- é só um exercício vazio de retórica, sem nenhuma chance de implementação no mundo real. A avaliação é do historiador israelense Avner Cohen, que ficou conhecido por ter quebrado o pacto de silêncio em torno do arsenal atômico de seu país, por meio de livros e artigos que mapearam o mais sigiloso programa nuclear do planeta.
Folha - Qual a importância do documento aprovado na ONU na última sexta-feira?
Avner Cohen - Em última análise, o documento não tem nenhuma relevância na realidade.
Israel continuará fora do TNP, e os EUA continuarão a apoiá-lo nisso. A vitória do Egito [ao ganhar apoio na demanda de que Israel assine o TNP] não muda muita coisa na prática, e suspeito que terá pouco impacto político no mundo real.
De certa forma, a conferência de revisão é um universo paralelo. Foi importante para o governo Obama terminar a conferência em um tom positivo, pois ela é parte de sua agenda de desarmamento e de fortalecimento do TNP.
A aspiração a um Oriente Médio livre de armas nucleares é realista?
A menos que haja mudanças dramáticas no mapa político da região -ou seja, o fim do conflito árabe-israelense e o reconhecimento de Israel por parte dos países árabes - não haverá um sério movimento em direção a um Oriente Médio livre de armas nucleares.
Enquanto Israel mantiver sua política nuclear opaca, há pouca chance de haver uma discussão séria sobre o assunto. A política de Israel não vai mudar tão cedo. Portanto, essencialmente são apenas palavras, já que [o acordo] não abre a porta para ações significativas.
Como vê a política de ambiguidade nuclear de Israel?
Já foi adequada no passado, mas se tornou incompatível com a realidade do século 21, em que há crescente demanda por transparência.
O objetivo era permitir que Israel desenvolvesse e mantivesse suas capacidades sem criar fricção e confronto com o resto do mundo.
Hoje é do interesse de Israel encontrar uma forma de ser claro em relação à questão nuclear -por razões domésticas fundamentais, como a democracia e a prestação de contas, e também para se alinhar às normas internacionais.
Em última análise, Israel deveria ser tratado como o que é: um Estado com armas nucleares.
Mas estou em minoria: a maioria dos israelenses ainda apoia a política de ambiguidade.
Qual a capacidade nuclear de Israel?
Israel não se pronuncia, e não sei nada definitivo. A Inteligência americana mantém o tema vago, mas a suposição mais comum é que o país tenha algo entre 60 e 100 [bombas], talvez 200.
Como avalia o pacto Irã-Brasil-Turquia?
É um mau acordo, que foi obtido por amadores com o objetivo de descarrilhar o trem das sanções na ONU.
Uma manobra para permitir que o Irã ganhasse tempo. Nem o premiê da Turquia nem o distinto presidente do Brasil têm experiência em negociações nucleares.
É um acordo risível feito por amadores tentando marcar pontos na arena internacional.
Superficialmente o acordo se parece com a proposta de outubro de 2009, mas na realidade tem muitos buracos e temas não resolvidos.
O sr. diz que o Irã, mesmo que tenha a bomba, não a usará contra Israel. Por quê?
Acho que o Irã não produzirá a bomba se não for atacado. O país quer se posicionar muito perto da bomba, mas não necessariamente produzi-la. Não pensa em sair do TNP ou fazer um teste nuclear. Mas mesmo se fizesse isso, o Irã não seria uma ameaça a Israel porque sabe a consequência disso: seria destruído.
E não por Israel, mas pelos Estados Unidos.
Estou Aqui em Israel acompanhando todo o dia a violência generalizada no Navio de Marmara, com seus mortos e feridos.
Esta realidade quase sem fim aqui no oriente médio nos deixa cada vez mais alarmado e super preocupados sobre esse ciclo da violência que vem sendo cada vez mais preocupante, transformando a nossas vidas, a nossa normalidade, e as esperanças como algo cada vez mais dificil de ser alcançado, aqui no Oriente médio.
Não queremos perder as esperanças, e nem transformar a sagrada vida humana, numa mera banalidade como ocorre aqui nestes pequeno e agitado ponto do planeta.
Estamos Cansado de ver tanto Ódio, de ver nossos filhos jovens israelense e palestinos sem futuro, sem esperança.
O que nos resta a não ser gritar um GRITO FORTE para que alguém a mais dos dois lados possa nos ESCUTAR e fazer desse nosso GRITO do desespero humano, Num GRITO amplo que venha nos trazer de volta as esperanças .
CHEGA DE VIOLÊNCIA DE TODOS OS LADOS!
CHEGA DE MORTES E TRAGÉDIAS HUMANAS!
CHEGA DE OCUPAÇÃO E VIOLÊNCIA AOS TERRITÓRIOS E AO POVO PALESTINOS!
CHEGA DE TERRORISMO, E ATAQUES DE MISSEIS PALESTINOS AO POVO DE ISRAEL
BASTA DE MORTES!
BASTA DAS PALAVRAS DA FORCA!
BASTA DA VIOLÊNCIA E DAS GUERRAS!
BASTA DE PROPAGANDA E DA EDUCAÇÃO AO ÓDIO!
BASTA DE DEMONIZAR O OUTRO!
QUEREMOS CRIAR NOSSOS FILHOS ISRAELENSES E PALESTINOS JUDEUS, MUÇULMANOS E CRISTÃOS NUM MUNDO POSSÍVEL, NUM MUNDO MELHOR, ONDE A ÚNICA FORMA DE RESOLVER CONFLITOS SEJA SOMENTE ATRAVÉS DO DIALOGO E DO RESPEITO MUTUO AO DIREITO DA EXISTÊNCIA E DA DIGNIDADE DO OUTRO.
BASTA! HALAS! DAI! A VIOLÊNCIA!
Jayme Fucs Bar
Parashat“Behaalotjá''
Autor: Rabina Tamar Elad-Appelbaum*
Interpretación y comentario ``Habló Adonai a Moshé diciendo: Habla a Aarón y habrás de decirle: Cuando hayas de encender las velas, hacia el frente del candelabro habrán de alumbrar las siete velas. Hizo así Aarón: hacia el frente del candelabro encendió sus velas como había prescripto Adonai a Moshé'' (Números 8:1-3). En los primeros momentos de esta parashá -que también están relacionados con la haftará del profeta Zacarías-, se le ordena al cohén Aarón encargarse de mantener encendidas las luces del candelabro del Tabernáculo. En todas las culturas la luz tiene un significado místico pues, a pesar de que no ofrece seguridad, igual hace toda la diferencia. Por eso, se considera a la luz como algo espiritual: una persona espiritual es llamada ``iluminada'' y se nos pide ``iluminar'' la historia de la Humanidad. Pero, ¿cómo iluminar? ¿Y cómo mantener esa luz? Con una maravillosa simplicidad la parashá nos enseña que el secreto de la ``iluminación'' está en una palabra: ``behaalotjá'' (``cuando hayas de encender''). Nuestros Sabios se preocuparon de revelar los detalles del secreto del encendido de la luz. En el capítulo dos del Tratado de Shabat del Talmud de Babilonia, los Sabios tradujeron a un lenguaje práctico la frase ``cuando hayas de encender''. ``¿Con qué se enciende y con qué no se enciende?'', y una lista completa de mechas y materiales combustibles permitidos y prohibidos para encender con ellos las velas de Shabat. Criterios descriptos en un lenguaje halájico (legal) seco, cuyo objetivo era orientar a los individuos cómo encender la luz en sus casas en las vísperas del Shabat. Raba (amoraíta del siglo III en Babilonia) concluyó que hay un criterio para la mecha y un criterio para el aceite: ``Las mechas sobre las cuales dijeron los Sabios que no se encienden con ellas en Shabat, es porque la luz titila en ellas; los aceites sobre los cuales dijeron los Sabios que no se encienden con ellos, es porque ellos no son absorbidos por la mecha'' (Talmud de Babilonia, Shabat 21a). Es decir, la mecha prohibida es aquella que no permite al aceite alimentarla de manera fija, sino que algunas veces ella absorbe el aceite y otras veces, no. Este tipo de mecha genera una luz titilante y no es ése el tipo de luz que se nos pide en la víspera de Shabat. El aceite prohibido es aquél que ``no es absorbido por la mecha'', es decir, el aceite que no alimenta a la mecha. Raba resume la respuesta a la pregunta ``¿con qué se enciende?'' y explica: el encendido correcto ocurrirá solamente entre materiales que se alimenten y se correspondan uno al otro. Un aceite que encienda la mecha y se quede en ella, y una mecha que absorba el aceite de manera firme y se encienda con él. Parece que con las palabras ``con qué se enciende'' apuntaron nuestros Sabios a más lejos y no sólo al simple encendido de las velas. Durante miles de años de historia, nuestros Sabios nos trasmitieron los criterios espirituales para que seamos precisos en la tarea del mantenimiento de la luz del individuo y de todo el grupo. ``¿Con qué se enciende?'', suena como un eco la pregunta de nuestros Sabios en el Shabat de la parashá ``Behaalotjá''; ¿con qué materiales encendemos nosotros nuestras almas? ¿Y nuestros cuerpos? ¿Y la sociedad en la cual vivimos? ¿Será que nuestro encendido interior aumenta? ¿Será que somos absorbidos por la mecha del alma? Y no sólo al encendido de la luz interior se refirieron nuestros Sabios, sino al encendido de la luz en general y la luz ética. En su comentario espiritual al Talmud, escribe el rabino Abraham Itzjak HaCohen Kuk: ``...Que sea absorbido por la mecha material y no sólo que flote para aspirar un aire de sabiduría sin resultados concretos, buenos y justos. Así como esto es un certificado para el individuo, también lo es para todo el grupo''. La sabiduría y la iluminación personales no alcanzan. Ellas deben transformarse en un material de combustión para las acciones en favor de la ética general, de la moral que fluye hacia una luz fija y se eleva hacia la justicia y la rectitud. Desde que fue destruído el Gran Templo de Jerusalén, el pueblo judío apuntó a analizar su propio interior y preguntarse cómo construir una santidad que no vuelva a ser destruída. La parashá ``Behaalotjá'' nos revela cómo. La sabiduría no consiste en cómo encender la luz, pues la luz divina se encuentra en todas las criaturas. La sabiduría consiste en encenderla y mantenerla en una estabilidad constante. Debemos alimentarnos y alimentar a toda la sociedad con aceites y mechas de calidad. Debemos rechazar a aquéllos que hacen titilar la luz, y alentar a aquéllos que crean combustión y llamas que surgen de ella. Debemos asumir, así como asumió Aarón el Cohén en la para- shá ``Behaalotjá``, la responsabilidad de mantener la luz y su combustión. O sino vamos a descubrir que el candelabro es un obstáculo, que la luz es una sola. Encendamos la luz y tendremos éxito. Estudio y análisis Rabino Dr. Alexander Even-Jen Profesor de Pensamiento Judío, Instituto Schechter de Estudios Judaicos, Jerusalén El liderazgo de Moshé generó dudas no sólo en otras personas, sino también en el mismo Moshé. Él se auto critica, y esta crítica está dirigida también a Dios. Los reclamos del pueblo no son nuevos y son completamente comprensibles: el pueblo está hambriento, sufre, llora. ``Escuchó Moshé al pueblo que lloraba junto a sus familias, cada hombre en la entrada de su tienda. Se encendió el furor de Adonai mucho, y a los ojos de Moshé fue malo'' (Números 11:10). ¿Se trata de una revolución? ¿Por qué ``se encendió el furor de Adonai''? ¡Las personas lloran porque están mal! ¿Cómo se puede entender la reacción de Moshé: ``y a los ojos de Moshé fue malo''? ¿Qué fue ``malo'' según su visión? ¿El llanto del pueblo o el enojo de Dios? * Comunidad ``Maguén Abraham'', Omer Editado por el Instituto Schechter de Estudios Judaicos, la Asamblea Rabínica de Israel, el Movimiento Conservador y la Unión Mundial de Sinagogas Conservadoras. Traducción: rabina Sandra Kochmann
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'Esquerda francesa está moribunda' - entrevista com Bernard-Henry Levy
Andrei Netto, correspondente em Paris - O Estado de S.Paulo
Há pelo menos 30 anos, intelectuais discutem a consistência e a atualidade ou não de termos como esquerda e direita. Agora, filósofos e cientistas políticos parecem mais empenhados em renovar outro debate: a própria relação com a esquerda. Proliferam pelas livrarias de Paris títulos sobre o divórcio definitivo entre os intelectuais e o pensamento progressista, para muitos sintoma da migração do marxismo ao neoconservadorismo.
Em Le Procès des Lumières - Pourquoi le Monde Vire à Droite (Seuil), o cientista político, historiador e ensaísta Daniel Lindenberg discorre sobre a aproximação crescente entre o pensamento conservador e o liberalismo econômico. E conclui: estamos em guerra. De um lado, afirma, estão os defensores da herança iluminista, progressistas por natureza. De outro, os contrarrevolucionários, regressistas por definição.
Em Les Maoccidents - Un Néoconservatisve à la Française (Editora Stock), Jean Birnbaum segue a mesma linha acusatória. Aponta intelectuais como o filósofo André Glucksmann, um dos expoentes da "nova filosofia" de 1977, de esquerda, que 30 anos depois se tornou cabo eleitoral de Sarkozy. Por sua vez, em Les Intellectuels Contre la Gauche (Agone), Michael Christofferson, historiador, Ph.D. pela Universidade Columbia e professor da Universidade da Pensilvânia, tenta entender como a intelectualidade de esquerda em um país como a França migrou do radicalismo contemporâneo, modo sartriano - marcado pela defesa da classe operária -, ao progressismo midiático.
E há Bernard-Henri Lévy, com De la Guerre en Philosophie (Grasset), no qual esboça a visão de que o exercício da filosofia pressupõe o enfrentamento violento de ideias. De volta à filosofia após a publicação de uma série de ensaios nos últimos anos, Lévy falou ao Estado, em Paris, quando respondeu às críticas a seu livro e abordou outro tema, espinhoso: a relação entre os intelectuais e o ideário de esquerda.
Como o senhor filosofa?
A tese essencial do livro é que a filosofia é uma guerra, não é um exercício sereno. Trata-se de fixar compromissos, mas também se trata de um enfrentamento ideológica e culturalmente violento. Falo da violência das ideias, do choque de ideias.
Seu livro seria muito bem acolhido pela crítica, imagino, se não houvesse um trecho no qual o senhor aborda Jean-Baptiste Botul, autor inventado por um jornalista, Frédéric Pagès. O que Botul e toda essa polêmica representam para o senhor?
O autor existe e o livro também. Não há polêmica. É um autor que se chama na realidade Pagès e que assinou seu livro como Botul. Isso não muda nada. O livro existe e a ideia que ele defende também.
O senhor está em meio a uma guerra de ideias. É preciso combater as críticas?
Quando digo que a filosofia é uma guerra, não estou dizendo que é preciso fazer uma guerra contra um autor que tirei da obscuridade. A guerra é com os autores contra os quais eu me oponho, que defendem ideias diferentes das minhas. É essa a batalha das ideias. São elas que fazem a guerra.
O senhor é um crítico da universidade e, além disso, é alguém de esquerda. Muitos estão criticando a sua obra em função deste erro. É oportunismo?
As pessoas lutam com as armas que têm. É muito interessante que se critique o meu livro a partir desta ideia. Quando observo meus erros ao longo dos anos, os verdadeiros erros, de fundo e de pensamento, vejo que não são muito numerosos. Em uma época em que toda a intelligentsia se ligava a Sarkozy, eu não o fiz. Na época em que três quartos da intelligentsia estava cega sobre o genocídio em Darfur, eu fazia parte do grupo que o denunciava. Tive razão sobre Barack Obama. Eu o anunciei, em um texto que se chamava Black Clinton, quatro anos antes de sua eleição. Isso tudo é irritante. Alguém que erra tão pouco, que é tão livre quanto eu... Não tenho nenhum compromisso com o poder. Não sou comprável por nenhum poder. Alguém como eu é exasperante. Quando se encontra uma pequena brecha, uma pequena falha em um homem livre, que se engana pouco sobre o essencial, as pessoas se atiram sobre como um predador sobre sua presa.
Isso é guerra. É guerra honesta?
Não. Seria mais interessante me atacar sobre minhas posições sobre Althusser, ou sobre a minha tese. O que defendo nessas poucas linhas (em que cita Botul) é que os grandes filósofos têm corpos, que não são puros espíritos, cérebros etéreos, mas que seu pensamento é tributário de suas fisiologias. É uma tese. Posso estar errado. Mas seria mais interessante discuti-la.
Como a obra de Botul foi parar em suas mãos? O senhor leu esse livro?
Sim. Li como leio muitos outros livros, rapidamente. O que me interessa mais é o meu pensamento, as minhas ideias. Sou como um pintor. Não passo duas horas a me perguntar o que há dentro do tubo de tinta. Eu tomo a tinta em mãos e jogo na tela. Um livro, para mim, é como um tubo de tinta. Se suas ideias vêm ao encontro das minhas, suportam as minhas teses, eu as uso.
O que significa ser de esquerda hoje?
É preferir, por exemplo, a desordem à injustiça. Há pessoas que dizem: "Não mexa nas injustiças, porque vai desorganizar a sociedade." Prefiro desorganizar a sociedade, mas corrigir a injustiça.
A bandeira brasileira ostenta o lema
Ordem e Progresso.
Nossa, eu lhes aconselho mudar a bandeira e escrever "Justiça e Progresso". Seria melhor para o Brasil. E estaria mais de acordo com o que ele é, este grande país. E também de acordo com o presidente nada mal que vocês têm, que é Lula.
Lula apertou a mão de Kadafi ano passado e chamou Ahmadinejad de "amigo".
Eu ignorava isso. É um erro. Ahmadinejad não pode ser amigo de Lula. É um homem de extrema direita. Suas referências ideológicas são os anos 30 alemães, o pensamento nazista. É preciso informar Lula.
O senhor concorda com a ideia de que existe um divórcio crescente entre os intelectuais e o pensamento de esquerda?
Não. Há oportunismo de um ou outro... Alguns intelectuais se consideram mais virtuosos que outros. Quando são cortejados, ficam fascinados. Não acho que exista um divórcio entre a intelectualidade e a esquerda. O que é certo, na França, é que existe um divórcio entre a esquerda e o pensamento. É uma esquerda moribunda.
Lindenberg diz que a intelectualidade recusa o ideário iluminista e a ideia de Progresso hoje. O que o senhor pensa a respeito?
Eu não recuso nem o iluminismo, nem o progresso.
O senhor é uma exceção?
Não creio. Mas é verdade que existe uma sombra no iluminismo. O iluminismo não é apenas luminoso. Podemos cometer crimes em nome do progresso. Já aconteceu. Sou amante do iluminismo, nele estão as minhas raízes intelectuais. Mas eu sei, ao mesmo tempo, que ele tem uma face negra.
É o tema de La Barbarie à Visage Humain (1977), seu mais importante livro. Qual é a força atual de uma obra como essa?
O que é preciso guardar dela é que ninguém fará, em lugar do homem, o trabalho de construir a própria liberdade. Não é possível contar com nenhuma providência laica ou nenhum recurso religioso para fazer o trabalho em seu lugar. A barbárie existe graças ao que eu chamava de "messianismo profano", as filosofias da História, o progressismo entendido como "a História que caminha sozinha". É a ideia de que não podemos fazer nada além do que sentar e esperar o futuro que canta. Há versões de esquerda e de direita desse fenômeno. A de direita é a ideia da mão invisível do mercado, que conduz a sociedade independentemente do que possa acontecer. A de esquerda é a mão invisível da dialética, que conduz a sociedade em direção à sociedade "sem classes", igual e melhor. Creio que essas duas visões são terríveis. Os homens têm uma tarefa, que é criar a própria história, de não se deixar levar por nenhuma dessas visões.