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a importancia do mes de ELUL

permita-me ANGELA RC NESPOLI um complemento ao tema que voce abordou sobrerosh chodesh de Elul.

ELUL

O último mês do calendário Judaico é, na verdade, o mais importante e serve como preparação para os feriados mais sagrados.

Se você tivesse um julgamento importante marcado, que determinaria seu futuro financeiro ou até o futuro de sua vida, você se prepararia com semanas de antecedência..
Em Rosh Hashaná, cada pessoa é julgada de acordo com o mérito de suas ações. Se ele viverá por todo ano ou não. Se terá sucesso financeiro ou falência. Se ficará bem de saúde ou doente. Tudo isso é determinado em Rosh Hashaná.
Em Elul, o mês que precede Rosh Hashaná, começa um período de intensiva introspecção, de clarear as metas de sua vida e de aproximar-se a D'us. É uma época para percebemos o propósito da vida - muito mais do que simplesmente repassar sua vida pensando no dinheiro que ajuntou e procurando gratificações. É um tempo em que damos um passo para trás e nos olhamos, crítica e honestamente, como os judeus faziam desde antigamente, com a intenção de melhorar.
As quatro letras hebraicas da palavra Elul (alef-lamed-vav-lamed) são as primeiras letras das quatro palavras - "Ani le dodi vê dodi li" - " Eu estou para o meu Amado e meu Amado está para mim" (Cântico dos Cânticos 6:3). Essas palavras sintetizam a relação entre D'us e o Seu povo.
Em outras palavras, o mês que precede Rosh Hashaná é uma época em que D'us nos alcança, vem até nós, criando uma atmosfera espiritual mais inspiradora, uma que estimula a Teshuvá.

O período de 40 dias
Retroceda 3000 anos atrás, no Deserto de Sinai. D'us transmitiu os Dez Mandamentos e os judeus construíram o Bezerro de Ouro. Moshe, desesperadamente, suplica a D'us para poupar a nação do sofrimento.
No primeiro dia do mês de Elul, Moshe sobe ao Monte Sinai e, 40 dias mais tarde - em Yom Kipur - volta para seu povo com as novas Tábuas da Lei em mãos.
Também para nós, o mês de Elul dá início a um período de 40 dias que culmina no dia mais sagrado do ano, Yom Kipur.
Mas, por que 40? Quarenta é um número de limpeza e purificação. No tempo de Noach, a grande Inundação durou 40 dias, e o Micvê, o banho ritual de purificação, contém 40 medidas de água.
Elul é uma enorme oportunidade. Durante essa época, muitas pessoas intensificam o estudo da Torá e o cumprimento de boas ações. E muitas também fazem um Cheshbon diário, uma espécie de contagem das perdas e ganhos espirituais.

Costumes adicionais aos serviços religiosos

No começo de Elul, recitamos o Salmo 27 nas rezas da manhã e da tarde. Neste Salmo, o Rei David exclama: "Uma coisa pedi ao Senhor... que eu habite na Casa do Senhor todos os dias de minha vida" Nós visamos, dessa forma, na força unificadora de D'us em nossas vidas e nos empenhamos para aumentar nossa ligação com a dimensão infinita e transcendente.

Selichot
No sábado, na noite que precede Rosh Hashaná, recitamos "Selichot", uma sucessão especial de preces que invocam a misericórdia de D'us. Se Rosh Hashaná cair no começo da semana, começamos a recitar "Selichot" na noite do sábado da semana anterior. (Os Sefaradim fazem "Selichot" em Rosh Chodesh Elul).
Depois do pecado do Bezerro de Ouro, Moshe pediu a D'us para explicar Seu sistema de se relacionar com o mundo. A resposta de D'us, conhecida como "Os 13 Atributos de Piedade", forma a essência da "Selichot". Os "13 Atributos" falam da "paciência de D'us". O mesmo D'us Que nos criou com uma alma pura e um mundo de oportunidades nos dá outra chance caso tenhamos usado incorretamente a primeira.

"Selichot" deve ser recitado com um Minyan. Caso não seja possível, deve-se fazer sozinho, omitindo, porém, as partes em aramaico e os "13 Atributos de Piedade".
Concluindo, o aspecto mais importante do mês de Elul é fazer um plano para nossa vida. Pois quando o Grande Dia chegar, e estivermos perante D'us para pedir por mais um ano, vamos querer saber o que estamos pedindo

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A História oficial do brasil ocultou, e procurou miniminzar a participação dos Judeus Portugueses na Formação do Brasil e do seu povo é preciso resgatar a verdade sem preconceitos da presença judaica (beni anussim) na formação do povo brasileiro.
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Um Pouco sobre essa dificil ideia de Amar ao Proximo

Jayme Fucs Bar

Ama teu próximo como a ti mesmo”– Vayicrá Este é um princípio importante da Torá” – Rabi Akiva
Uma alma entra neste mundo por setenta ou oitenta anos apenas para fazer um favor a outra” – Baal Shem Tov

A Torá nos diz “Ama teu próximo como a ti mesmo”. A Torá também nos diz: “Ama o Eterno teu D’us.” Isso estimulou a muitos sábios a perguntarem “Qual virtude é maior, amar a D’us ou amar ao próximo?”

Essa realmente uma pergunta super interessante nestes novos tempos , Os sábios judeus se divergem sobre esse tema , mais parte deles nos responderia que “As duas são uma e a mesma, pois D’us ama cada um de seus filhos”. Portanto, em última análise, amar ao próximo é uma demonstração maior de amor a
D’us que simplesmente amar a D’us. Porque o verdadeiro amor significa que você ama o outro fruto da propia cria
ção.

Portanto,para esses sabios no judaísmo existe os três amores – amor a D’us, amor à
Torá e amor ao próximo – são um só. Não se pode diferenciar entre eles, pois são de uma única essência. E como são de uma só essência, cada um incorpora todos os três.

Isso nos faz pensar que a menos que todos os três amores estejam presentes, nenhum deles é completo. Mas isso significa também que onde existe qualquer um dos três, isso terminará por atrair todos os três.

Portanto, se uma pessoa que tem amor a D’us mas carece de amor ao próximo, você deve dizer-lhe que seu amor a D’us está incompleto. No judaísmo e inconcebível falar em amor a D¨us e ao mesmo tempo destruir,matar,humilhar,explorar o outro ser humano . No Judaísmo não existe nada mais que sagrado que a vida onde devemos nos esforçar para trazê-la ao amor ao próximo.

O amor pelo próximo não devera estar expresso no sentido de pescar o peixe para para os famintos e sim aprender a pescar para poder ensinar-los a pescar. Esse difícil ato de amar o próximo e de ser amado um ato pedagógico que nos liberta e nos humaniza.

Enquando essa esperada rendenção não chega , fica cada um de nos na tentativa de praticar esse dificil e complexo ato de amar o proximo ou Hachava Hinam (amor Gratificado) e não a tal , Sinat Hinam ( Ódio grátuito) que muitos sabios afirmam que foi o que levou ao povo judeu a destruição do primeiro e Segundo e a Exilio.

Interessante refletir dentro dessa afirmação sobre esse processo de Sinat Hinam (Ódio gratuito,) que ,vem se fortalecendo no atual estado judeu, principalmente a partir da ocupação dos territorios em 1967 .e fragmentação da sociedade israelense numa luta interna entre a visão dos reis ou dos profetas.

O Rabbi Akiva dizia: “Amar ao próximo como a ti mesmo esta é a maior regra na Torá onde se você realizar essa Mitzva Amar ao Próximo é como se estivesse realizando todas as 613 Mitzvot, Essa frase do rabbi Akiva sempre me acompanhou quando era um jovem rapaz do movimento juvenil laico kibutziano Hashomer Hatzair, sempre quando alquem me cobrava que eu não era suficiente judeu pois não cumpia mitzvot, a resposta sempre foi uma justificativa para afirmar o que era a pratica do movimento kibutziano ao dizer "Procuramos cumprir essa a mais dificil de todas mitzvot amar o proximo”.

Como essa única Mitzva “Amar ao próximo” poderá ser tão valioso e grandiosa como as outras 612?

Notável Não!

E ainda que nós nos esforcemos para encontrar um modo de entender a profundidade da mensagem que nos transmite o Rabi Akiva em suas palavras, vem-nos um segundo dito, ainda mais notável, sobre um judeu que se apresentou a Hilel e pediu-lhe: ‘Ensina-me toda a Torá enquanto eu fico num pé só’. E ele respondeu: ‘Ama ao próximo como a ti mesmo’ e o resto significa: vá estudar’., Porque ele nos diz ‘o resto significa: vá estudar’. Isso quer dizer que todo o resto da Torá são interpretações desse único preceito, que para entender a complexidade desse conceito devemos estudar.

Nesta procura que vem sendo para mim o judaismo humanista nestes ultimos anos ,aprendi numa das leituras com o mestre Paulo Blank algo como: “que judaísmo é uma religião para adultos”,Isso me fez pensar que devemos estar num constante processo aprendizagem para que possamos ter a maturidade de saber olhar para o outro o proximo e saber que alem de mim o outro existe e faz presente .

Essa eternal reflexão entre os judeus sobre a Tora, De"us e Amor ao Proximo pode ser entendida em mutiplos niveis ,num dialogo costante entre Deus e o Homem e entre o homem e homem e entre o homem e a si mesmo .Um famoso Professor a Rav Pinchas H. Peli da Universidade de Ben Gurion diz sempre aos seus alunos "Que cada um de nos deveriamos trasladar os dez mandamentos em preceitos personalizados ou seja não roubar de si mesmo, não matar a si mesmo e não cobiçar de si mesmo e sobre tudo amar a si mesmo como forma de aprender a amar o proximo.

Segundo os sabios a Tora tem 70 faces se soubermos procurar encontraremos a face que buscamos. Talvez nesta face encontraremos a chave para esse grande desafio humano de amar a si mesmo para saber amar o proximo
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SIONISMO É RACISMO?

Não, claro que não é. Da mesma forma que Islamismo não é terror nem sexo é promiscuidade nem dinheiro é necessariamente o produto da exploração do homem pelo homem.

O que sim é verdade é que existem sionistas racistas, e muçulmanos terroristas, e não poucos degenerados sexuais, e não menos capitalistas sem entranhas.

No saber e querer diferenciar a uns dos outros, os doentes de ódio dos sãos de espírito, os inimigos mortais dos amigos leais, é onde reside a principal qualidade que nos faz diferentes dos irracionais. Hitler e Torquemada, Mussolini e o Mufti al-Husseini, não o souberam nem o quiseram, e por isso nos legaram como herança a ignomínia das suas idéias, a sem-vergonhice dos seus atos, e bastantes páginas negras da nossa História escritas com o sangue inocente das suas vítimas.

Hoje e agora, as minorias fundamentalistas islâmicas, judias e cristãs, tropeçando de novo na mesma pedra, transitam por igual caminho em direção ao mesmo precipício.

O fundamentalismo islâmico, com os seus ataques suicidas, que além de matar judeus inocentes da forma mais covarde concebida pela mente humana, salpicam com esse sangue a honra e a imagem da sua própria religião, já que o nome de Alá fica irremediavelmente associado a essa barbárie cometida em seu nome.

O fundamentalismo judeu, organizado em seitas religiosas e gangues laicas, ao tentar impor suas loucas idéias de um deus vingativo e exclusivo, e de um Grande Israel Bíblico do ponto de vista territorial, ao qual o povo judeu renunciou expressamente ao assinar a partição da Palestina, usando para tal fim não apenas o discurso ou a propaganda, mas as armas e o assassinato dos líderes do Estado de Israel (começaram com Rabin).

O fundamentalismo cristão, incitando ao ódio às outras religiões e apoiando e aplaudindo a tortura dos inimigos de seu deus todo-poderoso, transformando o conflito numa guerra santa contra o Islã, e o exército dos Estados Unidos em Soldados do Cristianismo (por analogia, os novos cruzados).

Compete a todos os que não nos deixamos arrastar por slogans pré-fabricados ou por medos manipulados pelos porta-vozes do além, enfrentar-nos a esse tudo ou nada que eles propõem, construindo uma estrada transitável que conduza à concórdia e não ao cemitério; a bom porto e não ao naufrágio da esperança.

Visto isso, só resta então formular a pergunta do milhão: afinal, o que é sionismo?...

A minha modesta resposta a esse enorme interrogante começa no início do túnel do tempo, quando o povo judeu abandonou a terra prometida por razões alheias à sua vontade (ou sumir ou sucumbir).

Durante milênios então, o sionismo hibernou no útero de uma frase simples, representando apenas a verbalização de um desejo irreprimível, um sonho condensado em poucas e premonitórias palavras: no ano que vem em Jerusalém (be shaná haba’á birushaláim, em hebraico).

E assim o sionismo, que nem mesmo sabia que esse era o seu verdadeiro nome, vivia e sobrevivia em estado latente dentro dessa simples frase que foi passando de geração em geração, de boca em boca, de coração a coração, até um dia qualquer do um ano qualquer do século XIX, em que alguns judeus decodificaram a vontade de grande parte da diáspora de voltar para casa, considerando que havia chegado a hora de traduzir a mensagem genética contida na pequena frase herdada, à linguagem dos fatos, propondo táticas e estratégias que permitissem transformar o exílio imposto em retorno; a prece milenar em pátria.

E foi assim que esse sionismo ganhou nome próprio, sobrenome comum e um projeto de viabilização, começando então a construção de uma ponte que unisse o sonho herdado à realidade possível.

Era o começo do fim do desarraigamento para todos aqueles que assim o quisessem, ainda que as resistências não fossem poucas nem banais, já que a maioria do Establishment religioso se opunha (e ainda o faz depois de tantos anos de independência) esgrimindo argumentos paridos na diáspora, sem qualquer relação com os livros sagrados, segundo os quais o retorno só será permitido com a chegada do Messias.

Essa foi a razão pela qual o Sionismo pioneiro foi fundamentalmente laico, e ainda o é, apesar de ter deixado de ser um projeto virtual para transformar-se no Estado de Israel real. Não o Israel maximalista dos fundamentalistas, mas sim o Israel possível dos realistas.

Indivíduos primeiro e grupos depois, foram pouco a pouco desembarcando do navio do tempo nos portos da velha pátria, e iniciaram a empreitada, plantando famílias no deserto e nas cidades; secando pântanos e sobre eles implantando produtivas fazendas coletivas; erigindo escolas para todos os alunos, hospitais para todos os doentes e prisões para todos os criminosos.

Isso é sionismo: o puro e simples direito de reconstruir a casa nacional sobre parte do território primitivo e nela acolher a todos os que desejarem fazer a viagem de volta (as fronteiras – não o esqueçamos - foram democraticamente aceitas pelos representantes do povo de Israel, renunciando a qualquer reivindicação de territórios fora dos limites aprovados).

Hoje, entretanto, constatamos com pesar e temor, que no corpo do Estado de Israel crescem e se multiplicam pequenos tumores malignos cujas metástases comprometem seriamente a saúde do país. É o tal do hiper-sionismo ou mega-sionismo, inspirado no fundamentalismo religioso radical, aliado a uma visão fundamentalista laica de extrema-direita, de ignorar todo o trabalho feito para a construção do Estado de Israel, das suas leis, das suas fronteiras, das assinaturas nos acordos internacionais, do respeito aos direitos humanos de todos os humanos, com a malsã intenção de implantar a pátria bíblica dos contos de fadas, tanto no que respeita à sua dimensão territorial (expulsando a milhões de palestinos de suas terras e anexando-as) quanto à imposição de um Estado clerical ao estilo das repúblicas islâmicas mais retrógradas. E isso – que não caiba nenhuma dúvida ao respeito - não é sionismo. Isso é pura e simplesmente anti-sionismo, e deve ser combatido por todos aqueles que vêm no Estado de Israel (e não na terra de Israel) a tradução fidedigna do sonho gerado e gestado pelo povo judeu ao longo dos séculos no seu caminhar diaspórico.

O sionismo é um direito e não um dever, e o Estado de Israel é o fecho de ouro dessa travessia de ida e volta do povo judeu.

Bruno Kampel, Suécia

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El libro, recientemente publicado, “El judío del mundo” (“Iehudí Olamí”” es el nombre original en hebreo) del rabino Eliahu Birnbaum, en colaboración con Yoav Sorek, es como lo dice el subtítulo, el reflejo de “los viajes a la historia maravillosa y a las comunidades anónimas”.
El rabino Birnbaum, que seguramente recordarán los lectores de Aurora ya que en estas páginas fueron publicados algunos de sus artículos, ha recorrido el planeta en ayuda de las comunidades aisladas y de las que después de siglos de alejamiento, pretenden regresar al judaísmo.
Al dar vuelta la tapa del libro aparece el mapa del mundo, con señales que indican los múltiples sitios a los que llegó el rabino, con la aclaración: los puntos en azul representan cada ciudad que fue motivo de uno o más artículos: los de color celeste refieren a comunidades especiales: descendientes de las tribus perdidas, de los conversos forzosos y otros grupos que desean renovar su pertenencia al judaísmo.
Durante cuatro años el rabino Birnbaum publica en suplemento del periódico “Makor Ri shón” su columna que lleva el nombre de esta obra. Por medio de su pluma, y la particular visión del rabino, los lectores se encuentran con los descendientes de “anusim” de Portugal y América Latina que resguardan la tradición desde hace cientos de años, así como una nueva generación de “anusim” de otro tipo, que renueva su identificación judía en Polonia.
En el caso de los lectores de Aurora, este trabajo tiene una particular relevancia. El rabino Birnbaum nació en Uruguay, hizo aliá en 1972, sirvió como oficial en la unidad de blindados en Tzáhal y combatió en la Primera Guerra del Líbano. En la década del '90 fue durante algunos años el rabino jefe de la Comunidad judía de Montevideo. Hasta el momento desempeña el cargo de director del Instituto Strauss Amiel de formación de rabinos y del Instituto Bern Amiel que forma a educadores que luego servirán en comunidades de la diáspora.
Asimismo, es el rabino de la organización Shabei Israel que se ocupa de judíos que por diversas circunstancias se alejaron con la intención de volverlos a su pueblo. Asimismo integra un tribunal especial de conversiones del Rabinato de Israel.
Entre los numerosos artículos dedicados en el libro a América Latina se destaca el que describe a la comunidad de Trujillo en el norte de Perú, llamada Bnei Moshé. Explica el autor que su historia comenzó hace unos 50 años; el líder del grupo, Segundo Villanueva, que hoy reside en Israel y adoptó el nombre de Zerubabel Tzidkiahu, “comenzó su camino judío en la búsqueda de la verdad espiritual”.
“El recorrido espiritual del cura católico comenzó cuando su padre, antes de morir, le entrego una Biblia y le dijo que allí se encuentra la verdad y la palabra de Dios al mundo. Villanueva comenzó a estudiar la Biblia y allí descubrió que es obligación respetar el sábado, que el pueblo judío es el elegido y la tierra de Israel es la Tierra Santa”.
Con el tiempo, el cura encontró muchas diferencias entre la Biblia judía y la doctrina cristiana, cambiando su creencia y su forma de vida. Logró arrastrar a su familia y a su comunidad, que recibió las obligaciones del judaísmo por medio de las enseñanzas y disertaciones de Villanueva.
Más adelante recuerda el autor: “La visita a la comunidad Bnei Moshé fue emotiva e interesante. Los integrantes de la comunidad aprendieron por sí mismos, creando una comunidad judía de la nada, en una aldea apartada del desierto peruano. Construyeron una sinagoga, prepararon libros de la Biblia con reproducciones ampliadas…”.
“La sinagoga está construida con ladrillos rojos y contiene un arca para los rollos, el escenario, el púlpito para el oficiante y una cortina separa a hombres y mujeres. Todo fue construido por los miembros de la comunidad con gran entrega y amor”.
El capítulo finaliza detallando que hasta el momento hubo cuatro grupos de aliá de Bnei Moshé a Israel, cada una de los cuales recibió un número. En la actualidad estas personas son parte de comunidades judías religiosas en Israel. Los integrantes de los dos primeros grupos residen en Elón Moré; el segundo núcleo reside en Alón Subt. Y Carmei Tzur; el cuarto, tuvo como destino las poblaciones de Shavei Shomrón, Einav y Avnei Eitán”.

Mezcla de “anusim” y delincuentes
En el capítulo que trata sobre la comunidad de Recife, Brasil, el rabino Birnbaum señala que “los judíos comenzaron a radicarse en el lugar desde el año 1500. En esa época la ciudad era la capital de la colonia portuguesa de Pernambuco. Los primeros judíos eran `anusim', que fueron enviados junto con presos y delincuentes a desarrollar la nueva colonia. Los judíos que vieron en esto una oportunidad económica y una forma de alejarse un poco del ojo de la Inquisición, recibieron el mandato con beneplácito. Desarrollaron la zona y la convirtieron en un floreciente centro de cultivo de caña de azúcar. Los judíos consiguieron desarrollar ramos económicos en esta región del norte de Brasil, entre ellos exportación de azúcar, así como el sector financiero y el suministro de esclavos africanos. Se convirtieron en una fuerza económica y comercial importante en la zona”.
El libro, de lujosa edición, con más de 400 páginas, está escrito en un hebreo fluído, fácil de comprender y disfrutar, abriendo una amplia ventana a quien se interesa por el destino de los judíos de la diáspora a lo largo y ancho del mundo.
J.D.

*“Anusim”, el plural para “anús”, significa “los forzados” en hebreo. Este es el término legal rabínico aplicado a un judío que ha sido forzado a abandonar el judaísmo en contra de su voluntad, y quien hace todo lo que está en su poder para continuar practicando el judaísmo bajo la condición de coerción. Definición del sitio de la Asociación Bnei Anusim Baderej

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A Pergunta do Claudionor e a transparência do mal.

A Pergunta do Claudionor e a transparência do mal.

Unde Malum? Foi esta a pergunta instigante que o Claudionor Rolim da Costa me enviou outro dia. Senti-me o próprio rebe contestando numa responsa a indagação mais importante que o humano jamais fez e continuará fazendo. Busquei esta pequena crônica escrita anos atrás e preferi responder de público à pergunta instigante para que todos possamos conversar sobre um tema que acompanha a humanidade desde sempre. De onde o mal?

A natureza do mal sempre foi um problema para a civilização monoteísta. Como pode haver mal num mundo de um só Deus que cuida de tudo como se fosse um jardineiro dedicado? Frente à unidade do ser humano em uma criação divina onde colocar o Mal? Uma solução foi culpar o ser humano. Este, ao pecar estragando a obra perfeita de Deus faz necessária a intervenção divina para salvá-lo do seu pecado original e repetitivo através do perdão e estamos conversados. Ou serão melhor dois deuses? Um mal e outro bom e com isso livrar a cara de todos supondo tratar-se da influência de um ou do outro sobre um humano manipulado como uma marionete. Reagindo ao dualismo zoroástrico de um mundo e dois deuses, o profeta Isaias trouxe uma afirmação perturbadora falando em nome de deus: “Formo a luz e crio as trevas, faço a paz e crio o mal”. Eis o Deus monoteísta em sua plenitude, assumindo que o homem criado à sua imagem e semelhança não comporta a divisão simplista da batalha da luz contra trevas. Ao que parece a mente humana ainda resiste às antigas idéias do profeta. Claro, é muito mais simples expelir o mal e colocá-lo no outro. Assim o rosto humano do próximo, no lugar de convite ao esforço de conhecê-lo, transforma-se na máscara do temor a ser varrido da face da terra.

Desde a pequena maldade do dia a dia, até o horror da guerra, é sempre fácil identificar o mal nos atos e nas palavras dos outros. A dificuldade de reconhecê-lo em nós mesmos se instaura quando, apaixonados pelos nossos argumentos, nos tornamos emires da razão, justificando qualquer gesto próprio de acordo com os nossos desejos inquestionáveis do momento. O importante é ser assertivo, ensinam os cursos de liderança nas empresas contemporâneas.

Movidos por profundo despudor, vemos como é fácil fazer renascer em nós a religião de Zoroastro, dividindo o mundo em bem e mal sem qualquer preocupação por outra experiência que não seja a própria. Os debates políticos são excelente exemplo deste paradoxo. Em nome da “justiça” da qual me declaro representante, nego qualquer proximidade entre mim e meu opositor, rompo as pontes que nos unem como humanos, destruo-o com argumentos e atos sem a mais mísera sombra de culpa. Afinal, cobertos pela razão não enxergamos mais nada...

A Cabalá, o pensamento místico-filósofico judaico, pode nos ajudar nesta reflexão. No seu já popularizado esquema de forças chamado de Árvore da Vida, a Cabalá constrói uma teoria das influências que regem as relações humanas e cósmicas. Um campo de qualidades do divino que se desdobra em toda criação. Chamadas Sefirot, essas dez qualidades interagem em tensão permanente sendo influenciadas pelos atos humanos e influenciando em troca o destino do mundo. Forma-se então um campo de influências de dar inveja a qualquer pensador da complexidade.

Duas destas qualidades dizem respeito ao nosso tema. De um lado da Árvore, o Din/lei, do outro a Compaixão/ Hessed. Sem a lei que coloca os limites necessários para que a vida se organize, a doação infinita da compaixão não dar forma ao mundo. No entanto, sem compaixão o mundo dá forma ao mal. Curiosamente na tradição da Cabalá existem versões em que ao invés do nome Lei/Din esta força é chamada de Gvurá. Ela tem a mesma raiz que dá tanto origem à palavra macho-guever quanto a heroísmo-gvurá.

Prefiro trabalhar com as duas opções ao invés de excluir uma. Ficando tanto com Din quanto com Gvurá, podemos considerar que a lei sem compaixão se transforma em força extrema, rigorosa, que desconhece o outro no vigor que lhe dá a certeza absoluta em si mesma. Assim são as ditaduras quando encarnam uma lei única ignorando qualquer diferença. Assim também se comportam os líderes populistas contemporâneos quando buscam encarnar a verdade e não admitem qualquer critica que soe como desvio ou diferença. É o grande “Eu Sou” que entra em jogo naquele momento. Um Eu sem máculas que se apresenta enquanto protetor de todo mobiliza as carencias humanas e anula a compaixão que equilibra esta força desmesurada da paixao introduzindo a diferençae mantendo a capacidade de pensar. Na paixão não existe um pensamento capaz de diferenciar o eu do tu.

É aí, como já aprendemos ao longo da historia, que se desperta a paixão avassaladora pelo líder. Nesta hora o amor próprio de cada um vai nas alturas porque se sente parte de um totalitarismo onde se sente protegido e querido pelo líder paternalista ou pela uma mulher-mãe que ele escolhe para amar ao povo. Amor tão poderoso quanto o amor divino. É aí como também acontece no ambiente religioso fundamentalista, que começa a se apagar a razão pensante .

Uma opção interessante é utilizar a linha de pensamento da Cabalá e o seu campo de forças composto por cada Sefirá. Bem e Mal deixam de ser uma especulação metafísica para se integrarem a cada uma das criaturas formadas à imagem destas mesmas forças do divino. Quando o Rigor de Gvurá, do qual falamos, reina absoluto, ele extingue o diálogo na face da terra por que anula a compaixão que se expande em direção ao que está fora de si. A conclusão é simples. Na medida em que me torno impermeável ao outro instauro o rigor e crio o mal sem qualquer possibilidade de atenuá-lo através da compaixão de Hessed que marca a existencia do outro fora de mim. O rigor todos sabemos como funciona.

Eis aí um esquema que aponta de maneira esclarecedora tanto para a violência diária de nossas relações quanto para as grandes guerras que assolam o planeta. Sem santos de um lado e malfeitores do outro, é do esforço racional de falar e ouvir que nasceria a possibilidade de construir o encontro. O exercício do mundo visto por esta ótica transforma a experiência humana num constante chamado para a importância de nossas palavras e gestos. Ao invés de uma ética infantil que almeja um mundo idealizado nos tornamos construtores de uma ética adulta pautada no compromisso e no trabalho diário. De crianças fantasiosas atrás de religiões infantilizadoras, passamos a adultos responsáveis praticando religiões de adultos. Nada fácil.

Não será casual que a palavra Messias (machiach) tem em hebraico a raiz siach/conversa. Meditando sobre este fato a tradiçãonos ensina que o tempo do Messias será de muita conversa, bate papo e esclarecimento pacífico de dúvidas da Torah acumuladas ao longo de milênios. Talvez por que nessa época, como profetizou Isaias, não estudando mais as artes da guerra e nem levantando espadas uns contra os outros, sobraria tempo para jogar conversa fora. E aí, de conversa em conversa, iremos vendo como é que ficou aquela velha amizade, naquele papo furado num bar de um Leblon de tempos menos delirantes que agora e o mal, abandonado e solitário, dormirá, enfim, num sono de algum justo. Entorpecido de tanta conversa construída entre nós através do equilíbrio sempre instável entre a Lei limitadora de Din e a compaixão acolhedora de Hessed até o mal,finalmente,dormirá no sonho dos justos.

Um grande abraço meu caro Claudionor.

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Eu vi Barghuti

Eu Vi Barghouti

Em 2008 e publiquei este artigo em minha coluna Entre Nós no Jornal do Brasil.Vale a pena ler de novo?

Fui à Paraty crente que a FLIP era festa de palavras e encontrei a defesa do silêncio na fala do poeta Mourid Barghouti. Não fosse a intervenção do nosso Ferreira Goulart, e o discurso do poeta palestino que não acredita em palavras-ponte, teria sido uma fala sem contraponto. Seria mais um destes discursos de ataque a Israel que tanto sucesso fazem nestes tempos de cólera solta e impotência desembestada da nossa esquerda órfã de líderes e de dialética. Como já conhecia as traquinagens de Tariq Ali, o novo darling de certa intelectualidade brasileira apaixonada por Chaves e discursos anti-semitas, não me dei ao trabalho de assistir à performance psicodramática deste grande manipulador de massas apresentado pela dona Liz Calder, presidente da FLIP, como o pensador máximo da esquerda inglesa. No resguardo, esperei o poeta apresentar-se ao lado de Ferreira Goulart.

Após a intervenção de Barghouti o coordenador leu duas perguntas. Uma perguntava à mesa como os dois poetas viam a possibilidade de resolver conflitos através da palavra. Barghouti começou surpreendendo ao dizer que preferia falar das palavras-problema e não das palavras-encontro. Em tom dramático disposto a arrebatar a platéia, lá foi ele demonstrando como a palavra-pervertida associa árabes a terrorismo e, no final das contas, sem dar atenção ao conteúdo da pergunta, não considerou à possibilidade de resolver conflitos. Em nem um momento Barghouti conseguiu transformar o seu sofrimento em desejo de reconhecer que só o entendimento pode transformar a realidade do oriente médio. Falando da travessia sobre o Rio Jordão no seu caminho de volta do exílio, esqueceu das palavras-ponte. Sem elas o que resta além da guerra e da exclusão radical do diferente?

“O escritor Amos OZ disse que palestinos e israelenses são como um casal separado que, sem outra solução, é obrigado a conviver no mesmo apartamento. Caso o Sr concorde com esta afirmação, que parte caberia a Israel neste apartamento?”. A segunda pergunta era minha. Queria que o ativista político esclarecesse de forma clara o que o poeta pensava sobre as possibilidades de a palavra resolver discordâncias entre judeus e palestinos. Afinal, não era Barghouti o mesmo poeta que no ano 2000, Iosi Sarid, então ministro de educação de Israel, membro do Meretz, partido pacifista e de esquerda, resolveu introduzir no currículo dos colégios gerando uma crise política e um enorme debate em seu país? Mas, em Paraty, diferente de seu “inimigo” de Jerusalém, Barghouti parecia mais interessado em endemonizar o outro e trancafiá-lo numa prisão de palavras sem saída. Não bastasse a negação de seu próprio oficio de escritor ao desdenhar o alcance da palavra, na segunda resposta que deu, o poeta negou a validade do Paz Agora, o movimento pacifista de Israel, esculhambou com um de seus fundadores, o autor Amos Oz, o mesmo que dias antes havia pedido a aceitação do cessar fogo em manifesto de escritores israelenses. Que pena.

Em sua resposta a minha pergunta, novamente, Barghouti preferiu falar da impossibilidade. Que não era hora de escritores construírem belos pensamentos. Que o movimento pacifista israelense fracassara porque não aceitava o direito palestino de retorno a Israel. Ou seja, ou se volta a 1947, quando os estados árabes não aceitaram a resolução da ONU da criação do estado de Israel e fomentaram o êxodo palestino prometendo uma guerra rápida para jogar os judeus no mar, ou então, não há conversa possível. Diante desta proposta suicida que quer a destruição de Israel, com quem Barghouti pode ser capaz de trocar palavras? A esta altura dos acontecimentos trata-se da aceitação mútua da realidade como ponto de partida para negociar uma solução de dois estados, onde, de fato, Israel já existe e é hoje reconhecido, até mesmo, por paises árabes. Como começar a resolver este impasse se nem conversar é possível já que para o poeta palavras não servem para provocar diálogo, mas somente para denegrir o inimigo. Curioso. O argumento que Barghouti usou para responder à primeira pergunta, de que palavras subvertem a realidade construindo imagens negativas do outro, foi a prática que ele mesmo utilizou ao longo de todas as suas participações. Só se ouviram de sua parte ataques sem qualquer possibilidade de encontro. Foi Ferreira Goulart quem salvou a situação.

Goulart encantou a todos quando disse que o importante nesta vida não era ter razão, mas ser feliz. Eis um bom ponto de partida para Barghouti aprender algo em seu giro latino. Para alcançar este estado o que vale é a disponibilidade das pessoas para conversar. Ou queremos ter razão, e aí buscamos a vitória a qualquer preço, ou então, renunciamos à razão perversa que nega o outro e construímos a razão do encontro como uma ponte que liga as margens mantendo as diferenças. Vale encerrar com um antigo quase poema judaico talmúdico que eu gostaria muito que um dia Barghouti pudesse conhecer:

“Se eu sou eu porque você é você

E você é você porque eu sou eu, então nem eu sou eu nem você é você.

Mas, se eu sou eu por que eu sou eu, e você é você porque você é você,

Então eu sou eu

Você é você

E nós podemos sentar e conversar ”

Ou seja, meu caro poeta, é na aceitação radical da diferença que se dá a possibilidade do encontro. Que a paz ilumine os seus pensamentos e me permita, um dia, encontrá-lo para uma boa leitura de poesia brasileira.

Salam poeta Barghouti.

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Esses judeus problemáticos

Objetivo de campanha internacional implacável é privar Israel de qualquer forma legítima de autodefesa

Charles Krauthammer - O Estado de S.Paulo

THE WASHINGTON POST

O mundo está escandalizado com o bloqueio israelense à Faixa de Gaza. A Turquia denunciou sua ilegalidade, desumanidade, barbaridade, etc. Os usuais suspeitos das Nações Unidas, o Terceiro Mundo e os europeus juntaram-se ao coro. O governo de Barack Obama titubeia.

Mas como escreveu Leslie Gelb, presidente do Council on Foreign Relations, o bloqueio não é só perfeitamente racional, mas perfeitamente legal. Gaza sob o controle do movimento Hamas é um inimigo autodeclarado de Israel - uma afirmação reforçada por mais de 4 mil foguetes lançados contra território israelense ocupado por civis.

Mas, tendo prometido manter uma beligerância incessante, o Hamas diz ser a vítima quando Israel impõe um bloqueio para impedir o grupo de armar-se.

Na 2.ª Guerra, num ato considerado internacionalmente legal, os Estados Unidos realizaram um bloqueio da Alemanha e do Japão. E durante a crise dos mísseis, em outubro de 1962, os EUA bloquearam (e mantivemos isolada) Cuba. Navios russos carregando armamento que se dirigiam à ilha retornaram porque os soviéticos sabiam que a Marinha americana os abordaria ou os afundaria. Israel, contudo, é acusado de crime internacional por fazer exatamente o que John F. Kennedy fez: impor um bloqueio naval para impedir que um Estado inimigo adquira armas letais.

Mas os navios que seguiam para Gaza não estavam numa missão de ajuda humanitária? Não. Do contrário teriam aceitado a oferta de Israel de levar a carga a um porto israelense, onde seria inspecionada e depois levada de caminhão para Gaza. Então, por que a oferta foi rejeitada? Porque, como admitiu uma das organizadoras da flotilha, não se tratava de ajuda humanitária, mas de derrubar o bloqueio, ou seja, acabar com o regime de inspeção de Israel, o que significaria transportes ilimitados para Gaza, armando o Hamas de modo ilimitado também.

Israel já interceptou por duas vezes navios carregados com armas iranianas destinadas ao Hezbollah e Hamas. Que país permitiria isso? Mas, mais importante ainda, por que Israel precisou recorrer ao bloqueio? Porque é a única opção de Israel, já que o mundo condena como ilegítimas suas defesas ofensiva e ativa.

Defesa ofensiva. Sendo um país pequeno e densamente povoado, cercado por Estados hostis, Israel, nos seus primeiros 25 anos de existência, precisou adotar uma defesa ofensiva, travando guerras em território inimigo (caso do Sinai e das Colinas do Golan).

Nos casos em que foi possível (do Sinai, por exemplo) Israel trocou território por paz. Mas quando a paz foi rejeitada, Israel reteve o território, mantendo-o como zona de proteção. Assim, reteve uma pequena faixa ao sul do Líbano para proteger seus povoados ao norte. E precisou sofrer muitas perdas em Gaza, para não expor as cidades israelenses na fronteira aos ataques terroristas palestinos.

Pela mesma razão os EUA travam uma guerra ofensiva no Afeganistão: você os combate lá, para não ter de combatê-los no território americano.

Mas, diante de uma pressão externa avassaladora, Israel cedeu. Foi dito aos israelenses que as ocupações não eram apenas ilegais, mas estavam na raiz da insurgência contra o país. Portanto, sua retirada e a remoção da causa, traria a paz.

Terra por paz. Lembram? Bem, durante a década passada, Israel cedeu terra - retirando-se do sul do Líbano em 2000 e de Gaza em 2005. E o que recebeu em troca? Uma intensificação da beligerância, o lado inimigo armando-se fortemente, múltiplos sequestros, ataques na fronteira e anos de ataques implacáveis com foguetes lançados de Gaza.

Israel então precisou adotar a defesa ativa - uma ação militar para desbaratar, desmantelar e derrotar os mini-Estados terroristas armados que se estabeleceram no sul do Líbano e Gaza após a retirada israelense. O resultado? A guerra do Líbano, em 2006, e a operação em Gaza, em 2008-2009.

Os israelenses enfrentaram uma nova avalanche de denúncias e calúnias por parte da mesma comunidade internacional que havia exigido a retirada de Israel, trocando primeiro terra pela paz. Pior, o relatório da ONU, que basicamente considerou criminosa a operação em Gaza e ignorou o que motivou a ação no local - a guerra de foguetes lançada pelo Hamas, não provocada por Israel - efetivamente tirou toda a legitimidade de uma defesa ativa israelense contra seus inimigos terroristas autodeclarados.

Sem uma defesa agressiva, nem uma defesa ativa, Israel adotou a mais passiva das defesas, ou seja, o bloqueio para impedir o inimigo de armar-se. Mas ela também não deverá ser considerada legal. Até mesmo os EUA estão agora achando que deve ser abolida. Mas, se nada disso é permitido, o que resta, então? E essa é a questão. Que foi entendida pela flotilha de imbecis úteis e simpatizantes do terror, pela organização turca que financiou a empreitada, pelo coro automático anti-Israel do Terceiro Mundo na ONU, e pelos europeus sem resistência que tiveram problemas mais do que suficientes com os judeus.

O que restou? Nada. O objetivo da campanha internacional implacável é privar Israel de qualquer forma legítima de autodefesa. Por que, apenas na semana passada, o governo Obama uniu-se aos chacais e reverteu quatro décadas de prática americana, assinando um documento de consenso destacando Israel como país possuidor de armas nucleares - tirando o direito legítimo de Israel recorrer à derradeira linha de defesa: a dissuasão.

O mundo está cansado desses judeus perturbadores, 6 milhões - novamente esse número -, recusando todos os convites para um suicídio nacional. E por isso são implacavelmente demonizados e constrangidos a se defender, mesmo quando antissionistas mais comprometidos - os iranianos em particular - preparam abertamente uma nova solução final. /

TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

É COLUNISTA


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ENTREVISTA COM ABRAHAM B. YEHOSHUA

ROBERTO KAZ
ENVIADO ESPECIAL A PARATY

Aos 73 anos, Yehoshua diz saber que a literatura tem um poder lento e limitado de mudança. Por isso, além de escrever, ele costuma palestrar, em diversos países, para promover o ideal sionista (que defende o retorno dos judeus a Israel).

Foi em um desses discursos, nos EUA, que Yehoshua lançou a máxima: a de que uma existência judaica só pode ser completa se vivida em Israel. "Se não", disse à Folha, "é como um homem que ama sua mulher, mas prefere viver sozinho. Se você a ama, case-se".

Leticia Moreira/Folhapress
O escritor Abraham B. Yehoshua posa em pousada em Paraty, durante a oitava edição da Flip
O escritor Abraham B. Yehoshua posa em pousada em Paraty, durante a oitava edição da Flip

JUDEU NÃO RELIGIOSO

Embora exagerado quanto ao que chama de "plena identidade judaica", Yehoshua carrega uma estranha ambiguidade: não é religioso. "Antes de o Estado de Israel ser fundado, os judeus não tinham um componente nacionalista. Por isso, toda energia se voltou para a religião. Agora não, temos um país, uma língua. Posso queimar a bíblia e continuar sendo judeu. A religião é apenas um dos nossos legados", diz.

Ele não é o primeiro israelense convocado à Flip para tratar de política. Há três anos, Amos Oz veio a Paraty para pensar "o papel da literatura na luta contra a injustiça". Yehoshua concorda que o contexto de guerras de seu país serve como garoto-propaganda: "Não somos publicados apenas por isso, mas ajuda. Quando a literatura sul-americana era muito popular, se devia à qualidade da escrita de alguém como Borges aliada às disputas civis na Argentina da época".

Ultimamente, todavia, ele anda mais interessado nos meandros da engenharia mecânica: o elevador de seu prédio ainda não foi consertado.

Veja a íntegra da entrevista:

Folha - Como é possível ser sionista e ateu ao mesmo tempo?
Abraham B. Yehoshua - Um francês pode escolher se é católico e um americano pode escolher se é protestante. Mas quanto ao israelense, costuma-se colocar nacionalidade e religião na mesma palavra. Os fundadores do sionismo eram intelectuais. Judeus não são uma religião, mas um povo. Sou a favor do retorno dos judeus, só isso.

Como é vir ao país após a visita de nosso presidente ao Irã?
Se Lula estiver se aproximando do Ahmadinejad para moderar o país, serei o primeiro a dar as boas vindas. Me pergunto por que os iranianos precisam de bomba atômica. Se eles jogam em Tel-Aviv, Israel acaba. Não entendo a obsessão deles, pois nem sequer temos fronteiras em comum. E ninguém de Israel os está ameaçando.

Qual é o contexto político que marca a nova geração de escritores em Israel?
As novas gerações não lidam muito com política. Preferem falar de amor. Os jovens escritores não estão tão interessados em enxergar um panorama abrangente.

O senhor vem à Flip para discutir um tema político. Em 2007, o escritor israelense Amos Oz também veio discutir um tema político (o papel da literatura na luta contra a injustiça). É difícil publicar um livro despolitizado hoje em Israel?
Não acredito que sejamos publicados apenas por razões políticas, mas o contexto obviamente ajuda. Quando a literatura sulamericana era muito popular, isso se devia, antes de mais nada, à qualidade da escrita. Mas claro, o interesse por um autor como Borges surgia, também em função das disputas civis na Argentina daquela época. No caso da literatura israelense, há ainda um segundo componente: as pessoas costumam ter interesse pela cultura judaica, seja de forma positiva ou negativa. Judeus são inteligentes, complicados, misteriosos.

Em Israel, escritores costumam servir de porta-voz da população em momentos de crise política. De onde vem esse status social?
Isso vem do passado, da tradição dos profetas. Aqui, há um respeito pela palavra escrita. Mas é preciso não ficar tão calcado no texto. Lhe darei um exemplo: em Israel, a quantidade de judeus ultra ortodoxos tem crescido dia após dia. É um mau sinal. A maior parte deles não trabalha, apenas estuda, repetindo os mesmos ensinamentos de sempre. É preciso voltar os olhos para a vida.

Última pergunta: o elevador do seu prédio foi consertado?
Não.

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Ferreira Gular ao Vivo.

Fereira Gular Ao Vivo

Enquanto assistia pela Internet o Ferreira Gular falando ao vivo na FLIP, peguei a caneta num impulso e capturei dois poemas no momento exato de sua formação. Foi como se estivesse de olheiro na criação do universo.

Big Bang

Eu sei

que Nada não explode

E o que faz

aí o meu poema

com o seu pequeno ruído?

Criação

O homem

inventou deus

para que ele o criasse

Como diz Valdik Soriano

eu não sou

cachorro não.

Ele tá certo

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Inquisicionados, holocausteados e genocidados.

O antissemitismo moderno é filho bastardo do nazismo que é pai natural do Holocausto que é filho legítimo de Torquemada que é pai intelectual da Inquisição que é avó, mãe, filha e neta de 15 séculos de catequese cristã anti-judaica.

O cabeça rapada que hoje grita consignas anti-semitas num jogo de futebol, está simplesmente verbalizando a carga genética de ignorância geral e ódio particular aos “assassinos de Cristo” que acumularam as gerações precedentes ao longo do Tempo.

O líder que organiza partidos políticos baseados na ideologia hitlerista está pondo em prática as diretrizes saídas durante quase dois milênios das catacumbas vaticanas, e que durante tanto tempo foram recebidas com todas as honras nos palácios governamentais de todos os continentes.

O governo que permite que cabeças rapadas gritem “os judeus são uns filhos da p...” num Fla-Flu ou num Roma-Milan, ou que participe das eleições um Le Pen ou um herdeiro de Fortuyn, está exercendo o famoso olhar paro o outro lado que permitiu que Auschwitz e Treblinka e Bergen-Belsen e outros nomes que produzem calafrios, acontecessem mas não “existissem”, e isso enquanto o povo judeu subia feito fumaça pelas chaminés ou morria gaseado enquanto ensaboava o corpo preparando-se para receber o Shabat, só deixando essa ignomínia inqualificável de ser transparente aos olhos do mundo, quando o único que restava era contabilizar os milhões de mortos inocentes e entoar um raquítico mea culpa, na maioria dos casos falso.

O povo que desde sempre a tudo assiste e nada faz, é o resultado dos milênios de ignorância e versões interesseiras e proselitismo das elites moral e eticamente corruptas, e comprometidas com a versão deturpada que eles divulgam do novo testamento, que com as suas homilias e discursos modularam o comportamento social das maiorias pouco afeitas à pesquisa histórica ou totalmente despreparadas para a verificação da fidelidade das fontes.

Não resta dúvida que uma solução definitiva só será possível quando os responsáveis (governos, cardeais, papas, industriais do medo, fabricantes de guerras) reconheçam que existe o problema, porque enquanto os governos e os cardeais e os papas e os industriais do medo e os fabricantes de guerra preferirem a demagogia aos fatos, o discurso do castigo eterno e não a disseminação da Verdade, a força das armas e não a da razão, ou o eleitoralismo demagógico do que o bem comum, tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. E infelizmente, não vejo nenhuma luz brilhando no fim de nenhum túnel. Torço com todas as fibras do meu judaísmo humanista para que o problema esteja nos meus olhos cansados e não na realidade que eles contemplam.

Bruno Kampel

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Shabat Mevarechim

Uma maneira comum de considerar o calendário é como uma expansãodos 300 dias comuns "pontuados" com festas e datas de importânciaespecial. Para tornar este mar de dias mais viável – e osdias especiais mais fáceis de localizar – dividimos o anoem doze segmentos, chamando cada um de "mês".

Os mestres chassídicos oferecem uma perspectiva diferente. Segundoeles, os doze meses são doze faces do ano, e as datas especiaisem cada mês são simplesmente intensificaçõesda qualidade do mês. Vistos dessa maneira, os dias festivos do calendáriojudaico não são ilhas de significado num mar de tempo monótono,mas expressões do caráter espiritual de seus respectivosmeses.

Purim é a erupção de um dia da alegria desenfreadaque caracteriza Adar; os oito dias de Pêssach representam uma intensificaçãoda qualidade de Nissan, o mês da Redenção; a reverênciade Rosh Hashaná e Yom Kipur, e a alegria e unidade vividas em Sucotsão expressões dos vários elementos na "coroação"de D'us como Rei do universo, que é o tema de Tishrei; e assimpor diante.

Em outras palavras, os doze meses do calendário são dozeépocas especiais que fluem umas nas outras, cada qual com sua personalidadee caráter únicos. As festas são os altos e baixosdestes tempos especiais – pontos nos quais as propriedades de ummês específico atingem maior intensidade e ênfase.

Shabat Mevarechim: a conexão


O último Shabat de cada mês – que pode ser qualquerdia, do 23º ao 29º – é o Shabat Mevarechim HaChodesh –"O Shabat que abençoa o mês." Neste Shabat, umaprece especial é recitada dando nome ao novo mês, identificao dia (ou dias) de seu Rosh Chodesh (cabeça do mês) e imploraa D'us para "renová-lo… para a vida e paz, para alegriae júbilo, para liberdade e consolação." Segundoo ensinamento chassídico, a "bênção domês" evoca o fluxo de sustento e energia espiritual para omês vindouro.

Assim, os dias de encerramento de cada mês são um fenômenoúnico – uma junção no terreno do tempo no qualdois tempos especiais coincidem. Por exemplo, um determinado Shabat podeser 25 de Av. Como tal, é parte integrante de Av, um segmento detempo cuja qualidade é "luto e consolação";pranto pela destruição do Templo Sagrado e a ruptura denosso relacionamento com D'us que isso representa, e consolaçãoo potencial de renovação que existe em cada regressão.Ao mesmo tempo, é também o Shabat que "abençoa"e introduz as qualidades do vindouro mês de Elul – um mêscaracterizado pela compaixão Divina e pela intimidade com D'us.

O mesmo é verdadeiro sobre todo Shabat Mevarechim; enraizado emum mês e tempo especial, evoca o tempo especial do mês seguinte,estimulando o fluxo de energia espiritual que impregna o próximodos doze segmentos de tempo que formam nosso calendário.

A Lição

Aqui há uma lição sobre como devemos vivenciar eutilizar os vários períodos de tempo de nossa vida.

Com freqüência, chegamos a um ponto na vida no qual somos inspiradosa "virar uma nova página"; a reavaliar nosso passado,e reajustar, ou mesmo transformar totalmente, nossa opinião anteriore nossa atitude para com a vida.

Muitas vezes, isso é acompanhado por uma "ruptura" como passado, uma rejeição de tudo que foi realizado anteriormente.É como se tudo que fizemos até este ponto devesse ser erradicadopara dar lugar a nosso "novo" eu.

Porém como nos ensina o Shabat Mevarechim de todo mês, temposespeciais diferentes formam uma cadeia na qual cada elo é uma superaçãode seu predecessor. Sim, um novo ano, mês, semana, dia, hora oumomento devem sempre provocar-nos a uma nova compreensão, um novosentimento, uma nova realização: o próprio fato deque passamos de um período de tempo para outro significa que devemosexplorar o novo potencial implícito neste novo ambiente. Ao mesmotempo, no entanto, devemos avaliar como cada momento novo é "abençoado"pelo momento anterior, que nutre e enriquece seu vizinho com suas própriasqualidades e conquistas.


Fonte: http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/nossa_vida/home.html

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IMPACTOS DA ÉTICA JUDAICA NO SÉCULO XXI - Bernardo Kliksberg

As revoluções na informática, robótica, micro-eletrônica, biotecnologia, genética, comunicações e outros campos têm criado possibilidades econômicas inéditas.

Ao mesmo tempo, 30 mil crianças morrem diariamente devido à miséria, 800 milhões de pessoas estão desnutridas, 3 bilhões são pobres.

A polarização social tem alcançado índices absurdos. As três pessoas mais ricas do mundo têm um patrimônio maior que o produto bruto dos 49 países mais pobres. A América Latina, região de excepcional potencial econômico, rica em matérias-primas estratégicas, fontes de energia baratas e terras muito férteis, é vista hoje como a terra da pobreza e desigualdade. Sessenta por cento das crianças são pobres, 36% dos menores de 2 anos estão desnutridos, 1/3 da população não tem água potável.

Junto a estes paradoxos extremamente impactantes, a sensação que o grande filósofo canadense Charles Taylor denomina de “o desencanto do mundo” se espalha entre as novas gerações. A atual sociedade consumista, voltada aos bens materiais, à concorrência feroz para alcançar melhores posições, à luta pelo dinheiro e poder, gera uma sensação de solidão, que Victor Frankl chamou de um dramático “vácuo dos sentidos”.

As respostas a estes graves problemas não parecem claras. Cresce o ceticismo sobre até onde pode chegar uma globalização repleta de oportunidades tecnológicas, mas totalmente carente de um código ético que a oriente.

Neste contexto, as propostas da ética judaica estão tendo valor crescente como referência e orientação. Muitas delas estão sendo retomadas com vigor por organismos internacionais, ONGs e movimentos que visam um mundo melhor. Vejamos resumidamente o atual impacto de algumas destas propostas:

n Um princípio básico da mensagem moral transmitido por D’us ao povo judeu é o de que somos responsáveis uns pelos outros. Para a ética judaica é proibida a indiferença ao sofrimento de outros. Diz-se no Levítico: “Não desconsideres o sangue de teu próximo” (19:16). Nossa época carateriza-se por altas doses de egoísmo, daqueles que têm face aos que não têm, e de insensibilidade. O secretário geral da ONU, Kofi Anan, ao exigir recentemente que o mundo supere a indiferença diante da morte de 22 milhões de pessoas nos últimos anos por Aids, determinou que é imprescindível voltarmos a ser responsáveis uns pelos outros.

• Para a ética judaica, a pobreza não é um problema apenas dos pobres, mas de todos. Leibowitz observa que os profetas dizem “Não haverá pobres entre vós”. Não estão dizendo o que irá acontecer, mas o que deveria acontecer. Sua voz não é de oráculo, senão de exigência moral. Para que não haja pobres, a sociedade deve tomar algumas medidas. Diante daqueles que, na América Latina, atribuem a pobreza dos pobres a eles mesmos, o judaísmo se revolta porque considera tal atitude uma injustiça. Esta mensagem foi recentemente incorporada à Carta dos Direitos Humanos da ONU. Entre estes, foram incluídos os direitos básicos do homem a não ser pobre, à alimentação, à saúde, à educação, ao trabalho, à moradia entre outros. A partir de agora estes são direitos essenciais do ser humano, embora proclamados há milênios pela ética judaica.

• As grandes desigualdades são severamente censuradas pelo judaísmo. Os profetas questionaram-nas implacavelmente e julgaram moralmente os poderosos que as fomentavam. O judaísmo criou uma institucionalidade completa para prevenir as polarizações sociais. A Torá estabelece que a cada 7 anos a terra deve descansar para que os pobres possam aceder a seus frutos. A cada 50 anos a terra deve retornar a seus proprietários originais. Procura-se assim impedir sua monopolização. É o jubileu. Assim mesmo, a cada 7 anos as dívidas devem ser perdoadas. O grande movimento mundial vigente pelo perdão total ou parcial da dívida dos países mais pobres do mundo, encabeçado pelo Papa João Paulo II, apoiou-se nesta mensagem e intitula-se “Movimento do Jubileu”.

• Em recente pesquisa realizada pelo Banco Mundial, 60 mil pobres de todos os continentes disseram que o que mais lhes dói é o desprezo, o fato de serem tratados como pessoas inferiores por serem pobres. A Torá estabelece o mais absoluto respeito pelo pobre. É idêntico aos outros. D’us se preocupa especialmente por ele e exige este respeito. O Rabino Leo Baeck observa que no idioma hebraico não existe a palavra mendigo, por si só pejorativa. Esta determinação de se escutar e respeitar o pobre está sendo um eixo para a ação dos organismos internacionais.

Como ajudar o desfavorecido? Este tema, discussão permanente nos organismos internacionais, foi analisado por Maimônides no século XII aplicado à ética judaica. O genial sábio identificou oito níveis sobre “a ajuda”. O nível inferior é quando ajuda-se alguém de má vontade. A segunda categoria é quando aquele que ajuda e aquele que recebe desconhecem um ao outro; neste momento, o anonimato que protege a dignidade do pobre é completo. No entanto, o nível mais alto de todos, a melhor ajuda que alguém possa dar, é aquela que fará com que o necessitado não volte mais a precisar dela. Hoje, na ONU e nos principais organismos em prol do desenvolvimento, procura-se que os projetos tenham orientação no sentido de que haja sempre esta auto-sustentação enfatizada por Maimônides.

• Na ética judaica, ajudar os outros é um dever imprescindível. Como tal, não merece nenhum prêmio nem reconhecimento. O Rebe de Lubavitch observa que a ajuda deve ser desinteressada, não se deve esperar nada em troca e, exemplificando isto, destaca que no dia mais sagrado do judaísmo, o Dia do Perdão, nas orações sefaraditas pede-se perdão à D’us não só pelos prejuízos causados ao próximo, mas também pelos atos que não foram feitos desinteressadamente. O Rabino Abraham Y. Heschel diz que ajudar é simplesmente “o modo de viver correto”. O prêmio está em viver-se desta forma. A força destes conceitos no judaísmo, seu contínuo ensinamento no âmbito familiar e na escola judaica assentaram as bases para grandes resultados em matéria de trabalho voluntário. Os países estão tentando dar forças ao voluntariado e vêem com crescente interesse os bons resultados. Israel e as comunidades judaicas têm índices recordes de trabalhadores voluntários. Em Israel, 25% da população pratica trabalho voluntário, produzem principalmente bens e serviços sociais que representam 8% do PNB. Exércitos de voluntários, de diferentes comunidades judaicas do mundo, trabalham diariamente levando adiante suas instituições e programas em proporção superior às médias de seus respectivos países. A conclusão é clara: a possibilidade de desenvolver o voluntariado está ligada à interiorização dos valores éticos pelas pessoas.

• Hoje vemos duas instituições fundamentais do judaísmo que são bases da sociedade: a família e a educação. O judaísmo lhes assegura o mais alto valor. A Torá dá especial destaque. A ética judaica zela vigorosamente pelas relações entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos e até sogros, genros e noras. O Rabi Yoshua Ben Gamla criou no ano 69 a primeira escola pública de que se tem referência. Hoje, muitos países estão analisando como fortalecer a família, duramente deteriorada, e gerar educação. O judaísmo tem contribuições muito expressivas para oferecer nestes campos.

• Nas sociedades latino-americanas, entre outras, adota-se com frequência políticas que sabidamente irão significar grande sofrimento para a população, com o argumento de que “o fim justifica os meios” e que são necessários para que haja maior crescimento econômico. A ética judaica não aceita tal raciocínio. Na Torá pode-se ler textualmente que “o fim não santifica os meios”. Refletindo sobre esta diferença, Albert Einstein perguntava “Quem havia sido o melhor condutor dos homens, Maquiavel (autor original do princípio de que o fim justifica os meios) ou Moisés? Quem teria dúvidas sobre a resposta?”

• Como encarar a pobreza e a desigualdade na América Latina e no mundo? O judaísmo indica caminhos que ecoam de forma crescente. Para este, o problema deve ser encarado por uma ação conjunta de todos os agentes sociais. Cada um deles deve assumir suas responsabilidades. Necessita-se de políticas públicas muito ativas. O judaísmo criou a primeira legislação fiscal sistemática para uso coletivo, o dízimo. Por outro lado, a comunidade e a sociedade civil devem organizar-se e agir. E, finalmente, tudo isso não exime cada pessoa de individualmente fazer o correto em cada situação de miséria ou injustiça com que se depare.

• Uma idéia central do judaísmo é a de Tikum Olam – ajudar a consertar o mundo. O Rebe de Lubavitch faz menção a uma simples interpretação de um conhecido episódio bíblico. Depois de sair do Egito e atravessar o deserto, quando os judeus se aproximam de Canaã, Moisés envia 12 exploradores. Ao regressarem, 9 deles desestimulam as pessoas, dizendo-lhes que não continuem. Com freqüência são considerados traidores. O Rebe observa que Moisés escolheu os melhores de cada tribo, eram pessoas excelentes; porque iriam ser desleais? O que ocorreu é que encontraram-se com sociedades perdidas na luxúria, corrupção e idolatria. O povo judeu, no deserto, era em contrapartida um povo espiritual entregado ao estudo da Bíblia. Temiam que seguindo para Canaã pudessem ser contaminados. Mas, se equivocaram disse o Rebe, pois o desejo de D’us era diferente. O que D’us queria não era que se recolhessem para conservar sua pureza e sim que levassem a espiritualidade aos mundanos, que difundissem os valores éticos nas sociedades infestadas de vícios. Em uma época como a nossa, em que tantas ideologias tombaram, a proposta do judaísmo de avançar até que o mundo se redima eticamente – e de que não é permitido ficar à deriva, mas sim agir para transformá-lo e lhe dar valores éticos – prevê grande duração e diz muito a todos os homens e mulheres empenhados em uma humanidade melhor.

A ética judaica está viva e fresca, podendo ajudar a enfrentar o “desencanto do mundo”, o “vácuo dos sentidos” e a inadiável conscientização dos paradoxos da grande pobreza em meio à riqueza potencial que particularizam a América Latina e o mundo. A mensagem deste conjunto ético foi dita pelo sábio do Século I, Hillel: “Se eu não for por mim, quem o será?” significa dizer que todos devemos defender nossa saúde, nossa vida, nossa família; somos insubstituíveis nisto. Mas, acrescentou: “E se eu for somente para mim?”, significando que a vida sem solidariedade, responsabilidade pelo destino de outrem, amor ao próximo, transcedência, não faz sentido. Finalizou: “Se não agora, quando?” O que espera a ética judaica de cada um de nós é que entremos em ação, agora!

Bernardo Kliksberg- Setembro 2001

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Los 400 malditos - Alberto Mazor

Los 400 malditos Alberto Mazor Cada año, durante la conmemoración del Día del Holocausto, algún canal de TV israelí vuelve a proyectar la película "El viaje de los malditos". El filme narra la historia del St. Louis, un transatlántico de lujo que transporta refugiados judíos alemanes huyendo del régimen nazi para intentar refugiarse en Cuba. Cuando llegan, las autoridades locales les niegan la entrada, y con el resto del mundo mirando para otro lado, les obligan a volver a Alemania y a su fatal destino. No siempre los judíos que huían de las crisis económicas, el antisemitismo o los pogroms de Europa sufrieron ese trágico desenlace. Países de América, África y Oceanía supieron abrir sus puertas a corrientes inmigratorias desprovistas generalmente de papeles en regla o visas legales de trabajo. Sin embargo, a pesar de las enormes dificultades iniciales, la absorción, el desarrollo y la prosperidad de las comunidades judías en dichos lugares es considerada un éxito. Esta semana, el gobierno israelí decidió expulsar en el plazo de un mes a 400 hijos de trabajadores extranjeros irregulares junto a sus padres. El primer ministro, Binyamín Netanyahu, dijo que la resolución del ejecutivo se basa en el respeto de principios humanitarios (sic) y en la necesidad de no crear incentivos para la afluencia de miles de trabajadores extranjeros a Israel. Los ministros Binyamín Ben Eliezer (Avodá) y Yossi Peled (miembro del Likud y niño sobreviviente del Holocausto), manifestaron durante el debate que les cuesta creer que el Estado judío expulse niños de su territorio. Hasta hace pocos años atrás, Israel, no tan rico y poderoso como hoy, solía accionar de otra manera. La primera decisión que tomó Menajem Beiguin el 20 de Julio de 1977, inmediatamente luego de ser nombrado primer ministro por el Parlamento, fue recibir decenas de familias escapadas de la guerra en Vietnam que navegaban a la deriva en barcos semidestruidos ante la indiferencia del mundo. Beguin recordó en su discurso de asunción el silencio y la apatía de la comunidad internacional durante y después de la Shoá. En este caso se trata de 400 niños y adolescentes que nacieron en Israel, hablan, leen y escriben hebreo mejor que cualquier diputado del partido de Liberman, tienen nombres israelíes, muchos de ellos aspiran a integrarse al ejército y se consideran plenamente adaptados a la sociedad. Para convencerse, alcanza escucharlos. Para colmo, quien dirige e incentiva este dictamen es el Ministro de Interior, Eli Yshai, miembro del partido ultraortodoxo Shás, que no acepta la ideología sionista del Estado, pero que sabe aprovechar su papel decisivo para mantener gobiernos estables y exigir subsidios para sus alumnos que nunca se alistarán al ejército o formarán parte del mercado laboral. Para Yshai, esos 400 niños dañan la identidad judía del Estado, constituyen una amenaza demográfica e incrementan el peligro de la asimilación. Dejando por un momento a un lado a Hamás, Hezbolá, Al Qaeda o al proyecto nuclear de Irán, algo muy grave está sucediendo en este Israel gordo y satisfecho donde sus líderes principales viven en residencias valoradas en millones de dólares, sumergidos en sus jacuzzis y rodeados de muros o de agentes de seguridad que les impiden el contacto con la ciudadanía y los apartan de la realidad y de la sensibilidad hacia el prójimo. No es sólo por problemas de seguridad que Guilad Shalit no esté ahora junto a sus padres o que "400 niños malditos atenten contra la autenticidad de Israel como único Estado del pueblo judío". En un tiempo no muy lejano Israel contaba con líderes menos ególatras y millonarios pero con suficiente visión para entender que devolver soldados prisioneros a sus hogares o no expulsar niños de su territorio, no pone en peligro la seguridad del Estado sino que la fortalece.
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Parabéns

Parabéns pelas novas conquistas, acreditamos que a proposta terá grande adesão, desejo sucesso irrestrito e será sempre um enorme prazer contribuir com o Judaismo Humanista.
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