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Se te perguntassem desta forma: “Israel é um país desenvolvido?” O que você responderia? Esta pode ser uma questão mais difícil do que parece ser à primeira vista.

Primeiro porque esbarramos no conceito de país desenvolvido. Não existe uma unanimidade a respeito deste termo. Alguns preferem destacar aspectos econômicos, como o PIB (Produto Interno Bruto) per capita e o nível de industrialização, enquanto outros destacam fatores como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e o Coeficiente de Gini (mede desigualdade de renda), que englobam de maneira mais ampla o conceito de bem-estar de uma população.

Para o propósito deste texto, vou utilizar uma mescla de vários índices que, em conjunto, representam aspectos que eu acredito serem importantes para mensurar o nível de desenvolvimento de um país.

Vamos tentar discutir alguns pontos com base nos índices fornecidos pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) instituição da qual Israel passou a fazer parte em 2010.

O próprio fato de ter sido aceito como país-membro tem um significado especial para a nossa análise: o país foi credenciado a fazer parte do seleto grupo de 33 países que se destacam tanto por apresentar um elevado PIB per capita, como por obter um alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)[i]. Ou seja, os demais países acreditam que Israel é capaz de ser sócio deste restrito clube. Mas será que eles têm razão?

Uma rápida análise dos índices pode levar a resultados enganosos. Em geral, a Start-up Nation apresenta alguns resultados surpreendentes a nível macroeconômico. Podemos identificar (Gráfico 1) que Israel tem tido um crescimento do PIB bem acima da média dos países da OCDE. Vale notar que mesmo no auge da crise mundial, a economia israelense manteve o seu crescimento.

Com respeito ao desemprego, novamente o desempenho de Israel é consideravelmente superior ao de seus colegas membros da OCDE. De acordo com a instituição, o país apresenta menores taxas de desemprego do que a média dos demais como pode ser visto abaixo. (Gráfico 2).

Além disso, Israel apresenta um elevado PIB per capita, inflação estabilizada e alta expectativa de vida. Sem contar outros muitos índices favoráveis[ii] em setores importantes como a educação superior e a inovação tecnológica.

Então está bem. Consegui responder a pergunta?

Gostaria de poder parar por aqui. Mas infelizmente, esta é apenas uma parte da história. Se observarmos outros fatores, veremos que Israel se posiciona exatamente no outro extremo em questões muito importantes para a qualidade de vida de um país. Por exemplo, os israelenses ocupam um incômodo quinto lugar (ver Gráfico 3[iii]) na medição de desigualdade de renda (com base no Coeficiente de Gini).

Em relação à pobreza, nossos resultados são ainda piores. Israel é o país com a maior taxa de pobreza entre os membros da OCDE, como pode ser visto nesta reportagem do jornal Haaretz[iv].

Se a pobreza e a desigualdade são os dois principais problemas socioeconômicos do país hoje em dia, existe ainda uma vasta coleção de índices ruins que os acompanha: preços altos de alimentos (em especial laticínios), elevado grau de congestionamento (comparando com países de tamanho e população similares)[v], exorbitantes preços de moradia e aluguel , entre outros, que colocariam Israel em uma posição muito distante do patamar de país avançado.

Ou seja, dependendo de qual conjunto de índices estamos analisando, podemos encontrar diferentes perspectivas de um mesmo lugar. Particularmente, acredito que o balanço geral é positivo. Mas assim como o Brasil apresenta diversos gargalos estruturais, Israel também deve cuidar de seus problemas básicos para seguir adiante e não retroceder. Os maiores desafios são o combate ao avanço da pobreza, a diminuição da desigualdade de renda entre os distintos setores da sociedade e a redução dos custos de vida.

Vale notar que muitos destes problemas estão diretamente relacionados à inclusão e à capacitação de trabalhadores atualmente excluídos ou marginalizados no mercado de trabalho, com destaque para os setores ultra-ortodoxo e árabe-israelense. Desta forma, a solução dos problemas está longe de restringir-se apenas à políticas econômicas. Estamos falando de mudanças sociais mais profundas que dizem respeito a questões religiosas e ideológicas.

Resta saber quem estará disposto a liderar reformas estruturais nestes campos. Se trata de uma missão ingrata e politicamente desgastante, mas que pode ser definitiva para o futuro do país.

Fica a pergunta: quem será o nosso “Mashiach”?

http://www.conexaoisrael.org/israel-pais-desenvolvido/2013-10-28/amir

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1.Entender o conceito do Único.

Essa Mitzva é um dos conceitos básicos do Judaísmo, conceito que bem explica a base dos princípios judaico. Isso quer dizer, que Todos os seres humanos são iguais nos mais amplo transcendente, somos iguais desde a nossa origem somos iguais na responsabilidade uns com os outros, somos todos parte dessa unidade, Somos todos parte integral desse ÚNICO, ele é o Tudo ele é o Nada ele é a Natureza ele é o Universo, ele é o Equilíbrio, ele é a Vida sagrada. Somos parte inseparável desse UM, desse ÚNICO independente de nossas nacionalidades, raças, cores, crenças e religiões.

2.Amar ao próximo como a ti mesmo.

Essa Mitzva é considerada uma das mais importantes, onde o famoso Rabbi Akiva dizia: “Amar ao próximo como a ti mesmo esta é a maior regra na Torá, onde se você realizar essa Mitzva Amar ao Próximo é como se estivesse realizando todas as 613 Mitzvot". Essa importante reflexão judaica sobre o Amor ao Próximo pode ser entendida em múltiplos níveis, que se passa num diálogo constante entre o ÚNICO e o ser humano, entre o ser humano com o outro, entre o ser humano a si mesmo.Um famoso Professor da Universidade de Ben Gurion a Rav Pinchas H. Peli dizia sempre aos seus alunos "Que cada um de nos deveríamos trasladar os dez mandamentos em preceitos personalizados ou seja não roubar de si mesmo, não matar a si mesmo e não cobiçar de si mesmo e sobre tudo amar a si mesmo como forma de aprender a amar o próximo".

3.Estudar a Torá.

Essa Mitzva de estudar a Torá é parte inseparável do Judaísmo, independente da corrente ou crença que exista no judaísmo, o que tem em comum é a fonte da Torá, pois ela é a pedra fundamental da civilização judaica. A Tora é a referência originária do significado da moral e da ética do ser humano, é a fonte de nossa sabedoria, de nossa cultura e tradição. Segundo os sábios, a Torá tem 70 faces que somente estudando a Torá encontraremos a face que buscamos. Talvez nesta face encontraremos a chave para ajudar a enfrentar os desafios humanos da atualidade.

4. Espiritualidade humana.

Essa Mitzva é muito importante neste mundo materialista, consumista e competitivo na qual vivemos, Essa Mitzva é não deixar transformar os valores judaicos em algo instrumental em nossas vidas, " fazer as coisas porque assim fazemos " prática muito comum em certas correntes do atual judaísmo tradicional. O Judaísmo é em sua essencia cheio de valores espirituais e humano, Isso quer dizer saber o porque que fazemos as coisas! O Sábio Emmanuel Levinas Dizia " Judaísmo é uma religião para adultos" Ele queria dizer que devemos praticar o judaísmo na sua profundidade espiritual, procurar essa espiritualidade na essência do espírito da Torá que vem sempre acompanhada de uma mensagem humana.

5.Educar.

Essa Mitzva trata da base da continuidade judaica, onde a educação tem um papel fundamental na vida judaica. A identidade judaica é fortalecida, é preservada através da educação. A Família, a escola Judaica, o movimento Juvenil e a vida comunitária tem uma importância central na formação da identidade Judaica, onde lá se pratica, se estuda, se vivencia sua cultura, suas festividades, suas tradições, seu ciclo da vida judaica, criando e mantendo seus rituais, invocando e valorizando o estudo da sua história, sua filosofia, literatura, e todo tipo de manifestações culturais judaica, sempre em um ambiente livre e pluralista.

6.Tsedaká.

Essa Mitzva da Tsedaka é fundamental na vida de todos seres humanos, nada mais que o famoso sábio Moshe Maimonides conhecido como Rambam, que foi um dos primeiros a criar dentro do marco de uma estrutura social comunitário judaica uma rede social que denominou de “KUPA”. “Em toda cidade que vivem judeus, se deve criar redes de benefícios onde que em todas as sextas feiras antes da entrada do shabat os dignos da comunidade deverão contribuir na caixa social (Kupa)”. Essa será a forma que Maimondes, descobriu para colocar em prática essa Mitzva , onde o dinheiro arrecadado se aplica principalmente na educação e na ajuda dos necessitados. A rede social vai garantir a manutenção dos mais pobres investindo na educação e na formação de seus filhos como forma de romper o ciclo da pobreza.

7.Manter nossos laços com a terra de Israel.

Essa Mitzva nos lembra as nossas origens e a relação inesperada do judaísmo com a terra de Israel, onde devemos constantemente vincular nossos laços com a terra de Israel como centro de nossa cultura e civilização. A Vida Judaica nas comunidades devera estar sempre ligada ao conceito que Judaísmo e Israel é algo inseparável sua história, cultura e tradições estarão sempre interligadas mesmo que muito judeus continuem vivendo em lugares diferentes no mundo. Essa Mitzva nos lembra do nosso compromisso com o destino do atual Estado Judeu, que devera cumprir na prática a carta magna de sua independência de almejar um estado dos sonhos dos profetas de Israel, um estado judeu baseado na Paz com seus vizinhos, respeito mutuo entre os povos, um estado de justiça, de solidariedade e igualdade e direitos para todos os seus cidadãos.

8. Abençoar a criação.

Essa Mitzva está vinculada ao Shabbat que é o dia da semana que abençoamos e homenageamos a criação de tudo que existe neste mundo, é uma lei universal que garante a todos seres humanos um dia de descanso semanal. Shabat é a hora da transição, é o momento onde paramos o nosso ritmo semanal que foi repleto de trabalho, compromissos, tensões, e preocupações é o momento de dar a nos mesmo um dia da semana especial, diferentes dos outros dias, um dia para estarmos juntos com a família, entre amigos, em nossa comunidade. É o dia que devemos passear, meditar, namorar, falar de coisas boas, é o dia especial para estar com nossos filhos e sobretudo se deslumbrar junto à natureza e abençoar a vida.

9. Kashrut social e ecológica.

Essa Mitzva é uma necessidade imediata na vida de todos os seres humanos em nossos tempos. Ela foi alertada no final dos anos 70 pelo Sábio Rav Zalman Schachter que viu a necessidade de fundir o tradicional conceito judaico das leis dietéticas com um novo termo "Eco- kosher ". Eco- kosher está conectada não somente com a prática dietética judaica mais também como a necessidade de uma responsabilidade social e ecológica ampla. A Torá é cheia de fonte de leis sociais e ecológicas claras, não menos importante que as leis dietéticas. Ela fala claramente na obrigação de um tratamento justo aos direitos dos trabalhadores, e na responsabilidade ambiental. Essa Mitzva é um alerta de como cuidar das coisas vivas, como guardar a natureza como respeitar o outro com dignidade, pois no judaísmo a vida e a natureza é sagrada!

10. A Pratica do ciclo da vida judaico e suas festividades.

Essa Mitzva está relacionada diretamente ao dia a dia da vida judaica, familiar e comunitária. Cada passo da prática do ciclo da vida judaica, ( Brit Mil, BarMitzva, Casamento e Sepultamento) e a comemoração de nossas festividades é uma evidência dessa nossa trajetória de 4000 anos na história da humanidade. Essa Mitzva tão importante é na prática a vivência de nossas tradições e costumes, cada comemoração é sempre acompanhada de mensagens humanas de valores culturais, morais e éticos onde o dever dessa Mitzva é passar esse legado de geração a geração.

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O trânsito em Israel: dá-lhe Waze! Da Conexão Israel

 

Estradas em Israel são um arraso. Desbunde mesmo, cada uma com seu número de identificação, pares quando no sentido norte-sul, ímpares no leste-oeste, curtos para estradas grandes (um dígito), compridos para estradas pequenas (até quatro dígitos). Pavimentação impecável, cruzamentos coerentes e organizados, sinalização incrível e em três línguas, coisa obrigatória por aqui. Não apenas eu amo as estradas israelenses: todo o resto da população também. Isso deve ser uma das razões pelas quais os locais têm ou sonham em ter um carro, motivo que corre em páreo com o fato de o transporte público intercidades ser uma lerdeza e pouquíssimos felizardos desfrutarem da alegria de trabalhar na mesma cidade em que residem. Tudo isso colocado, vai aqui a má notícia para quem ainda não sabe: os congestionamentos por aqui, ou “pkakim” em hebraico, são um inferno.

Israel - ConexaoIsrael - kvish mahir

Segundo as estatísticas do Governo, existem hoje perto de 2,8 milhões de carros circulando, e cada um dele roda cerca de 37 mil quilômetros por ano. Foi divulgado recentemente que o número de acidentes fatais no trânsito reduziu-se em cerca de 25% de 2011 para 2012 (algo em torno de 300 mortos). Isso colocou Israel, segundo a Secretaria Nacional de Segurança no Trânsito, no lugar de 11º país do mundo mais seguro para se dirigir.

Esses números condizem com a minha sensação como motorista. Embora haja tanto carro e um buzinaço sem tamanho – o israelense motorizado é um tanto neurótico e não perde a oportunidade de expressar sua opinião enfiando a mão com vontade na buzina –, o trânsito é civilizado, de forma geral: o sinal amarelo é obedecido e a faixa de pedrestes, respeitada. Esseparadoxo de extrema educação com quem está a pé e a falta dela para com o motorista vizinho é só mais um dos muitos nesse país.

Tel Aviv travou de vez. E a tendência é piorar, devido à quantidade de torres estratosféricas que estão sendo erguidas em meio às vielas da cidade, criando uma mistura de arquitetura bem interessante, que transita do Bauhaus, passa pelo semicortiço e chega em aranha-céus (fazia tempo que não usava essa palavra!) envidraçados. Em uma matéria meio antiguinha que li no Haaretz (de 2010), um dos maiores jornais das bandas de cá, o ministro das Finanças calculava 20 bilhões de shkalim por ano (arrendondando dá uns 5 e tantos bilhões de dólares) em perdas financeiras resultantes dos congestionamentos. Quase 20% desse valor teria sido gerado pelos congestionamentos em Tel Aviv e seus arredores.

Israel ConexaoIsrael - pkak

Nossa amada capital, Jerusalém, está congestionada já faz alguns milênios e não ouvi falar sobre nenhum plano viável e próximo de corrigir o problema. O que já foi anunciado, isso sim, é que a composição de números que constam nas placas dos veículos – hoje são sete – vai aumentar para 8 para atender ao crescente número de veículos na rua. Enquanto isso, ninguém escapa desse fuzuê, e até a minha “hometown”, a pequena Raanana, mirradinha e suburbana com seus 90 mil habitantes, se rende ao caos em horários de pico, de manhã e no fim da tarde. 

E assim, de buzina em buzina, a gente vai prosseguindo aqui, com a ajuda divina e do Waze, esse sistema bacaninha de GPS que ficou famoso também fora da aqui quando o Google o comprou, em junho passado, por 1,1 bilhão de dólares. A coisa que mais gostei nessa história da aquisição foi a exigência dos executivos da empresa: paga e leva, mas deixa a operação da empresa aqui em Israel. O Waze é, aliás, meu vizinho – o escritório deles está aqui em Raanana. Quem sabe não descolo um emprego por lá? Daí entro, contente da vida, na lista dos poucos felizardos que não precisam pegar estrada para trabalhar. http://www.conexaoisrael.org/transito-israel-waze/2013-10-16/colaborador

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No lugar certo, na hora certa

Israel - COnexaoisrael - Miriam

Miriam Sanger, nascida em Recife mas de sangue paulistano, formou-se em Jornalismo em 1991 pela Faculdade Cásper Líbero Chegou a Israel em julho de 2012 e vive com a filha pré-adolescente em Raanana, no centro do país. Temas ligados a cultura, judaísmo, sociedade e comportamento a interessam especialmente. Por isso, mas não só por isso, não tem dúvidas de que está no lugar certo, na hora certa. (SP).

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Em uma recente pesquisa realizada pelo Instituto Israelense para Democracia, 66% dos Israelenses dizem ser a favor das negociações de paz com os palestinos. Especificamente, 90% dos entrevistados árabes contra 60% da população judaica concordam com o processo.

 

Um panorama positivo, não? Seria, se a mesma pesquisa não apresentasse os seguintes dados:

55% da população se opõe ao retorno as fronteiras de 1967 (contra 38% que se demonstram a favor).

48% da população se opõe (contra 43%) a transferência dos territórios ao redor de Jerusalém a Autoridade Palestina, mesmo com um acordo em relação a lugares sagrados.

52% (contra 44%) da população se opõe a evacuação dos assentamentos mesmo que esta não ocorra em Maaleh Adumim, Ariel e nos blocos de assentamentos.

67% (contra 28%) da população se opõe a reconhecer o direto de retorno de uma parcela de refugiados palestinos acompanhada de uma compensação financeira a outros.

Diante desses dados algumas perguntas tornam-se relevantes: o que os 66% da população israelense pensa quando se diz a favor das negociações de paz com os palestinos? O que essa parcela da sociedade está disposta a ceder para alcançar a paz? Por fim, o que o israelense entende por “negociações de paz com os palestinos”?

Para responder a essas perguntas seria necessária uma avaliação qualitativa dos dados; ou seja, entrevistas pessoais, investigação psicológica, análise de aspectos sociais, avaliação histórica das negociações, etc. Seria necessário e tomaria um longo tempo para que encontrássemos uma explicação plausível para o quadro com o qual nos defrontamos. No entanto, na mesma pesquisa alguns dados nos dão indícios por onde iniciar as nossas especulações:

67% da população judaica, contra 27% da árabe, se opõe ou não tem uma opinião formada quanto ao retorno as fronteiras de 1967.

57% da população judaica, contra 44% da árabe, se opõe ou não tem uma opinião formada quanto a transferência dos territórios ao redor de Jerusalém a Autoridade Palestina, mesmo com um acordo em relação a lugares sagrados.

60% da população judaica, contra 31% da árabe, se opõe ou não tem uma opinião formada quanto a evacuação dos assentamentos mesmo que esta não ocorra em Maaleh Adumim, Ariel e nos blocos de assentamentos.

81% da população judaica contra 16% da árabe se opõe ou não tem uma opinião formada quanto a reconhecer o direto de retorno de uma parcela de refugiados palestinos acompanhada de uma compensação financeira a outros.

Os números acima indicam uma direção à explicação que buscamos: a população judaica, por mais que esteja majoritariamente a favor das negociações, não está disposta a considerar as possibilidades que conduziriam a uma conclusão positiva desse processo. Talvez isso explique os quase 70% (sim, 70%!) da população judaica que não acredita que as negociações terminarão com a paz. Não me surpreende a descrença quanto ao processo de paz; ela é coerente com a ausência de possíveis soluções. Surpreende-me, no entanto, os 65% da população judaica que se demonstram a favor das negociações.

Diante desse quadro, três explicações parecem-me plausíveis:

 

(1)  A população judaica em Israel não entende o significado da palavra negociação.

(2)  A população judaica em Israel não está disposta a ceder. Negociação significa receber e, somente, receber.

(3)  A população judaica em Israel é esquizofrênica. Seu super-ego vislumbra uma realidade que contradiz seus instintos (id). Seu ego já não é mais capaz de controlar esse conflito interno e o colapso torna-se iminente; um distúrbio instalado na mentalidade judaica israelense.

As três possibilidades têm que ser rigorosamente analisadas. De fato, uma explicação para essas contradições torna-se fundamental para que as negociações adquiram legitimidade; uma explicação torna-se necessária para substituirmos a vazia pergunta “se somos a favor da paz” por uma que nos indique com maior precisão a mentalidade israelense. Por agora, o que podemos fazer é nos acomodar em nossas poltronas e assistir a mais um capítulo da vigésima temporada da série “todos falam de paz … (mas ninguém fala de terra)”.

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Parashá Mística: Gn.18:1-22:24, 2Rs. 4:1-37;

ZOHAR VOL. 03 – VAYERÁ

 

“Durante o sacrifício de Yitzchak, um anjo chama o nome de Avraham duas vezes. Cabalisticamente, Isaac corresponde ao desejo negativo e egoísta do homem em receber, a raiz de todo comportamento egocêntrico. Avraham é uma metáfora para os atributos de compartilhamento positivo do ser humano. A voluntariedade de Avraham para sacrificar seu filho Isaac é um código significando a subjugação completa do desejo negativo para receber. A segunda chamada pelo nome Avraham pelo anjo indica a transformação completa da natureza Avraham no desejo de compartilhar”.

“A relevância da Passagem”

“Ações extraordinárias de Avraham e sua  fé criou um reservatório de energia espiritual para todas as gerações futuras de aproveitar o seu esforço para transformar completamente a sua natureza. A mudança de nome Avraham neste texto de Zohar é o portal através da qual a energia flui. Estas forças metafísicas despertam uma consciência dos nossos próprios atributos negativos e gera o desejo e a força para subjugar o nosso ego, transformando todos os nossos desejos negativos em atributos positivos que incorporam o cuidado e compaixão pelos outros”.

COMENTÁRIOS DO MORÉH ALTAMIRO DE PAIVA

Podemos aplicar o incidente para nós, com o exemplo de Abraão, que ao oferecer Yitzchak ao sacrifício, nos lembra o simbolismo de sacrificarmos o nosso Ego. Ao ser chamado duas vezes pelo nome, Avraham, entra no rol dos Tsadakins, dos justos, que assim como Samuel e Moshe também foram chamados.

O sacrifício do Ego, em Yitzchak, possibilitou ao Patriarca, a chessed, a misericórdia do Criador, quando providenciou a oferta para o sacrifício. Ao abrirmos mão do nosso Ego, certamente receberemos do Eterno as bênçãos no aperfeiçoamento da nossa espiritualidade. Shalom!

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SHABAT SHALOM – Em defesa da FÉ

Estava a olhar o meu face, e na minha linha do tempo foi postada uma mensagem de uma organização religiosa, que além de afirmar pertencer a uma nova aliança, ainda se diz a única religião na qual o homem se salvará. Como foi postada em meu face, tomei a liberdade de contra-argumentar, de que desconhecia aquela informação, pois se verdadeira, os nossos profetas teria acesso, e simplesmente surgiu tal idéia numa organização religiosa no Brasil.

Em poucos instante fui avisado por amigos que a organização religiosa sentindo-se magoada pelo teor dos meus comentários, não desrespeitosos, orientou aos seus associados a me banirem do face. Os defensores do NT não dizem que quando sofrem uma agressão na face, dão o outro lado prá se bater? Ledo engano são na realidade, exclusivistas, presunçosos, orgulhosos, prepotentes, e como alguns líderes protestantes pensam que são os donos da salvação ou da Redenção.

Respirei e voltei a calma. Reconheço minhas fraquezas, até as minhas limitações de escrever, apesar de Jornalista e Advogado, mas uma coisa aprendi, nós podemos enganar a muitos por algum tempo, mas não a todos o tempo todo. Amanhã vou a Beit me reenergizar, estudar a Toráh, e fazer conexão com o Criador, e vou rezar bem forte ANAH BECHOAAAAAAAAAA, pra junto aos meus Chaverim, me libertar das clipots, da negatividade e do mal olhado, quero exercer o perdão e me entregar nas mãos do Eterno. Chegou o Shabat, SHABAT SHALOM!

Moréh Altamiro de Paiva

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PRECISAMOS DE ALGUÉM... Jayme Fucs Bar

PRECISAMOS DE ALGUÉM...

Que entenda a necessidade de criarmos o nosso próprio marco comunitário, ter os nossos próprios rabinos, nossas sinagogas, nossos centros de estudos, manifestando a nossa própria forma de ser judeu humanista.

Precisamos de alguém...

Que esteja interessado em ser parte de um grupo que define que judeu é todo aquele que se identifica como judeu e se sente vinculado à sua história, cultura e tradições.

Precisamos de alguém...

Que esteja interessado na valorização da educação judaica como instrumento maior para a formação da identidade judaica humanista, identidade que assuma responsabilidades comunitárias, sociais, políticas e ecológicas.

Precisamos de alguém...

Que acredite que o Judaísmo é uma das práticas da liberdade e da dignidade do povo judeu e defenda o direito à liberdade e à dignidade de todos os seres humanos.

Precisamos de alguém...

Que possa compreender que o Judaísmo é uma civilização, que o Estado de Israel é o centro da Civilização judaica e que a revolução sionista foi uma revolução cultural que proclamou a soberania espiritual do homem judeu no centro de sua cultura e civilização.

Precisamos de alguém...

Que não tenha medo de enfrentar este mundo de crises, de individualismo, de guerras, de racismo e de preconceitos, de competição e de consumismo, e que entenda que o Judaísmo Humanista procura respostas a essa crise.

Precisamos de alguém...

Que acredite que a história judaica é uma das sagas do ser humano, que o Tanach e o Talmude são referências  originárias do significado da moral e da ética do ser humano e que está em nossas mãos a responsabilidade na resolução dos problemas humanos.

Precisamos de alguém... Que acredita numa comunidade judaica humanista da visão dos profetas de Israel, almejando uma sociedade de paz, justiça e respeito ao outro.

Precisamos de alguém...

Que Ame a Deus, Que Ame a Torá , Mais Que Não Esquece jamais de Saber Amar o Proximo.

Jayme Fucs Bar

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Israel é um país curioso.

Aqui se observam contrastes, diferenças, esquisitices e peculiaridades. Pessoas do mundo inteiro construíram o Estado e seguem até hoje, com suas mais diferentes culturas, fazendo parte da sociedade neste pequeno país. O atento leitor logo dirá que assim também é no Brasil. Verdade. A maior diferença está no fato de que em Israel, os contrastes são visíveis no dia-a-dia, em cada caminhada na rua, em cada subida no ônibus, a cada ida ao mercado ou em um simples dia de trabalho. Isso tudo, eu sei, pode ainda não ser suficiente para transformar essa sociedade em “tão peculiar assim”, então vejamos um caso bastante comum por estes lados:

Há muitos anos atrás, principalmente na Europa, estimulados por grandes rabinos, judeus ortodoxos passaram a se vestir com roupas longas, com o intuito de resguardar, fortalecer a religião e até mesmo se diferenciar dos demais povos (nem sempre por vontade própria).

Dependendo da vertente e da localização geográfica, as cores da roupa podiam variar, mas a mais comum era a preta. Os princípios que regiam os códigos de vestimenta dos Charedim (ultra ortodoxos) eram a modéstia, o respeito e a limpeza, a diferenciação para os goym (não judeus) e o luto (pela derrota na “Grande Revolta Judaica”, no ano 66 d.C.). Pois esse costume foi mantido, mesmo passados centenas de anos. Ainda que não seja uma “lei” judaica, boa parte dos ultra ortodoxos mantém a tradição de usar as mesmas roupas utilizadas naquelas épocas, no rigoroso frio europeu. Esses cidadãos, geralmente, preferem viver isolados e concentrados em algumas cidades e bairros. É inevitável, no entanto, que eles circulem por todo país. Eles são parte integral do cenário israelense.

As últimas pesquisas estimam que vivem em Israel aproximadamente 700 mil ultra-ortodoxos, quase 10% da população. Em alguns lugares e ocasiões, não chega a chamar atenção a presença de um Charedí, justamente por já fazer parte do cenário, em outras, pode ser algo bastante atípico.

charedipraia

Em qual país, no auge do verão, com temperaturas beirando os 40 graus e a umidade relativa do ar batendo recordes, alguém se sujeitaria a vestir roupas escuras, longas, pesadas e quentes? Pense por alguns instantes, mas não se esforce muito, porque certamente não encontrará. Aqui é comum.

Nesses dias de intenso calor, eu só consigo pensar no momento em que estarei saindo da rua e entrando em ambiente fechado, com ar condicionado funcionando nas mais baixas temperaturas. O desconforto em andar por alguns minutos na rua é tão grande, que as pessoas planejam suas rotinas sem precisar perambular por muito tempo sob o sol que aquece e muito nossas cabeças.

charedipiscina

Qual o preço que se paga por um costume? Vale todo sacrifício para manter viva uma tradição? A roupa que você usa mostra, necessariamente, os valores que você tem? Seria o sofrimento uma virtude? Que judaísmo é esse que – em pleno Oriente Médio – não pode abrir mão do vestuário utilizado no rigoroso frio europeu? São perguntas que me faço ao dar e receber bom dia a meu ortodoxo vizinho de porta, cedo da manhã, quando ele sai para trabalhar já secando o suor que escorre do seu rosto.

http://www.conexaoisrael.org/e-se-minha-roupa-falasse/2013-08-19/beg

Foto de capa: http://azjewishpost.com/files/0721crowd-surfing1.jpg

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O processo de vivência neste plano nos predispõe a um constante aprendizado, com o foco naquilo que de mais sublime possuímos, a alma, que procede do Criador. Há no mundo correntes religiosas que adotam uma postura diferenciada quanto ao tratamento da alma, quando deixa a dimensão de Malchuto, a fisicalidade.

A teologia religiosa torna a aprendizagem do homem nesta terra, um local de martírio e não apenas de correções ou retificações. Todos nós passaremos pelo processo de retificação, que nos colocará aptos ao mundo espiritual, e da sua plenitude, de onde poderemos ser recepcionados, ou ocorrerão voltas para a complementação da experiência do aprendizado.

Vêz por outra vemos pessoas amarguradas, se auto-punindo acreditando que seus sentimentos de culpas que lhes causam o martírio, são uma correção. O martírio foge ao controle do aprendizado da alma, e é mais fruto de concepções punitivas por atos ou situações que o ser humano concebe como pecado. Quando compreendemos que situações adversas fazem parte do processo de correções, agradecemos ao Criador por nos permitir crescer espiritualmente.

By Moréh Altamiro de Paiva

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Em hebraico, “antes” se diz “à frente” (lifnei =לפני) e “depois” se diz “atrás” (acharei = אחרי). Será que no passado distante os primeiros falantes do hebraico imaginavam assim a passagem do tempo? Provavelmente… Aliás, hoje em dia temos o Norte como direção de referência, mas segundo o hebraico, antigamente o Leste era a referência. Uma palavra para oriente é “para frente” (kadima = קדימה), conforme aparece no hino israelense. Sul se dizia Teyman, que é derivado de direita (yamin = ימין), e hoje significa Yemen. O Mar Mediterrâneo é chamado de “mar de trás” em Deuteronômio 11:24 (hayam haachori = הים האחורי). Esta forma de localização espacial também aparece na língua portuguesa: quando alguém está perdido, dizemos que está “desorientado”, perdeu o oriente.

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Em hebraico existe uma expressão única, que é usada quando alguém compra ou ganha algo novo. Diz-se à quem ganhou: “renove-se” (תתחדש = titchadesh). A expressão pode ser usada para todo tipo de bem material, desde algo pequeno como uma camiseta, até algo grande como um carro ou apartamento. É como dizer um “parabéns” por estarmos felizes com a novidade material de outra pessoa.

Falando em parabéns, em hebraico a expressão é mazal tov (מזל טוב), que literalmente significa boa sorte. Como se diz boa sorte então? Behatzlacha (בהצלחה), que significa “com sucesso”. Em hebraico ninguém precisa de sorte antes de uma prova, apenas de sucesso. E se dá tudo certo, então sim a pessoa recebe boa sorte!

Em hebraico não se toma uma decisão. Decisões se recebem (lekabel hachlata = לקבל החלטה). Se recebe de quem?? Isso já é uma discussão filosófica, senão teológica. Resfriados também “se recebem” (השפן קיבל נזלת). Recebi um resfriado. Isso pelo menos é mais lógico que em português, porque você não precisa querer algo para recebê-lo (uma multa, por exemplo), mas não é muito óbvio por que alguém queira “pegar” um resfriado.

שפן

Quando um pai oferece água para seu filho, ele não diz “você quer beber água”, nem “você quer água”. A frase mais comum mesmo é “você quer beber?”. Cada vez que estou na rua e escuto isso, leva um tempo pro choque inical passar.

A palavra mais versátil da língua hebraica é “isto” (ze = זה). Sempre que você não encontra a palavra certa no fim de uma frase, pode-se dizer “isto”, e as pessoas balançam a cabeça como se tivessem entendido. “Eu fui à festa com o João, Maria e… e isto”. “Na faculdade estudei economia, sociologia e… isto”. Lembra um pouco o “trem” mineiro.

זהו זה “Mesmo que” em hebraico é “afilu im” (אפילו אם). Afilu é uma junção de duas palavras: Af (também) e ilu (se). Ilu por sua vez, é uma junção de im (se) e lu (se). No final das contas, quando se diz “mesmo que” , se está dizendo na verdade “também se se se”. Exemplos assim são comuns em várias línguas. Por exemplo, “hoje” em francês se diz aujourd’hui, que é uma junção de au +‎ jour +‎ de +‎ hui, literalmente “no dia de este dia”. O francês que disser “no dia de hoje” (au jour d’aujourd’hui), está na verdade dizendo “no dia do dia deste dia”.

Expressões com origem nas partes do corpo humano: “por causa de” se diz “da face” (mipnei = מפני), “ao lado” se diz “sobre a mão” (al yad = על יד), “na ocasião de” se diz “à perna” (leregel = לרגל), “anteriormente” se diz “da cabeça” (merosh = מראש), “de toda forma” se diz “sobre toda face” (al kol panim = על כל פנים), “vivo” se diz “alma em seu nariz” (neshama beapo = נשמה באפו), “escrito preto no branco” se diz “escrito preto nas costas do branco” (katuv shachor al gabei lavan = כתוב שחור על גבי לבן), “unanimamente” se diz “uma boca” (pe echad = פה אחד), “em sua imaginação” se diz “nos olhos de seu espírito” (beeinei rucho = בעיני רוחו), uma coisa “falsa, inventada” se diz “chupado do dedo” (matzutz min haetzba = מצוץ מן האצבע), “escapar a duras custas” se diz “escapar com a pele de seus dentes” (lehimalet beor shenav = להימלט בעור שניו), “estou de saco cheio” se diz “meu pinto quebrou” (nishbar li hazain = נשבר לי הזין). Mulheres podem dizê-lo, tanto em português como em hebraico.

זין


As imagens não tem explicação mesmo, ficam de desafio para os leitores descobrirem o que significam.

Foto de capa: Flickr

http://www.conexaoisrael.org/alef-bet-curtinhas-1/2013-10-07/yairmau

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“Assim diz o Eterno ao meu rei: Assenta-te e espera a minha direita, enquanto de teus inimigos faço um descanso para teus pés”” (Tehillim (Salmos) 110:1, Biblia Hebraica).

 

Este Cântico foi composto por Davi, expressando confiança no seu Criador. Tal atitude não revela passividade do ser humano, esperando tudo do Eterno, mas o reconhece como o grande feitor deste Cosmos, e sua atuação junto a aqueles que nele confiam. Não importa quais situações surjam, teremos êxito quando trabalhamos em prol do bem da humanidade.

O texto mantém relação com a Parashá do próximo Shabat, LECH LECHÁ, quando nosso pai Avraham, sai de Ur, cumprindo uma ordem do Criador, enfrentando dificuldades em terras distantes junto com sua família, mas a sua trajetória o credenciou tornar-se o tronco da nação que apesar de contratempos, ainda vive: “AM YSRAEL CHAI” O POVO DE YSRAEL VIVE.

LECH LECHÁ, é um desafio a sairmos da nossa zona de conforto, para sermos instrumentos de transformação neste mundo. Seremos um canal de Chessed, no sentido de que possamos contribuir para a existência de um mundo melhor, de paz e justiça social. Shalom.

Moréh Altamiro de Paiva

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Qual o sentido da vida? Que estamos fazendo aqui? Tenho alguma utilidade nesta terra? O que me reservará o futuro? A morte encerra a minha existência? Enfim, por que me faço tais indagações? Pode ser até que alguém não faça tais perguntas, mas a grande maioria gostaria de vê-las devidamente respondidas, para obtermos uma relativa segurança sobre a nossa existência no futuro.

Surge a Ciência e a filosofia, que através das suas pontuações, ao invés de trazer certo alento, atiça ainda mais o desejo de conhecermos o que está além da imaginação. A Religião como expressão cultural dos povos vem de milênios, e falhou, pois aquelas indagações continuam agora em um mundo comandado pela tecnologia da informação.

O Relato das escrituras antigas faz referencia a personagens que tiveram um lugar de destaque na história, quando a humanidade dele mais precisava. Faço referencia a Avraham, quando o Criador o revelou que destruiria Sodoma e Gomorra, ele dialogou com o Eterno, e ponderou: e se existisse pelo menos dez justos as cidades não seriam destruídas?

Outro justo Moshe Rabenu, Moisés o grande mestre. No monte Sinai recebia as dez palavras para entregá-las ao povo, enquanto na planície o nosso povo se envolvia com a idolatria do bezerro de ouro. O Criador falou prá Moshe, que iria destruir o povo, e faria dele, de Moises, um povo. O líder hebreu não titubeou, não teve dúvidas, retrucou ao Eterno: “Ou tu perdoas este povo, ou tira o meu nome do livro. Que livro? da Torá.

Noach, Noé passou também pela experiência do Criador mandá-lo construir uma arca, pois o mundo de então seria destruído. Noach cumpriu o dever de casa veio o dilúvio e somente sua família, e animais, sobreviveram à catástrofe. Não há registros de que aquele justo recorreu ao Criador por alguém. A idéia aqui não exercer julgamentos, mas afirmar que as nossas tomadas de posição, ficam registradas na história, ou não? Shalom.

By Moréh Altamiro de Paiva

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CONEXÃO DE SHABAT – Noach, Descanso

Pararashá Mística: Gn.6:9-11:32, Is 66:1-24;

ZOHAR – VOL. 02 - NOACH

 

5. "E a terra estava corrompida"

 

“31. Mas depois de Noach , todos os descendentes da Humanidade são chamados pelo seu nome, "as gerações de Noé". Os descendentes de Noé são descritos em um sentido muito respeitoso, porque ele garantiu para nós existência permanente no mundo, em contraste com "as gerações de Adão", que os descreve num sentido desonroso, como ele nos levou a sermos expulsos daquele mundo trazendo a morte a todos”.

A segunda porção da Torá se chama Noach (Noé) e relata como dez gerações depois da Criação da humanidade chegaram a um nível tão baixo de negatividade que atraiu um dilúvio. Noach era um justo e por isso foi salvo. Os cabalistas discutem o nível espiritual de Noach e comparam com o nível atingido por outros justos posteriores. O objetivo não é julgar Noach, mas sim nos ensinar lições para nosso próprio crescimento.

O que nos ensina o nível místico da Toráh desse fato? Aprendemos que precisamos ter uma postura diferente diante do Caos, um comportamento justo para sermos contribuintes da criação da história. Apesar de dificuldades posteriores demonstradas por Noach, ele participou de um novo tempo, erguendo um altar ao Criador, religando a comunicação da Luz com Malchut, o mundo da ação, a circunstancia em que vivemos.

*Moréh. Altamiro de Paiva

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ismo conhecido na história, antes do nazismo. Em nome da religião e do nacionalismo, a Igreja e o Estado promoveram uma feroz perseguição à uma minoria judaica, convertida ao catolicismo, e aos seus descendentes, reduzindo-os à condição de parias. Uma certa facção desses convertidos, denominada cristãos-novos (ou marranos) respondeu à repressão com uma férrea resistência ao catolicismo, sendo odiada por não aceitar a salvação oferecida pela Igreja, por não querer reconhecer os maravilhosos mistérios da teologia cristã, por questionar que três equivalem a um, por não reconhecer que um homem possa ser Deus e que um filho possa nascer de uma virgem. Historiadores, antropólogos, filósofos, psicanalistas, têm refletido sobre o comportamento, e a ‘psiquê’ desses marranos, e as razões da sua tão longa sobrevivência. Edgard Morin, Yirmiyahu Yovel, Richard Popkin, António Damásio, Jean-Pierre Winter[1] buscaram no marrano a chave para a compreensão do pensamento de alguns pensadores como Spinoza, Montaigne, Santa Tereza, Tirso de Molina e outros. De Spinoza partiu a mais lúcida crítica contra o fanatismo religioso, numa época em que Portugal estava mergulhado no mais profundo obscurantismo. Sendo ele próprio descendente de judeus convertidos, Spinoza é hoje compreendido pelos seus biógrafos como marrano. E são unânimes os spinozistas em afirmar que somente é possível entender sua filosofia e sua mensagem sobre o mundo e a sociedade, se entendermos o seu destino como marrano[2]. O mundo e a religião foram para Spinoza sempre um problema. Cresceu em uma comunidade judia, viveu num bairro judeu, freqüentou escola judaica e teve formação talmúdica. Aprendeu o hebraico, apesar de seu idioma materno ser o português. Conhecia a Cabala, e como viveu em um tempo embebido de fantasias messiânicas e milenaristas, referiu-se com desprezo à sua charlatanice. A questão que preocupou Spinoza foi a sobrevivência dos judeus – durante séculos, apesar de todas as humilhações e perseguições –, a qual procurou responder em seu Tratado teológico-político[3]. Apesar de toda sua formação judaica, Spinoza não aceitou o judaísmo que lhe transmitiram seus mestres rabinos, tanto os askhenazi como os sefaradi. Recusou a Menasseh ben Israel, sefaradi, latinista, elegantemente pintado por Rembrandt, recusou Levi Morteira, ashkenazi, de espessa barba branca, abrigado numa longa capa preta, a moda dos judeus do leste, também pintado por Rembrandt. As categorias religiosas do seu tempo não satisfaziam a Spinoza, e desde muito jovem começou a escrever críticas ao fanatismo e às superstições de todas as religiões. Essas críticas não podiam ser aceitas pelos ortodoxos líderes das comunidades judaicas de Amsterdã, e em 27 de julho de 1656, Spinoza foi excomungado e expulso da sinagoga. Suas idéias foram apontadas como “horríveis heresias”. Spinoza saiu de Amsterdã e foi morar sozinho em uma aldeia onde ficava o cemitério da comunidade portuguesa. Um fato importante marca a personalidade de Spinoza: apesar de ter rompido com o judaísmo e com a religião, continuou judeu, porque para o seu entendimento, ser judeu não implicava forçosamente em ser religioso. Mas como era a Holanda onde nasceu Spinoza e onde floresceu a mais importante comunidade portuguesa sefaradi da Europa? A Holanda foi o primeiro estado na Europa que adotou uma política de tolerância religiosa, fruto de uma nova concepção da consciência burguesa. Foi o primeiro Estado da Europa que fez a revolução contra a ordem feudal da Idade Média. Na arte holandesa já está refletida essa mentalidade. Em vez de glorificar os símbolos do mundo extraterreno glorificava a vida, a existência, e cria o retrato, a paisagem e a natureza morta. A Holanda estava voltada para o mundo, empenhada na conquista do mercado e no domínio dos mares. Foi o único lugar da Europa, no século XVII, onde se podia expressar o pensamento com relativa liberdade. As religiões não calvinistas eram permitidas se fossem praticadas com descrição, e as práticas judaicas autorizadas se oficiadas veladamente. Não era permitido defender o judaísmo publicamente nem praticar o proselitismo. Apesar da relativa liberdade religiosa, havia temor na comunidade portuguesa, e a vida dos emigrantes judeus não era totalmente segura. Os calvinistas eram extremamente religiosos e em um falso momento os judeus podiam ser mal interpretados. Os Judeus eram visitas úteis, mas não cidadãos iguais. Sempre havia o risco de perder as liberdades civis. Portugueses fugitivos, para todas as regiões onde se exilavam, carregavam seu grande sonho: a liberdade. A Holanda ofereceu-lhes essa liberdade, apesar de não ser tão ampla como muitas vezes supomos. Mas permitia-se a livre leitura, o debate das novas idéias, e tolerava-se a prática de diferentes religiões. E principalmente, era possível repensar a natureza humana. Se Spinoza tivesse nascido e crescido em Portugal,talvez a sua filosofia jamais tivesse vindo à luz. Para termos um espelho do mundo contraditório no qual viviam os cristãos-novos, quero lembrar que, no ano em que a América foi descoberta, milhares de judeus se converteram voluntariamente na Espanha, para poder ficar na pátria. Em Portugal o quadro foi diferente, foram forçados ao batismo e impedidos de partir. Muitos judeus, depois de convertidos, se tornaram leais católicos e tudo fizeram para se integrar na sociedade cristã. Seguiam obedientemente a religião oficial, casavam-se com cristãos e passavam grandes donativos para as Igrejas. Com a conversão forçada rompeu-se o elo comunitário, separaram-se as famílias, e teve fim a longa cultura judaica que tinha florescido durante XV séculos na Espanha e em Portugal. Os judeus pensavam que como católicos, além de salvar suas vidas e fortuna, também seriam aceitos pela sociedade ampla.Esse foi seu grande engano, sua grande ilusão. Como na novela de Kafka, O Castelo, o mundo ibérico não estava interessado em receber judeus. E quanto mais o judeu convertido procurava integrar-se, mais ele afundava na sua solidão. Esse foi exatamente o destino dos cristãos-novos no Brasil, dos quais a Paraíba oferece um dos exemplos mais significativos. O Estado português, estimulado pelo modelo oferecido pelos reis católicos e continuado por Carlos V, criou o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição pela vontade expressa do rei d. João III, apoiado pelo Papa. Quando da sua criação, o Tribunal tinha um único objetivo: perseguir e punir os portugueses acusados de praticar secretamente a religião judaica. Uma feroz propaganda anti-semita começou a ser pregada nos púlpitos, nos sermões e numerosas obras anti-judaicas, publicadas na Espanha e em Portugal, prepararam o genocídio de milhares de portugueses. O anti-judaísmo pregado pelos membros do alto clero católico e pelos conservadores dirigentes do Estado português assim como a legislação discriminatória, produziram resultado imprevisto: aumentou a resistência dos cristãos-novos. Essa resistência em adotar o catolicismo em Portugal não teve paralelo na história. Cristãos-novos armaram-se de estratégias clandestinas que passaram de geração em geração. A sociedade ibérica ficou dividida em dois mundos, um visível e outro secreto. Esse mundo secreto criou ramificações e produziu conseqüências, em nível econômico e cultural, que apenas hoje estão sendo estudadas em profundidade. Os descendentes dos judeus convertidos ao catolicismo em Portugal, em 1497, foram oprimidos e perseguidos durante 3 séculos em todo império. Leis continuamente promulgadas proibiam os portugueses cristão-novos de deixar Portugal. Assim mesmo, em cada nau que saia do Tejo embarcavam fugitivos clandestinos. A maior parte dos cristãos-novos que conseguiu sair de Portugal, passou para a América, alem de levas inteiras terem se dirigido para o Norte da África, Levante, Itália, Bálkans e principalmente, em fins do século XVI, para Holanda, considerada pelos portugueses a Nova Jerusalém. Spinoza foi o primeiro filósofo da época moderna que explicou de maneira sucinta e terrena a sobrevivência dos judeus. Essa mesma explicação, essencialmente secular, foi endossada por Jean Paul Sartre De onde Spinoza derivou sua compreensão sobre a continuidade dos judeus? 1º Dos conhecimentos que tinha da história judaica e da experiência acumulada pelos judeus no exílio. 2º - Da práxis. Do seu próprio destino marrano. No Tratado teológico-político,Spinoza refere-se à questão da continuidade do povo judeu, depois da perda do seu território e do início de sua dispersão. Mas não oferece nenhuma explicação sobrenatural a esse fenômeno. Não foi por interferência divina, mas sim devido a fatores históricos, que os judeus se espalharam pelos quatro cantos do mundo. Os judeus se separaram de todas as nações, principalmente por causa de seus costumes diferentes e de seus ritos. Conforme explica Yehuda Bauer, na Antigüidade, foram principalmente três princípios fundamentais do judaísmo que diferenciavam os judeus dos outros povos: 1º todos os homens são livres 2º todos os homens são iguais 3º todos os homens têm direito de criticar o Poder Se as nações da antiguidade aceitassem esses princípios, seus Impérios se desmoronariam[4]. Imaginemos a Babilônia ou o Império Romano sem escravos. Imaginemos um homem do povo criticar a Nero! Mas o profeta Natan criticou o Rei David. Além desses princípios, os judeus criaram um valor: que todos os homens, senhores ou servos, e mesmo seus animais, têm direito a um dia de descanso por semana. Lembremos que só no século XIX o mundo ocidental reconheceu aos trabalhadores o direito ao descanso semanal. Os judeus, como diz Bauer, não eram nem melhores nem piores, mas eram diferentes. E quando se dispersaram pelo mundo carregaram consigo essa diferença. Essa diferença incomodava. É nesse sentido que Spinoza também entendeu o anti-semitismo. Para os portugueses que se refugiaram na Holanda, abriram-se novas oportunidades e muitas vidas se refizeram econômica e familiarmente. Após um século de ‘exclusão’ reacendeu-se entre os cristãos-novos o anseio de ‘participar’ e ‘pertencer’. A religião judaica foi revivida e seguida apaixonada e fanaticamente por uma parte dos exilados portugueses. Para que se desse essa revivescência os cristãos-novos tiveram que passar por todo um aprendizado e foram os rabinos do leste europeu que deram ao judaísmo um novo impulso. Spinoza criou-se em meio a essa nova comunidade, dividida entre dois modelos diferentes do judaísmo, o sefaradi, de origem ibérica e o ashkenazi, de origem européia oriental. Spinoza fez sua escolha: tentou secularizar a história judaica, assim como procurou secularizar a história em geral. Eliminou a idéia de divina providência e da interferência de Deus no destino dos homens e eliminou o sentido do transcendental da história, o mundo aqui e Deus alem. Introduziu uma concepção de Deus imanente no mundo, e não fora dele. Rejeitou todas as religiões, tanto o judaísmo como o cristianismo. Desde o século XVI a Paraíba foi um foco de judaísmo. Os cristãos-novos que aí viviam não eram abastados como os da Bahia ou do Rio de Janeiro, mas também tinham algumas posses. Tiravam sua subsistência da agricultura e possuíam alguns escravos. Seu número cresceu após a expulsão dos holandeses, quando judeus que não quiseram deixar o Brasil penetraram fundo no sertão. No século XVIII viviam principalmente em engenhos situados à margem do rio Paraíba. Constituíam um grupo coeso, fechado, endogâmico e freqüentavam a igreja apenas para o ‘mundo ver’. Mas no âmago de seus corações, como no templo de suas casas faziam as cerimônias que aprenderam de seus pais e avós,e que lhes eram transmitidas há mais de 10 gerações[5]. O ‘judaísmo’ dos cristãos-novos da Paraíba se manifestava através de dois modelos: a prática de algumas cerimônias e o sentimento de “pertencer”.Os cristãos-novos de Camaragibe (Pernambuco) também foram acusados de seguir alguns preceitos da religião judaica. Mas é importante, uma vez para sempre, demolir o mito de que a perseguição aos marranos foi eminentemente religiosa. Tanto na Paraíba como em outras regiões do mundo, o que levou a perseguição dos cristão-novos foi um anti-semitismo existencial, que não dependia exclusivamente da religião, mas como explica Yirmiyahu Yovel, estava voltado contra o próprio “ser”, o próprio “existir” dos judeus. Esse anti-semitismo é mais profundo que o anti-semitismo religioso[6]. Muito cedo os paraibanos aparecem como suspeitos de judaísmo. O primeiro visitador que a Inquisição mandou ao Brasil já teve ordem de investigar a Paraíba. João Nunes, cristão-novo que aí viveu em fins do século XVI, e teve importante papel na colonização local, foi denunciado por ter dito “quando me ergo pela manhã que rezo uma Ave Maria, amarga-me a boca”. Pesquisas mais exaustivas poderão esclarecer ainda obscuros ângulos da realidade dos ‘judeus’ da Paraíba. As suspeitas aparentes repetiam as seculares acusações de que “faziam ajuntamentos”, costumavam estar na Igreja com muito pouco acato e reverência no tempo em que se alevantava o “Santíssimo Sacramento” quando falavam uns com os outros, e não traziam livros de rezas nem de contas”. Na quaresma de 1673, a Inquisição de Lisboa ordenou que se publicasse um edital na igreja de Nossa Senhora das Neves, chamando todos fieis católicos a vir denunciar sob pena de excomunhão. Deviam contar tudo que presenciaram ou “ouviram” contra a Santa Fé Católica. O vigário da Igreja de Nossa Senhora das Neves, padre Francisco Arouche e Abrantes, leu o edital no púlpito. A população se agitou e de boca em boca corria a notícia da excomunhão. Amedrontados, sussurravam que as iras do inferno iriam desabar sobre os cúmplices. Acontece então algo surpreendente: apenas oito pessoas se apresentaram perante o vigário para cumprir as ordens da Igreja. Todos repetiram que o faziam por medo. Durante os treze meses que durou o inquérito, de 26 de fevereiro de 1673 a 20 de março de 1674, o vigário ouviu apenas as denúncias desses oito paraibanos. A maioria dos denunciantes pertencia à governança. A população que ouviu a chamada da Igreja não compareceu para denunciar. Esse fenômeno já se havia passado na Bahia, durante a “grande inquirição” de 1646[7]. Os oito denunciantes repetiram que “ouviram dizer” sobre feitiçarias e superstições, mas principalmente sobre “judaísmo”[8]. Na Paraíba, a heresia judaica se entende durante séculos. Na investida inquisitorial do século XVIII, quando são presos em poucos anos cerca de cinqüenta paraibanos, as evidências sobre as ‘sinagogas’ e as reuniões secretas aumentaram. O Santo Ofício obteve vantagens econômicas com sua prisões, cujo montante ainda não foi avaliado. O estigma, a exclusão, a perseguição, revitalizaram o judaísmo na Paraíba. Parte dos judeus e cristãos-novos que viviam em Pernambuco, quando foi ordenada a expulsão dos judeus holandeses, não optou pelo exílio e vamos encontrar seus descendentes, ainda praticando o judaísmo, nos sertões da Paraíba, do Piauí, Ceará e Rio grande do Norte. Entre os paraibanos que foram presos entre os anos 1729 e 1735, diversos tinham nascido em Pernambuco. Conta-se que no engenho de São Bento, os cristãos-novos trabalhavam aos domingos e dias santos, e com afrontas tentavam ridicularizar o catolicismo, chamando Jesus de “feiticeiro”. Uma das maiores resistências que os cristãos-novos apresentaram frente à Igreja, foi o culto das imagens santas que consideravam “pau e barro cozido”. Essas e mais acusações acirravam o ódio ao ‘diferente’, que preservava o sábado em vez do domingo, que comia carne nos dias proibidos e seguia restrições alimentares estranhas da maioria da população. Clara Henriques, mulher simples e sem instrução, costumava dizer que na hóstia e no vinho do cálice, depois da consagração, apenas ficava um pouco de vinho e farinha[9]. Os inquisidores viam com suspeita a comunicação entre os cristãos-novos, pois mesmos aqueles que não praticavam as cerimônias e rituais judaicos, mantinham íntimos contatos comerciais e familiares. Nas secretas reuniões, nos distantes engenhos, Poxim, Engenho do Meio, Engenho Novo, cristãos-novos se encontravam e mantinham viva a memória de sua história, o êxodo do Egito, a história dos patriarcas e a promessa de redenção. Mesmo que muitos portugueses cristãos-novos tenham conseguido diluir-se em meio à sociedade ampla, infiltrando-se entre as elites da Igreja e comprando “cartas de limpeza”, individualmente foram sempre parias. Os cristãos-novos da Paraíba resistiram durante três séculos às pressões da Igreja. Na segunda metade do século XVIII, com o arrefecimento das perseguições no Nordeste, as notícias sobre os marranos silenciaram. Parecia que haviam sido totalmente absorvidos pela sociedade ampla. Mas algumas descobertas surpreendentes nos últimos anos revelaram a existência de resquícios do judaísmo no mais distante sertão. Essas pesquisas têm sido objeto atualmente de estudo do antropólogo francês, professor do Collège de France, Nathan Wachtel[10]. Cineastas também buscaram na história dos marranos do Nordeste, inspiração para seus documentários. O marranismo brasileiro vem despertando tanto interesse que faz parte hoje de um curso no Collège de France. A idéia de ‘salvação’ dominava a mente dos cristãos-novos portugueses, porém era centrada em Moisés, não em Cristo. Para os cristãos-novos, assim como para os judeus, a salvação não era metafísica mas política. O salvador não é Deus, mas um homem, Moisés, e uma lei, a Lei que desceu do Sinai. Para Spinoza, a salvação não passa pela religião, nada tem a ver com a fé, nem com Jesus, nem com Moisés. O homem só se salva pelo conhecimento e pela razão. Quanto mais o homem tiver conhecimento de como funciona o mundo e o universo, mais próximo está da salvação. No catolicismo se salva o homem. No judaísmo se salva toda a humanidade, porque a salvação é coletiva. Spinoza escolheu os marranos como o paradigma da história judaica. Marranos não eram só os judaizantes, mas toda nação conversa, incluindo aqueles que, sem sucesso, tentaram assimilar-se ao cristianismo. A sobrevivência dos marranos como a dos judeus se deve ao anti-semitismo. O ódio que os cristãos tinham pelos judeus foi a principal razão que impediu o seu desaparecimento. Trata-se de um mesmo fenômeno que se repete desde a Antigüidade. A preocupação central de Spinoza foi o destino peculiar dos judeus. Conheceu bem as vicissitudes que seu povo de origem estava passando em Portugal. Sabia dos martírios,das torturas, dos autos de fé. E quis entender essa história à luz de causas naturais e não transcendentais. O que interessava para o filósofo marrano era o presente, e a explicação da história. Preocupava-o não a religião, mas o povo, o povo que foi capaz de sobreviver durante séculos sem perder sua identidade, sempre alimentando um sonho de redenção. Queria entender essa sobrevivência e essa obstinência. Como foi e porque o povo judeu sobreviveu? E os cristãos-novos portugueses? Como foi que se mantiveram, guardando segredo durante tantos séculos? Procurou dar a essa questão uma resposta natural, baseada em causas históricas, sociais e psicológicas. Spinoza, foi um dos grandes mestres da humanidade. Segundo Edgar Morin, foi uma das máximas expressões da criatividade marrana, e na filosofia é comparado a Platão e Kant. A sua teoria sobre os efeitos é considerada hoje um conceito fundamental da psicanálise. O conceito do inconsciente, a relação do pensamento e da linguagem, a ambivalência de todos os afetos, a análise do sentimento crítico, o conceito de repressão, estão todos já pronunciados no pensamento e na filosofia de Spinoza. Criou um conceito ético moderno de liberdade. Só com o conhecimento o homem supera as paixões e consegue ser livre. Foram as idéias de Spinoza que ajudaram a moldar o debate intelectual do século XVIII. Goethe, Freud, Lacan, Einstein, sofreram influência de sua filosofia. Muitas vezes historiadores têm se perguntado: eram os cristãos-novos realmente judaizantes? Ou será que a Inquisição quis exterminá-los por motivos raciais, por judeofobia, como afirma António José Saraiva, e Benzion Netanyahu[11]? A resposta está na dialética da história. Ambos fenômenos são verdadeiros. Os cristãos-novos eram judeus e não eram ao mesmo tempo. Queriam ‘pertencer’ ao mundo católico e não queriam deixar de ser judeus. Amavam e odiavam ao mesmo tempo. Muitas vezes, cristãos-novos no Brasil, como os judeus durante o nazismo, perderam a vida simplesmente porque eram judeus, porque tinham algum antepassado judeu, como expressou o padre Antônio Vieira. Mas havia os que realmente praticavam algumas cerimônias judaicas, apesar de confusas, quase inconscientes. Havia ainda os que seguiam as duas religiões – a judaica e a católica, confusa e sincréticamente. Mas, como escreveu Spinoza, em um conceito mais largo e profundo, eram judeus tanto os cristãos-novos, como eram judeus os assimilados, aculturados ou laicos. Todos os cristãos-novos faziam parte de um povo só, pela sua história, pelo sofrimento e pelo seu destino. Na Espanha e em Portugal, na época moderna, reuniram-se Estado e Igreja para destruir o judaísmo. No século XX repetiu-se o modelo e milhares de judeus foram assassinados. E hoje o anti-semitismo recrudesce em todo o mundo e adquire cada vez novas faces. A história não nos preparou para o século XX e não estamos preparados para o século XXI. George Steiner, um dos maiores pensadores de nosso tempo, professor na universidade de Cambridge, pergunta em uma de suas obras “porque a humanidade no sentido mais largo da palavra, porque a fé na cultura e na ciência não nos deram nenhuma proteção diante da desumanidade, ao contrário, até encorajaram a barbárie[12]? Porque os grandes humanistas da Renascença, porque a tradição de convivência étnica na Península Ibérica não conseguiu impedir o estabelecimento de um tribunal, que durante séculos funcionou na base da extorsão e à custa de vidas humanas? Nem os grandes filósofos, nem a música, nem a arte, não puderam impedir a destruição de milhares de judeus? A civilização ocidental presenciou a falência do homem. Nós não podemos imaginar do que o homem ainda é capaz. Spinoza explicou o ‘ódio aos judeus’, mas não podia ter imaginado Auschwitz. Como diz Steiner, Bosh pintou o Apocalipse, mas não podia ter imaginado as câmaras de gás. A barbárie de que é capaz o homem ultrapassa o limite da imaginação. E qual a lição que aprendemos com a história? O quê pretendemos com nossos cursos de história? E qual a mensagem que queremos passar às novas gerações? Vou responder com uma carta que um jovem escreveu ao seu professor: Caro Professor, Eu sou um sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum ser humano deve testemunhar. Câmaras de gás construídas por engenheiros brilhantes. Crianças envenenadas por médicos graduados. Recém nascidos mortos por enfermeiras diplomadas. Mulheres e bebês assassinados e queimados por gente formada em Ginásio, Colégio e Universidade. Por isso, caro Professor eu duvido da educação. Eu lhe formulo um pedido: Ajude seus estudantes a se tornarem humanos, Seu esforço, caro professor, nunca deve produzir monstros cultos, eruditos, psicopatas e Eichmans educados. Ler, escrever e aritmética são importantes somente se servirem para tornar nossas crianças mais humanas. …

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11419595062?profile=original“Soprai o Shofar na Lua Nova, no tempo fixado como dia da nossa festa. (Tehilim (Salmos) 81:4, Biblia Judaica).

 

A Lua Nova é um instante solene na Toráh, nesse período há santa convocação, e segundo Kabalistas é um dia de Poder. Um novo Portal Cósmico que se abre indicando um novo tempo, sendo este mês de Chesvan, regido por Escorpião, um tempo de desafios e lutas, o mês da ocorrência do Dilúvio. Não se trata de horóscopo a Astrologia Kabalistica Judaica não submete o homem ao prenúncio, mas sinaliza situações deste período, que apesar de lutas poderão com confiança no Criador e continua meditação nas suas letras correspondentes obtermos vitórias.

Dalet é a letra correspondente a Escorpião e regente de Áries, ou Marte, planeta que simboliza a luta e o desejo de receber, a meditação nessas letras faz alcançar a humildade.

A letra Nun também tem a haver com humildade, o jeito dela é como uma forma curvada, como se fosse um servo se curvando com uma coroa. O ser humano como a coroa da Criação.

Scanear essas letras da direita para a esquerda durante este período nos dar poder para vencermos dificuldades e mantermos um melhor relacionamento com as pessoas, no amor, quanto nas relações pessoais, permitindo uma melhor convivência e gerando o entendimento tão necessário a realização da Shalom, da Paz.

By Moréh Altamiro de Paiva

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Reconstruindo Herodes - Revista Morasha

“Herodes, o Grande: a Jornada Final do Rei” é o título da mais nova exposição do Museu de Israel, em Jerusalém. Inaugurada em fevereiro, permanecerá aberta ao público até janeiro de 2014 e é, segundo James Snyder, diretor da instituição, o maior e mais custoso projeto arqueológico do museu, até hoje.

É, também, a primeira do mundo dedicada exclusivamente ao legado arquitetônico do rei Herodes, indicado por Roma para reinar na Judeia, uma das mais influentes – e controversas – figuras da história romana e judaica.

Cerca de 30 toneladas formam o acervo exibido. No total, 250 achados arqueológicos encontrados na recém-descoberta tumba em Herodium, em Jericó e em outros locais, estão sendo expostos pela primeira vez e lançam uma nova luz sobre o impacto político, arquitetônico e estético do reinado de Herodes, que durou de 37 a 4 antes da Era Comum (a.E.C.). Uma reconstrução notável da câmara funerária do mausoléu é peça central da exposição, incluindo uma reconstituição do túmulo e sarcófago do monarca.

Com curadoria de David Mevorah e Silvia Rozenberg, a mostra visa reconstituir os últimos dias do rei e reexaminar a trajetória de sua vida. Herodes foi durante mais de 40 anos o tema central das pesquisas do renomado arqueólogo professor Ehud Netzer, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Em 2007, ele descobriu o túmulo do governante, em Herodium, cidade que o mesmo construiu e à qual deu seu nome. O local incluía um palácio-fortaleza e um complexo de lazer com jardins, amplas piscinas, saunas decoradas e um teatro com um camarote real. Nos seus últimos anos, Herodes reconfigurou a arquitetura do complexo para preparar o cenário para seu enterro e construiu um mausoléu magnífico voltado para Jerusalém.

Ainda segundo Snyder, a mostra visa proporcionar melhor compreensão do reino através da arquitetura monumental que Herodes criou, bem como a arte e objetos com os quais se cercou. A exposição examina projetos notáveis de seu estilo arquitetônico, as complexas relações diplomáticas com os imperadores romanos e a nobreza, e seu dramático cortejo fúnebre de Jericó até o mausoléu.

Os profissionais do Museu trabalharam durante três anos para criar a exposição em parceria com Netzer, que faleceu em outubro de 2010. O arqueólogo levou 36 anos para localizar o túmulo do monarca. Em 2010, durante uma visita ao local das escavações, ele se apoiou em um corrimão solto, bateu com a cabeça e não resistiu aos ferimentos. Para o diretor do Museu de Israel, esta exposição, além de trazer a público achados arqueológicos nunca antes vistos, é uma homenagem digna para um cientista do gabarito de Netzer, que dedicou sua vida a estudar a trajetória de Herodes, um monarca singular e polêmico, que refletiu sua personalidade e seu estilo na forma de conduzir seu reinado.

Uma jornada pela História

Ao começar a jornada pela exposição, o visitante se depara com uma imagem de um deserto inspirado nas paisagens da Idumea, terra natal de Herodes, que o conduz até a sala do trono do monarca, em Jericó, totalmente reconstituída. A mesma ala inclui várias amostras da decoração interior do palácio em Jericó, com suas banheiras, tijolos e mosaicos coloridos.

Alguns metros adiante, o visitante entra na magia de Jerusalém, onde está localizado o Templo, além de outros palácios do rei. Há, também, uma adega exposta com vinhos que ele importou da Itália (ainda podem ser vistos o nome do vinho, do vinhedo de procedência e o ano de produção, em latim). Contêineres com delícias romanas trazidas de várias partes de seu reino também estão em exibição.

Rostos e bustos de amigos de Herodes, esculpidos em sua homenagem, além de imagens de líderes romanos com os quais cooperava estão espalhados pelo museu, com destaque para uma imagem de Cleópatra. A espetacular fonte de mármore que Agripa trouxe da Itália para Herodes está no centro de uma das alas.

A próxima etapa da mostra é a reconstituição do palácio real, em Herodium. A equipe do museu trabalhou durante dois anos em laboratórios para reconstituir a pintura dos muros, que foi restaurada como as peças de um quebra-cabeça, com milhares de fragmentos. Os pilares do teatro ali expostos impressionam pela sua grandiosidade.

O ponto alto e final da exposição é a reconstituição da parte superior da tumba de Herodes: a estrutura redonda circulada por pilares e decorada com cornijas e frisos com relevos singulares. Trinta toneladas de pedaços de pedra foram trazidas da tumba original para a exposição. Por causa do peso dos fragmentos, para reproduzir esta parte da tumba no local foi montada uma estrutura especial. O sarcófago de Herodes está em frente ao túmulo.

Construtor sem igual

O talento de Herodes como construtor é um consenso entre todos que, de alguma forma, estudaram o rei e suas obras ao longo de décadas. Capaz de se envolver e executar várias obras simultaneamente, é conhecido, também, como monarca sangrento que não media meios para atingir seus objetivos. Além disso, como um governante hábil, capaz de manter a ordem dentro e ao longo de suas fronteiras, ao mesmo tempo em que se envolvia em um intrincado jogo político para defender seus interesses. Durante os 30 anos de seu reinado, fez mais inimigos do que amigos, mas sempre soube escolher seus aliados tanto entre os romanos quanto entre os demais governantes.

Muito admirado pelos arquitetos e engenheiros que estudam as ruínas de suas obras, Herodes era um visionário que fez da grandiosidade a sua marca. É considerado o maior construtor da Terra de Israel na Antiguidade. Construiu templos, anfiteatros, hipódromos e aquedutos, além de palácios fortificados com luxuosas casas de banho. Sabia escolher locais que aumentavam a imponência das construções integrando a arquitetura à paisagem natural.

Afrescos e ricos detalhes nos mosaicos e nos pisos diferenciam seu estilo dos existentes em outros palácios e edifícios da época. Introduziu na Judeia de então as casas de banhos romanas com salas aquecidas e sistema de aquecimento sob o piso. Subterrâneos, colunas coríntias, cisternas, modernidade e suntuosidade eram traços tipicamente herodianos e estão presentes em quase todas suas obras. De Massada, fez uma simples fortaleza no alto do deserto da Judeia, um complexo que incluiu um palácio, cisternas e salas de banho. Em Cesareia, construiu um dos maiores portos do Mediterrâneo, com estruturas submersas até então inimagináveis. Ali ergueu um templo dedicado a César Augusto, um palácio, um hipódromo, um teatro com capacidade para 4 mil pessoas e um sistema de esgoto subterrâneo.

Ao ampliar o Segundo Templo de Jerusalém, ergueu um dos maiores complexos sagrados da época. O templo de Herodes cobre uma superfície equivalente a 26 campos de futebol.

O Primeiro Templo erguido pelo rei Salomão foi destruído em 586 a.E.C. pelos babilônios, que levaram os judeus cativos. Logo após derrotar o Império Babilônico, em 539 a.E.C., Ciro autorizou o regresso dos judeus à sua Terra. Algum tempo após a chegada da primeira leva a Jerusalém, os judeus reedificam o Templo, bem mais simples, inaugurado no ano de 516 a.E.C.

No complexo idealizado por Herodes havia muito luxo, como está descrito em obra de Flávio Josefo: “Era todo recoberto de lâminas de ouro, tão espessas, que quando despontava o dia, ficava-se tão arrebatado por sua beleza como pelos dourados raios do sol. Quanto aos outros lados, onde não havia ouro, as pedras eram tão brancas, que aquela soberba massa parecia, de longe, aos estrangeiros que ainda não as tinham visto, um monte coberto de neve”. A marca de Herodes também está em outras obras de Jerusalém, como a fortaleza de Antônia, anexa ao Templo.

Amado, odiado, temido, polêmico, Herodes desperta muitas controvérsias quando se trata de assuntos judaicos, pois muitos questionam seu judaísmo e o consideram um marionete de Roma. No entanto, seu talento como o grande construtor da Terra de Israel foi reconhecido pela literatura rabínica de sua época.

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