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SEDER Pessach Humanista - David Bogomoletz

SEDER Pessach David Bogomoletz KIDUSH Estamos aqui reunidos esta noite para afirmar a continuidade do esforço de gerações que mantiveram viva a visão de liberdade contida na história de Pessach. Por milhares de anos afirmamos com este Seder, não só a memória do Êxodo, mas o revivemos, evocando sua força transformativa em nossas vidas. ESCRAVIDÃO - UM COMPORTAMENTO Mulheres - A palavra em hebraico para "Egito", Mitsraim, significa "passagem estreita","lugar estreito", "lugar de confusão, fragmentação e desconexão espiritual. Há varias maneiras pela qual podemos estar aprisionados à Mitsraim, individual e coletivamente. Medo do outro, medo de nosso verdadeiro self, medo de perder controle, todos estes podem se tornar "falsos deuses" a quem podemos nos escravizar. A cultura dominante nos encoraja a acreditar que apenas algumas pessoas (ou partes de nós mesmos) são relevantes. O lugar estreito se faz principalmente quando queremos eliminar partes de nós mesmos que não gostamos: ódio, tristeza, inveja ou seja lá o que nos pareça inaceitável em nós mesmos. Homens -- A saída do "Egito" só foi possível através de CHESSED - compaixão - que envolve saber abraçar aquilo que ridicularizamos em nós e nos outros - através da tentativa de compreender aqueles que são diferentes de nós. Israel deixou o Egito com "uma multidão mista" e o povo judeu começou como uma mistura multicultural de pessoas atraídas por uma visão de transformação social. A mensagem do Êxodo é revolucionária: A MANEIRA PELA QUAL O MUNDO É, NÃO É A MANEIRA QUE, OBRIGATÓRIAMENTE, TEM QUE SER. Tudo pode mudar uma vez que reconheçamos que o D'us que criou o Universo, também criou a possibilidade de transformação e libertação. AVADIM HAINU -- Homens -- Somos descendentes de escravos, das pessoas que vivenciaram a primeira rebelião bem sucedida nos anais da História. Desde então preservamos a história da libertação e a consciência de que crueldade e opressão não são inevitáveis "fatos da vida", mas condições que podem ser alteradas. Mulheres -- A história do Êxodo nos ensina que tudo isto pode ser mudado. Quando Moisés trouxe a notícia da liberdade eminente aos hebreus eles se recusaram a ouvi-lo, pois estavam em desespero - sem esperança. Também nós podemos nos tornar cínicos diante das transformações que precisamos fazer em nossas vidas pessoais e das mudanças urgentes em nosso sistema econômico e político de tal maneira que reflitam nossos mais elevados valores éticos, espirituais e ecológicos. Homens -- Essa é a força do Pessach: é possível mudar e o testemunho disso é o valor maior que a memória do Êxodo pode prestar. Pois a libertação começa no momento em que reconhecemos a possibilidade da possibilidade. Essa era a mensagem: esperança e subversão - não da "ordem" mas do destino. DAIENU -- Por tudo isso, os judeus hoje devem pensar bastante quando comemoram o Sêder de Pêssah. Mulheres e Homens alternado: POIS NÃO HÁ MAIS A ESCRAVIDÃO NO EGITO - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS O EXÍLIO NA BABILÔNIA - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS A TIRANIA HELENÍSTICA - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS A SUBMISSÃO A ROMA - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS AS EXPULSÕES MEDIEVAIS DE UM LUGAR PARA OUTRO - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS OS TERRORES E AS FOGUEIRAS DA INQUISIÇÃO - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS GUETOS JUDAICOS - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS A ESTRELA AMARELA NO PEITO - AMÉM! NEM CHAPEUS PONTUDOS OU ROUPAS INFAMANTES - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS POGROMS E MASSACRES SELVAGENS CONTRA NÓS - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS O ANTISSEMITISMO NAZISTA DOMINANDO PAÍSES E AMEAÇANDO CONQUISTAR O MUNDO INTEIRO - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO PARA JUDEUS - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS CÂMARAS DE GÁS - AMÉM! E NÃO HÁ MAIS SETE PAÍSES ÁRABES E SETECENTOS MILHÕES DE MUÇULMANOS PENSANDO O TEMPO TODO EM DESTRUIR O NOSSO ÚNICO PAÍS - AMÉM! E NÃO SOMOS MAIS PERSEGUIDOS PELOS POVOS ENTRE OS QUAIS VIVEMOS POR LIVRE ESCOLHA, COMO FAZEM PESSOAS DE TODOS ESSES POVOS, QUE VIVEM EM MEIO A TODOS OS OUTROS POVOS - AMÉM! E AGORA TAMBÉM NÃO HÁ MAIS AS RESTRIÇÕES, PROIBIÇÕES, PRISÕES, HUMILHAÇÕES E INJUSTIÇAS DOS PAÍSES COMUNISTAS - AMÉM! Mas agora surgem novas perguntas que valem tanto para nós, o povo, quanto para nós, as pessoas: SOMOS LIVRES PARA QUE ? O QUE FAZER COM ESSA LIBERDADE QUE TANTO DEMOROU A CHEGAR ? ACASO SOMOS LIVRES PARA EXERCER A CRUELDADE ? SOMOS LIVRES PARA ODIAR ? SOMOS LIVRES PARA ASSASSINAR ? SOMOS LIVRES PARA OPRIMIR ? SOMOS LIVRES PARA EXPLORAR ? SOMOS LIVRES PARA DISCRIMINAR ? SOMOS LIVRES PARA ROUBAR A LIBERDADE ALHEIA ? SOMOS LIVRES PARA FAZER A OUTROS O QUE ODIAMOS QUE FAÇAM CONOSCO ? AINDA SOMOS ESCRAVOS! somos escravos do ódio que está em nós. somos escravos da maldade que há em nós. somos escravos da cobiça que há em nós. somos escravos da inveja que há em nós. SOMOS ESCRAVOS DO DESEJO DE TERMOS ESCRAVOS SH'FOCH TODOS: E TAMBÉM SOMOS ESCRAVOS DO RESSENTIMENTO QUE HÁ EM NÓS CONTRA ANTIGOS INIMIGOS. NÃO SOMOS OBRIGADOS A AMAR OS NOSSOS INIMIGOS ATUAIS. MAS NÃO PODEMOS COMETER O MESMO ERRO QUE OS NOSSOS INIMIGOS ANTIGOS SEMPRE COMETERAM, E ODIAR OS SEUS DESCENDENTES COMO SE SEUS DESCENDENTES TAMBÉM FOSSEM, NECESSARIAMENTE, NOSSOS INIMIGOS. SOMOS LIVRES DE INIMIGOS EXTERNOS, MAS AINDA SOMOS ESCRAVOS DE ALGUNS INIMIGOS INTERNOS. POIS ENQUANTO NÃO PUDERMOS PERDOAR, SEREMOS ESCRAVOS. ENQUANTO NÃO PUDERMOS DESCULPAR, SEREMOS ESCRAVOS. ENQUANTO NÃO PUDERMOS LIBERTAR, SEREMOS ESCRAVOS. ENQUANTO NÃO DEIXARMOS DE ODIAR, SEREMOS ESCRAVOS. E ENQUANTO ESSE NOSSO PEQUENO INIMIGO, NOSSOS VIZINHOS PALESTINOS, NÃO FOREM LIVRES, (E NÃO NOS DEIXAREM LIVRES TAMBÉM), AINDA SEREMOS ESCRAVOS. SÓ QUE NUNCA DEVEMOS CONFUNDIR PERDOAR COM ESQUECER. PORQUE NOSSA LIBERDADE SÓ SERÁ VERDADEIRA SE JAMAIS ESQUECERMOS. (HOMENS E MULHERES ALTERNADO): SE JAMAIS ESQUECERMOS O EGITO ESCRAVAGISTA E JAMAIS ESQUECERMOS A ASSÍRIA GENOCIDA E JAMAIS ESQUECERMOS A BABILÔNIA QUE EXILOU O NOSSO POVO E JAMAIS ESQUECERMOS OS HELENISTAS QUE QUASE EXILARAM NOSSA ALMA E JAMAIS ESQUECERMOS ROMA, QUE NOS DISPERSOU PELO MUNDO E ARRASOU A NOSSA TERRA, E JAMAIS ESQUECERMOS OS SENHORES FEUDAIS QUE NOS ESPEZINHARAM E OS SULTÕES QUE NOS HUMILHARAM E NOS OPRIMIRAM E A INQUISIÇÃO, COM SUAS FOGUEIRAS E SUAS DELAÇÕES E OS GUETOS, ONDE VIVÍAMOS COMO EM CURRAIS E OS POGROMS, A SELVAGERIA DAS MULTIDÕES ASSASSINAS E AS CALÚNIAS DE SANGUE, FAZENDO DO PÊSSACH UM TERROR E AS CONVERSÕES FORÇADAS PARA TODAS AS RELIGIÕES E OS ANTISSEMITAS E RACISTAS DE TODOS OS TIPOS E JAMAIS, JAMAIS, JAMAIS ESQUECERMOS OS NAZISTAS E TODOS OS SEUS BÁRBAROS CRIMES. PORQUE TODOS ELES FORAM INIMIGOS NÃO SÓ DO NOSSO POVO, MAS DE TODA A HUMANIDADE. NÃO PODEMOS ESQUECER TODOS AQUELES QUE NOS DOMINARAM, EXILARAM, ROUBARAM, MATARAM, TORTURARAM, EXPULSARAM, APRISIONARAM, HUMILHARAM, PERSEGUIRAM, QUEIMARAM, ASFIXIARAM, DISCRIMINARAM, DEGRADARAM E ESCRAVIZARAM DE DEZ MIL E UMA MANEIRAS DIFERENTES. E NÃO PODEMOS ESQUECER QUE NÓS PRÓPRIOS FOMOS ESCRAVOS, PORQUE SE ESQUECERMOS, NÃO MAIS SEREMOS NÓS MESMOS, NÃO TEREMOS MAIS MEMÓRIA E IDENTIDADE. 4o. cálice Mas nosso povo está vivo: vivo para recordar, e recordando para continuar vivo. No entanto, enquanto nosso povo estiver vivo, ainda assim jamais seremos livres até que desapareça todo racismo, até que desapareça todo o ódio entre os povos, até que desapareça toda a exploração, até que desapareça toda a miséria, até que desapareça toda a fome, até que desapareça toda a injustiça, até que desapareça toda opressão, inclusive a que nós cometemos. PORQUE PESSOAS FAMINTAS, HUMILHADAS, INJUSTIÇADAS, DISCRIMINADAS, OPRIMIDAS, DOMINADAS, SÃO ESCRAVAS, E ENQUANTO HOUVER UM ÚNICO ESCRAVO SOBRE A FACE DA TERRA NINGUÉM, NINGUÉM SERÁ VERDADEIRAMENTE LIVRE. POR ISSO RELEMBRAMOS NOSSA PRÓPRIA ESCRAVIDÃO - PARA SABERMOS ODIÁ-LA, E PARA ODIARMOS VOLTAR A ELA, E PARA NUNCA NOS ESQUECERMOS DE COMO É AMARGO O GOSTO DA ESCRAVIDÃO, E PARA SABERMOS QUE O ESCRAVO É UM IRMÃO, E QUE QUANDO HÁ ESCRAVOS, NÃO HÁ HOMENS LIVRES. Por isso conservamos a Hagadáh de Pêssah que fala do Faraó e do Egito, pois não há diferença alguma entre os escravos que fomos há mais de três mil anos atrás, os escravos que fomos ao longo desses três mil anos, e os escravos que existem hoje, em qualquer lugar do mundo. LEMOS HOJE A ANTIGA HAGADÁH PARA SABERMOS DA DOR QUE ELES SENTEM RELEMBRANDO A DOR QUE NÓS SENTIMOS. E PARA SABERMOS A ALEGRIA QUE ELES SENTIRÃO QUANDO FOREM LIVRES, RELEMBRANDO A NOSSA ALEGRIA POR HAVERMOS ALCANÇADO A LIBERDADE. POR ISSO DIZEMOS HOJE, E DEVEMOS ENSINAR ÀS NOSSAS CRIANÇAS, E TAMBÉM AOS AMIGOS QUE NÃO SÃO DO NOSSO POVO - (AMIGOS ENTRE OS QUAIS VIVEMOS E QUE VIVEM CONOSCO NO MESMO MUNDO - POIS POVOS EXISTEM MUITOS, MAS MUNDO HÁ UM SÓ, E É DE TODOS NÓS) - MALDITA SEJA A ESCRAVIDÃO SEJA DE QUEM FOR, EXISTA ONDE EXISTIR, EM TODOS OS TEMPOS E TODOS OS LUGARES, PARA TODO O SEMPRE, AMÉM!
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Pessach com Leibowitz e Levinas por Paulo Blank

Pessach com Leibowitz e Levinas por Paulo Blank Na mesma mesa, reunidos para a noite do Seder cercados pela curiosidade de sábios de todas as gerações, Yeshayau Leibowitz e Emanuel Lévinas conversavam animados estranhando nunca terem se encontrado antes. Nascidos na Lituânia no inicio do século e falecidos em meados da década de noventa, o primeiro em Jerusalém, o outro em Paris, o primeiro, um guerreiro disposto combater qualquer tentativa de sacralizar homens e terras argumentando que “só o que se encontra alem da realidade pode ser sagrado no judaísmo”, transformou-se numa figura exemplar no cenário religioso e político do estado de Israel. Lévinas com a paixão ética do seu pensamento foi reconhecido como um dos principais filósofos do século xx. Judeu praticante dirigiu uma escola judaica até o final da vida, deixou estudos do Talmud de enorme importância atual e uma obra filosófica cada vez mais estudada e difundida e um pensamento sem ilusões sobre a natureza da vida humana e a realidade das guerras. Dois guerreiros, cada um ao seu modo, ambos, na mesma mesa e eu olhando feliz por terem aceito o meu convite. Começamos falando do Seder, ou da ágape, o banquete onde os gregos se reuniam para filosofar juntando o sabor ao saber. Foi esta a maneira que os talmudistas encolheram para formatar a noite em que cada um de Israel deveria entrar na pele de um escravo saindo do Egito. Livres, recostados em almofadas como faziam os gregos e depois os romanos, e não de pé como os nossos antepassados que, de ouvido atento, protegidos pela marca do sangue de um cordeiro sacrificado pintado no batente de suas portas, esperavam a passagem da morte. Audaciosos aqueles homens. Além de sacrificarem um animal que era sagrado no Egito, ainda usavam o seu sangue para marcar as casas assumindo de público que ali morava um membro de Israel. Se há milênios atrás éramos escravos, hoje, sem pressa, participamos de uma conversa sobre a saída da escravidão. A Hagadá nos convida para encontrarmos no corpo a sensação de estarmos saindo do Egito, experimentando tanto a alegria quanto a angústia de um escravo em fuga, recomendando que quanto mais nos dedicarmos a falar do assunto, melhor será. Nesta proposta os sábios talmúdicos parecem obedecer ao mesmo princípio que usavam para a leitura da Torah. Quando decidiram que na escritura sagrada não haveria nem antes e nem depois, eles libertaram os pensamentos e as frases de suas molduras que assim puderam escapar da narrativa de um tempo ordenado, permitindo aos leitores “descobrirem” afinidades entre textos escritos a séculos de distância uns dos outros. Afinidades que abrem passagens entre épocas, inaugurando um agora anacrônico construído de pontes onde antes existiam tempos intransponíveis. Como se, ao lermos a Torah, sempre fosse possível reverter a narrativa a um tempo que diz respeito ao leitor em sua experiência atual, substituindo “o era uma vez” por um “aqui e agora”. Postura semelhante nos leva a conceber a noite do Seder, como uma vivência dedicada a sermos escravos em saída do Egito. Proposição extraordinária se considerarmos que foi sugerida a um Israel oprimido pelas nações em que habitavam. Uma verdadeira prescrição terapêutica. Para pessoas submetidas às nações onde habitavam nada melhor do que sentir-se saindo do Egito, escapando da vida vivida em corpos subjugados e experimentando naquela noite a mesma liberdade que um dia poderiam conhecer. Na primeira noite do Pessach, terminada a narrativa da saída do Egito e após o conselho da Hagadá para não economizarmos em falar da libertação, ela nos leva ao encontro de Rav Eliezer. Este, com outros sábios do Talmud, se dedicavam a cumprir a orientação da fala infinita sobre a libertação, conversando e meditando durante toda a noite, sem repararem que já era hora da oração matinal. Um tanto decepcionado, Rabi Eliezer declara que, já tendo setenta anos de idade, nunca alcançou a graça de comentar (toda) a “saída do Egito nas noites” do Pessach. Ben Zoma lhe diz: “para que lembres a saída do Egito durante toda a tua vida, não só nas noites de Pessach, mas em todas as noites, e não só nelas, e sim durante todas as noites e dias da tua vida. Enquanto outros sábios ainda acrescentariam, todos os dias de tua vida até que seja trazido o Messias” Toda a vida faz pensar na necessidade da atenção permanente com a frágil construção humana chamada por Lévinas de difícil liberdade. Aceitando a Torah, os hebreus estavam sendo convocados a olhar o mundo através de uma nova ótica. Tratava-se da invenção do outro e do primeiro esforço racional de pensar no envolvimento responsável por ele. Preocupação com o boi do outro, a casa do outro, a vida do outro, a viúva, o órfão, a terra que deve descansar ser cuidada e redividida para que ninguém fique sem o seu sustento, o cego que não deve ser enganado, o pássaro que tendo ovos em seu ninho não pode ser morto. Tratava-se da inauguração de um modo de pensar que tornaria a idéia do outro além de mim, o cerne de um modo diferente de perceber o mundo. Um mundo que não me pertence e no qual sou passageiro e sócio de todos os outros viajantes. Assunto inesgotável. Fala infinita que nos acompanhará enquanto o messias não chega para resolver as questões pendentes. Pensamento onde o filosofo Emanuel Lévinas percebeu a ética e os fundamentos da primeira filosofia. Diferente, no entanto, de outras filosofias que têm a ética como uma conseqüência possível, mas não inevitável. Prática que transformou a espiritualidade de Israel, distanciando-a até hoje das espiritualidades que através do êxtase e da dissolução dionisíaca do eu buscam a ligação com o divino. Objetivo estranho a uma proposta que precisa da consciência para efetuar escolhas e compromissos. No êxtase há sempre uma submissão, na medida em que a consciência desaparece e a mente, dominada pelas emoções, vive a esplendorosa sensação de uma entrega imediata ao absoluto quando todas as aflições se dissolvem. - Sheiavo, que virá! Exclamava exaltado Yeshaayau Leibowitz, toda vez que era perguntado sobre o profeta Elias, anunciador da chegada do Messias. Virá, virá, repetia o sábio incomodado com uma idéia que lhe cheirava a idolatria. Afinal, todo Messias que chega oferecendo salvação, se revela um falso Messias, prometendo um novo mundo e uma nova lei, tentando abolir as responsabilidades do pacto da Torah aprofundado pelos sábios do Talmud. Contra a Torah prometia-se a fácil liberdade da salvação individual, onde um ato de declaração de fé libera a alma de seus pecados, enquanto, para Israel, a espiritualidade se revela na responsabilidade com o outro. Por ser esta espiritualidade um ato de escolha, nem vozes e raios sedutores e muito menos milagres e advertências puderam substituir a decisão do aderir consciente ao pacto com a Torah. Nunca alguém adotou uma forma de viver de acordo com a nova espiritualidade por causa de milagres, repetia Leibowitz um de seus muitos argumentos provocadores. Mesmo a geração que segundo a Torah teria presenciado fenômenos como o do mar se abrindo por intervenção divina, precisou de poucos dias para superar a tremenda impressão causada por um Deus revelado através de uma manifestação na história real das suas vidas. Dias depois de libertados, Israel buscou no bezerro feito de ouro, que eles mesmos coletaram entre si, a excitação produzida pelo rito pagão imediato e palpável. O conflito com o paganismo e a crença em espíritos persistiu para sempre como parte do embate interno do monoteísmo. É possível que a dificuldade de lidar com linguagens abstratas que não conheciam, fosse uma dificuldade que até hoje acompanha a mente humana. Até aqui a nossa conversação ainda se encontra no campo do conhecido. No entanto, a releitura permanente transforma a Torah em uma revelação que se atualiza sempre. Foi assim que, com a ajuda dos talmudistas e de novos interpretes que se somaram à conversa infinita, aprendemos que a saída do Egito não transcorreu com homens ávidos de liberdade. Em seus comentários sobre a Torah, Leibowits nos coloca em contato com mestres que, lidando com as mesmas passagens que conhecemos, demonstram a possibilidade de compreênde-los de uma maneira adulta e de viver a religião e seus ensinamentos sem os chauvinismos e a exaltação dos comentadores que circulam pelo judaísmo virtual da internet. Quando os talmudistas leram na Torah que Israel não deu ouvidos a Moisés “por causa da angústia do espírito e pela dura servidão” (me kotzer ruach vê avoda kashá), eles se espantaram perguntando se, por acaso, “existe alguém que recebendo uma boa nova não se alegre?”. Ao invés de seguirem intérpretes que viam naquela atitude o resultado de uma vida sofrida capaz de transtornar a razão, eles preferiram enfrentar o texto de modo afirmativo. Por acaso não conheciam a antiga tradição prevendo que Israel seria escravizado no Egito e mais tarde libertado? Por isto está escrito: não ouviram a Moises. Não ouviram, nem deram atenção porque ele falava algo que já sabiam. Por que? Por causa da Avoda Kasha, interpretada no texto talmúdico como Avoda Zará! É preciso retornar ao texto hebreu para apreciar a interpretação. Avoda Kasha, o trabalho pesado é assim entendido por ser Avoda Zará, trabalho estranho ou idolatria, eis aí o verdadeiro significado do trabalho pesado. Aculturados no Egito, eles não deram ouvidos a Moises por que estavam imersos na pratica da idolatria e não por que sofriam! Continuando na leitura do texto o Talmud se apega ao uso da palavra “ordenarás” Vaietzavem, estranhando que fosse necessário dar ordens a quem recebe boas novas. E qual a ordem? A resposta se encontra no Talmud de Jerusalém no tratado de Rosh Hashaná no comentário sobre o toque do Chofar no ano da abolição das dívidas e dos escravos. Aqui, novamente encontramos a expressão Vaietzavem, referindo-se mais uma vez a ordenarás a Israel. Este trecho que trata da libertação do escravo hebreu, nos levará ao profeta Jeremias que viveu oitocentos anos após a saída do Egito. Em suas advertências ele relembra ao povo que no dia da sua redenção Deus pactuou com Israel um acordo através do qual libertariam o escravo hebreu no sétimo ano de sua escravidão, mas os hebreus romperam com o pacto que, no entanto, era condicional. Ainda, enquanto escravos, Israel recebeu a primeira mitzvá que comprometia o seu futuro de homens livres em sua terra caso não guardassem a condição imposta. Esta mitzvá indicava que a libertação foi AL Tnai, em condição e não um presente caído dos céus no colo de pessoas que precisaram receber uma ordem para saírem da escravidão em que viviam. Responsabilizar-se pela liberdade do outro, eis a condição para que o escravo possa garantir a própria liberdade e a posse da sua terra. Ideais éticos criados por pessoas dominadas podem sofrer transformações quando elas se encontram no poder. Só nesta condição é possível saber a verdadeira afinidade entre o ideal e os seus criadores. Foi Rav Iehuda Halevi, o grande poeta medieval, quem, no século 12, recolocou esta questão em evidência na sua obra “O Kuzari”. Nela o rei Kazar ouve sábios de diferentes tradições para decidir por qual religião monoteísta deveria optar. Em determinado momento o sábio hebreu fala ao rei Kazar sobre a vida no exílio e a humildade de Israel que não mata e nem se ocupa de guerras. De maneira surpreendente, Halevi dá ao rei Kazar a seguinte fala “Esta afirmação estaria correta se vocês aceitassem o estado de miséria em que vivem de livre vontade. No entanto, se pudessem destruir os seus inimigos seguramente o fariam”. Ou seja, se estivessem livres e vivendo na própria terra, aí sim, poderiam comprovar se era autêntico o seu espírito “humilde e sofredor”. Em outubro de 1953 Yeshaaiu Leibowits entra nesta longa conversação, através do seu mais importante posicionamento acerca da afinidade entre política e preceitos religiosos. Dias antes, em resposta a inúmeros atos terroristas realizados por fedaim vindos de um vilarejo jordaniano chamado Kivia, um destacamento do exército de Israel liderado pelo então oficial Ariel Sharon, chegou à aldeia aparentemente deserta e implodiu mais de quarenta casas como ato de retaliação e advertência. No dia seguinte, descobriram sessenta e nove corpos de crianças e velhos que não conseguiram fugir e se escondiam nas casas. Leibowitz, homem religioso e reconhecido por sua militância a favor da Torah, tendo perdido um filho na guerra de independência, não hesita em entrar no debate milenar sempre repetindo que a sua preocupação não com a ética, um conceito ateu, e sim com os preceitos da religião. O seu célebre artigo “Leahar Kivia” (Depois de Kivia), tem inicio com uma afirmação que nos soa familiar: “Kivia e tudo que está envolvido neste fato fazem parte da enorme experiência a que estamos sendo submetidos após a independência nacional, a criação de um estado, de uma força instituída, enquanto nação, sociedade e cultura que, durante gerações, pode usufruir de uma vida espiritual e cultural no exílio, sendo governado por outros povos e sem alternativa pessoal, vivendo por gerações, do ponto de vista da moral e da consciência, em uma encubadeira artificial onde pudemos desenvolver valores e conteúdos de sabedoria que não foram expostos à prova da realidade” A condição da prova de realidade atravessa um tempo onde não existe nem antes e nem depois. O mesmo argumento do Kuzari/Halevi, a mesma preocupação dos talmudistas diante dos primeiros libertos do Egito, a mesma advertência do profeta Jeremias alcança nos dias atuais o nosso pensamento nos levando a tomar parte da conversação acerca da exigente liberdade proposta e aceita por Israel. Durante o Shabat do Pessach nas sinagogas costuma-se ler o Cântico dos Cânticos. Nele existe uma passagem que descreve o ventre da amada e seu umbigo. “Teu umbigo é uma taça redonda, onde nunca falta o vinho misturado. Teu ventre é um monte de trigo cercado por uma sebe de rosas.” Este versículo é retomado no Talmud como sendo uma metáfora do tribunal do Sinédrio. No corpo da amada viam Israel e no seu umbigo a Jerusalém terrestre, centro do universo, de onde os sábios legislavam para o mundo, distribuindo a sua sabedoria, como o vinho que não falta jamais. Sentados em semi-circulo, eles se viam todo o tempo. Num lugar assim, ninguém consegue esconder-se, nem vender o seu voto sem ser percebido ou desligar-se de sua responsabilidade com a viúva, o órfão, os desprotegidos. No Talmud os ensinamentos do Sinédrio foram comparados ao monte de feno protegido pela cerca de rosas que aparece no cântico. Já imaginaram proteger algo com uma cerca de rosas? Estranha maneira de dizer que as leis da Torah não podem impor-se por si mesmas. Nem raios e nem trovões podem impor o que não se quer. O cercado-tentação que as protege é frágil e mesmo que tenha espinhos, é só pular a cerca e saltar por cima dos ensinamentos que protegem a convivência social. Além disso, as próprias rosas são tão sedutoras que dá vontade de arrancá-las. Através dessa metáfora, a lei e o pacto se revelam frágeis e só a decisão e o comprometimento com os princípios da Torah podem garanti-lo. Mesmo não sendo o meu próximo o meu semelhante, pois ninguém neste mundo pode ser o meu semelhante, ele é meu vizinho com quem devo conviver e por quem sou responsável. Para praticar esta exigente mudança de posição fui eleito entre as nações. Não há milagres, somente a difícil liberdade de uma religião feita para adultos com vontade de praticá-la sem esperar recompensas alem de uma vida protegida por um cercado de rosas. Mas, nem todos querem participar da conversação celebrada na noite do Pessach quando festejamos a exigente liberdade de pertencer a um Israel aberto a todo aquele que se disponha a ultrapassar a simplicidade espiritual de uma esperança infantil. Deferências bibliográficas. Emanuel Lévinas Mas Allá Del Versículo Difficult Freedom Quatro Leituras Talmudicas Algunas reflexiones sobre la filosofia del hitlerismo. Yeshaayau Leibowits Sichot Al haguei Israel Umoadaiv Sheva Shanim shel Sichot Al Parachat Hashavua Paulo Blank é psicanalista e escritor, Dr. em Comunicação e Cultura, dedica-se ao estudo do pensamento judaico.
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Por todos los muertos inocentes y solamente por ellos Autor: Por Bernardo Ptasevich Las guerras, los atentados suicidas, las bombas ocultas entre la multitud que sólo buscan la muerte de cualquiera que esté cerca, han producido en estos días y en toda la historia de la humanidad infinidad de muertos. Como en la ruleta rusa y sin motivos especiales que nos hagan elegibles, cualquiera de nosotros puede ser la próxima víctima. Cientos de miles de personas en todo el mundo han muerto en ese juego perverso de violencia sin fin como si la vida humana no fuese importante, como si se tratara de algo descartable que se puede reponer y de estadísticas de población que no se modificarán demasiado. Los episodios pasan cada día, en cada rincón del planeta, a tal punto que ya parece algo cotidiano abrir el diario y tener un titular que nos indica el número de muertos de la jornada asemejando a la cotización del dólar o las acciones de la Bolsa fr Valores, o sea una información estadística más. Pero detrás de cada muerte hay una historia, una vida única e irrepetible, una familia destrozada que debe seguir viviendo y conviviendo a veces con los propios asesinos ya que no siempre la muerte la causa un país enemigo o lejano. Al día siguiente de cada tragedia todos los mecanismos cotidianos continúan funcionando, no sólo en la comunidad de los afectados, también en la de los victimarios. Morir en cumplimiento del deber, en defensa de los ideales o del país al que uno pertenece es un honor. Morir sin saber de dónde cayo la maldición, sólo por caminar en la calle o estar en el sitio equivocado en el momento también equivocado es una estupidez, la estupidez de la raza humana que compartimos. Recordemos a todas las víctimas civiles de cualquier parte del mundo, los que no participaron en ningún conflicto bélico, los que no tomaron un arma para amenazar ni agredir e incluso para defenderse, los que simplemente ganaron el primer premio de la lotería pero al revés y entregaron su vida sin poder elegir. Una vida tiene un valor incalculable, no se mide en dinero ni en cosas materiales y es una pérdida para la humanidad toda. Los judíos tenemos una historia de muertos sin justificación, desde el Holocausto y hasta nuestros días. En Israel recibimos cohetes diarios que por suerte no son muy precisos pero hemos recibido atentados que se llevaron la vida de muchísima gente y la ilusión de muchísimas familias, que han provocado gran sufrimiento. Quizás por ello tenemos desarrollado un gran sentido humano hacia los familiares de las víctimas, tratamos de recordarlos con homenajes, tenemos sus fotos en nuestras escuelas, hablamos de ellos a nuestros hijos y la comunidad. Lamentablemente no podemos devolver la vida ni reponer la felicidad a sus familias, pero no somos de esos a los que nada le importa. Nuestros soldados que son nuestra propia familia cumpliendo el deber de defendernos exponen su vida a cada momento. Tenemos entre ellos muchos caídos con honor que han entregado su vida por una causa que todos nosotros creemos justa. Dentro de cada uniforme hay también un ser humano, hay también una historia y hay después de cada desgraciado suceso una familia que sufre. Es que la muerte no puede tener nada de positivo. En estos momentos podemos ver en Libia y en otras partes del mundo como se están matando personas que no tienen nada que ver con la guerra que se está librando. Los combatientes de uno y otro bando saben que se están exponiendo a la muerte, tratan de causar la del oponente y corren grandes riesgos de perder la suya. Por el motivo que sea ellos han elegido ese camino. Sólo con mirar cómo se entra a una ciudad a sangre y fuego nos daremos cuenta de los miles de inocentes que caerán sin haber tenido participación ni haber tomado decisión alguna. Basta escuchar los discursos del coronel Kadafi para saber que morirán miles de inocentes. El no sólo quiere eliminar a los rebeldes que se alzaron en armas contra su Gobierno y su dictadura interminable, quiere matar a todos los que no lo aman y también a todos los que no acaten sus órdenes o no acepten vivir bajo sus condiciones. Como un león enjaulado lanza su furia contra cualquier objetivo civil sin importarle la vida como nunca le ha importado. Es un terrorista que tiene en su haber atentados que la comunidad mundial nunca debió perdonar. Ahora amenaza a cualquiera que ose pasar por el Mediterráneo, lo que incluye cruceros con turistas o embarcaciones civiles; todo es válido para saciar su sed de matar. La comunidad internacional se ha decidido y está tratando de poner fin al Gobierno libio aunque declaren que ese no es su objetivo. Puede ser que en sus ataques también provoquen alguna victima civil. La ecuación guerra víctimas inocentes funciona sin importar de donde vengan los disparos. En otros países de la región también se están produciendo matanzas de civiles sin discriminación mientras los mismos que hoy llegaron a Libia miran hacia otro lado. El poder parece tener licencia para matar. Estamos inmersos en una espiral interminable, un circulo de muertes en vano de miles de seres humanos que jamás serán repuestos. Para aquellas personas que cerraron sus ojos sin saber por qué y cuyo único pecado fue nacer y vivir en el sitio atacado, mi pequeño homenaje y mis disculpas de que el mundo siga andando sin ellos como si nada hubiese sucedido
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As Dez Pragas do Egito - Revista Menorah

As Dez Pragas do Egito Dez calamidades castigaram o Egito antes da saída dos filhos de Israel desta terra. Através delas, D'us demonstrou a toda humanidade o seu infinito poder. O episódio das Dez Pragas, chamadas em hebraico de Makot Mitzrayim, literalmente Pragas do Egito, relatado e elucidado na Hagadá de Pessach, consta no Livro do Êxodo. Numa primeira leitura, a aparente razão para tais calamidades foi a obstinada recusa do Faraó em obedecer a ordem do Eterno de libertar Israel. No entanto, se este fosse o único propósito, um único golpe devastador teria sido suficiente. Por que, então, D'us optou por dez calamidades? Porque, através das Dez Pragas, o Eterno demonstrou não apenas ser O Criador do Universo, mas Senhor Único e Absoluto dos Céus e da Terra, Juiz Supremo e Força Regente da Natureza. No Egito, a contundente revelação da Onipotência Divina fez com que mesmo os mais incrédulos entre os Filhos de Israel fossem obrigados a reconhecer o ilimitado Poder Divino. O principal objetivo das múltiplas pragas foi, portanto, demonstrar a Israel que D'us de seus ancestrais, D'us de Avraham, Yitzhak e Yaacov, é D'us Único, Senhor sobre a natureza e sobre as outras nações, e que não há outro além Dele. As pragas serviram também como o grande castigo pela escravidão, tortura e campanha de genocídio perpetrada pelos egípcios contra o Povo Judeu. Mas a Torá não é um simples compêndio de história judaica e o judaísmo não permite celebrar o sofrimento alheio, ainda que seja o dos inimigos de Israel. As Dez Pragas são relatadas na Torá e na Hagadá não como celebração da Justiça Divina, mas como fonte de lições espirituais. A Criação e as Dez Pragas O primeiro dos Dez Mandamentos afirma: "Eu sou o Eterno, teu D'us, que te tirou do Egito da casa da escravidão", e não, "Eu sou o Eterno, teu D'us, que criou o universo". Explicam nossos Sábios que, através deste primeiro mandamento, D'us alerta os homens de que Ele não é apenas o Criador, mas está presente e profundamente envolvido em cada detalhe da vida de cada uma de suas criaturas. O conceito do Criador do Universo é extremamente abstrato e a Criação é um dos grandes segredos do universo. O pouco que se sabe a respeito faz parte da Cabalá e vem sendo transmitido, de geração em geração, para uns poucos escolhidos entre os líderes espirituais do Povo Judeu. Em geral, o assunto é inacessível, mesmo aos mais eruditos. Já o episódio das Dez Pragas pode e deve ser aprendido por todos, inclusive as crianças. A razão é que, ainda mais do que a Criação, as Dez Pragas demonstram a Onipotência Divina em Suas diferentes manifestações. E, se durante a Criação, somente o próprio Criador estava presente, quando dos acontecimentos no Egito, milhões de judeus e egípcios testemunharam e vivenciaram os milagres realizados por D'us. E para os mais céticos que não aceitam a Torá como a Palavra de D'us, há documentos egípcios e evidências históricas e arqueológicas que atestam as terríveis catástrofes que se abateram sobre o Egito, na época em que ocorreu o Êxodo. No decorrer das Dez Pragas, o Eterno revelou Seu controle absoluto sobre a natureza. Utilizando-se de pragas naturais, manifestas, no entanto, de forma sobrenatural, demonstrou, que está simultaneamente na natureza e acima desta, pois Ele não é limitado por qualquer elemento de Sua criação. E, não foi simples coincidência o fato de ter optado por castigar o Egito com pragas relacionadas à natureza, pois, para os egípcios, o rio Nilo, os animais e o próprio Faraó eram considerados divindades. O Eterno quis demonstrar que nenhuma suposta divindade poderia deter Sua vontade, pois que cada elemento da natureza era Seu servo. D'us queria tirar dos judeus qualquer vestígio de paganismo porventura assimilado em sua longa permanência naquela terra. Além do mais, no Egito, idolatrava-se a matéria - a abundância e a fartura - e, ao transformar o Nilo em sangue, ao destruir as colheitas e os bens egípcios, D'us provou que a Terra inteira Lhe pertence e que tudo que o homem possui advém Daquele que a tudo criou. Os castigos que se abateram sobre todo o Egito não atingiram os judeus que lá viviam ou a terra de Goshem onde habitavam. Ao fazer esta distinção entre o opressor e o oprimido, manifestou-se no mundo terreno a Justiça Divina. Foi revelado ao homem que todos seus atos têm conseqüências, sejam bons ou ruins. As pragas revelaram, também, o poder e eficácia da oração e da ligação com D'us, pois foram as orações de Moshê que puseram fim a cada uma das pestilências. Por que dez? As Dez Pragas castigaram o Egito durante praticamente um ano, iniciando-se no fim do mês de Iyar e terminando apenas no dia 15 de Nissan. As primeiras sete pragas constam no Livro do Êxodo, na porção Va'eirá (7:19-9:35), e as últimas três na porção Bô (10:1-12:33). A seqüência de eventos que antecedem as pragas tem início quando o Faraó se recusa a obedecer à ordem Divina transmitida por Moshê e Aharon: "Envia Meu povo para que festejem para Mim no deserto" (5:2). O rei do Egito responde com insolência: "Quem é o Eterno para que eu escute Sua voz e deixe partir o Povo de Israel? Não conheço o Eterno e também não despacharei Israel" (5:2). E, num gesto desafiador, decide afligir ainda mais os Filhos de Israel. Ordena a seu povo que não mais entreguem aos judeus a palha necessária para a confecção dos tijolos; a partir de então lhes caberia o esforço adicional de buscar a matéria-prima para cumprir suas cotas diárias. O não-cumprimento era punido com tortura física. Seu sofrimento tornara-se ainda mais insuportável e, ao ser questionado por Moshê, D'us responde: "Agora verás o que farei ao Faraó". Nosso profeta e toda a humanidade iriam testemunhar como o Eterno redimiria o Seu povo. A pergunta, porém, permanece: Por que, ao invés de atingir os egípcios com um único golpe, D'us optou por um processo gradual e crescente? Por que foram necessárias Dez Pragas? Segundo nossos Sábios, são inúmeros os motivos. O Midrash revela que cada praga foi conseqüência direta de uma ação específica e equivalente mau-trato, tortura ou crueldade perpetrados pelos egípcios contra os Filhos de Israel. A Justiça Divina determinara que os egípcios deveriam ser punidos "medida por medida" pelas crueldades cometidas contra Seu Povo. Além do mais, a sucessão de pragas e os avisos que as precederam eram necessários para dar ao Faraó a oportunidade e o tempo de reconsiderar suas ações, arrependendo-se da crueldade perpetrada contra os judeus. Somente após o rei do Egito ter "endurecido seu coração" e, repetidamente, se recusado a libertar o povo judeu, as portas do arrependimento finalmente se fecharam. Maimônides explica que, às vezes, o castigo que D'us impõe a quem cometeu um grave pecado é privá-lo da possibilidade de se arrepender. Este é o significado da expressão usada na Torá, "Endurecerei o coração do Faraó". As Dez Pragas formam um sistema coerente, de intensidade crescente. A cada recusa do Faraó em atender a ordem Divina de deixar Israel partir, uma nova calamidade se abate sobre o Egito. As primeiras nove são divididas em três séries, de três pragas cada, que se sucedem de acordo com um plano. Cada série aumenta em progressão em direção a um clímax, sendo que a última serve de prelúdio para a décima praga - a Morte dos Primogênitos. Em cada série D'us manifesta Seu poder, mudando o curso das leis da natureza em uma das três esferas da Criação - a terra, a atmosfera e os céus. Segundo Rabi D. Isaac Abravanel, um dos objetivos das pragas era convencer o Faraó, seu povo e, conseqüentemente, toda a humanidade de três verdades fundamentais sobre D'us: Sua Existência, Sua Divina Providência - ou seja, que a Mão de D'us está presente em tudo o que acontece na vida dos homens e das nações - e Sua Onipotência. Por isto, a primeira praga de cada grupo é precedida por uma declaração que caracteriza um desses princípios. A primeira série: sangue, rãs e piolhos "Assim falou D'us: 'Nisto saberás que sou o Eterno'" (7:17). A afirmação indica que o objetivo da primeira série é estabelecer a inegável existência de um D'us Único, Criador Absoluto e Senhor do Universo. A primeira praga atinge o Nilo - considerado pelos egípcios uma divindade. Rashi, o comentarista clássico da Torá, explica que, como havia escassez de chuvas no Egito, a principal fonte de água era este rio que, ao extravasar, irrigava a terra. Por isso os egípcios o consideravam a divindade responsável pelo seu sustento. Quando, seguindo a ordem Divina, Aharon golpeia o Nilo com seu cajado, não só suas águas, mas as de todo o Egito, transformam-se em sangue. A primeira praga veio para demonstrar aos egípcios que sua "divindade, o rio", não era capaz de deter a Vontade do Criador. O Midrash explica que, para os judeus, a transformação das águas do Nilo em sangue foi muito significativa, pois compreenderam que D'us estava punindo os egípcios por terem jogado nas águas daquele rio o sangue de seus filhos. Pela segunda vez o Faraó se recusa a libertar Israel. D'us, então, ordena a Aharon que estenda novamente a mão sobre o Nilo. Rãs, cujo coaxar enchia os ares, emergem do rio e se multiplicam incessantemente, invadindo as casas egípcias. A segunda praga era a prova de que não só o Nilo não conseguira deter a Vontade do Criador, mas que, ao produzir as rãs, o próprio rio estava a Seu serviço. Uma terceira praga castiga o Egito, após nova recusa do Faraó em se dobrar perante D'us. Após Aharon ter golpeado o pó com o cajado, seguindo a ordem Divina, a terra de todo o Egito se transforma em piolhos e pequenos insetos, que picam mortalmente os egípcios e seus animais. Foi no decorrer desta terceira praga que os feiticeiros egípcios alertam seu rei que Moisés e Aharon não eram magos nem tampouco eram "as ocorrências" fruto de algum tipo de feitiçaria. Eram enviados de D'us. Segundo o Midrash, foi no final dessa praga que os judeus pararam de trabalhar para os egípcios. Esta primeira série de pragas foi lançada por Aharon e não por Moshê, porque este tinha um débito de gratidão com as águas do Nilo e com a terra do Egito. Quando Moisés nasceu, sua mãe, para salvá-lo do édito infanticida egípcio, colocou-o numa cesta sobre o rio e as águas o mantiveram vivo, conduzindo-o até Batia, filha do Faraó, que o resgatou. A terra também o ajudou, pois encobriu o corpo de um algoz egípcio, que Moshê matara para salvar a vida de um judeu. D'us, portanto, incumbiu Aharon de lançar as primeiras três pragas, porque, como Ele próprio afirma, "as águas que cuidaram de ti quando foste lançado ao Nilo...e a terra que veio em teu auxílio quando mataste o egípcio...não é justo que por ti sejam amaldiçoadas". A segunda série: animais selvagens, peste e sarna Iniciando o segundo grupo, a quarta praga é precedida pela declaração Divina: "Para que saibas que sou o Eterno no meio da terra" ( 8:18). Por todo o Egito, bandos de animais selvagens, cobras e escorpiões atacam os egípcios, mesmo dentro de seus lares, e destroem tudo que encontram pelo caminho. Mas, como D'us afirmara, "Separarei nesse dia a terra de Goshem", nenhum destes animais adentrou na terra onde habitavam os judeus. Segundo Rashi, numa clara demonstração de Seu Poder, mesmo os judeus que estavam em outros lugares não foram atacados. A quinta praga é uma peste fatal que mata os animais domésticos dos egípcios que pastavam nos campos, inclusive os carneiros, que eram considerados um de seus deuses. No entanto, nenhum animal de qualquer judeu foi atingido. Segundo Rabi Alkabetz, a partir daquele momento o sofrimento egípcio se tornou tão intenso, que até o Faraó já estava disposto a ceder. D'us, no entanto, endureceu-lhe o coração, pois queria que os Filhos de Israel vissem a totalidade e abrangência de Sua Força e aprendessem a Nele ter fé. A sexta praga que atinge os egípcios e seus animais, geralmente chamada de sarna, era na realidade, bolhas que se transformavam em úlceras, causando grande sofrimento físico. Mesmo os feiticeiros egípcios foram atingidos pela doença. Esta segunda série de pragas foi uma clara demonstração de que a Providência Divina, a Mão de D'us, está presente em tudo o que acontece. O fato de nenhum judeu ter sido atingido era mais uma prova de que D'us controla tudo que ocorre no mundo, inclusive o comportamento dos animais e as aflições físicas. O terceiro grupo: granizo, gafanhotos e escuridão O objetivo desta última série de pragas, anunciado pela declaração "Para que saibas que não há ninguém como Eu, em toda a Terra" (9:14), foi demonstrar o infinito poder de D'us. Um outro propósito para a ação Divina é revelado por Moisés, quando informa ao Faraó que, apesar de merecer morrer, sua vida fora poupada para que ele reconhecesse a grandeza de D'us Único e Verdadeiro. "Para que Meu Nome seja anunciado em toda a terra" (9:16), afirma D'us. E para que fosse transmitido, de geração em geração, o relato do que estava ocorrendo no Egito, ou seja, a manifestação explícita de Sua Vontade. Na sétima, uma violenta tempestade de granizo assola o país. O mundo nunca vira algo igual. Muito menos o Egito, onde, devido à escassez de chuva, este fenômeno meteorológico era desconhecido. Havia um aspecto sobrenatural nesta praga: o granizo vinha acompanhado de fogo. Dois elementos opostos - o fogo e a água - conciliados a fim de mostrar a Onipotência Divina. Antes da sétima praga, D'us alertou os egípcios para procurarem abrigo durante a chuva de granizo, pois, nenhum ser vivo e nenhum vegetal escapariam incólumes. E os que acreditaram nas palavras de Moisés procuraram abrigo, tanto para si como para seu gado. Na oitava praga, um vento do leste trouxe em seu bojo nuvens de gafanhotos, que escureceram os céus. Os insetos devoraram cada folha verde que, porventura, sobrevivera ao granizo e às pragas anteriores. Invadiram os lares e os campos egípcios e trouxeram ruína total ao país, já praticamente destruído pelas catástrofes anteriores. Pela primeira vez, o Faraó reconhece seus erros, mas ainda permaneceu firme na determinação de não deixar partirem os judeus. Quando a nona praga se abateu sobre o Egito, uma "escuridão tangível", impenetrável, tão densa que apagava qualquer luz, envolveu o país por seis dias. Mais uma vez, um fenômeno natural - a escuridão - se manifestou de forma sobrenatural, pois enquanto nos lares egípcios não era possível acender uma luz, nos lares judaicos, havia luz abundante. Os egípcios, tomados de pavor, permaneceram imóveis onde se encontravam. Ao descrever a praga, a Torá menciona "escuridão e trevas": escuridão no sentido físico e trevas no sentido espiritual. A Torá nos ensina que esta praga refletia o egoísmo prevalente no Egito: "Não via nenhum homem a seu irmão", pois cada egípcio via somente a si próprio; assim aconteceu durante a praga da escuridão, ninguém se mexeu para socorrer o outro, pois a ajuda mútua não fazia parte de sua visão de mundo. A décima praga: a morte dos primogênitos egípcios A décima e última praga é amplamente anunciada por Moshê, que alerta o Faraó que, por volta da meia-noite, D'us, Ele Próprio, passaria sobre o Egito e golpearia todos os primogênitos - filhos de homens ou de animais. Era o clímax de todas as anteriores. Seu aspecto de punição é imensamente mais severo do que o das outras, cujo principal objetivo era incutir nos egípcios a fé em D'us. Durante esta praga, D'us, Juiz Supremo, executou o castigo, "medida por medida", pelo decreto de extermínio que o Egito lançara contra o Povo Judeu. O Faraó, que emitira a ordem de que todo menino judeu fosse afogado no Nilo, e os egípcios, que a haviam executado, presenciaram a morte de seus primogênitos na noite que antecedeu o Êxodo. À meia-noite, todos os primogênitos egípcios, inclusive o filho do Faraó, faleceram a um só tempo. A única exceção foi o Faraó, ele próprio um primogênito. D'us poupou-lhe a vida porque, às margens do Mar de Juncos, no episódio da abertura do mar, ele ainda iria testemunhar, uma vez mais, o ilimitado poder de D'us. (V. Morashá - edição 48 - abril de 2005). Naquela fatídica noite nenhum judeu faleceu; D'us postergou até mesmo a morte dos que haviam terminado seu tempo na Terra. Demonstrava assim, mais uma vez, a clara distinção entre os oprimidos e os opressores. Naquela noite, os Filhos de Israel vivenciaram uma nova dimensão da Justiça Divina e tiveram a certeza que D'us Misericordioso os libertara da escravidão. Uma dimensão mística das Dez Pragas A Cabalá revela que a alma humana é composta de dez pontos de energia - dez características - que correspondem aos dez fluxos de Energia Divina, denominados de Sefirot, na Cabalá. Ao ser humano foi dado o livre arbítrio, a opção de utilizar estas características tanto para o bem quanto para o mal. O antigo Egito - sociedade baseada na idolatria, imoralidade e total falta de respeito pela vida e dignidade humana - representa a corrupção de cada uma das Dez Sefirot. Por este motivo, foram dez as pragas que atingiram o país. As calamidades foram fruto inevitável da crueldade egípcia, conseqüências espirituais que se manifestaram fisicamente. Por outro lado, ensina a Cabalá, os Dez Mandamentos, outorgados 50 dias após o Êxodo do Egito, no Monte Sinai, são o "antídoto" das Dez Pragas. Pois se as Pragas refletiram a perversão dos dez atributos da alma humana, os Dez Mandamentos refletem sua retificação espiritual. O relato das Dez Pragas é fonte de inúmeras lições espirituais. A principal é que a corrupção espiritual, a maldade e a injustiça criam entidades espirituais negativas que acabam voltando-se contra seu próprio criador. Em contraponto, os Dez Mandamentos nos revelam que a ligação com D'us, a bondade e a justiça são o caminho para que a alma humana se manifeste em toda a sua harmonia e esplendor, canalizando bênçãos naturais e sobrenaturais para este nosso mundo físico. Bibliografia · Hagadá de Pessach, com comentários do Talmud e literatura rabínica, Fundação J. Safra, 2007 · The Call of the Torah - Shemot, Rabbi Elie Munk, Artscroll Mesorah Series. · The Sepharadic Heritage Haggadah, The Sutton Edition, Rabinos Elie Mansur, David Sutton e Hillel Yarmove, Art Scroll Sepharadic Mesorah Series, 2006
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Reflexões sobre Purim, o Japão e o Judaísmo Humanista

Estamos às vésperas de Purim, a data no calendário judaico em que comemoramos uma vitória contra o antissemitismo. Purim tem, para mim, também o significado da repulsa a todos os tipos de antissemitismo em todas as gerações. Para mim não é dia de festa, pois na maior parte dessas ocasiões os judeus não tiveram uma rainha Ester que tivesse acesso ao poder.

É para mim um dia de reflexão sobre a ilusão do acesso privilegiado circunstancial ao poder, e sobre a necessidade de empoderamento maior de um grupo social no sentido de se proteger contra agressões cometidas por pessoas individuais ou pertencentes a grupos intoxicados pelo ódio e pela intolerância.

Não gosto de Purim. Me sinto mal ao pensar em morder aquele doce delicioso, o Humentasch, com passas e nozes, mas que está associado a uma simbologia bárbara, do revanchismo típico do “olho por olho”, aquela de comer a orelha de Haman (“Humen” é a pronúncia de Haman em idishe, e o tasch significa orelha). Me faz pensar no Fernandinho Beiramar, que se vangloriava de arrancar com os dentes as orelhas dos seus desafetos. Embora deseje do fundo do coração que vão para o Inferno os Hitlers, Gaddafis, Ahmadinejads, Chavez, e outras pessoas de mau caráter que nós judeus também temos (Avigdor Liberman é só o primeiro nome que vem à mente), e queira distância de todos que alguma vez mostrem qualquer tipo de amizade ou admiração em relação a essas pessoas, EU NÃO DESEJO QUE NINGUÉM LHES COMA AS ORELHAS.

Não gosto de Purim porque teria sido o primeiro Holocausto. Não ter sido o primeiro é motivo para alívio, mas em algum momento histórico perdido no tempo aconteceu o primeiro, e foi seguido por muitos outros, até chegar à Shoá, causada não por um único Haman, mas por uma sociedade doente que o produziu. E incluo nessa série de holocaustos, que eu gostaria de ver celebrados em conjunto, aqueles da Bósnia, de Ruanda, do Camboja, dos armênios na Turquia, dos índios norte-americanos e brasileiros, dos Gulag´s de Stalin, dos 20 milhões de soviéticos mortos na Segunda Guerra, dos palestinos de tantas aldeias destruídas (ainda hoje), dos 20 milhões de negros vítimas do tráfico negreiro que vicejou durante séculos e nem porisso é menos triste. Corrijam-me nos números os historiadores.

Purim é para mim um momento de reflexão sobre a doença social que produz Haman´s e as multidões que os seguem cegamente. Não merece um carnaval de máscaras, e sim meditação sobre o mal que existe em cada um  e em todos nós, e que pode um dia nos cegar perante a injustiça. Um dia para a celebração da responsabilidade individual e do livre arbítrio.

Purim teria significado digno de eu celebrar, se revelasse às crianças e jovens esse livre arbítrio que nos leva a honrar também o bem que existe naqueles que estão no lado opressor e se rehumanizam na compaixão e na prática da justiça a qualquer preço.

O Purim do "olho por olho" eu não consigo celebrar. 

Celebraria se pudéssemos o nosso Purim a todos os outros povos vítimas de genocídios, intolerâncias, e também de desastres causados pelo próprio homem, como a tragédia em Fukushima, que além dos sentimentos de compaixão nos traz a consciência da arrogância, a “hubris” das tragédias gregas. Fukushima poderá ser um dia Angra. Golfo do México poderá ser um dia Juqueí até Itanhaém. Há responsabilidades individuais e coletivas em cada um desses acontecimentos. Purim me leva a refletir sobre isso e sobre a parte que me cabe no latifúndio do nosso Tikkun Olam, o termo hebraico para o dever judaico supremo de cada um e de todos: a “cura do mundo”.

Purim é o dia em que eu gostaria de celebrar a responsabilidade individual de todo e qualquer ser humano pelos direitos humanos de todos os demais, e pelo planeta em que vivemos. Meu herói em Purim seria o chefe Seattle cujas palavras nos foram trazidas pela Marcelinha, de 14 anos, que adotei como afilhada.

Um Purim humanista seria antes de tudo universalista, e poderia estar associado à Alameda dos Justos do Yad Vashem, onde temos, nós judeus, um patrimônio moral da humanidade que é a capacidade de reconhecer os Justos de todas as nações. E que é a prova histórica de que a única forma de termos segurança e paz é agindo no sentido de que todos os seres humanos tenham segurança e paz.

Agnóstico que sou, mesmo assim busco o Poder da Oração ensinado pelo monge budista Thich Nhat Nhan,dirigindo  as energias do pensamento e do coração neste Purim, para que Obama e Dilma tenham boas conversas, e para que Obama e Dilma digam algumas poucas palavras decisivas a Netanyahu, e que possam resultar, como acredito que podem, numa guinada que nos faça desviar do precipício. Acredito nas palavras. Poucas palavras poderão ser suficientes. Está em tempo.

Por que Dilma? Porque acho que o Brasil deverá adotar Gaza.

Oxalá eu possa estar alegre no Purim em 2012.

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El horror y la muerte nos rodean Autor: Aarón Alboukrek, México La existencia de la Declaración Universal de los Derechos Humanos responde a la contundencia del horror que la especie humana obra. Las formulaciones ahí contenidas nos dicen del peligro real que representa la condición humana para sí misma. No surgió propiamente del amor al prójimo, sino de la paradoja de la conciencia que advierte la capacidad heterodestructiva y desalmada que predomina en muchos, y de la necesidad de conservar esa conciencia aterradora para defenderse de ella y poder seguir usando el instinto de conservación frente a la fuerza insolente de la atrocidad perversa. Desde entonces vivir se ha convertido en un derecho protegido contra la barbarie. Ya no basta con correr ante la presencia de un león hambriento para intentar salvar la vida porque el león aprendió a multiplicar sus fauces con perversidad y aparecerse por doquier. La declaración pretende contrarrestar con un arma racional y legítima la depredación dentro de la misma especie horrorizada de sus actos. El león es insaciable y hay mucha cría corriendo en círculos concéntricos sin poder respirar lo suficiente, se les nota en sus costillas adhiriéndose en la carne cuando respiran, como si tuvieran pulmonía. El león parece camaleón, unas veces viene disfrazado de noble eclesiástico para satisfacer un deformado instinto sexual, otra de estirado ejecutivo corporativo y transnacional para saquear y hambrear, otra de militar planchado para reprimir y someter, otra de insurgente para aplastar humanidades que considera cucarachas, otra de augusto líder revolucionario para engordar su bolsillo y su megalomanía, otra de altruista repartidor de alucinaciones para aniquilar los resquicios del anhelo, otra de creativo publicista para imponer mentiras y enfermar, otra de ecuánime moderador para sacar tajada, otra de libertador terrorista para asesinar bebés y otras muchas más con miles de disfraces intuitivos y maquiavélicos para aprovecharse de la inocencia, de la fragilidad, de la necesidad, de la desgracia o simplemente de la alegría y de la paz interior de las que carecen, lamentablemente, los disfrazados retorcidos. Nos quieren convencer de que no hay salida El fraude y la muerte calculados en nuestros días acechan por doquier y sin mirar a quién, y el instinto de conservación parece ir más allá de la zozobra y de la vergüenza; ese instinto parece metafísico al irse convirtiendo en el más allá de la dignidad: la familiaridad con el horror. Los falsificadores, con poder o sin él, victimarios o víctimas agresoras en una cultura universal afligida y con capacidad de transferir virtualmente el dolor de todos a todos, nos quieren convencer de que no hay salida, de que los sueños de una vida, el trabajo, la educación diaria de los hijos y su alimentación, la protección contra las inclemencias del clima, la lucha contra las enfermedades, la angustia de la soledad, los pormenores cotidianos insoslayables, la necesidad de abrazar y ser abrazados son y serán la debilidad infranqueable de la especie humana que debe adaptarse al horror si quiere sobrevivir. Nos quieren convencer de que la familiaridad con el horror es dramáticamente la posibilidad de mantener el archivo cerrado de la memoria de la infamia y disfrutar algo del resto. Los disfrazados saben que la mayor parte de la humanidad no tiene tiempo de salvar al mundo; que apenas puede alimentarse, circular y esquivar a los depredadores de su especie; que de poco sirve recordar las tragedias históricas para evitar la zozobra porque los leones andan sueltos por el orbe y la maldad y la crueldad se revitalizan día tras día y la creatividad para el despojo se ha tecnologizado. Saben que la brutalidad inmediata siempre toma el espacio de reconsiderar la historia para prevenir la muerte absurda y criminal. De alguna forma están conscientes de que la depredación del ser humano contra sus semejantes no retorna elípticamente porque se olvide la historia, y que la memoria no es la catapulta congénita de la zozobra. Intuyen que el olvido colectivo no existe en realidad como tal, sino que sólo es soslayo de miedo o impotencia ante la repetición brutal y tierra fértil para el abuso. La repetición es ciertamente una pausa de reflexión, pero la zozobra no tiene tiempo, es siempre el presente continuo, el de la vida del aquí y del ahora y no el de los empalizados medievales o el de los tutsis ya masacrados. Esto lo saben los depredadores. La memoria tiene mucho que decir pero tarda al enseñar la prevención, la historia misma es testigo de la repetición brutal y la memoria sirve más para defenderse eficientemente del horror que para impedirlo, la memoria parece retroalimentar la franqueza del pánico. Si la historia del ser humano tuviese fin ¿terminaríamos entonces como una sombra erótica y macabra después de tantos logros del conocimiento? Tal vez, pero la probabilidad es reducida, lo es porque si hay muchos devastadores y criminales también hay millones de constructores con la fuerza predominante de vida, millones con voz sensata, arrojo, amor, honradez y nobleza. La fatalidad absoluta es propiedad de aquel que arrincona la vida, siempre se podrá alzar la voz y luchar contra la perversidad, por más que se nos quiera arrebatar la confianza. La Declaración Universal de los Derechos Humanos no es un logro retórico, es una necesidad sobrevivencial cuya fuerza de espíritu nos impele a alzar la voz para que no sea sólo un recurso del discurso político en muchos de aquellos que tienen la obligación de hacerla ejercer. Es momento de condenar Hoy es un día para alzar la voz y reclamarles a todos aquellos líderes y países del mundo que siempre han estado prestos para reprobar a Israel que condenen sin retórica alguna el abominable homicidio en un atentado terrorista de una familia israelí en Itamar, Cisjordania, dos padres y tres de sus hijos entre los cuales había un bebé de cuatro meses. El que pregone derechos humanos que no se ampare en el silencio. La condena mundial ante un hecho atroz no sólo significa aborrecer ese acto, implica abrir el cuestionamiento autocrítico de las razones sociales, culturales, históricas y políticas que subyacen en el drama, supone la importancia de denunciar lo que no se hace para prevenirlo y determinar las causas de la pasividad política. En este caso la impertinente inmovilidad de la Autoridad Palestina cuyo discurso no atiende al parecer la gravedad que implica el letal odio incrustado en individuos o sectores fanáticos del pueblo que representa. La Autoridad Palestina debería de saber que la paz es algo más que firmar acuerdos, que la paz es un compromiso de mesura que implica, desde el antes de su referendo, la reorientación constante y cuidada de los valores esenciales en la sociedad para detener las potencialidades nefastas del rencor y el odio. Los países deben condenar sin ambages ni dilaciones este hecho abominable. Hoy el mundo está de luto por muchas tragedias, hambre, guerras, terremotos y terrorismo. El horror nos rodea, la tierra traga a miles de sus hijos mientras un terrorista delirante masacra a una familia.… Poco se puede hacer contra la naturaleza indómita e imprevisible del planeta, pero mucho contra la perversidad que apuñala a un bebé, esperanza y rescate reales, no sólo para Israel sino para toda la humanidad
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P U R I M – o Filme ou O Samba do Rabino Doido Davy Bogomoletz Adár B, 5758 A história começa quando Ahashverósh )Assuero), Rei da Pérsia e da Média, um grande império com 127 províncias, resolve comemorar o seu terceiro aniversário no Trono. Ele manda fazer um tremendo banquete, e convida todos os homens importantes, e também os que não eram importantes, para comerem e beberem à vontade durante os dias da festa. E convida Vashti, a Rainha, para vestir-se com suas roupas mais esplendorosas para que os convidados a vissem ao vivo e em cores. Mas Vashti, a Rainha da Pérsia e da Média, simplesmente desobedece à ordem do Rei Ahashverósh, e os seus conselheiros apressam-se a exigir a sua cabeça, dizendo que, se a própria rainha desobedece ao rei em pessoa e nada lhe acontece, o que seria deles, pobres mortais, quando chegassem em casa?... Assim, devidamente castigada a rainha por sua audácia, diz o livro explicitamente, ‘todas as mulheres darão valor a seus maridos, sejam grandes (poderosos) ou pequenos (joões ninguém)’ (cap. 1; 20)... Vashti, a rainha desobediente, tornou-se assim um ícone do movimento feminista. Expulsa a rainha, o rei manda fazer um concurso de beleza nacional para escolher a sua nova esposa. E depois de quatro anos de concurso, a vencedora é... Esthér, sobrinha de Mordechái (Mardoqueu), o judeu, levada ao palácio como todas as outras beldades solteiras do Reino, mas logo assumindo a preferência dos organizadores do concurso por sua extrema obediência! (cap. 2; 15, 16). Além de bela, boazinha!... O rei apaixona-se por Esthér e a nomeia Rainha de toda a Pérsia. E faz para ela um grande banquete da coroação, com tudo a que tinha direito. Mas... Esthér não contou a ninguém sua origem judaica, por ordem de seu tio Mardoqueu (cap. 2; 10). E agora vemos Mordechai, ‘sentado à porta do rei’, isto é, nomeado alto funcionário pouco depois da coroação... Nesse mesmo momento, no vestiário dos seguranças do palácio, com os escaninhos e os bancos de madeira, dois funcionários de médio escalão, da guarda do rei, sentindo-se prejudicados por alguma razão, tramam o assassinato do rei. E aí vemos Mordechai num furgão cheio de aparelhos eletrônicos perto do palácio, ouvindo a conversa deles pelo microfone secreto instalado no vestiário. Mordechai conta tudo para Esthér, que sopra no ouvido do rei e menciona Mordechai como sua fonte. Se era para o rei valorizar o tio, ou se o tio fez da sobrinha porta-voz para que ela ganhasse mais pontos junto ao rei, ninguém sabe. O que se sabe é que o lucro da operação foi repartido entre os dois (cap. 2; 22). Agora estamos nos porões do palácio. Escuridão. Um ventilador na parede, contra a luz. Raios de luz atravessando a poeira revelam duas figuras amarradas, cabeças pendentes escorrendo água: Eles confessaram. Corta para a forca: dois corpos caem pesadamente, com um baque surdo. Os funcionários encarregados da tarefa recolhem seus materiais e retiram-se sem dizer palavra. E nos Arquivos Reais, funcionários com longas penas de pavão registram todo o episódio em enormes livros à sua frente. Na cena seguinte, bem à frente no tempo, Hamán, o agagita (esse é o nome do seu clã, o que na época servia de sobrenome), é nomeado primeiro ministro – sua cadeira é mais alta que as dos outros ministros. Ele passeia pelo palácio, outro pavão (as penas usadas pelos escribas foram tiradas do rabo dele...) e todos se curvam à sua passagem – menos Mordechai. Pedem que ele se explique, e ele responde enigmaticamente: ‘Eu sou judeu’ (cap. 3; 4). Corta para a ala esquerda do palácio, onde uma série de cambistas aceitam apostas sobre o tempo que Mordechai vai sobreviver depois dessa... Multidão se acotovela e empurra o dinheiro das apostas, os cambistas anotam, enlouquecidos... Hamán fica sabendo disso – e imagina um comício em Nürenberg, com Hitler esbravejando e a multidão incalculável delirando... Alto comando persa (todos cheios de medalhas) reunido em torno de uma enorme mesa, com Hamán, de bigodinho, na presidência. Assinam o Protocolo de Susa – Shushan, a capital do reino – a ‘Solução Final para o Problema Judaico’. Sorteia-se o dia 13 do mês de Adár (imaginem o grande globo do qual saem as bolinhas), doze meses depois do sorteio, como o Dia do Extermínio dos Judeus. Hamán explica para o rei que um tal de povo judeu, que pulula por todo o seu reino, não obedece às Leis do Reino, tem uma religião diferente, em suma, é um bando de traidores! (Detalhe da boca espumante de Hamán quando pronuncia a palavra...) Oferece ao rei uma enorme soma em dinheiro em troca da licença para acabar com eles. O rei, que não vê motivos para discordar, distraidamente dá a Hamán o anel real (close sobre o rosto enfadado do rei, e depois sobre o anel) para com ele selar o decreto de extermínio. Novamente vemos os escribas, desta vez escrevendo éditos que serão enrolados e entregues a agentes vestidos de preto, pilotando motocicletas poderosas e capacetes com viseiras escuras, que levarão as ordens da matança a todos os cantos do reino. No decreto, as palavras exterminar, matar e eliminar são repetidas várias vezes, e isso inclui mulheres e crianças, no dia 13 de Adár. As motos percorrem trilhas de terra em sertões distantes, para entregar os decretos. Nuvens de poeira elevam-se à sua passagem... O rei e Hamán fazem num banquete, comemorando a nova lei. Vemos rostos de pessoas do povo, inclusive judeus, alguns lendo os panfletos, intrigados e apavorados com a inédita notícia. Mordechai, em casa, ao saber de tudo, rasga suas roupas, veste um saco e joga cinzas da lareira sobre a cabeça, num grande desespero, com o rosto desesperado à semelhança de ‘O Grito’, de Münch. Em seguida, sai de casa e vai até o palácio, mas os guardas barram sua entrada – está vestido de modo inadequado. Sucessão rápida de cenas: contam a Esthér sobre Mordechai. Esthér manda roupas para o tio, que as recusa. Esthér manda emissário para saber dele o que há. Mordechai conta ao emissário tudo, e entrega-lhe uma cópia do decreto para ser dada a Esthér, com a instrução de ela apresentar-se ao rei e pedir clemência. Esthér fala da lei que manda matar quem se apresenta ao rei sem ter sido chamado, a não ser que o rei estende o cetro e permita à pessoa tocá-lo. Esthér está numa sinuca. Mordechai manda dizer a ela: ‘Se te calares neste momento, os judeus serão salvos de outro modo, mas tu e tua família ireis perecer.’ Esthér manda dizer ao tio: ‘Reúne todo o povo e o manda jejuar três dias. Irei ao rei apesar da lei, e se eu morrer, morrerei.’ (cap. 4; 13, 15). Esthér vai até o pátio interno do palácio, diante do trono, e ao vê-la, o rei estende seu cetro (ouve-se um ‘Uffff...’ na platéia). Na melhor tradição das Mil e Uma Noites, Esthér simplesmente convida o rei, e também Hamán, para um banquete, ao fim do qual os convida para outro, e depois outro. Hamán sai do banquete meio bêbado, feliz da vida, mas fica furioso ao ver Mordechai no pátio sentado à sua passagem, sem se levantar nem se curvar. Agora vemos Hamán em casa, cercado da mulher e dos amigos, queixando-se pateticamente de Mardoqueu. Choraminga. Diz que de nada adianta ser o primeiro do reino e ter sido convidado ao banquete da rainha e convidado de novo para o banquete de amanhã, enquanto Mordechai o judeu fica sentado no portão e não se curva à sua passagem. Diz-lhe Zéresh, sua esposa: ‘Façamos uma árvore (quer dizer, um tronco) de cinqüenta metros de altura e penduremos nela esse judeu nojento, e assim irás feliz ao banquete da rainha.’ Hamán gosta, e constrói a forca (cap. 5; 17). Ao mesmo tempo, no palácio real: Naquela mesma noite, o rei não consegue dormir. Manda trazerem as Crônicas do Reino para serem lidas à sua frente. (Podemos ver os escravos carregando às costas, curvados, os grandes livrões que apareceram no início.) Logo chegam ao episódio dos dois assassinos executados depois da informação prestada por Mordechai. O rei pergunta como recompensar Mordechai, mas ninguém diz nada. O rei pergunta: ‘Quem mais está no pátio?’ E justamente Hamán estava lá, tinha vindo ao palácio para contar ao rei que pretendia pendurar Mordechai na forca. Dizem ao rei: ‘Hamán está ali.’ O rei manda chamá-lo e pergunta: ‘O que fazer a alguém a quem o rei deseja exaltar?’ Hamán, pensando que ‘alguém’ é ele próprio, diz: ‘Que seja vestido com roupas do rei, e que monte num cavalo do rei, e um dos ministros vá à sua frente gritando: ‘Assim faz o rei a quem ele deseja exaltar’. Então o rei diz a Hamán: ‘Corre, pega a roupa e o cavalo, e os dê a Mordechai, o judeu sentado no portão, e não deixe de lado nada do que falaste.’ Close para a cara de espanto, horror e por fim desespero de Hamán, como se alguém lhe tivesse dado uma martelada na cabeça. Hamán faz tudo conforme disse o rei. Podemos ver o rosto dos dois, um espantado de felicidade, outro totalmente arrasado. Cenas do desfile de Mardoqueu pela cidade, com a multidão delirando, e Hamán conduzindo o cavalo e gritando a frase famosa. Apoteose. Casa de Hamán. Ele com a cara no chão. A mulher dele e seus amigos o enterram de vez: ‘Se da estirpe dos judeus é esse Mordechai, diante de quem começaste a cair, tu não poderás com ele. Acabarás derrotado a seus pés.’ Nesse momento os eunucos do rei chegam para levar Hamán ao banquete da rainha. Música lúgubre ao fundo. Hamán sai, arrastando os pés. Grande clímax: No banquete, o rei novamente pergunta a Esthér o que ela deseja, e até a metade do reino lhe será dado. Esthér, engolindo em seco, sobe ao palco, pega o microfone e começa o discurso, lembrando o discurso da Fada Madrinha ao final de Shreck II: ‘Se encontrei graça aos olhos do rei, e se é do agrado do rei, peço que me seja dada a minha alma, e as almas do meu povo. Porque fomos vendidos, eu e meu povo, para nos exterminar, matar e eliminar. Mas se como escravos fôssemos vendidos, eu me calaria, pois não seria problema digno de incomodar o rei.’ Cena de clip repetitivo de filme de ação: um mesmo ato é visto várias vezes em sucessão, o rei começa a falar, e começa a falar de novo: ‘Disse então o rei Assuero - - - e disse à Esther, a rainha (trovejando – imaginemos Pavarotti furioso ao extremo): ‘Quem é esse e onde está esse, cujo coração o levou a assim fazer?’ Esthér responde, no mesmo tom: ‘Um homem cruel e malvado, Hamán, esse homem atroz.’ Rosto de Hamán, apavorado (agora ele com cara de ‘O Grito’). O rei levanta-se furioso (derrubando a cadeira e virando a mesa) e sai do banquete para o jardim. Hamán joga-se sobre o leito onde a rainha está reclinada, para pedir clemência. O rei volta do jardim e encontra Hamán debruçado sobre o leito da rainha, e diz (subindo ainda mais o tom, se isso é possível): ‘O que?????????????? Conquistar a Rainha também pretendes, e comigo dentro de casa?????????’ (cap. 6; 8) Close para o rosto agora estraçalhado de Hamán, como o de algum dos vilões famosos do cinema quando levam o tiro fatal do mocinho. Chega-se um dos escravos ao rei, e lhe diz ao pé do ouvido: ‘Rei, esse cara arrumou um poste de cinqüenta metros no jardim de sua casa para pendurar Mordechai, aquele que salvou sua vida.’ Resposta imediata do rei: ‘Pendurem-no nele.’ Sucessão rápida: Cenas do enforcamento de Hamán, com a multidão exultando. Cena de Esthér contando ao rei seu parentesco com Mordechai. Cena do rei dando a Mordechai o anel (close no anel) que tirou de Hamán. Cenas de Mordechai recebendo as chaves da casa (e os bens) de Hamán. Cenas de Esthér pedindo clemência aos pés do rei, para que este revogue o decreto de Hamán. Close sobre o cetro que o rei estende a Esthér. Cenas de escribas escrevendo o novo édito. Motociclistas (agora de branco) percorrendo as mesmas estradas poeirentas, levando o novo decreto. Cenas de judeus, de espadas e lanças em riste, dando o troco aos partidários de Hamán. Cena de folhinha na parede de uma casa humilde, onde se vê nitidamente o dia 13 do mês de Adár. Cenas de judeus dançando Hôira nas ruas de Shushna, a capital da Pérsia e da Média. Música apoteótica final (de preferência Yerushaláim shel Zaháv, depende do preço dos direitos), e o filme acaba com cenas dos festejos dos judeus. THE END HAG SAMÊAH
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PURIM - UMA DIMENSÃO MÍSTICA DO PURIM - Menorah

PURIM UMA DIMENSÃO MÍSTICA DO PURIM O Baal Shem Tov, fundador do movimento chassídico e mestre da Cabalá, ensinava que nas questões sobre a Torá, um nome é tudo. Basta decifrar o nome de uma pessoa, de um objeto ou de um evento e a essência do mesmo estará desvendada. A festividade de Purim é envolta em mistério. Seu nome advém da palavra “pur”, palavra persa, não hebraica, que significa “tirar sortes”. A Meguilat Esther – o livro da Torá que relata a história da festa – explica: “Por isso, àqueles dias chamam Purim (‘sortes’)” por causa da “sorte” que Haman havia lançado, determinando o dia em que os judeus seriam aniquilados. O nome da festividade aparentemente refere-se ao perigo com o qual os judeus se defrontaram e não à sua subseqüente libertação. O nome Esther também é altamente significativo. Sugere algo encoberto, originando-se da mesma raiz que a da palavra “hester”, que quer dizer “esconderijo”. O Talmud liga o versículo seguinte da Torá com os eventos de Purim: “(D’us declara)... E eu certamente esconderei o Meu rosto naquele dia...” (Deuteronômio 31:18). Outra peculiaridade extraordinária da festa de Purim é que a Meguilá não menciona o nome de D’us nem uma única vez. Todos os outros livros da Torá mencionam o Eterno inúmeras vezes. Isto também parece sugerir um profundo encobrimento Divino. Contudo, Purim é considerado o dia mais feliz do calendário judaico, no qual devemos alegrar-nos mais do que em qualquer outra de nossas festas. É a época em que agradecemos a D’us “pelos milagres, pela salvação, pelas maravilhas que obrou conosco...”. Lembrem-se que um nome é tudo e observem que os cabalistas enfatizam o fato de o Yom ha-KiPurim (Dia do Perdão) – o dia mais sagrado do ano – poder também ser interpretado como “Yom k’Purim”, em tradução literal, um dia “como” Purim. Como podemos entender essas mensagens aparentemente contraditórias relacionadas a Purim? Como é possível que este dia, cujo próprio nome indica infortúnios para o povo judeu, seja transformado em uma vitória tão grandiosa e surpreendente? E por que este evento da história judaica, aparentemente despido da Divina Providência, é considerado um milagre Divino tão arrebatador? Caos e ordem O Talmud discute a história e os acontecimentos de Purim e pergunta: “Que entidade teria dado a Haman um tamanho poder e influência ao ponto de ameaçar todo o povo judeu?” Este talvez seja o maior enigma de Purim: como puderam a maldade e a iniqüidade desenvolver-se com tanta força através de Haman, apenas para serem completamente revertidas por Mordechai e Esther? Ao descrever o ato da Criação, a Torá conta: “E foi tarde e foi manhã, dia um”. Cada dia da Criação tinha um momento de escuridão e um momento de luz, tinha o bom e o ruim. Nos seis dias da Criação, as coisas mais sagradas e as mais profanas foram criadas, todas recebendo igual atenção. Nos ensinamentos cabalistas, este mundo que influi no bom e no mal é chamado de tohu – o mundo do caos. Haman, primeiro ministro do rei Achashverosh da Pérsia, não foi apenas mais um entre os anti-semitas de nossa história. Descendente de Amalek, ele personifica a maldade e é o arquiinimigo histórico do povo judeu. Como nos conta a Meguilá, Haman construiu um cadafalso de 50-cúbitos1 de altura para nele enforcar Mordechai. Em termos numéricos, sua escolha é pouco usual. Um cadafalso de 50-cúbitos de altura em muito excede a altura de um ser humano. Mas Haman sabia o que estava fazendo. O número 50 simboliza o nível espiritual transcendental acima do mundo da ordem, onde não se pode distinguir o certo do errado. O cadafalso de 50-cúbitos de altura representava o desejo de Haman de atingir esse nível onde o mal pode imperar soberano. Sua decisão de tirar sortes – pur – para escolher aleatoriamente a data em que aniquilaria os judeus não foi um ato impensado e sem razão de ser. Um sorteio representa o acaso, a sorte; a ausência de decisão e de ordem. Simboliza o caos. E num lugar em que não há ordem nem distinção entre o certo e o errado, a maldade só tende a florescer. O objetivo de Amalek é fazer desaparecerem os judeus. Faz-se representar por Haman, que encarna perfeitamente a maldade e não se satisfaria com nada menos do que a destruição física do povo judeu. Por outro lado, na Torá, D’us nos ordena vencer e sobrepujar Amalek e tudo o que ele representa: a maldade, a dúvida, o caos e a escuridão. O povo judeu representa exatamente o oposto. Este povo foi escolhido por D’us para ser “uma luz entre as nações”. A Torá é chamada de luz e seu propósito é trazer ordem ao mundo: separar o permitido do proibido, a luz da escuridão, o bem do mal, o sagrado do profano. Não é simples coincidência o fato de a cerimônia de Pessach, que celebra a criação do povo judeu, ser chamada de Seder – ordem, em hebraico. O livro de orações judaico é chamado de Sidur – novamente, ordem. No judaísmo não há coincidências nem acasos aleatórios. Cada ato está imbuído de um significado e de um propósito. Durante o período em que o povo judeu esteve na Pérsia, a prática do judaísmo e das nossas tradições esteve perdida. A Torá Oral, que dá forma a toda a prática judaica, foi deixada de lado. Haman percebeu que o povo judeu não se estava embebendo da energia espiritual que é voltada para o bem e, portanto, explorou-a para seus planos malignos. Salvação espiritual À época do decreto de Haman, o povo judeu tinha representantes muito respeitados na Corte. Como nos relata a Meguilá, Mordechai chegara mesmo a salvar a vida do rei Achashverosh. Quanto à Rainha Esther, ela era a esposa preferida do Rei. À luz de tudo isto, quando os judeus souberam da ameaça genocida que pairava sobre eles, deveriam ter usado sua influência para pleitear junto ao Rei a anulação do decreto. No entanto, vemos que a primeira ação de Mordechai ao saber da tragédia iminente, foi “rasgar suas vestes e se cobrir de pano de saco e de cinzas; e, saindo pela cidade, clamar com grande e amargo clamor”. Mordechai e Esther compreenderam que o poder de Haman – como o verdadeiro poder que há no mundo – tinha base espiritual. E portanto, sua resposta tinha que ser condizente. Mordechai arrependeu-se e conclamou todos os judeus a imitarem-no. Pôs-se a ensinar a Torá às crianças judias nas ruas da Pérsia. E levou seu povo a novamente abraçar a Torá Oral e cumprir seus mandamentos. De igual maneira procedeu a rainha Esther. Ela instruiu Mordechai com as palavras: “Vai e reúne todos os judeus... e jejuai por mim; não comais nem bebais três dias, nem de noite nem de dia; e eu também jejuarei”. Somente após alcançar a vitória espiritual, retomaram Esther e Mordechai os meios naturais para tentar anular o decreto. Esther foi ter com o rei Achashverosh para conseguir a anulação apenas porque D’us deseja abençoar os homens “através de tudo o que fazem” – ou seja, pelos meios naturais. A causa real da salvação, no entanto, não foi obra da vontade do Rei, mas sim do jejum e do arrependimento dos judeus. É interessante notar que a Meguilá relata que a sorte de Haman começou a mudar antes mesmo de Esther interceder junto ao rei. E a razão para tal foi que a energia que estava sendo absorvida por Haman já tinha sido capturada e estava sendo direcionada para atos bons e construtivos. Quanto mais energia for consumida por um comportamento ordeiro, por atos de bondade e de moralidade, pela Torá e pelos mandamentos Divinos, menos energia restará para as forças aleatórias do mal. Portanto, Haman e seus colaboradores foram enforcados no próprio cadafalso de 50-cúbitos de altura que ele construíra para Mordechai. E a data sorteada para ser o dia da aniquilação dos judeus se tornou o marco de uma maravilhosa vitória e de grande júbilo. Purim hoje em dia O Talmud afirma que “aquele que ler a Meguilá de trás para frente não terá cumprido a sua obrigação”. O Baal Shem Tov explicava que isto se refere a alguém que lê a Meguilá acreditando tratar-se de uma história do passado. Ao lê-la “de trás para frente”, como um relato retrospectivo, poderia pensar que a história de Purim não se aplicasse ao presente. Essa pessoa não teria cumprido a sua mitzvá, pois o propósito da leitura é aprender que os eventos de Purim repetem-se, espiritualmente, em todas as gerações. Por que motivo a festividade de Purim tira seu nome de uma palavra persa que relembra os métodos maldosos de Haman e seu decreto nefasto? Para nos ensinar que sempre que o povo judeu canaliza corretamente a energia espiritual, o caos e a falta de ordem (simbolizados pelo lançamento de sortes) – que poderiam ser utilizados para atos maldosos – são revertidos em bênçãos sobrenaturais. Quando usamos a energia para a bondade e a luz, trazendo ordem e santidade a nossos atos e palavras, conseguimos sufocar Amalek e todos os seus descendentes. O Nome de D’us não é encontrado na Meguilá justamente para indicar que, em meio ao mais encoberto dos mistérios, encontra-se a Revelação. Os milagres que ocorreram no Egito e durante o Êxodo foram claramente sobrenaturais. O milagre de Chanucá ocorreu numa época em que o povo judeu estava em sua terra e o Templo Sagrado existia, apesar de estar em mãos profanas. Na história de Purim, no entanto, os judeus estavam exilados de seu território. Seu destino parecia estar selado. Mas quando se arrependeram e clamaram por seu D’us, ocorreu uma série de eventos perfeitamente sincronizados que resultaram em sua salvação. E ademais, uma leitura mais atenta da Meguilá revela que, mesmo antes de surgir Haman, a Divina Providência já havia preparado a cena para um futuro triunfo judaico. E portanto, quando D’us diz: “...E eu certamente esconderei o Meu rosto naquele dia...”, Ele está dizendo: “Ainda que Minha face esteja oculta, mesmo assim podem encontrar-Me”. É por isto que Purim é o mais feliz dos dias do ano, quando agradecemos a D’us por nos salvar. Fazer do Nilo um rio de sangue, dividir o mar ao meio, fazer com que a provisão de óleo para um dia ardesse por oito dias – tudo isso são milagres em que D’us sobrepujou a natureza. Mas com que freqüência ocorrem tais eventos? Não existe alegria maior, no entanto, do que perceber que, como em Purim, D’us está sempre atento a nossas preces e boas ações. E mais: antes ainda que o invoquemos, D’us está sempre realizando milagres para nós, de uma forma natural, oculta, disfarçada nos acontecimentos de nosso cotidiano. E é por esta razão que o Yom KiPurim – o dia mais sagrado do ano – é verdadeiramente um dia como Purim. Porque mesmo no exílio, quando a Divina Presença parece completamente camuflada, “o arrependimento, as preces e as boas ações convertem um destino infausto”, ou seja, “anulam o decreto maligno”. Como em Purim, quando os judeus jejuam, arrependem-se e praticam atos bondosos, e clamam ao Pai Celestial, retornando a Ele, de fato estão abrilhantando o mundo com luz, ordem e bênçãos. A batalha física e a batalha espiritual entre o bem e o mal não perdurarão para sempre. Na Torá, D’us, Ele mesmo, promete “Escreve isto... pois extinguirei totalmente a memória de Amalek debaixo dos céus” (Êxodo 17:14). E quando isto ocorrer, todos os dias serão como Purim, uma época em que “para os judeus houve felicidade, alegria, regozijo e honra” (Esther 8:16). Tev Djmal Baseado nos ensinamentos do Lubavitcher Rebbe e nos escritos dos Rabinos Jonathan Sacks e Manis Friedman. 1 Antiga unidade de medida de comprimento, equivalente a três palmos.
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Purim e o anti-semitismo - MORASHA - REVISTA

NOSSAS FESTAS Purim e o anti-semitismo MORASHA - REVISTA A festa de Purim, uma das mais alegres do calendário judaico, é o "Dia d" para os judeus, pois comemora a vitória de nosso povo contra a ameaça de genocídio. A festividade celebra a eternidade do povo judeu e seu triunfo sobre as forças perniciosas que desejavam extirpá-lo da face da Terra. O ódio ao povo judeu - judeofobia - eufemisticamente cunhado de anti-semitismo - pode mudar em sua forma, mas permanece o mesmo em sua essência. Muitas vezes, ao longo da história, esse ódio se expressou como animosidade, inveja e rejeição; em outras, assumiu uma forma mais brutal e violenta. Historiadores, sociólogos, teólogos, psicólogos e filósofos oferecem teorias diferentes e, em geral, contraditórias para explicar as razões para a existência do anti-semitismo. Mas é a Meguilat Esther, o Pergaminho de Esther - que é lido nesta festa e que constitui um dos 24 livros da Torá Escrita - que esclarece de certa forma esta questão. No dia 28 de fevereiro de 2010, os judeus do mundo inteiro festejarão Purim, festa que comemora não apenas um evento ocorrido há milhares de anos, mas documenta a própria essência do anti-semitismo. Pode-se argumentar que o anti-semitismo se iniciou no antigo Egito, quando o Faraó e seu povo escravizaram e aterrorizaram os judeus. Mas seus motivos eram basicamente políticos e econômicos. Portanto, é mais correto dizer-se que o primeiro evento genuinamente anti-semita na história mundial ocorreu quando o povo de Amalek - aliás, os antepassados de Haman, o arqui-vilão na história de Purim - atacou o Povo Judeu depois que eles deixaram o Egito. O mais chocante sobre o ataque de Amalek é que foi gratuito: eles não estavam defendendo-se nem tampouco à sua terra contra os judeus que haviam deixado o Egito. Qual a razão para o ataque de Amalek? A Torá não nos diz; ao menos, não explicitamente. Com certeza, quando os judeus perambulavam pelo deserto, assim como quando viviam em sua terra, a Terra de Israel, eles tinham inimigos. O Antigo Israel lutou muitas guerras: em algumas se saiu bem; em outras, nem tanto; mas seus inimigos não eram de natureza anti-semita. Os conflitos no Antigo Israel eram guerras nacionais, travadas por motivos geopolíticos ou econômicos. Por outro lado, o anti-semitismo expresso por Haman na história de Purim não tinha nenhuma razão concreta que o justificasse. Sua razão para exterminar os judeus era uma mera racionalização de um sentimento pré-existente. Em outras palavras, seu ódio aos judeus era anterior ao argumento que usou para convencer o rei da Pérsia a aniquilar os judeus que viviam em seu vasto território. De fato, não fazia sentido algum o ódio que Haman nutria pelos judeus. De concreto havia o insulto que lhe fizera o líder dos judeus, Mordechai, ao se recusar a lhe fazer reverência. Dá para entender que ele se ressentisse com aquela recusa; talvez até nutrisse certo ódio por Mordechai por aquilo que considerava uma afronta pessoal. Mas seria aquele ato isolado razão para acertar contas com a nação inteira a que ele pertencia? Falando claramente, seu ódio pelos judeus precedia a causa alegada. Ninguém resolve exterminar todo um povo por se sentir injuriado por um de seus integrantes. O argumento que Haman usou para justificar sua alegação de que os judeus seriam indesejáveis era usado pelos anti-semitas através das gerações. Era algo assim: "os judeus são uma nação que não se assimila; eles insistem em ser diferentes dos demais; portanto, não são confiáveis e não merecem confiança. E qual é a solução que ele prega para o problema judeu? "A Solução Final": a aniquilação de todos os judeus, sejam eles homens, mulheres ou crianças". Sem dúvida, o argumento de Haman não é convincente, a tal ponto que o Rei Achashverosh não se deixa arrastar por seu ódio cruel; na verdade, primeiro o rei da Pérsia ordena um decreto de genocídio contra os judeus; mas, posteriormente lhes concede o direito de defesa; homenageia seu líder, Mordechai, e até o nomeia seu Ministro Chefe. Tivesse o Rei aceito o argumento de Haman, ele não teria mudado de idéia, por mais enamorado que estivesse de Esther. Parece, pois, que Achashverosh via os judeus como um povo como qualquer outro dos que habitavam seu grande e diversificado império. Ele nunca os odiou, de fato, mas tampouco os amava. Assim como Haman é o arquétipo do anti-semita, o Rei é o arquétipo da pessoa neutra. O primeiro trazia o mal dentro de si; o segundo, o permitia, ou, no mínimo, o ignorava. Haman e Achashverosh Por que Haman odiava os judeus? Não foi pelo fato de estar ressentido com Mordechai, assim como não foi porque, como Primeiro Ministro, temesse que um dia os judeus se revoltassem contra seu reino. Os judeus exilados na Pérsia eram, de fato, um povo introvertido, que se dedicava à oração e ao estudo, que ansiava pelo retorno à Terra de Israel e sonhava com a reconstrução do Segundo Templo - o que ocorreu pouco depois da história de Purim. Por que, então, Haman quis destruir um povo inteiro? A resposta é simples: desde que o mal foi introduzido neste mundo, as forças da luz e da escuridão se digladiam pela supremacia. Em tudo o que se escreveu sobre o conflito entre o bem e o mal, o vilão sempre é obcecado pelo herói. Aliás, não custa lembrar que, na 2a Guerra Mundial, Hitler estava mais obcecado em exterminar os judeus do que em ganhar a guerra. Amalek, ancestral de Haman, não revelou a razão de seu ataque aos Filhos de Israel. Este último foi um pouco mais explícito, ainda que tenha dado uma desculpa esfarrapada. Mas foi seu descendente espiritual mais conhecido quem revelou por que ele próprio e seus antepassados tanto detestavam os judeus: Hitler proclamou que entraria em guerra contra os judeus porque queria lutar contra "D'us e Seus mandamentos que 'negavam a vida'". Afirmou, também, que "a batalha pelo domínio mundial será travada entre nós e os judeus. Todo o resto é ilusão e fachada". Como à época os judeus não constituíam ameaça militar nem política para a Alemanha nazista e como a maioria dos judeus mortos no Holocausto eram judeus religiosos e empobrecidos que viviam na Polônia e na Rússia, Hitler não se estava referindo a uma guerra política, militar ou mesmo econômica. Ele se referia ao conflito mais básico de todos: o conflito entre o bem e o mal, entre a luz e a escuridão. O maior vilão da história do mundo estava no encalço do herói - o povo escolhido por D'us para trazer luz, moralidade e redenção ao mundo. Os Hamans do mundo detestam os judeus, pois para atingir seus objetivos eles primeiro precisam vencer o herói da história; tendo conseguido isto, o restante é decorrência. A Alemanha nazista, que enaltecia e praticava o mal, pretendia conquistar o mundo. Para instituir a lei da selva - glorificar a morte, a depravação e a tortura, o racismo e a injustiça, a perseguição e a aniquilação dos mais fracos - os nazistas primeiro teriam que obliterar o povo que introduziu o monoteísmo e as Leis Divinas, com o fim de ensinar e levar os homens a praticar a justiça, a reverenciar a vida e a proteger e ajudar os fracos e os desesperançados. A História é testemunha de que seus maiores vilões primeiro atiraram no povo judeu para depois atacar o restante da humanidade. Homens como Haman são uma ameaça não somente para os judeus, mas para todo o gênero humano. Contudo, para que um Haman execute seus planos malignos, é necessário haver um Achashverosh. Na história de Purim, o Rei é também um personagem um tanto assustador, em virtude da facilidade e falta de consciência com que aceita os planos de seu malvado ministro. Concorda com a "Solução Final" deste último para o Povo Judeu sem requerer muita argumentação. Ele, que tinha um império e não necessitava de mais posses, aceita um presente substancial de Haman e, em troca, concede-lhe permissão de realizar seu desejo, emitindo o decreto genocida contra o Povo Judeu. Mais tarde, o rei da Pérsia, por amor a Esther, muda de idéia. Mas é sua neutralidade imparcial o que dá espaço para que o anti-semitismo exista e se desenvolva em seu reino. Hoje em dia, poucos países são monarquias, mas Achashverosh é personificado por todo ser humano leniente ou indiferente diante do mal, do racismo ou do preconceito, bem como da perseguição a seus semelhantes. Haman é um personagem muito mais maldoso do que o Rei, mas os Hamans do mundo - e eles são muitos - não conseguem implementar seus planos sem o apoio dos Achashveroshes. Por vezes, esse apoio provém de um governante, mas em geral vem do próprio povo. A História nos ensina, como o fez especialmente no Holocausto, que o espectador neutro pode ser tão prejudicial quanto o anti-semita declarado. Seis milhões de judeus foram exterminados porque o Haman daquela geração e seus carrascos realizaram o "serviço", mas também porque milhões de Achashveroshes foram lenientes - ou, no mínimo, fizeram vista grossa ao que estava ocorrendo à sua volta. A resposta judaica à história de Purim foi registrar o acontecido e ordenar que a Meguilat Esther fosse lida publicamente, ano após ano, para que os eventos do passado jamais fossem esquecidos. O passado deve servir como advertência para o futuro, não apenas para o Povo Judeu, mas para todos os povos de boa vontade. Portanto, devemos ficar atentos à leitura do Pergaminho de Esther, ainda que a realidade do passado pareça ter mudado. Entre nós, judeus, celebramos Purim obedecendo aos mandamentos Divinos: lemos a Meguilá, fazemos donativos aos necessitados, enviamos alimentos de presente aos amigos e, na companhia de outros judeus, celebramos a data. O cumprimento desses mandamentos cria vínculos entre os judeus e entre nosso povo e D'us. Os mandamentos de Purim, além de cumprir a Vontade do Rei do Universo, fazem-nos lembrar de que apesar de haver muitos Hamans e Achashveroshes no mundo, desde que nós, judeus, estejamos próximos a D'us e estejamos unidos, conseguiremos triunfar sobre a escuridão, trazendo luz e esperança não apenas para nosso povo, mas para toda a humanidade. Que assim seja, Ken iehi ratzón.
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Sou o líder espiritual dos judeus do Uganda (Abayudaya), em África. Somos poucos em número, mas somos uma comunidade judaica forte, espiritual e profundamente religiosa. Somos mais de 600. Nascido em 1969, tenho 34 anos. Com a minha mulher, Tzipoprah, viajei até Los Angeles, na Califórnia, onde estudo no Colégio Rabínico da University of Judaism. Estamos muito longe da nossa terra. Quando tinha apenas dois anos, Iddi Amin Dada, lendário pela sua crueldade e corrupção, tomou o poder e a presidência do Uganda pela força das armas. Entre 1971 e 1979, quando finalmente o seu regime foi derrubado, Amin tornou ilegal a nossa observância religiosa e proibiu que nos declarássemos judeus. Deu-nos três alternativas: a conversão ao islão ou ao cristianismo, abjurar por completo ao judaísmo ou a morte. Enquanto muitos do nosso povo sucumbiram à primeira alternativa convertendo-se, a minha família e outras continuaram a celebrar o Shabbat e outros mitzvot em segredo. Na maior parte das vezes, celebrávamos os serviços religiosos nos quartos, onde podíamos adorar o nosso Deus de forma sussurrada. Em 1989, aos 20 anos de idade, foi preso conjuntamente com outros três judeus. Fomos apanhados quando mobilizávamos a nossa juventude para aprender a tradição judaica e a língua hebraica, e quando reconstruíamos a nossa sinagoga, destruída durante o regime de Iddi Amin. Sofremos às mãos dos líderes muçulmanos e cristãos locais, que não estavam interessados na existência de uma comunidade judaica. Para se ser judeu no Uganda é necessário suportar intimidação, opressão e insultos. Debatemo-nos com restrições no acesso a serviços sociais administrados por muçulmanos e cristãos. Mas o Uganda não é um desafio só nosso. Eu não pareço judeu aos olhos dos outros, mesmo da comunidade judaica internacional, e muitas vezes me perguntam, “como se tornou judeu?” e “quem o converteu?” Apesar de ter enfrentado situações que colocaram a minha vida em risco durante os meus 34 anos enquanto judeu no Uganda, sou também apenas mais um membro de um povo especial – os judeus – que tem resistido durante muitos séculos de ódio e opressão e continuam a dizer shalom ao mundo.” Gershom Sizomu, judeu do Uganda, actualmente a estudar na Ziegler School of Rabbinic Studies da University of Judaism, em Los Angeles. Testemunho retirado do livro I Am Jewish: Personal Reflections Inspired by the Last Words of Daniel Pearl, 2004. [A comunidade Abayudaya, de judeus do Uganda, foi fundada em 1919 por Semei Kakungulu. Um tribunal rabínico (beit din), composto por rabinos conservadores, efectuou a “conversão em massa” dos membros da comunidade Abayudaya em Fevereiro de 2002, “legalizando” a situação dos judeus do Uganda aos olhos da comunidade judaica internacional.] A visitar: A History of the Abuyudaya Jews of Uganda / Kulanu: The genesis of the Abayudaya Community / Kulanu: Visiting the Ugandan Miracle / The Jews of Africa – The Abayudaya of Uganda / Abayudaya: Music from the Jewish People of Uganda / Abayudaya: les juifs noirs de l’Ouganda / Economist.com | Uganda’s Jews / Jewish Post of New York Online – The Jews of Uganda / The Jewish Journal Of Greater Los Angeles – Out of Africa, Into the Valley / Moving Heaven And Earth (documentário).
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El Sanedrín de Jerusalén - AURORA

El Sanedrín de Jerusalén - AURORA El Gran Sanedrín de Jerusalén era básicamente un consejo administrativo formado por setenta miembros cuyas funciones eran básicamente legislativas (promulgar las leyes, en su mayor parte de carácter cívico-religioso) y judiciales (resolvía casos jurídicos importantes y actuaba como tribunal supremo judío o beit din). Pero no le competía el poder ejecutivo, que normalmente los judíos preferían que recayera en manos de un rey legítimo, cosa sin embargo que sucedió en pocos períodos de la historia judía. La realidad es que los judíos nunca consideraron a sus reyes con mucha importancia pues su estado era una teocracia, donde consideraban a Dios como rey, y por ello el dignatario con mayor peso para los judíos era el sumo sacerdote, quien se creía que mostraba en sus decisiones los designios de Dios. Tanto peso tenía este puesto que en algún período se fusionó en uno el título de rey y de sumo sacerdote para lograr una mayor preeminencia del título real. Los sabios judíos querían hacer remontar su origen a un consejo de setenta ancianos de los que supuestamente se rodeó Moisés, pero los datos históricos confirman que tal consejo de setenta ancianos fue una realidad mucho tiempo después de Moisés y que la referencia de Nm 11,16 fue una interpolación posterior de los rabinos. Su origen real hay que buscarlo en la época de la dominación persa, en la que los judíos gozaron de cierta libertad en sus asuntos religiosos, y fue entonces cuando se organizó un consejo, formado por nobles o dignatarios (horym o saganym) para dirimir en los asuntos religiosos, aunque nada se sabe de su número u organización, y el número de setenta todavía no estaba establecido. No se sabe nada en absoluto del modo en que se ocupaba un puesto vacante, pero desde luego no se hacía de un modo democrático, como en los consejos griegos. Aquí seguramente los miembros ocupaban el cargo de forma vitalicia y los nuevos miembros eran elegidos para el puesto entre varios candidatos por votación de sus miembros actuales. A los candidatos se les exigía dominar el saber rabínico y ser israelitas puros y legítimos de nacimiento, y la ceremonia de admisión era la “imposición de manos” (smykt ydin) u “ordenación”. El presidente Sanedrín o proedros, que era el sumo sacerdote, colocaba sus manos sobre la cabeza del admitido pronunciando alguna frase de otorgamiento de poderes. El Sanedrín, por tanto, tenía ciertos poderes para realizar detenciones, y contaba con su propia policía, podía juzgar casos criminales y ejecutar sentencias menores que no fueran casos capitales, como la ejecución de un maestro religioso. El emperador Augusto había promulgado una política de permisividad hacia todas las formas religiosas no degradantes, y el imperio romano, siguiendo esta doctrina, protegía a todas las religiones. El Sanedrín de Jerusalén, al caer bajo jurisdicción romana, perdió por tanto el derecho de anular la iniciativa religiosa y de coaccionar la libertad religiosa en su territorio. Las reuniones del Sanedrín de Jerusalén no podían tener lugar el sábado ni la víspera del sábado o día festivo, pues no podía dictarse sentencia sino al día siguiente al del juicio. El lugar donde se reunía, llamado bouleyterion o liskat ha-gazyt, era una sala situada fuera del recinto templo, junto a la pared occidental. Era una construcción realizada por medios arquitectónicos normales, y por eso también se la llamaba la sala de las piedras talladas o de los sillares distintivo, porque no era habitual que los sumos sacerdotes celebraran en un lugar donde la piedra había sido labrada. El templo estaba construido con piedras no labradas. En un juicio los miembros del tribunal se sentaban formando un semicírculo, de lo cual hay que suponer que la sala de las piedras talladas disponía de asientos formando una C. Delante se sentaban los dos secretarios del tribunal, que tomaban nota de las acusaciones y de los alegatos en favor del acusado. Detrás había tres hileras de asientos donde podían sentarse los estudiantes para rabinos a escuchar los juicios. El acusado debía adoptar una postura humilde, llevar el cabello suelto y portar ropas de color negro. Primero se formulaban los alegatos a favor y se traían a los testigos que hablaban favorablemente del reo, luego se escuchaba a la parte contraria. En los casos de pena capital, los estudiantes, que podían realizar preguntas, sólo podían actuar de modo favorable, pero no en contra. En el resto de casos, podían actuar en defensa o en contra del prisionero. Las sentencias absolutorias se podían dictar el mismo día del juicio. La mayoría simple en la votación era suficiente. Para una sentencia condenatoria se requería una mayoría de dos por lo menos en los tribunales menores, que estaban formados por veintitrés miembros, pero en el caso del Sanedrín de Jerusalén, de setenta y un miembros, no había posibilidad de igualdad. La mayoría simple determinaba el veredicto.
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Chaverim, Shalom,

É com prazer que informamos que já está em fase de elaboração a Edição de Pessach da Revista Amazônia Judaica.

Após o enorme sucesso e a boa receptividade da Edição Especial de 200 Anos da Imigração Judaica para a Amazônia, nosso entusiasmo cresceu e resolvemos lutar pela continuidade, melhorar ainda mais o padrão de qualidade gráfico e jornalístico, além de ampliar o universo temático e de atingimento da revista.
Assim esta edição terá como destaques, matérias e artigos super interessantes sobre: Pessach ( História da Hagadá e a Festa da Mimona, tradição singular marroquina e do Norte da África); artigos sobre os judeus sefaraditas no Brasil e Espanha e os cristãos novos em Portugal, entre outros.

Visando manter este belo projeto, convidamos você a conhecê-lo e apoiá-lo. Você pode fazê-lo de 2 formas:

1. Colocando uma mensagem de Pessach em nome de sua família – valor: R$300,00
2. Fazendo uma assinatura anual da revista – valor: R$180,00

Caso esteja interessado em nos apoiar, contate-nos pelo e-mail portal200anos@gmail.com

Gratos.

David e Elias Salgado – Amazônia Judaica
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Feminismo

Por que 8 de março é o Dia Internacional da Mulher?

(paula.nadal@abril.com.br)

Funcionárias do Instituto de Resseguros do Brasil, primeira empresa no Brasil a ter uma creche para filhos das funcionárias. Foto: Divulgação.
Funcionárias do Instituto de
Resseguros do Brasil, primeira empresa
no Brasil a ter uma creche para filhos
das funcionárias. Foto: Divulgação.

As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período.

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.

Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra - em um protesto conhecido como "Pão e Paz" - que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.

Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o 8 de março foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.

"O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países", explica a professora Maria Célia Orlato Selem, mestre em Estudos Feministas pela Universidade de Brasília e doutoranda em História Cultural pela Universidade de Campinhas.

No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

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El Judaísmo Humanista Secular - por Egon Friedler

El Judaísmo Humanista Secular

por Egon Friedler

A lo largo de los años el judaísmo humanista secular se ha ido convirtiendo en un movimiento y en una corriente

 judía con contenido, postulados y comunidades florecientes.

¿Qué hace un rabino si pierde la fe en Dios? ¿Se busca otra profesión y trata de pasar desapercibido en la
comunidad? ¿Se aleja del judaísmo y oculta su pasado? ¿Cae en una profunda depresión y termina suicidándose?

humani16.jpgSherwin Wine, un rabino reformista joven, dejó de creer en el Dios bíblico en 1963, pero no adoptó

 ninguna de estas tres opciones. Llegó a la conclusión de que el judaísmo era algo demasiado

 importante como para que dependiera de la fe. El judaísmo, decidió, es historia compartida,

 cultura, sentimiento de comunidad, vivencias comunes, folklore, humor, literatura y también ritual.

 

Pero como los rituales del pasado no podían responder a una nueva concepción de la vida judía, era necesario
proceder a renovarlos, a crear nuevos, a dejar de lado la excesiva reverencia por el pasado y estimular una
 creatividad renovadora. Todo eso obviamente no fue fácil. Sólo ocho familias de Detroit en setiembre de 1963
 apoyaron al audaz rabino que pretendía tocar algo tan santificado como la tradición y que sostenía que centrar
 toda la vida judía en torno a la Torá y olvidar toda la restante riqueza espiritual del judaísmo significaba
empobrecerlo.
 

Siguiendo en cierto modo a Mordejai Kaplan, el padre de la corriente reconstruccionista, que veía al judaísmo

 como una civilización, Sherwin Wine, incorporó toda la herencia cultural laica de los últimos 200 años al acervo

de su nueva corriente. Obviamente fue duramente atacado por sectores religiosos y tradicionalistas.

La publicación de un artículo en el Detroit Free Press en 1964 sobre el "rabino ateo" sólo hizo recrudecer los

ataques. En febrero de 1965, la revista Time dio notoriedad nacional y mundial al entonces naciente movimiento,

 y Sherwin Wine recibió entre otras muchas, una significativa carta de felicitación del prominente humanista

y biólogo británico Julian Huxley.

 

En 1967, Wine convocó a siete rabinos que se sentían cercanos a sus ideas, con la idea de crear un movimiento

 nacional. Entre ellos, hubo un rabino de Deerfield, Chicago, llamado Dan Friedman, quien habría de formar una

de las comunidades humanistas más importantes y mejor organizadas de los Estados Unidos. En 1969, las tres

 primeras comunidades humanistas, el Templo Birmingham y las congregaciones en Westport, Connecticut

y Deerfield, Illinois, se reunieron para formar la Sociedad para el Judaísmo Humanista.

El crecimiento institucional

Al año siguiente tuvo lugar la primera asamblea formal de la nueva organización con la asistencia de 150 delegados.
Hoy la Sociedad tiene 39 comunidades asociadas en los Estados Unidos y Canadá. En 1981 hubo una importante
 reunión en el Kibutz Shfaim en Israel, donde se inició una fecunda relación con el Movimiento israelí, conocido
 entonces como Tehilá. En 1982, Sherwin Wine convocó a una reunión en Farmington Hills, Michigan, de
organizaciones seculares de distinto carácter, en la que además de la Sociedad para el Judaísmo Humanista,
estuvieron presentes el Congreso de Organizaciones Judías Seculares, Poalei Zion, el Círculo Obrero, los sionistas
laboristas y los Norteamericanos para un Israel Progresista. En este encuentro se decidió celebrar reuniones
 periódicas del liderazgo de estas instituciones ahora federadas en la conferencia de Judíos Seculares y
Humanistas, así como la publicación conjunta de una revista.

 

En 1985, en un encuentro en Jerusalem, representantes de América del Norte, Israel y América Latina,
establecieron el Instituto Internacional para el Judaísmo Humanista Secular que debía constituirse en el
brazo educativo de la organización para la formación de nuevos líderes.

 

En 1986, representantes de 11 países se reunieron en el templo de Birmingham para crear la Federación
Internacional de Judíos Humanistas Seculares. Desde entonces, el movimiento ha ido creciendo y
 difundiendo su mensaje, realizando conferencias cada dos años en distintas ciudades como Bruselas,
Chicago, Tel Aviv, Moscú, París y Nueva York. En los años en que no se realizan conferencias, el templo
Birmingham organiza coloquios de alto nivel sobre distintos temas de la vida judía, no sólo con líderes e
 ideólogos del movimiento sino también con importantes personalidades invitadas. Las agendas de los
coloquios son de por sí desafíos intelectuales: "Los judíos no afiliados", "Judaísmo laico y espiritualidad",
 "Judíos y no judíos en el mundo moderno" y otros muchos temas que siempre congregan a un numeroso
público, no sólo perteneciente al movimiento humanista, sino también de judíos curiosos en el mejor sentido.

 

humani17.jpgEl Instituto de Judaísmo Humanista Secular en Farmington Hills en las afueras de Detroit
comenzó en la década del ochenta a formar madrijim o "wegwaizers", pero pronto se comprendió
 que eso no sería suficiente. En 1990 se inició un programa rabínico (que obliga a todo un
currículo paralelo de estudios universitarios) y hacia 2001 ya se habían graduado cuatro rabinos.
 Con la incorporación al movimiento del destacado filántropo y dirigente judío europeo,
Felix Posen, el movimiento comenzó a hacer hincapié en la enseñanza del judaísmo como cultura a nivel
secundario y universitario, en Israel y en la Diáspora. Meitar y Alma, creadas en 1996 en Tel Aviv fueron las
 primeras instituciones en Israel dedicadas a enseñar a estudiantes, maestros e inmigrantes el judaísmo como
 cultura.

 

En 2001, tres universidades y tres colegios en Israel (Universidad Hebrea de Jerusalem, Universidad de Tel Aviv,
Universidad Bar Ilán, Seminario Levinsky, Colegio Ajvah y Colegio Académico de Tel Aviv) comenzaron a enseñar
judaísmo secular como materia en la que es posible obtener títulos de BA y MA. Asimismo hay un fondo que
 permite otorgar becas para realizar trabajos de doctorado en este campo.

 

En febrero de este año, un equipo dirigido por Dalia Goren realizó un relevamiento de todos los materiales
educativos sobre el judaísmo como cultura editados en Israel. Actualmente hay negociaciones en curso para
 la enseñanza del judaísmo como cultura en las universidades de Harvard, Berkeley y Michigan en los
Estados Unidos y se ha comenzado a trabajar en una enciclopedia del Judaísmo Secular cuyo editor-jefe es el Prof.
 Irmihau Iovel, ganador del Premio Israel y director del Instituto Spinoza. Este año se abre un centro cultural con
un programa sumamente ambicioso en la sede de la Federación Internacional de Judíos Humanistas Seculares
en Nueva York.

 

Es indudable que todos estos cambios no se habrían producido sin la habilidad negociadora, el carisma,
 la flexibilidad y la apertura a nuevas ideas de Sherwin Wine, un líder que como pocos sabe disfrutar del
 contacto humano a todo nivel.

Wine, el ideólogo

Pero Wine no es sólo el gran líder comunitario, el notable maestro, el orador y conferencista capaz de mantener
en vilo a cualquier auditorio, es además uno de los principales ideólogos del judaísmo humanista. A diferencia de
 otros pensadores del movimiento como el desaparecido juez de la Suprema Corte de Justicia, Jaim Cohn,
o el gran especialista en el Holocausto Prof. Iehuda Bauer, sistematizó sus ideas en un libro. En Judaism
beyond God (El judaísmo más allá de Dios) cuya primera edición fue publicada en 1985, definió con claridad
sus ideas, que combinan admirablemente un pragmatismo típicamente norteamericano con una profunda
sabiduría judía.

 

Por ejemplo, respecto del rol humano en nuestra historia escribe: "Si la historia judía tiene un mensaje, es el
requerimiento de que confiemos en nuestras propias fuerzas. En un universo indiferente nadie puede salvarnos
de nuestro destino. O asumimos la responsabilidad por nuestro destino o nadie lo hará. Un mundo sin garantías
 divinas y justicia divina es inquietante. Pero también es la fuente de la libertad y la dignidad humana."

 

Wine describe con precisión quirúrgica la realidad del pueblo judío: "No hay creencias teológicas comunes
que unan a todos los judíos. Muchos no tienen ninguna fe teológica. Muchos denuncian a la religión abiertamente.
 Muchos son abiertamente ateos. Sin embargo, su identidad judía sigue intacta. Los judíos se sienten orgullosos
de Sigmund Freud y Albert Einstein como miembros de la tribu."
 

"Los intentos reformistas de definir a los judíos como una denominación religiosa y nada más, fracasó.

Excluía a demasiada gente obviamente judía. Una definición que excluye a Theodor Herzl y Golda Meir

no puede ser convincente."

 

Por otra parte, ha planteado con gran claridad el tema de la identidad judía contemporánea: "La identidad judía está
 íntimamente ligada a la memoria judía. Y la memoria judía es una enciclopedia de razones para el agnosticismo,
 el escepticismo y las aspiraciones humanas de crear un mundo mejor. La tradición teísta del establishment judío,
que está totalmente reñida con la experiencia judía, hace que el mensaje humanista resulte más pertinente que
nunca. Ser judío, teniendo una conexión auténtica y realista con la historia judía, es una forma de reforzar el
 enfoque humanista de la vida, una manera de fortalecer nuestra conciencia de la importancia de la razón
y la dignidad humanas."

 

"El judaísmo (como lo señalamos al comienzo de este libro) es una doctrina sobre el valor de la identidad judía.
El viejo judaísmo encuentra valores teológicos en la identidad judía. El nuevo judaísmo encuentra valores
humanistas en la identidad judía."

Refrescando el viejo sionismo secular

Sherwin Wine tiene ideas muy claras sobre la estrecha relación del Estado de Israel y la Diáspora, así como
 del vínculo indisoluble de Israel y el judaísmo. Luego de censurar los intentos de los "cananeos" israelíes de
desvincularse de la Diáspora, escribe: "No importa con cuánta pasión algunos israelíes traten de ser israelíes
sin ser judíos: han de fracasar en este intento. A los ojos del mundo, Israel es un estado judío con una conexión
 profunda con los judíos de todo el mundo. Así como los gentiles norteamericanos identifican a los judíos
norteamericanos con la conducta del estado de Israel, del mismo modo la opinión pública identifica a los judíos,
 estén donde estuvieren. Esta conexión no puede ser rota. Israel es el centro de habla hebrea de una entidad
social más amplia denominada el pueblo judío, que de acuerdo a las convenciones internacionales vigentes,
no posee un status político oficial."

 

Sherwin Wine ve la experiencia judía como algo totalizador, mucho más vasto que el que puede ofrecer,
con toda su importancia, la literatura bíblica sacralizada. En otro de sus libros, Celebration, escribe:
"El humor judío es el legado de la experiencia judía. No surgió de la Biblia ni del Talmud. No fue creado
por sacerdotes, profetas y rabinos. Tampoco es la creación de escritores famosos. El humor judío es la
respuesta de judíos ordinarios a los extraordinarios horrores de la historia judía. Frente a un mundo injusto e
 indiferente al sufrimiento humano, los judíos aprendimos a reírnos en lugar de rendirnos y morir."
En otro pasaje del mismo libro, afirma Wine la legitimidad del pluralismo judío: "El judaísmo debe afirmarse
 como un marco cultural y estético en el cual es posible una variedad de enfoques filosóficos. Tanto el teísmo
místico como el humanismo empírico son legítimos. Las costumbres y las ceremonias judías constituyen
experiencias poéticas variables, que pueden servir a un amplio espectro de valores y tradiciones humanas."

 

Por último, cabe citar el ideario de este gran pensador judío contemporáneo, planteado en frases cortas y
tajantes al final de Judaism beyond God.
  • "Los judíos humanistas quieren unificar sus creencias y su conducta para manifestar su integridad como seres humanos. Por ello desean afirmar:
  • "Que son discípulos de la Revolución Secular."
  • "Que la Revolución Secular fue buena para los judíos."
  • "Que la razón es el mejor método para el descubrimiento de la verdad."
  • "Que la moralidad se deriva de las necesidades humanas y constituye la defensa de la dignidad humana."
  • "Que el universo es indiferente a los deseos y aspiraciones de los seres humanos."
  • "Que el hombre en última instancia sólo puede confiar en su prójimo."
  • "Que la historia judía constituye el testimonio de la ausencia de Dios y la necesidad de la autoestima humana"
  • "Que la identidad judía es valiosa porque conecta a los judíos con su historia."
  • "Que la personalidad judía se deriva de la historia y no de los textos oficiales que pretenden describirla."
  • "Que la identidad judía sirve a la dignidad individual y no a la inversa."
  • "Que el pueblo judío es una familia universal que tiene su centro en Israel y sus raíces en la Diáspora."

 

FUENTE: HAGSHAMÁ.ORG

Saiba mais…
Cada Papa tem a sua cruz
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O mundo árabe insurge, a política italiana está nos limites do colapso, enquanto o presidente do Conselho – quando não se assusta com o risco de novos fundamentalismos – ataca a escola pública no vã e grosseira tentativa de ganhar os favores das hierarquias vaticanas. E o Pontífice, o que faz? Manda publicar, pela editora Herder, de Friburgo, um livro em que finalmente desmente a interpretação "deicida" do Evangelho.

Falamos sobre isso com Amos Luzzatto, presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas e estudioso que participou de inúmeros encontros nacionais e internacionais sobre os temas da cultura judaica, tendo publicado numerosas obras.

A entrevista é de Iaia Vantaggiato, publicada no jornal Il Manifesto, 03-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

A partir de hoje, é oficial: "Não foram os judeus que condenaram Jesus". Quem escreveu isso foi o Pontífice, em um livro que será publicado no dia 10 de março e que, justamente, não se poderia definir como um instant book.

Eu não sou capaz de fazer a exegese do Evangelho. Só sei que Jesus foi morto na cruz e que se tratou de uma execução capital tipicamente "romana". De resto, também eram romanos os executores materiais. Os judeus estavam "ocupados", a autoridade era romana. Certamente, entendo que, depois, o cristianismo tenha escolhido Roma como o seu centro propulsor, mas Jesus foi morto pelos romanos.

Os tribunais judeus não contemplavam condenações capitais?

Certamente, mas com modalidades muitos diferentes. Sobretudo, não previam a crucificação, e, depois, a execução devia ser executada junto ao Santuário e não antes que transcorressem 30 dias da condenação.

A propósito do Santuário, o Pontífice diz exatamente isto: foi a aristocracia do Templo que condenou Jesus, não o "povo de Israel" como tal.

Aqui também não há nada de novo.

Já sabíamos disso?

A aristocracia do Templo eram os saduceus. E isso é um fato. Ora, queremos pensar que "todo" o povo hebreu tenha se reunido diante da casa de Pilatos para pedir a condenação à morte de Jesus?

Justamente, Ratzinger diz que não foi assim. O senhor lhe dá razão.

Sim, até porque é difícil pensar em um povo inteiro que grita "matem-no!". Vamos hoje para a frente do palácio de Pilatos, onde aquele crucifige foi invocado. Vamos hoje a Jerusalém. Esse lugar se chama Ecce Homo e é de dimensões muito reduzidas. Ali na frente devem ter estado não mais do que 60, 70 pessoas, e não um milhão. Entretanto, com relação a Ratzinger, antes tarde do que nunca. Não me surpreende, mas também não há necessidade de me convencer.

Mas, enfim, que sentido tem hoje um livro como esse?

Talvez o Pontífice quer corrigir um velho provérbio que hoje não se pode mais sustentar, ou melhor, dois. O crucifige em primeiro lugar e depois aquela afirmação que diz: "que o seu sangue recaia sobre as nossas cabeças e sobre os nossos filhos". Uma afirmação que esteve na base de todas as perseguições contra os judeus. Repito, porém: o fato de um Papa teólogo me dizer que isso não foi assim não me causa prazer.

É o mesmo Papa, no entanto, que, na oração da Sexta-feira Santa, reintroduziu a passagem sobre os "pérfidos judeus".

Sim, mas ali... Eles, por pérfidos, entendem sem fé, isto é, sem a "sua" fé. Os evangelhos podem ser interpretados com malevolência ou com benevolência. Eu reconheço ao Papa a preferência pelo segundo caminho.

A partir de hoje, muda alguma coisa nas relações com o Vaticano?

Para mim, tudo continua como antes.

Incluindo o fato de que, segundo a Igreja, Jesus era o Messias e que, por isso, ele não era simpático aos judeus?

Um século e meio depois de Jesus, durante a II Revolta contra Adriano, houve um grande líder político e militar que se chamava Var Kokhbà. Alguns pensavam que ele fosse o novo messias. Nenhum judeu pensou em condená-lo. O problema não é se Deus é pai, mas se é o pai de "um" ou também de todos os outros.

Ratzinger também fala de arrependimento, de esperança, de guerras e de poder.

São coisas que, se ditas em termos genéricos, sempre vão bem. Tome a esperança: ela vai sempre bem.

Sim, mas por que esse livro?

Talvez para dar uma contribuição ao diálogo judaico-cristão. Porém, para fazer um julgamento um pouco mais atualizado, esperaria dois ou três dias. Talvez, alguém terá algum comentário a fazer. Eu, no momento, não encontro nada de novo. E não vou encontrar nada de novo até que veja o início de um debate por parte de círculos qualificados.

Bento XVI diz ainda que a verdade deve entrar na política. Mais ou menos.

Que a política deve assumir a verdade? Certamente. Mas nem isso me parece ser uma grande inovação. É verdade que estamos habituados a uma política que não diz aquilo que deve ser dito, mas também é verdade que não se diz que a verdade é o aquilo que o Papa me diz.

O senhor vê atritos inéditos nas relações entre o Estado italiano e a Santa Sé?

Há dificuldades. O Estado italiano pede o apoio da Igreja e, ao mesmo tempo, não demonstra ser fiel àquilo que a Igreja prega.

Isso também não é uma novidade.

Desta vez, fomos além.

Até o ataque contra a escola pública por parte de Berslusconi foi infeliz.

Um ataque de tal forma arriscado que até a Igreja se sentiu no dever de se manifestar. Além disso, existe uma base católica que – de outra forma – se sentiria traída e abandonada.

Digamos que, quanto a "risco", a pior frase do primeiro-ministro foi aquela sobre o "perigo muçulmano".

Eu acredito que nos encontramos diante de uma insurreição pela democracia e contra os tiranos e não diante de uma "guerra qualquer". E acredito também que, da insurreição do mundo árabe, que é um mundo jovem, a Europa tenha tudo a aprender. Antes de tudo, a vontade de liberdade. Quanto ao "perigo", os muçulmanos também poderiam dizer que têm medo da chegada dos católicos. O ponto é que nós queremos uma convivência pacífica, mas só com nós mesmos.

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1953- 5 de febrero -2011

Hoy en día la figura de Stalin guarda absoluta identidad con antihumanismo, con dictadura y opresión.

Pero, en su época, gran parte de la intelectualidad  europea  e importantes fuerzas políticas -incluso en el pueblo judío- veían en el jefe soviético el adalid de la lucha contra el nazifascismo: la noticia de su muerte produjo honda conmoción en la Israel obrera de principios de la década del cincuenta, como se refleja en este aviso.

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La fuerza espiritual del Tabernáculo - Fuente: libro “Ayer, Hoy y Siempre”. La historia del Tabernáculo data del año 2449 (1312 antes de la Era Común). Era la pieza arquitectónica construida con una lámina de oro por dentro y por fuera provee una lección a cada individuo. Hashem ordenó a Moshé construir un Mishkán (Tabernáculo) de acuerdo a un plan divino que simbolizaría Su presencia entre los hombres. El mismo fue un santuario móvil que los judíos transportaron con ellos a través del desierto. Betzalel, perteneciente a la tribu de Iehudá y Oholiav, de la tribu de Dan, fueron elegidos por Hashem por su capacidad para aplicar su conocimiento y supervisar la construcción. Por mandato de Di-s, se realizó un censo de los hombres judíos por el cual cada uno debía contribuir con una moneda de medio shékel. Al contar las monedas se obtenía el total de hombres existente. La pieza arquitectónica más santificada alrededor de la cual giraba la vida judía antes de la construcción del Templo, fue el Mishkán, que contenía el Arca Sagrada. El Arca, construida con una lámina de oro por dentro y por fuera provee una lección a cada individuo. Así como el oro se podía observar en el exterior y en el interior, así también cada persona debe ser virtuosa exterior e interiormente en todo momento y debe siempre predicar con el ejemplo. Si es consecuente con sus palabras, los demás lo considerarán sincero. Si por el contrario, muestra un comportamiento correcto en público y luego actúa inmoral o injustamente en privado, será considerado un hipócrita. Porque aquél que engaña a otros termina engañándose a sí mismo. Aún cuando debamos esforzarnos lo más posible por evitar actuar con hipocresía, ello no debe servirnos de excusa para no hacer cosas positivas y valiosas. Así, por ejemplo, muchos padres no quieren mandar a sus hijos a escuela judía con el argumento de que, al no ser religiosos en la casa, se sentirían hipócritas al hacerlo. La hipocresía significa no actuar de acuerdo con las convicciones firmemente establecidas. Pero no significa ser hipócrita si una persona que tiene dudas religiosas trata de cumplir lo más posible en alguna área especifica de la fe judía.Al mantener las tradiciones, aun cuando uno sienta dudas, conservamos la posibilidad de un sincero retorno a Dios. Dos llamas ardían separadamente en el Tabernáculo, adonde los judíos acudían a traer sus sacrificios a Dios: el Ner Tamid (luz perpetua) y Esh Tamid (llama perpetua). Es digno de notar que ambos fuegos ardían continuamente. Esto nos está señalando que siempre debemos actuar de acuerdo a los deseos de Di-s y ser consistentes en nuestra observancia. No podemos ser devotos solamente en Iom Kipur (Día del Perdón) o en el día del iorzait (aniversario de fallecimiento de alguna persona), sino que debemos serlo todos los días del año. No podemos hacer de lo religioso una cuestión de conveniencia. Nuestra religiosidad debe brillar a toda hora, como el fuego del Tabernáculo. La santidad del Shabat aparece nuevamente subrayada en el relato de la preparación del Mishkán, ya que la Torá decreta que el Shabat no puede ser violado ni siquiera por una causa tan sagrada como la construcción de la Casa de Hashem. Aún antes de que Bnei Israel recibiera los Diez Mandamientos en el Monte Sinaí, se les ordenó abstenerse de recolectar y hornear el maná en el día que Moshé consideró como “un descanso solemne, un Shabat de devoción a Hashem”. El Shabat rememora no solamente la Creación del mundo sino también el Éxodo de Egipto. Fuente: libro “Ayer, Hoy y Siempre”.
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Aos 102, morre Aracy Guimarães Rosa - Estadao.com.br

Aos 102, morre Aracy Guimarães Rosa

http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,aos-102--morre-aracy-guimaraes-rosa,687205,0.htm

O livro 'Grande Sertão: Veredas' foi dedicado a Aracy, que detém seus direitos integrais

03 de março de 2011 | 15h 07
Carla Sasso Laki e Débora Nogueira, do estadao.com.br

A segunda mulher do escritor João Guimarães Rosa, Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, morreu nesta quinta-feira. Ela tinha 102 anos e sofria do Mal de Alzheimer. Dona Aracy prestou serviços ao Itamaraty, ao trabalhar no Consulado Brasileiro em Hamburgo, e é conhecida por ter ajudado muitos judeus, que fugiam do Holocausto, a entrarem ilegalmente no Brasil durante o governo de Getúlio Vargas. Ela tem o nome escrito no Jardim dos Justos entre as Nações, no Museu do Holocausto (Yad Vashem), em Israel e também é homenageada no Museu do Holocausto de Washington (EUA).  

Reprodução
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Aracy ao lado do escritor Guimarães Rosa

"Sem dúvida nenhuma ela foi um exemplo de vida para todos nós, uma mulher lutadora, que nos ensinou muito com sua história de vida", afirmou o neto Eduardo Carvalho Tess Filho. Aracy teve um único filho, fruto do primeiro casamento dela. Quando ela conheceu Rosa, na Alemanha, era desquitada.

"Ficamos em Hamburgo até 1942, quando o Brasil rompeu relações com a Alemanha, por causa da guerra. Estivemos internados em 'Baden Baden', lembra, contou Dona Aracy, com os olhos molhados, em entrevista ao Jornal da Tarde, em 1968.

Rosa quando foi para a Alemanha, deixou mulher e duas filhas no Brasil. Conheceu Aracy e se apaixonaram. Quando voltaram juntos ao Brasil, em 1942, Rosa e Aracy casaram-se por procuração, no México, já que ainda não era permitido o divórcio aqui. Eles ficaram juntos até a morte dele em 1967. Durante os quase 30 anos de romance, o escritor publicou toda a sua obra. O livro Grande Sertão: Veredas foi dedicado a Aracy, que detém os direitos integrais da obra.

Veja também:

 

link Uma história de amor

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro José Gregori compareceram ao velório, no Hospital Albert Einstein. Aracy já foi cremada no Crematório Horto da Paz. Dona Aracy ia completar 103 anos no dia 20 de abril.

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Velhas amigas

 

d._aracy_d.margaria_arquivo_pessoal2.jpgSegundo informações de uma representante da família, Dona Aracy ficou muito próxima de uma das famílias que ajudou a resgatar da Alemanha. Quando voltaram ao Brasil ela e Maria Margareth Bertel Levy, ou Dona Margarida - como era conhecida, se tornaram quase inseparáveis. A amiga alemã ficou viúva cedo e acabou sendo 'adotada' pelos Tess. "Quando uma ficava doente, a outra também ficava. Parecia que eles sentiam as mesmas coisas. Em 2003 as duas caíram, uma em casa, outra na rua, e acabaram ficando de cama até hoje", afirmou a fonte.

Dona Margarida faleceu no último dia 21 de falência múltipla dos órgãos e, três dias após o ocorrido, Dona Aracy começou a passar mal e foi internada novamente. De acordo com a representante da família, é evidente que ela não tinha conhecimento do falecimento da amiga, mas é curioso como elas passaram por muitos problemas semelhantes em períodos próximos.

 



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