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Duvidando Deus

Vayetze

 

Embora na liturgia judaica Deus é identificado como o Deus de Abraão, Isaac e Jacob, Leon Kass, ex-presidente do Conselho do Presidente dos Estados Unidos sobre a bioética, nota que as pessoas que o seguem são conhecidas como descendentes só de Jacob (ie: os Filhos de Israel). Tão significativo é Jacó para Israel do que a metade dos cinqüenta capítulos do livro de Gênesis são dedicados a ele: uma parcialidade intrigante em a Literatura Fundacional do povo judeu.

 

Géneses conta uma história em que Jacob é corajoso e inteligente, mas, ao mesmo tempo, deixa transparecer uma condenação implícita de que é percebido como uma conduta antiética. O filósofo e teórico político israelense Joram Hazony, argumenta que se trata de um homem complexo, que nega a mão que tem sido dada, e que está disposto a assumir riscos enormes para tentar melhorar suas situações e sua posteridade; uma atitude que mais de uma vez o obriga a fugir.

 

Em uma dessas ocasiões é passar a noite em um campo aberto em um local a cerca de 14 quilômetros ao norte de Jerusalém. Tem um sonho em que Deus diz:

 

 “Eu sou o Senhor Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência;

E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra;

E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado. "(Gênesis, capítulo 28, versículos 13 -15)

 

 

Ao acordar do sono

 

Jacob fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir;

E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus;

E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo. "(Gênesis, capítulo 28, versículos 20 -22)

 

Seu pensamento, como o Dr. Kass imaginar, é: Será que Deus é capaz de entregar? Como posso ter certeza? É razoável confiar nas promessas de um sonho? E se acontecer de ser meras projeções de meus desejos? Vamos esperar e ver o que acontece; se o Senhor cumpre Suas promessas, então Ele será realmente o meu Deus.

 

Notando que o personagem de Jacob que emerge das histórias do Gênesis é um trapaceiro, Susan Niditch, uma estudiosa da Bíblia, em Amherst College, em Massachusetts fez o comentário que, como em todos os contos de trapaceiros, há uma falta de respeito pela autoridade. Jacob tenha desrespeitado a autoridade de seu pai, seu irmão mais velho, seu tio materno e sogro, e autoridade, em última instância divina.

Isso não é incomum na história de Israel, "quase todas as grandes figuras bíblicas em todo o corpo", diz o Dr. Hazony ", são estimados pela dissensão e desobediência Abel, Abraão, Jacó, Moisés, Arão, e outras figuras são pintados no TaNaKh como resistindo não só os homens, mas o próprio Deus ".

 

O TaNaKh não caracterizado por pintar seus heróis perfeitos, coloca o foco sobre as qualidades do Jacob que tornam a sobrevivência. A psicanalista Dorothy  Zeligs  diz que se há um tema que resume o padrão de vida de Jacob e seus descendentes é: o esforço.

 

Deus, diz Hazony, admira e valoriza aqueles que desafiam o decreto da história, e que se atrevem a melhor as coisas para eles e suas famílias, mesmo quando elas entram em conflito com a ordem que foi criado para eles, pelo rei e o Estado, pelos pais, pelo próprio Deus. Na verdade, nós temos que entender que é apenas as tais pessoas são aquelas que ganham a bênção de Deus.

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“Gracias Israel por reconocer a las minorías arameas cristianas. Occidente, paren con la política de doble rasero hacia las naciones no islámicas”. Arameos cristianos israelíes manifiestan, en abril pasado.

Por Marcelo Kisilevski

Hace tiempo venimos explicando la persecución que sufren los cristianos a manos de los musulmanes en el Medio Oriente. Las pruebas más contundentes han venido de la mano de la siniestra organización Estado Islámico con sus crucifixiones, decapitaciones, conversiones forzadas, ejecuciones masivas y expulsiones de cristianos en Irak y Siria.

En Israel hace años ya, la comunidad árabe cristiana intenta separarse de su identidad árabe y abrazar la identidad israelí, por entender que muy bien no les ha ido con su histórica alianza con el panarabismo del siglo pasado, y con la nación árabe en general. Comenzó con un movimiento por el reclutamiento obligatorio de los cristianos al ejército israelí, un derecho-obligación que también solicitaron y se les concedió en su momento a los drusos israelíes.

Ahora el siguiente paso: el ministerio del Interior israelí ha concedido el pedido de los cristianos israelíes de que en sus cédulas de identidad, donde figura el apartado “Etnia” (en hebreo dice Leóm, Nación), en lugar de “Árabe” se lea “Arameo/a”. Se trata de una lucha de años, y ayer el ministro del Interior, Gideon Sáar, supo tomar la decisión correcta.

“No somos árabes, sino cristianos que sólo hablamos árabe”, explican, pero que hasta la conquista árabe en el siglo 7, hablaban arameo, el idioma más extendido en Palestina-Eretz Israel por siglos. En ese idioma se hablaba en Canaán y en la Península Arábiga premahometana, lo hablaron los hebreos, parte del Talmud y muchas plegarias están escritas en ese idioma. En arameo, probablemente habló Jesús. Hasta hoy en día el arameo es la “Lengua Sagrada” de las iglesias orientales.

El intento de ser parte

En los años ’50 del siglo pasado, cristianos como el sirio Michel Aflaq, uno de los ideólogos del Panarabismo y uno de los pensadores fundantes del partido Baath en ese país, intentaron con esta doctrina superar la barrera religiosa que los separaba de los musulmanes y elevar la identidad nacional como una instancia superadora del paradigma religioso, lo cual configuró su mejor intento de integrar el mainstream, e incluso el establishment mesoriental.

Pero el experimento salió mal a medida que el paradigma islamista se hacía carne, y en muchos lugares, el Medio Oriente se retrotrae hoy 1.400 años. No solamente en Irak o en Siria. Belén, la ciudad más importante de toda la grey cristiana en el mundo, ha sido vaciada prácticamente de cristianos en los últimos veinte años. Hoy es una ciudad musulmana, con un magro 1.5% de cristianos.

Israel, en cambio, es el único país en el Medio Oriente donde la comunidad cristiana crece. Lo ha hecho en un 1.000% desde 1948. Sin embargo, quizás con menos violencia, también son hostigados por sus supuestos conacionales, los árabes musulmanes israelíes. Ayer, los cristianos lograron oficialmente el divorcio.

El titular de la Asociación Aramea-Cristiana y capitán del ejército israelí, Shaadi Jalul, se emocionó y felicitó la decisión del ministro Sáar. “Es una decisión histórica y un viraje histórico en las relaciones entre cristianos y judíos en el Estado de Israel”.

Dijo más: “Es quitarles la carta de la mano a todos los antisemitas, que calumnian al pueblo judío y al Estado de Israel. Es la prueba de que Israel cuida a sus ciudadanos y las identidades de las minorías que viven en ella, a diferencia de todos los países árabes en nuestro derredor”.

Ahora se podrá hablar de tres iglesias o ramas cristianas israelíes: la Iglesia Aramea-Maronita (cuya mayoría se encuentra en el Líbano), la Iglesia Aramea-Católica, y la Iglesia Aramea-Ortodoxa. En Israel, en total, se trata de una comunidad de unos 133.000 arameos. Su reconocimiento como etnia separada de los árabes puede tener implicancias importantes, como la posibilidad de una red educativa separada de la árabe: hasta ahora, en las escuelas árabes sólo se estudia la heredad árabe, e islam.

Desde ahora, todo cristiano en Israel podrá optar por colocar “Arameo/a” en su cédula de identidad. La nación aramea ha renacido, y lo hace nada menos que en Israel. ¡Salud!

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Há tempo explicamos a perseguição que sofrem os cristãos nas mãos dos muçulmanos no Oriente Médio. As provas mais contundentes vieram das mãos da sinistra organização Estado Islâmico, com suas crucificações, decapitações, conversões forçadas, execuções em massa e expulsões de cristãos no Iraque e na Síria.

Em Israel, há anos, a comunidade árabe cristã tenta separar-se de sua identidade árabe e abraçar a identidade israelense, por entenderem que não funcionou muito bem sua histórica aliança com o pan-arabismo do século passado e com a nação árabe em geral.  Começou como um movimento pelo recrutamento obrigatório dos cristãos no exército israelense, um direito-dever que os drusos-israelenses há muito solicitaram e lhes foi concedido.

Agora, o passo seguinte: o Ministério do Interior israelense aceitou o pedido dos cristãos israelenses para que, em seus documentos de identidade, no campo “Etnia” (em hebraico, usa-se Leom, Nação), em vez de Árabe, conste Arameu. Trata-se de uma luta de ano, e ontem  1o ministro do interior, Gideon Saar, soube tomar a decisão correta.

“Não somos árabes, apenas cristãos que falam árabe”, aplicam, mas até a conquista árabe no século VII, falavam aramaico, por séculos o idioma mais comum na Palestina/Terra de Israel. Neste idioma se falava em Canaã e na Península Arábica pré-Maometana, inclusive pelos hebreus, de maneira que parte do Talmud está escrito neste idioma. Provavelmente, Jesus falava aramaico e, até hoje, esta é a “Língua Sagrada” das igrejas orientais.

Tentativa de tornar-se parte

Na década de 1950, cristãos como Michel Aflaq, um dos ideólogos do pan-arabismo e um dos pensadores fundadores do partido Baath no país, tentaram com esta doutrina superar a barreira religiosa que os separava dos muçulmanos e elevar a identidade nacional como uma esfera superior ao paradigma religioso, caracterizando-se como sua principal tentativa de integrar-se ao mainstream e ao establishment do Oriente Médio.

O experimento, entretanto, não terminou bem à medida que o paradigma islamista se expandia e, em muitos lugares, o Oriente Médio hoje regride cerca de mil e quatrocentos anos. Não apenas no Iraque e na Síria. Belém, uma das cidades cristãs mais importantes do mundo, foi esvaziada de cristãos nos últimos vinte anos. Hoje, é uma cidade muçulmana, com uma minoria de 1,5% de cristãos.

Israel, por outro lado, é um único país no Oriente Médio onde a comunidade cristã cresce, o que vem ocorrendo desde 1948.  Ainda assim, e mesmo que com menos violência, ainda são maltratados por seus supostos compatriotas, os árabes-israelense muçulmanos. Ontem, os cristãos conseguiram oficialmente o divórcio.

Shaadi Halul, líder da Associação Aramaico-Cristã e capitão do exército israelense, emocionou-se e felicitou a decisão do ministro Saar. “É uma decisão histórica e uma guinada histórica nas relações entre cristãos e judeus no Estado de Israel”.

E acrescentou: “Isto invalida o argumento de todos os antissemitas, que caluniam o povo judeu e o Estado de Israel. É a prova de que Israel cuida de seus cidadãos e das identidades das minorias que vivem no país, diferentemente de todos os países árabes ao nosso redor”.

Agora, poder-se-á falar de três igrejas, ou correntes, cristãs israelenses: a Igreja Aramaica-Maronita (cuja maioria dos seguidores encontra-se no Líbano), a Igreja Aramaica-Católica e a Igreja Aramaica-Ortodoxa. Em Israel, no total, trata-se de uma comunidade de 133 mil arameu. Seu reconhecimento como etnia separada dos árabes pode ter implicâncias importantes, como a possibilidade de um sistema educacional separado do árabe: até o momento, nos escolas árabes apenas se estuda a herança árabe, e o islã.

A partir de agora, todo cristão poderá optar por registrar “Arameu” em sua carteira de identidade. A nação aramaica renasceu, foi em Israel. Viva!

http://www.conexaoisrael.org/renasce-nacao-aramaica-e-em-israel/2014-11-22/colaborador

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Possível conversão ao Judaísmo

Bom dia a todos.

Meu nome é Benjamin Simões e eu moro em Jundiaí - SP, a 60 Km da capital, tenho 24 anos.

Peço licença a todos para compartilhar um pouco da minha história.

Fui criado numa família evangélica, meu pai é teólogo formado. Uma tia minha por acaso começou a estudar hebraico na USP e foi percebendo elementos na família que provavelmente acusariam que nossos ancestrais eram cristãos novos, no caso, minha tataravó. Minha bisavó dizia reconhecer alguns pães que minha tia trazia pra casa e ela sempre contava que sua mãe foi proibida pelo padre de seguir sua religião original. Além disso, nunca dizia de que país tinha vindo, só que era do além-mar. Isso tendo acontecido na época em que minha mãe estava grávida, meu pai, estudante de teologia, colocou nomes hebraicos em mim e nos meus irmãos - Mikhael e Gabriel. Essa tia que mencionei acima chegou a ir pra Israel, amando muito o país. Hoje em dia ela mora na Bélgica e constantemente frequenta seminários do Antigo Testamento lá. Meu pai, por sua vez, acabou não guardando tantos elementos da cultura judaica com o passar o tempo.

Bem, agora com relação à minha experiência religiosa. Minha família sendo tão religiosa, eu acabei seguindo a religião por que sentia que devia fazê-lo, não por que me foi imposto. No entanto, eu sempre me identifiquei mais com o Antigo Testamento. Meu livro favorito é Isaías. Adoro como D'us fala em consolar o povo neste livro, sinto uma profunda vontade de ter essa comunhão com D'us. A isso se some a desilusão que sofri com o cristianismo. A igreja da minha mãe só sabe falar sobre dinheiro e coisas materiais. Não consigo me identificar com esse tipo de doutrina. Entretanto, sinto que para mim deixar a figura de Jesus seria consideravelmente difícil. Tenho orado a D'us para que me mostre que caminho seguir. Gosto muito dos capítulos 54 e 60 do livro de Isaías. Eu realmente quero me encontrar com este D'us, realmente quero. Tenho depressão e estive no hospital duas vezes este ano. Considerando que não cabe a nós encerrarmos nossa própria vida, quero de algum modo encontrar este D'us que prometeu conforto e o direito de estar com Ele em Seu templo.

Minha atração pelo judaísmo se acendeu mais forte quando ano passado assisti pela primeira vez A Lista de Schindler com meus alunos (sou professor de inglês). Pensei que a tradição Judaica precisa ser mantida depois deste incidente horrível que foi o holocausto e além disso, quero me encontrar com o D'us da Bíblia.

Peço desculpas se por ventura usei algum termo relato em meu depoimento.

Peço de coração aos que lerem que tentem me ajudar dando algum conselho ou coisa do tipo.

Muito obrigado a todos.

Shalom

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Israel é considerado por muitos como a sexta potência nuclear do mundo. Por mais que as estimativas sobre o tamanho de seu arsenal variem entre 75 e 200 bombas[1], poucos analistas questionam a sofisticação e a capacidade nuclear do país. A pergunta central nesse contexto é como uma nação recém-criada foi capaz de consolidar um império nuclear? Como um Estado localizado em uma das mais instáveis regiões ​​do mundo conseguiu se esquivar de uma forte pressão internacional pela não-proliferação de armas nucleares, e manter confortavelmente sua “bomba no porão”? O presente artigo defende a tese de que o caso israelense constitui uma exceção no mundo.[2] Na realidade, quatro fatores são responsáveis ​​por esse excepcionalismo: (1) a condição geopolítica do país; (2) o estabelecimento de acordos secretos com os Estados Unidos; (3) a doutrina de opacidade (Amimut); e (4) o papel da população israelense como “guardiã do tabu”. O objetivo deste artigo é explicar como esses quatro fatores tornaram Israel uma exceção nuclear no mundo. A primeira parte traz um panorama histórico e explica como específicas decisões e determinados acordos permitiram a preservação da opacidade de seu programa nuclear. A segunda parte descreve a doutrina da Amimut e apresenta o papel único da sociedade israelense na manutenção do sigilo. Por fim, a última seção traz uma síntese dos principais pontos desenvolvidos ao longo do artigo.

A história do projeto nuclear israelense

Israel foi criado às sombras do Holocausto (Shoah), em que seis milhões de judeus foram assassinados. Em 1948, o primeiro-ministro David Ben-Gurion declarou a independência do Estado com o propósito de nunca permitir a ocorrência de outro Holocausto – o voto “never again” – e promover o renascimento (tekumah) do povo judeu (Cohen 2010, p. 121). Foi dentro desse projeto nacionalista que a idéia de um programa nuclear surgiu pela primeira vez. Com efeito, Ben-Gurion estava certo de que a bomba era a única solução para um país nascido sob as memórias da Shoah, com profundas desvantagens geográficas e estratégicas, rodeado por vizinhos comprometidos com a sua destruição, e sem qualquer aliança de segurança com uma potência mundial (p. 243). Do ponto de vista do premiê israelense, tanto o Holocausto judeu quanto a singular condição geopolítica do país justificavam o desenvolvimento de uma bomba nuclear.

De fato, seria difícil negar que o país possuía (e ainda possui) uma condição geopolítica única – não há nenhum país no mundo do tamanho de Israel que se encontra cercado por Estados hostis. Além da ameaça existencial constante, Shlomo Hasson (2013, p.7) argumenta que o excepcionalismo geopolítico de Israel deriva do sensível equilíbrio entre o seu alcance territorial (profundidade territorial necessária para a segurança), demografia (grau de homogeneidade nacional), democracia (direitos humanos) e legitimidade regional e internacional. Para alguns analistas (Ziv 2007, Karpin de 2006, e Jabber 1971) foi precisamente essa condição geopolítica excepcional que concedeu base moral ao programa nuclear israelense.

No entanto, dentro de um curto período de tempo, ficou claro que Israel teria que pagar o preço pelo desenvolvimento de um projeto nuclear. Na realidade, Ben-Gurion e seu sucessor, Levi Eshkol (1963-1969), não tardaram a perceber que o desenvolvimento de bombas atômicas constituía um dilema de segurança para o país. Primeiro, por tentar estabelecer uma estrutura nuclear, as autoridades israelenses teriam que lidar com a tentativa de seus vizinhos de desenvolver suas próprias armas nucleares. Por sua vez, essa paridade configuraria uma ruptura com o equilíbrio de poder que, supostamente, o programa israelense consolidaria (Evron 1994, 16 p.) – paradoxalmente, seu próprio projeto nuclear o deixaria mais vulnerável ​(Cohen 2008, p. 244). Neste sentido, se Israel estava interessado em construir uma bomba atômica só poderia fazê-lo por meio do estabelecimento de um monopólio nuclear regional, condição que o governo não tinha certeza de que poderia obter. Segundo, a ideia de um “Israel nuclear” era completamente contraditória aos interesses globais e regionais dos Estados Unidos. Particularmente, o presidente John F. Kennedy colocou a questão da não-proliferação nuclear como uma de suas prioridades e não se mostrou disposto a conceder exceções (Cohen 2010, p. 2). Levi Eshkol estava ciente da pressão norte-americana e, em 1965, após um longo processo deliberativo, fez a importante declaração em que afirmava que “Israel não [seria] o primeiro país a introduzir armas nucleares no Oriente Médio” (Karpin 2006, p. 250).

Esta declaração se tornaria uma das máximas na retórica israelense no que tange o seu programa nuclear. Especificamente, a ambiguidade do termo ‘introduzir’ fez com que o próprio conceito de “arma nuclear” se tornasse vago, e Israel fez uso constante desse jogo de palavras para preservar a opacidade de seu projeto. Um interessante exemplo ocorreu durante as negociações entre o então embaixador israelense nos Estados Unidos durante o mandato de Eshkol, Yitzhak Rabin, e o Secretário de Defesa norte-americano, Paul Warnke. Este último entendia a posse de armas nucleares como a presença física de todos os componentes da bomba (mesmo quando não montada); dessa forma, “introdução” significava a mera posse dos componentes da arma. Para Rabin, no entanto, uma arma somente poderia ser concebida se tivesse sido testada; portanto, “introdução” constituía um teste bem sucedido e o reconhecimento público da posse de capacidade nuclear (Cohen 2010, pp. 4-5). Dentre outros fatores, foi essa sutil diferença nas interpretações que permitiu a Israel se tornar uma exceção nuclear.

Seria razoável afirmar que foi a “promessa de não-introdução” de Levi-Eshkol, junto a postura moderada do presidente norte-americano, Lyndon B. Johnson, que permitiram a Israel recusar-se a assinar o Tratado de Não-Proliferação (TNP) em 1968. Com efeito, foi no ano seguinte que os dois países chegaram ao acordo mais importante a respeito do programa nuclear israelense: a nova primeira-ministra de Israel, Golda Meir, e o presidente norte-americano, Richard M. Nixon, assinaram um acordo em que os EUA aceitavam (ou reconheciam) o desenvolvimento nuclear israelense e confirmavam que não pressionariam o país a assinar o TNP (Cohen 2010, pp. 73-76). Por outro lado, o acordo Meir-Nixon estabelecia que Israel não reconheceria publicamente a posse de bombas atômicas, se comprometeria a não testá-las ou usá-las, a não fazer propaganda de sua capacidade bélica e a não realizar ameaças nucleares. Em essência, “a bomba israelense deveria permanecer invisível” (Cohen 2008, 246 p.).

É importante salientar que naquela ocasião Israel poderia ainda aceitar a proteção nuclear americana (a exemplo de Austrália e Coréia do Sul). Considerando que o desenvolvimento de armas nucleares poderia incentivar seus vizinhos árabes a iniciar um projeto nuclear (um cenário estratégico muito problemático), talvez a melhor postura fosse aceitar o poder de dissuasão americano. No entanto, a visão realista sobre a ordem internacional de Eshkol e Meir os deixaram céticos quanto o compromisso americano e a capacidade do TNP de impedir a proliferação no Oriente Médio. A única maneira de garantir a existência do Estado, acreditavam eles, seria a adoção da “doutrina da auto-suficiência”, uma aproximação da doutrina francesa “force de frappe” (Cohen 2010, p. 64).

O acordo Meir-Nixon de 1969 não marcou apenas o nascimento da Amimut, doutrina da opacidade nuclear, mas colocou também o país numa posição excepcional dentro do cenário internacional. Em primeiro lugar, ao contrário de todas as potências nucleares, incluindo Índia e Paquistão, Israel nunca reconheceu publicamente a posse de armas nucleares; na realidade, o país nunca as legitimou e continua comprometido com a idéia de não-proliferação (Cohen 2008, p. 247). Em segundo lugar, para o êxito do programa nuclear Israel teve que estabelecer [e preservar] um monopólio nuclear regional, uma exigência que ainda o coloca em uma única (em certo sentido, hipócrita) posição: o país incessantemente advoga em favor da não proliferação nuclear no Oriente Médio, enquanto segue sendo o único proliferador da região (Cohen 2010, pp. 37-39). Terceiro, como resultado do acordo Meir-Nixon, Israel decidiu que a fim de preservar o sigilo de seu programa este deveria permanecer sob vigilância civil-científica, e não sob o controle militar das Forças de Defesa de Israel (FDI) (Cohen 2008, p. 250). Todas estas implicações ajudaram a consolidar o status israelense de exceção no mundo; de fato, não há nenhuma outra potência nuclear que tenha seguido esse padrão de desenvolvimento. A próxima seção explica como o país tem sido capaz de manter tanto a opacidade de seu programa quanto a excepcionalidade de sua condição nuclear.

Amimut e os guardiões do tabu

Amimut é comumente traduzida como ambiguidade ou opacidade. No entanto, no caso israelense as duas traduções não devem ser consideradas sinônimas. Como Cohen e Frankel (1990) argumentam, ambiguidade nuclear refere-se ao caso em que “(…) um país é conhecido por possuir uma infra-estrutura nuclear substancial, incluindo capacidade de processamento e enriquecimento de urânio, enquanto há razões para suspeitar que essa capacidade possui objetivos armamentistas” (p. 19). Em outras palavras, ambiguidade nuclear configura-se um estado excepcional de “ser e não ser” um Estado com capacidade atômica concomitantemente. No entanto, tratando-se do programa nuclear israelense, não há qualquer incerteza, ambiguidade, ou suspeita relativa ao desenvolvimento armamentista. Segundo diversos indicadores, Israel possui um vasto arsenal nuclear. Por essa razão, a relevante pergunta a ser feita não é se Israel possui ou não armas nucleares, mas como o país preserva o seu status excepcional? Em outras palavras, como Israel administra politicamente a sua ausência no TNP e neutraliza a pressão internacional para seu completo desarmamento? É exatamente a resposta à essa pergunta que nos conduz à melhor aproximação de Amimut: opacidade.

Cohen descreve opacidade como “um modus vivendi político sob o qual a bomba israelense [é] tolerada pelos Estados Unidos enquanto Israel [não] a reconhecer publicamente” (2008, p. 246). No entanto, como Cohen reconhece, a doutrina de opacidade não foi aceita apenas pelos Estados Unidos (Cohen & Frankel 1990, 26 p.). A União Soviética também preferiu a adoção de uma postura opaca por parte dos israelenses. O regime soviético acreditava que a visibilidade de Israel exporia a URSS à uma desnecessária pressão por parte de seus clientes árabes a ajudá-los a desenvolver uma capacidade nuclear, ou, ao menos, tornaria mais difícil rejeitar assistência aos seus fiéis compradores no Oriente Médio. Cohen e Frankel argumentam ainda que os países árabes tinham algum interesse em não aceitar a ideia de tornar público o projeto nuclear israelense (2010, p. 27). Entretanto, este argumento é empiricamente problemático, pois em diversas ocasiões líderes árabes referiram-se ao programa israelense como justificativa à construção de uma bomba atômica. Este foi o caso do Egito durante os regimes de Nasser e Sadat, da Líbia sob o domínio de Kadhafi, do Iraque com Saddam Hussein, e do Irã, principalmente após a ascensão de Khomeini (Evron 1994, pp. 22-28).

Em linhas gerais, opacidade (Amimut) é mais do que um acordo estratégico-nuclear entre Israel e os EUA. É uma construção internacional; uma norma fundamentada na ideia de “não confirmar nem negar”. Opacidade é uma postura estratégica que impede a legitimação do programa nuclear israelense, mas aceita a sua existência. Internamente, a doutrina da Amimut é concebida como o ponto de equilíbrio no dilema de segurança israelense, ou seja, a postura ideal para o desenvolvimento de uma capacidade nuclear ao mesmo tempo em que permanece comprometido com a não-proliferação (Cohen 2008, p. 247).

A doutrina da Amimut não é excepcional apenas por constituir uma norma internacional relacionada a um país específico, mas também por ter se tornada uma estratégia única de dissuasão. O fato é que desde o final da década de 60, Israel identificou quatro cenários que poderiam desencadear o uso de seu arsenal nuclear: (1) o uso de armas atômicas contra o seu terriório; (2) uma penetração militar árabe além das fronteiras determinadas em 1949; (3) a exposição do território israelense à ataques com armas químicas ou ataques aéreos maciços; e (4) a destruição da força aérea israelense (Cohen 2008, p. 252). Considerando essas “linhas vermelhas”, não é difícil perceber as deficiências inerentes ao método de dissuasão opaco adotado por Israel. Em primeiro lugar, todos esses cenários são extremamente improváveis de serem obtidos. Como Cohen (p. 252) aponta corretamente, já na década de 1960 era evidente que seria praticamente impossível encontrar uma situação que justificaria moralmente o uso israelense de armas nucleares. Na realidade, ao longo de sua história o país provou por diversas vezes ser avesso à exposição de seu programa nuclear – o governo absteve-se de fazer qualquer uso de armas nucleares mesmo em complicadas situações, como durante a Guerra dos Seis Dias (1967) e na Guerra do Yom Kippur (1973) (Evron 1994, p. 62-63).

Em segundo lugar, a postura estratégica de não-exposição lança dúvidas sobre a capacidade de dissuasão israelense (Miklos 2012). Por não testar ou ameaçar publicamente um possível uso de suas armas nucleares [mesmo sob perigo existencial], Israel tem sua credibilidade de dissuasão consideravelmente reduzida. Além disso, devido ao seu status obscuro, a comunicação necessária para o sucesso da dissuasão de seus inimigos é quase impossível de ser estabelecida (Cohen & Frankel 2008, p. 32). Terceiro, sem credibilidade e comunicação o programa atômico israelense pode instigar inimigos a realizar ataques em seu território. Isso pode ocorrer pois um país hostil pode se sentir compelido a lançar um ataque preventivo a fim de evitar tornar-se alvo de uma retaliação nuclear. Finalmente, a opacidade do status pode incentivar a proliferação de armas de destruição em massa na região, como foi o caso do Iraque, da Líbia, do Irã, Egito e Síria. O fato é que, mesmo com ataques preventivos – Osirak em 1981 (Operação Opera) e Síria em 2007 – o regime de Amimut demonstra uma instabilidade inerente (Miklos 2012). Paradoxalmente, é a própria estratégia de dissuasão opaca que coloca Israel sob sérios riscos. Este é certamente um padrão estratégico único no âmbito mundial.

As quatro falhas supracitadas são exclusivas à estratégia de ‘dissuasão opaca’ adotada por Israel; elas evidenciam a excepcionalidade da estratégia de Amimut. No entanto, se o poder de dissuasão nuclear do país apresenta sérios problemas, por que não há um sério debate público sobre a questão? Por que uma sociedade politicamente engajada permanece em silêncio há tantas décadas? A resposta a esta questão reside no papel excepcional da sociedade israelense em manter o sigilo do projeto nuclear do país. Com efeito, ao contrário de outras nações nucleares, Israel goza do compromisso consensual de seu público para preservar o sigilo de seu programa (Cohen & Frankel 1990, p. 28). Apesar da sociedade israelense ser altamente envolvida em causas políticas, a questão parece receber um tratamento especial com base na idéia de kedushat habitachon (“a sacralidade da segurança”). Mesmo no caso de Mordechai Vanunu, em que segredos foram revelados publicamente, a mídia e a sociedade não demonstraram grande interesse no caso (Cohen 1998, pp. 344-345). Além disso, as autoridades israelenses consideram as revelações de Vanunu estrategicamente benéficas devido a sua contribuição à credibilidade do poder de dissuasão nuclear do país (Cohen 2010, p. 133). De qualquer forma, o tabu parece estar bem guardado em mãos públicas.

É importante notar que esse tratamento especial não é resultado da censura militar, embora tal censura exista. De fato, apesar de Israel possuir uma estrutura de controle midiático muito eficaz (a Censora), responsável por evitar a publicação de questões sensíveis referentes a segurança do país, em diversas circunstâncias a mídia israelense optou por ignorar a questão nuclear e não demonstra qualquer interesse em promover uma debate sobre o tópico (Cohen 2008, p. 140). Seria razoável argumentar que a mídia e a sociedade estabelecem um acordo tácito de “não dizer, nem perguntar”. Aparentemente, os dois compartilham do compromisso com o programa nuclear do país – o silêncio absoluto parece ser resultado de um senso de dever cívico ultimativo (Cohen 2005a). Por ser a guardiã do tabu nuclear, a sociedade israelense apresenta um padrão comportamental único que contribui para a singularidade do país.

Considerações finais

O caso nuclear israelense constitui uma exceção no mundo. Ao longo deste artigo argumentei que esta excepcionalidade deriva da condição geopolítica do país, de acordos secretos com os Estados Unidos, da doutrina da opacidade (Amimut) e do papel da sociedade como “guardiã do tabu”. É inequívoco que esses quatro fatores estejam profundamente interligados dentro de uma complexa rede de eventos históricos que tornam difícil a identificação de qualquer relação causal. No entanto, o status singular do programa nuclear israelense não deve ser concebido como óbvio. Com efeito, a cada ano há uma reavaliação da postura estratégica. Atualmente, o programa nuclear iraniano representa um grande desafio para a opacidade nuclear de Israel, pois a hostilidade e a determinação do regime islâmico em desenvolver armas nucleares constitui uma ameaça existencial aos olhos das autoridades israelenses. Diante desse cenário, o país tem de repensar seus pressupostos normativos a respeito da doutrina da Amimut. Num futuro próximo, líderes israelenses terão que decidir se aceitam um Irã nuclear,[3] impedem o regime islâmico de obter armas nucleares através de uma operação militar complicada, ou alteram a sua postura em relação a não-proliferação nuclear.[4] Uma coisa é certa: em qualquer um dos casos, a excepcionalidade do status nuclear de Israel encontra-se sob severa pressão.

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[1] As estimativas foram obtidas do site Nuclear Threat Initiative. Para mais informações consulte http://www.nti.org/country-profiles/israel/.

[2] O termo “exceção” deve ser aqui entendido como um padrão específico que difere dos outros. Além disso, é importante notar que “excepcionalismo” não é empregado como justificativa para, mas sim como uma descrição empírica de. A literatura parece menos consciente dessa distinção, usando “excepcionalismo” como uma perspectiva normativa e como uma percepção empírica da realidade de forma indissociável. O presente artigo objetiva explicar porque a produção nuclear israelense constitui uma exceção vis-à-vis outros programas nucleares; ele não objetiva justificá-la.

[3] Kenneth Waltz é um dos principais defensores dessa idéia. Para o seu argumento ver Waltz, K. N. (2012). Why Iran should get the bomb. Foreign Affairs, 1-5.

[4] Ao contrário de Waltz, Richard Falk (2012) constrói um argumento bem fundamentado contra a proliferação nuclear no Oriente Médio. O autor sustenta que a melhor estratégia para Israel e Irã seria a negociação e a implementação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio. Wheeler (2009) desenvolve um argumento semelhante em termos da não-proliferação nuclear na região. O autor toma o acordo Brasil-Argentina como exemplo de como a construção de confiança entre inimigos pode atuar como fator de estabilização. O ponto é que em qualquer dos três casos Israel provavelmente será obrigado a explicitar o seu programa nuclear, prejudicando assim a excepcionalidade de seu status.

Bibliografia

Cohen, A. (2010). The worst kept secret: Israel’s bargain with the bomb. Columbia University Press.

———-. (2008). Israel: a sui generis proliferator. Muthiah Alagappa. The Long Shadow: Nuclear Weapons and Security in 21st Century Asia Standford. Calif: Standford University Press.

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Cohen, A., & Frankel, B. (1990). Opaque nuclear proliferation. The Journal of Strategic Studies, 13(3), 14-44.

Evron, Y. (1994). Israel’s nuclear dilemma. Routledge.

Falk, R. (2012). Kenneth Waltz is not crazy, but he is dangerous: nuclear weapons in the Middle East. Citizen Pilgrimage.

Hasson, S. (2013). Israel’s geopolitical dilemma and the upheaval in the Middle East. The Joseph and Alma Gildenhorn Institute for Israel Studies, College Park, MD.

Jabber, F. A. (1971). Israel’s Nuclear Options. Journal of Palestine Studies, 1(1), 21-38.

Karpin, M. (2006). The bomb in the basement: how Israel went nuclear and what that means for the world. Simon & Schuster Press.

Miklos, Timothy. (2012). Unraveling the myth of opacity: how Israel’s undeclared nuclear arsenal destabilizes the Middle East. International Affairs Review, 21(1), 43-61.

The Nuclear Threat Initiative. Overview: Last updated: December, 2013. http://www.nti.org/country-profiles/israel/

Waltz, K. N. (2012). Why Iran should get the bomb. Foreign Affairs, 1-5.

Wheeler, N. (2009) ‘Beyond Waltz’s Nuclear World: More Trust May be Better’, International Relations, 23 (33), 428–445.

Ziv, G. (2007). To Disclose or Not to Disclose The Impact of Nuclear Ambiguity on Israeli Security. Israel Studies Forum (Vol. 22, No. 2, pp. 76-94). Berghahn Journals.

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Chozrim LaKikar (Voltamos à Praça), realizado nesse primeiro de novembro, foi mais um dos encontros no qual a presença se fez válida. Ele contou com a presença de jovens, senhores e senhoras que acreditam na paz através do diálogo. Milhares de pessoas encheram, no último sábado, a Praça Rabin – local onde o ex-primeiro ministro foi assassinado há 19 anos. O ato, organizado pela família de Yitzhak Rabin, contou com a presença do partido israelense Meretz, ativistas da ONG Paz Agora e outras organizações, como Mulheres Fazem Paz, Amigos da Terra e Futuro Azul e Branco.

Certos aspectos do ato nos chamaram a atenção. Artigos, matérias em jornais e publicações no Facebook, nas semanas que antecederam o evento em memória a Yitzhak Rabin, transmitiam a sensação de tristeza. No entanto, percebemos que se tratava de muito mais que uma concentração em homenagem ao ex-primeiro ministro. Tratou-se de uma manifestação em prol da paz, que só será alcançada com o retorno das negociações, legado que Rabin nos deixou.

image (2)Para ilustrar o clima de esperança – e não de tristeza – houve apresentações de artistas israelenses famosos, como Avraham Tal e Mashina, no decorrer do evento. Fomos surpreendidos também pela presença do grupo de hip-hop Hadag Nachash. Além do hit – e praticamente novo hino da esquerda – Zman Lehitorer (Hora de Acordar), a banda tocou uma das suas músicas mais famosas: Shirat Hasticker (Canção dos Adesivos). A letra mostra as diferentes correntes de pensamento da sociedade israelense através de adesivos, em sua maioria políticos, e cita, em muitos momentos, lemas da extrema direita no início dos anos 90. Entre eles, escutamos o peculiar “morte aos valores”. O trecho gera uma reflexão: a quem o crime de Ygal Amir foi direcionado, afinal? Somente a Rabin ou também aos valores que ele defendia?

Nesse aniversário de 19 anos do assassinato de Yitzhak Rabin, sentimos a obrigação de ir ao lugar no qual três tiros foram disparados: um contra o primeiro ministro, um contra a democracia e outro contra a paz. O primeiro projétil foi fatal. Apesar de debilitadas pelo conflito cada vez mais sólido entre israelenses e palestinos, as duas outras vítimas perduram na sociedade.

Por mais complexo que o conflito possa ser, uma questão é evidente: Israel e Autoridade Palestina (AP) têm falhado na busca por um acordo. Enquanto Israel, por exemplo, não interrompe a construção de novos assentamentos, temos uma AP que consente com a permanência de ramos extremistas no poder, principalmente em Gaza.

Como ativistas do movimento juvenil Hashomer Hatzair e como moradores do país desde fevereiro deste ano, tivemos muito contato com temas como paz, justiça social, respeito e irmandade entre os povos. Presenciar a operação Margem de Proteção tornou mais evidente para nós a necessidade de se firmar um acordo de paz que suspenda as trocas de fogo que tanto flagelam. Os cartazes do partido Meretz levantados na manifestação não nos permitem mentir: “Se não há paz, vem a guerra”.

Nesse sentido, oradores da manifestação nos deram uma perspectiva positiva acerca da resolução desse doloroso e complexo conflito. Shimon Peres, ex-presidente, lembrou a todos na praça: “Melhor uma paz fria do que uma guerra quente”. Caso seja firmado um acordo – objetivo principal exigido do atual governo de Israel no evento – presume-se que esse não seja perfeito de imediato.

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Assim como a educação que o movimento Hashomer Hatzair defende como meio de alcançar a paz, um acordo não criará utopias repentinas. Exigirá esforço e compromisso de ambas as partes e funcionará como disparador de um processo evolucionário e gradual em direção à paz. O primeiro passo, para o governo israelense é encontrar a parcela do povo palestino que está disposta a dialogar e a fazer um acordo.

Yigal Amir, há 19 anos, cometeu um atentado contra Rabin, mas seus ideais sobreviveram. Mesmo que o processo de paz tenha permanecido congelado por anos, os valores de Rabin persistem cada vez mais fortes. Muki Tsur, renomado historiador israelense, nos deu essa certeza em uma palestra do programa Shnat Hachshará: “ideias não são pessoas. Elas não nascem e não morrem. Passam, de geração em geração, com a possibilidade de serem reinterpretadas e renovadas. E a ideia da paz nunca esteve tão viva”.

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Este é um debate entre Zvi Bar’el e Yehuda Ben Meir, sobre a exigência israelense de que os palestinos reconheçam Israel como um Estado Judaico, e o que significa um Estado ser “judaico”. O debate se deu em dois artigos publicados no jornal Haaretz em 2014.

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Zvi Bar’el

O primeiro artigo é de Zvi Bar’el, comentarista de assuntos árabes do jornal Haaretz. Ele é professor na Faculdade Sapir e também na Universidade Ben-Gurion, onde estuda a mídia do Oriente Médio e o debate político e cultural dos países islâmicos. Bar’el ganhou o prêmio Sokolov de jornalismo de “obra de vida”, e escreveu o livro “Quando carros caíram do céu”, sobre governo e ocupação no Oriente Médio.

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Yehuda Ben Meir

Em resposta ao primeiro artigo vem Yehuda Ben Meir. Ele é doutor em psicologia e foi membro da Knesset entre os anos 1971 e 1984, pelo Mafdal, partido religioso nacional, chegando a ser vice-Ministro do Exterior. Depois que deixou a Knesset, estudou Direito e trabalhou como advogado. Hoje ele é chefe do projeto “Opinião pública e segurança nacional” no Instituto de Pesquisa de Segurança Nacional da Universidade Tel Aviv.

A tradução dos textos é minha (Yair). Aproveitem a leitura.

Reconhecendo um Estado judaico-nacionalista

Zvi Bar’el, publicado no Haaretz em 26 de março de 2014.

“Eles se esqueceram o que é ser judeu”, sussurrou Binyamin Netanyahu ao ouvido não muito atento do rabino Kaduri em 1997. “Eles”, esses “comedores de coelhos”, os “esquerdistas”, os “refinados”; “Eles” são uma boa parte da população do Estado de Israel (excluindo-se os árabes, dos quais, como bem se sabe, ainda não se exige que sejam judeus). Judeus verdadeiros, segundo Netanyahu, são apenas aqueles cujo “israelismo” deriva de seu judaísmo, e “israelismo” não pode ser outra coisa senão judaico.

Daí se conclui que judeus verdadeiros devem lutar com todas suas forças contra “o Estado de todos seus cidadãos”, porque este termo traz consigo uma ameaça terrível: ele nega a existência de Israel como Estado e terra de refúgio somente para judeus. Este é um nacionalismo ambicioso e purista que chega a ser racista, nada mais e nada menos que o nacionalismo palestino. Pois também a Palestina é destinada a ser o Estado somente da nação palestina, e terra de abrigo de seus milhões de refugiados, e somente deles.

Aparentemente, Israel também tem o direito de exigir o reconhecimento de seu nacionalismo religioso, assim como os palestinos. Contudo, um abismo separa a exigência de reconhecimento palestina desta dos judeus. Enquanto que o nacionalismo e identidade do “Estado judeu” (que não é o mesmo que Estado de Israel) deriva da religião, da promessa divina e da trágica história de antissemitismo, a narrativa e a identidade palestinas apoiam-se firmemente na história compartilhada entre o povo palestino e o movimento sionista. Em contrapartida à exigência judaica de reconhecimento da “República Judaica de Israel”, definição idêntica a do Paquistão e Irã, os palestinos exigem o reconhecimento da Nakba, a tragédia que deu luz ao problema dos refugiados, da narrativa histórica que descreve a perda territorial dos palestinos. Israel nunca reconheceu nenhum destes, e parece que não há intenção de reconhecer agora também.

O pavor dos judeus é que o reconhecimento de parte da responsabilidade da narrativa palestina não apenas tenha como consequência exigências de indenizações, ou que perpetue o sonho de volta dos palestinos à terra dos judeus, mas também impeça o fim do conflito. Este argumento não tem fundamentos. Israel não esqueceu e não perdoou a Alemanha, que reconheceu total responsabilidade por seus crimes, e assim mesmo não existe conflito entre os dois países. O Vietnã não perdoou e não esqueceu o terrores da guerra, mas seu conflito com os Estados Unidos dissipou faz tempo, assim como a luta nacional entre Argélia e França, e a luta dos países africanos contra seus ocupadores colonialistas.

Israel não poderá apagar a memória coletiva palestina, nem o sentimento de raiva e a vontade de vingança de muitos cidadãos palestinos, cujos alguns ainda estão em campos de refugiados fora da Palestina, e parte tem seus entes queridos enterrados nos cemitérios da Cisjordânia ou presos nos cárceres de Israel. Mas diferentemente de cidadãos, Estados não se vingam. Eles resolvem seus conflitos com acordos.

A recusa judaica de reconhecer um Estado palestino e a exigência de reconhecimento palestino da exclusividade judaica de Israel não devem ser vistos somente como um truque político, cujo objetivo é fazer com que as negociações fracassem. A exigência de se reconhecer a República Judaica deriva internamente do pavor de identidade. Ela está projetada a definir em nome dos cidadão israelenses – justamente por meio dos palestinos – o judaismo de seu Estado, e esta é uma parte integral da herança de identidade que Netanyahu deseja deixar ao povo de Israel.

À exigência de Netanyahu de se reconhecer o Estado Judeu, somam-se os esforços de ensinar a tradição por meio de visitas a assentamentos e aos túmulos dos patriarcas, conteudos tendenciosos introduzidos ao currículo escolar de Cidadania, juntamente com a eliminação sistemática da narrativa palestina do currículo de História, e leis que outorgam claras vantagens a judeus em relação a outras minorias. Mais perigoso que tudo isso – sua exigência de reconhecimento do Estado Judeu ameaça ainda mais a identidade israelense, que está sendo confinada dentro de uma identidade judaica-nacionalista. Uma identidade que não deixará de lembrar todo israelense “o que é seu judeu”.

Haifa e o monte Carmel

Haifa e o monte Carmel

A exigência do reconhecimento de um Estado Judeu é justa

Yehuda Ben Meir, publicado no Haaretz em 2 de abril de 2014.

A discussão sobre se reconhecer o Estado de Israel como o Estado nacional do povo judeu já chegou a níveis absurdos. Não há dúvida que a discussão se Israel deve impor esta exigência como condição sine qua non para um acordo com os palestinos é legítima. Pessoalmente, não tenho dúvida que a insistência do primeiro-ministro neste ponto é justa e realista – mas é razoável também se ter outra opinião. Contudo, nos últimos tempos começaram a aparecer nas páginas deste importante jornal artigos que põem em xeque a própria afirmação de que o Estado de Israel é um Estado Judeu.

Houve aqueles que afirmaram futilmente que na ênfase do caráter judaico do Estado de Israel existe algo de racista, que fere a igualdade e os direitos das minorias, ou a imposição da religião sobre o Estado. Um jornalista “sênior” até chegou a chamar um artigo seu de “A República Judaica de Israel” [leia o artigo acima], insinuando que Israel está seguindo os passos da República Islamica do Irã. Nada disso! A exigência de se reconhecer Israel como o Estado nacional do povo judeu não tem nada a ver com religião – ela está inteiramente no âmbito nacional, e não religioso.

O povo judeu existe há cerca de três mil anos e cumpre as definições essenciais de uma nação. Ele tem uma língua própria, bens culturais próprios – o mais importante de todos o Tanach [a Bíblia Hebraica] – e uma terra própria. Este povo também tem uma religião única, e portanto não existem judeus cristãos. Mas a maior parte dos membros do povo judeu em Israel, e certamente na diáspora, não são religiosos e muitos deles são até mesmo ateus. Este é o significado da declaração dos sábios do Talmud de que “um membro de Israel, mesmo que tenha transgredido, segue sendo membro de Israel”, isto é, mesmo que ele não tenha nenhuma relação com a religião, enquanto não tenha adotado uma outra religião, ele segue sendo parte do povo judeu.

Alguns afirmam que o Estado-nação é um anacronismo no século XXI, um fenômeno que está desaparecendo. Qualquer um que tenha olhos e não esteja desconectado da realidade internacional sabe que esta afirmação é infundada. Basta escutar os habitantes da Crimeia falando sobre a “mãe Rússia”, ou os habitantes de Kiev falando sobre a mãe Ucrânia, para entender isto. Em muitos dos Estados-nação do mundo existem minorias nacionais, que gozam de plenos direitos civis, e isto não faz com que elas deixem de ser Estados-nação.

Não está claro porque os alemães, franceses e ingleses – mesmo tendo em seus países minorias nacionais – podem ser orgulhosos de seu Estado-nação, e somente aqui é proibido dizer que Israel é um Estado-nação, porque isto seria supostamente racismo ou nacionalismo. Todo exercício de debate e discussão inúteis não podem esconder nem invalidar a verdade histórica, de que Israel foi fundada pelo povo judeu e é mantido pelo povo judeu.

A exigência que se faz dos palestinos de reconhecer Israel como Estado-nação do povo judeu é justa, porque é a verdadeira prova, o papel decisivo para o fim do conflito. Quem compara os judeus de Israel com a colonização francesa na Algéria ou com a colonização inglesa no Quênia, não é um “partner” para a paz, porque com um ocupador colonialista, com um elemento estranho, não se faz paz.

Eu também tenho uma narrativa sobre o nosso direito a toda Terra de Israel, mas eu entendo que deve-se ajustá-la à realidade na qual também há um povo palestino que vive nesta terra. Se os palestinos querem a paz, eles devem ajustar a sua narrativa da Palestina completa à verdade histórica, segundo a qual existe um povo judeu com uma profunda identificação com esta terra e um profundo direito de manter seu Estado em parte dela.

Opinião minha – Yair Mau

Em poucas palavras: Compartilho da desconfiança que Bar’el tem de Netanyahu, que exige o reconhecimento por parte dos palestinos para atrapalhar as chances de negociações de paz. Ele também tem razão quando diz que existe em Israel uma onda de definição da identidade judaica com parâmetros religiosos e nacionalistas bastante restritos, sob os auspícios do Ministério da Educação e do Exército. Finalmente, é verdade que a narrativa palestina é completamente ignorada no debate nacional.

Contudo, tenho bastante a concordar também com Ben Meir. É interessante notar que o laico Bar’el pinta o judaísmo do Estado Judeu com cores religosas, enquanto que o religioso Ben Meir vê o judaísmo do Estado como algo nacional. Falar de Israel sem reconhecer que os judeus são uma nação não faz o menor sentido, e a estrutura do Sionismo desmorona quando o aspecto nacional é deixado de lado.

Se você gostou de ler o debate acima, não perca O “Estado Judeu” em debate, onde publicamos dois textos, de Ari Shavit e Amos Schocken. É imperdível!

Imagens: Haifa e o monte Carmel: Wikipedia

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Kailash Satyarthi é ativista de direitos das crianças na Índia. Aos 17, Malala é a mais jovem vencedora do Nobel da Paz.

 
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O indiano Kailash Satyarthi e a paquistanesa Malala Yousafzay ganharam o Nobel da Paz de 2014 "pela sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação", anunciou o comitê organizador do prêmio na manhã desta sexta-feira (10). Satyarthi, de 60 anos, é um ativista de direitos das crianças na Índia e a menina Malala sobreviveu a uma tentativa de assassinato dos talibãs em 2012 por sua militância a favor da educação das meninas em sua região natal do noroeste do Paquistão.

Com o prêmio, Malala, de 17 anos, se torna a mais jovem ganhadora do Nobel, superando o cientista australiano-britânico Lawrence Bragg, que compartilhou o Prêmio de Física com o pai, em 1915, aos 25 anos. Em sua conta no microblog Twitter, Malala disse: "Obrigada por todo apoio e amor".

Malala Yousafzai agradeceu o Prêmio Nobel pelo Twitter (Foto: Reprodução/Twitter)

Depois de receber tratamento médico intensivo, Malala se mudou para o Reino Unido. Em 2013, ela recebeu o prêmio Sakharov para a liberdade de consciência, concedido pelo Parlamento Europeu.

"As crianças precisam ir para a escola e não serem exploradas financeiramente. Nos países pobres do mundo, 60% da população atual tem menos de 25 anos. É prerrequisito para um desenvolvimento global pacífico que os direitos das crianças sejam respeitados", disse o presidente do Comitê Nobel norueguês, Thorbjoern Jagland.

'Tradição de Gandhi'

A paquistanesa Malala e o indiano Kailash Satyarthi, em fotos de 2014 e 1999, respectivamente (Foto: Reuters/AFP)A paquistanesa Malala e o indiano Kailash Satyarthi, em fotos de 2014 e 1999, respectivamente (Foto: Reuters/AFP)

"Kailash Satyarthi, mantendo a tradição de Gandhi, liderou várias formas de protestos e manifestações, todas pacíficas, focando na grave exploração das crianças para ganho financeiro. Ele também contribuiu para o desenvolvimento de importantes convenções internacionais sobre o direito da criança."

"Apesar de ser jovem, Malala Yousafzay já lutou por vários anos pelo direito das crianças pela educação, e mostrou pelo exemplo que crianças e jovens também podem contribuir para melhorar sua própria situação", disseram os membros do comitê, no anúncio do prêmio.

O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, afirmou que Malala é o "orgulho do Paquistão".

Satyarthi afirmou que estava "encantado" com a notícia, segundo a agência Press Trust of India. "Agradeço ao comitê Nobel por este reconhecimento do sofrimento de milhões de crianças", disse o premiado.

Satyarthi abandonou a carreira de engenheiro eletricista em 1980 e passou a fazer campanha contra o trabalho infantil e a organizar numerosas formas de protesto pacífico e manifestações contra a exploração de crianças para ganho financeiro.

Kailash Satyarthi conversa com jornalistas em seu escritório em Nova Délhi, nesta sexta-feira (10), para comentar sobre seu Nobel da Paz (Foto: Bernat Armangue/AP)Kailash Satyarthi conversa com jornalistas em seu escritório em Nova Délhi, nesta sexta-feira (10), para comentar sobre seu Nobel da Paz (Foto: Bernat Armangue/AP)

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Kipur para adultos? Por Paulo Blank

Os que se dedicam ao pensamento de Israel dizem que existiria uma religião infantil e, outra, para adultos. Ortodoxos chamam a segunda de Torá Leshmá, sem recompensas. Cumprir mitzvot. Só isso. Para um judeu laico, praticá-la no sentido da ética por que acha certo. Só isso.

Maimônides e Leibovitz, este, sempre contempotâneo, diriam o mesmo. Por fidelidade à lêtra da lei de Israel, ainda durante a guerra dos seis dias Leibovitz pediu a imediata desocupaçao dos territórios conquistados. Enquanto fundador de Israel, deve ter tido muitas razões para defender esta posição.

Emanuel Lévinas dizia que religião de adultos implica em difícil liberdade. Ele também considera um Deus fora do mundo. Acertar contas com Seu tribunal: trata-se de olhar infantil em busca de prêmios e temeroso de castigos. O que importa é consciência ética responsável por si e por outros.

Ateu em grego significa sem deus. Jeremias afirma: conhecer deus é praticar a Torá. Bem diferente de tantas percepções contemporâneas. Todos conversam com Ele. Jeremias não pensava em 613 mitzvot. Um cercado de previsibildade com a idade média servindo de ambiente de fundo. Na torá eram dez palavras.
Nove voltadas para o cuidado humano com o outro. O filme Kadosh serve como documentário de referência sobre o tema.

Um Deus pessoal de quem se espera favores e perdões garantidos, é resquício pagão. Leibovitz diria que Ele se torna um funcionário particular. Lévinas, judeu praticante, afirma que é uma glória para Deus ter criado um humano que o contempla desde longe. Desde o risco de ateísmo. Certas ortodoxias judaicas parecem mais atéias do que o maior descrente.

Num momento da longa meditação do Kipur, lemos: por termos pescoço duro poderíamos nos considerar justos. Aconselha-se dobrar o pescoço, ajoelhar e lançar-se ao chão num ato de prostração diante do nada de imagem. Diante do ANI-eu, cheio de si, o AIN-vazio de nada. Seria este o mistério a-teu que belas roupagens ocultam do Kipur?

Benjamim Mandelbaum, de querida memória, dizia que o perdão é uma perda muito grande. Perda do pescoço narcisita? Provavelmente. Um breve momento de experimentar o não poder. Coisa que politicos imperiais e homens santos nem se preocupam em fingir praticar.

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ROSH HASHANA- YOM KIPPUR 5775/2014 Bernardo Sorj

Em Rosh Hashana refletimos sobre a passagem do tempo, lembrando que estamos todos imersos na mesma travessia.

Porque viver é fazer, e quem faz erra.
Porque viver é acreditar, e quem acredita se ilude.
Porque viver é amar, e quem ama sofre.

Porque ninguém escolheu nascer.
Nem a época, lugar ou família.
Nem morrer.

Porque não controlamos o futuro.
Nem podemos prever as consequências de nossos atos.

Porque um dia temos saúde e outro dia estamos doentes.
Porque um dia triunfamos e outro dia fracassamos.

Porque temos que conviver com sentimentos de ansiedade sobre o futuro e com o desejo de que os outros se adaptem a nossa vontade e a nossa forma de ver o mundo.

Temos que ter compaixão por nos mesmo e pelos outros.

Em Yom Kippur lembramos as palavras do profeta Isaias que diz que não é o jejum que purifica as pessoas mas nossos atos de solidariedade.

Por isso o perdão deve ser procurado naqueles que prejudicamos e humilhamos.

Não permitindo que projetemos nossos conflitos internos, nem enxerguemos os outros pelo filtro de nossas inseguranças.

Sem perder o senso de humor e ironia, sem os quais nossa vida e a da que nos rodeiam se torna opressora.

Nem que nossas obsessões e a procura de poder, dinheiro e prestigio, nos empobreçam, criando a ilusão que controlamos a realidade ou que somos melhores que os outros.

Lembrando que as qualidades humanas nada têm a ver com o lugar em que nos encontramos na escada social, e que o sucesso e a riqueza podem empobrecer nossa sensibilidade.

Por isso em Rosh Hashana e em Yom Kippur ficamos mais tempo em silencio e procuramos esvaziar nossa mente. Pois só quando deixamos de falar, fazer ou digitar, entendemos que valorizamos demais o que não é essencial.

E que a vida é um esforço constante de superar nossa omnipotência narcisista e desenvolver nossa capacidade de aprender, compreender e discernir.

Porque a tradição judaica se alimenta de uma história milenar que nos ensina que preconceitos, injustiças e o sofrimento produzido pela sociedade são inaceitáveis, e que corresponde em cada ano e a cada um encontrar sentido na celebração de Rosh Hashana e Yom Kippur, agradecemos:

Shehechyanu, ve´quimanau ve’higuianu lazman haze.
Que vivemos, que existimos, que chegamos a este momento.

Rosh Hashana e Yom Kipur 5774

Festejamos Rosh Hashana, o ano novo, para afirmar o direito de cada comunidade a ter sua própria memória coletiva da passagem do tempo, e Yom Kipur para refletir sobre o sentido desta passagem para cada um.

O novo ano separa o tempo que é contínuo. Separamos para organizar nossas vidas, mas quem só separa esquece que o mais bonito não é o dia ou à noite, mas o amanhecer e o pôr do sol, que as outras culturas nos enriquecem porque são diferentes, que o puro e o impuro estão sempre juntos.

Toda separação do tempo é artificial e só é relevante se não nos permite realizar um balanço do que temos realizado e refletir sobre o que desejamos atingir. Sabendo que querer controlar o futuro só produz ansiedade e que as transformações não dependem de promessas infantis no início do ano, e sim de um esforço constante, pois as mudanças nos deixam inseguros e nos aprisionamos nas nossas formas de ser, ainda que empobrecedoras.

A passagem do tempo produz perdas, mas só graças à impermanência, a mudança é possível, e permite transformar a vida numa experiência enriquecedora.

Por isso devemos enfrentar nos medos, que não nos permitem:

• Superar nosso lado criança que quer que todos se ajustem a nossos desejos e vontades, que fala mais não ouve, e não entende o porquê das atitudes dos outros.
• Enfrentar nossas inseguranças, que nos fazem autoritários e enrijecem nossa sensibilidade.
De forma que possamos como adultos construir um mundo de respeito mútuo, aceitando nossas imperfeições e erros.

E no lugar de dar tanta importância em possuir objetos que são perfeitos, pois não são humanos, investir mais:
• Na convivência e na leitura, que nos enriquecem para o resto de nossas vidas.
• Em nos perdoar quando erramos e compreensivos com quem erra, em particular as pessoas queridas e as mais fracas, pois são as que mais precisam de nossa compaixão.
• Em não confundir amor com possessão, educação com imposição;
• Em ajudar outras pessoas, contribuindo para que todas vivam num mundo onde possam desenvolver suas capacidades e individualidades.
Lembrando que o melhor presente que podemos dar a nós mesmos e aos seres queridos nunca é um objeto, e sim:
• Um gesto de carinho e valorização.
• Aconselhando e não reprimindo.
• Ouvindo e compreendendo antes de julgar.
• Diferenciando entre o essencial do secundário.
E nunca perdendo nosso lado infantil, que:
• É curioso e interessado em tudo.
• E se pergunta o porquê das coisas.
• E gosta de brincar e de rir.
Porque nossas vidas podem ser melhores se procuramos nos superar, agradecemos:
Shehechyanu, ve´quimanau ve’higuianu lazman haze.
Que vivemos, que existimos, que chegamos a este momento.

Bernardo Sorj

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Publicado no Unisinos.

Israel se retirou da Faixa de Gaza na terça-feira (5), mas deixou para trás morte e destruição. A socióloga israelense Eva Illouz diz à “Spiegel” que seu país está tomado pelo medo e está cada vez mais suspeitando da democracia.

Houve amplo apoio em Israel à operação na Faixa de Gaza, apesar dos números imensos de vítimas civis e a morte de centenas de crianças. Por que isso?

Onde você vê seres humanos, os israelenses veem inimigos. Diante dos inimigos, você cerra fileiras, se une no temor por sua vida, e você não pensa na fragilidade do outro. Israel tem uma autoconsciência esquizofrênica, dividida: ela cultiva sua força e não consegue deixar de se ver como fraca e ameaçada. Além disso, tanto o fato de o Hamas nutrir uma ideologia radical islâmica e antissemita quanto a existência de um racismo raivoso antiárabe em Israel explicam por que os israelenses veem Gaza como um baluarte de terroristas reais ou potenciais. É difícil ter compaixão por uma população vista como ameaçando o coração de sua sociedade.

Isso também se deve ao fato de a sociedade israelense estar se tornando cada vez mais militarista?

Israel é ao mesmo tempo um poder militar colonial, uma sociedade militarizada e uma democracia. O Exército, por exemplo, controla os palestinos por uma vasta rede de ferramentas coloniais, como postos de controle, tribunais militares (governados por um sistema legal diferente do sistema israelense), concessão arbitrária de licenças de trabalho, demolição de casas e sanções econômicas. É uma sociedade civil militarizada porque quase toda família tem um pai, filho ou irmão no Exército e porque os militares exercem um papel enorme na formação da mentalidade dos israelenses comuns e são cruciais tanto nas decisões políticas quanto na esfera pública. Na verdade, eu diria que “segurança” é o conceito primordial que guia a sociedade e a política israelense. Mas também é uma democracia, que concede direitos aos gays e possibilita ao cidadão processar o Estado.

Mesmo assim, muitos diriam que Israel foi longe demais nesta guerra contra o Hamas.

Eu acho que os israelenses perderam o que podemos chamar de “sensibilidade humanitária”, a capacidade de se identificar com o sofrimento de um outro distante. Em Israel, ocorreu uma mudança na percepção do “outro palestino”. O palestino se transformou em um verdadeiro inimigo na percepção dos israelenses, no sentido de que “eles estão ali” e “nós estamos aqui”. Eles deixaram de ter um rosto e mesmo um nome.

Você tem uma explicação para a mudança?

Israelenses e palestinos antes se misturavam. Eles trabalhavam como operários de construção e como mão de obra barata, mal paga. O muro foi construído. Vieram os bloqueios de estrada, que impediram a liberdade de movimento dos palestinos. A redução imensa nas licenças de trabalho veio em seguida. E em poucos anos os palestinos desapareceram da sociedade israelense. A Segunda Intifada colocou um prego nesse caixão, por assim dizer. A natureza da liderança israelense também mudou. A direita messiânica ganhou progressivamente poder em Israel. Ela costumava ser marginal e ilegítima; agora é cada vez mais popular. Essa direita radical ocupa cadeiras no Parlamento, controla orçamentos e mudou a natureza do discurso. Muitos israelenses não entendem a natureza radical da direita em Israel. Ela se disfarça com sucesso como sendo “patriótica” ou “judaica”.

Por que a direita é tão forte no momento, apesar de haver bem menos ataques terroristas em Israel do que no passado?

Gerações inteiras foram criadas com os territórios, com Israel sendo um poder colonial. Elas não conhecem outra coisa. Você tem os assentamentos que são altamente ideológicos. Eles expandiram e entraram na vida política israelense. Os assentamentos foram fortalecidos por meio de políticas de governo sistemáticas: eles recebem incentivos fiscais; eles contam com soldados para protegê-los; eles contam com estradas e infraestrutura muito melhores do que no restante do país. Há segmentos inteiros da população que nunca conheceram uma pessoa secular e foram educados religiosamente.

Alguns desses segmentos religiosos também são muito nacionalistas. A realidade que enfrentamos dentro de Israel é que devemos escolher entre liberalismo e o judaísmo, e se escolhermos o judaísmo, estamos condenados a nos tornarmos uma Esparta religiosa, o que não será sustentável. Enquanto nos anos 60 era possível ser tanto socialista quanto sionista, hoje não é possível, por causa das políticas e da identidade de Israel. E há o papel que os judeus que vivem fora de Israel exercem em Israel. Muitos desses judeus têm pontos de vista de direita e contribuem com dinheiro para jornais, centros de estudos e instituições religiosas dentro de Israel. Vamos encarar: a direita tem sido mais sistemática e mais mobilizada, tanto dentro quanto fora de Israel. Ampliar

Os judeus na diáspora veem Israel de modo diferente dos judeus em Israel?

Os judeus da diáspora foram moldados pela memória do Holocausto. Eles costumam viver em sociedades nas quais seus próprios direitos democráticos são garantidos. Às vezes estão sob ataque do antissemitismo e, portanto, sentem um ímpeto de reforçar a identidade judaica. Eles não entendem a aflição dos israelenses que veem a democracia sendo progressivamente devorada por forças sombrias. Hoje, os judeus da diáspora e os judeus em Israel não têm mais os mesmos interesses.

O que acontecerá se os princípios democráticos continuarem ruindo?

Há um ou dois anos, o jornal “Haaretz” realizou uma pesquisa que apontou que 40% das pessoas disseram estar considerando deixar Israel. Eu não sei os números reais, mas nunca soube de tamanha alienação em relação a Israel como durante esse período. As pessoas que vivem na secular Tel Aviv têm muito menos em comum com seus pares religiosos em Jerusalém do que com as pessoas que vivem em Berlim.

israel tacismo

Você descreve um país temeroso e ansioso.

O medo está profundamente entranhado na sociedade israelense. O medo do Holocausto, o medo do antissemitismo, o medo do Islã, o medo dos europeus, o medo do terror, o medo do extermínio. E o medo gera um tipo muito particular de pensamento, que eu chamaria de “catastrofista”. Sempre se pensa no pior cenário, não no curso normal dos eventos. Nos cenários catastrofistas, é permitido violar muito mais normas morais do que se você imaginasse um curso normal dos eventos.

Essa percepção diferente das ameaças e conflitos é problemática. Enquanto Israel se vê como vítima, o resto do mundo cada vez mais vê o país como um poder de ocupação violento.

Imagine que você seja uma menina criada por um pai muito brutal. Você desenvolveria uma suspeita “saudável” dos homens e se tornaria muito cautelosa. Se você vivesse por algum tempo em um ambiente de homens bons e carinhosos, sua suspeita relaxaria. Mas se você vivesse em um ambiente no qual alguns homens fossem muito brutais e alguns não, sua suspeita saudável se transformaria em uma incapacidade obsessiva de diferenciar entre os tipos diferentes de homens, os brutais e os carinhosos. Esse é o trauma histórico da consciência com o qual os judeus convivem. A psique israelense se tornou incapaz de fazer essas distinções.

Esse medo justifica o tipo de violência brutal imposta à população civil na Faixa de Gaza?

Claro que não. Eu só estou dizendo que o medo é central na psique israelense. Esses temores são cinicamente usados por líderes como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Ele faz os israelenses acreditarem que todos eles querem nos destruir. O Hamas quer nos destruir, a ONU quer nos destruir, a Al Qaeda e o Irã querem nos destruir. O EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) quer nos destruir. Os europeus antissemitas querem nos destruir. Esse é basicamente o filtro pelo qual o conflito com o Hamas é interpretado pelo israelense comum. Outra dimensão desse prisma é que “eles” não são seres humanos.

Os palestinos são desumanizados porque colocam seus soldados entre os civis, enviam suas crianças à luta, gastam e desperdiçam seu dinheiro na construção de túneis mortais em vez de construindo sua própria sociedade. Além da desumanização do outro, os israelenses têm um forte senso de sua própria superioridade moral. “Nós pedimos às pessoas para deixarem suas casas; nós telefonamos para elas para assegurar que os civis sejam evacuados. Nós nos comportamos de forma humana”, pensa o israelense. Um Exército com bons modos.

Mesmo assim, uma enorme onda de ódio se tornou visível em Israel nas últimas semanas. E não é direcionada apenas aos palestinos, mas também a segmentos da sociedade israelense.

Algumas normas básicas de discurso foram violadas por alguns rabinos e membros do Knesset, que não têm escrúpulos em expressar ódio pelos árabes de formas que legitimam o ódio. Isso é muito preocupante. Isso acontece porque gerações inteiras foram criadas acreditando nas posições religiosas e ultranacionalistas. Eu não acho que há mais ódio em Israel do que em alguns bolsões racistas da sociedade alemã ou francesa. Mas quando alguns palestinos cantaram recentemente nas ruas de Paris, “Morte aos Judeus”, a reação do governo do primeiro-ministro Manuel Valls foi rápida e clara. As autoridades enviaram uma forte mensagem de que há formas de discurso e de crença que são inadmissíveis. O que falta na sociedade israelense é esse tipo de forte posicionamento moral vindo de seus líderes.

Como você explica esse paradoxo –o ódio por um lado e a ênfase de Israel em seus valores liberais do outro?

Israel começou como uma nação moderna. Ela extraía sua legitimidade do fato de ter instituições democráticas. Mas também construiu instituições altamente antimodernas em seu desejo de criar uma democracia judaica, ao dar poder aos rabinos, ao criar profundas desigualdades étnicas entre diferentes grupos étnicos, como os judeus de países árabes contra judeus de descendência europeia; árabes contra judeus; judeus contra não judeus. Isso bloqueou o pensamento universalista.

Você diria que o caráter judeu do país subordinou o caráter democrático?

Sim, com certeza. Nós estamos em um ponto onde se tornou claro que o judaísmo sequestrou a democracia e seu conteúdo. Isso acontece cada vez mais quando o currículo escolar começa a ser mudado e passa a enfatizar mais conteúdo judeu e menos conteúdo universal; quando o Ministério do Interior expulsa trabalhadores estrangeiros porque membros do partido Shas temem que não judeus possam se casar com judeus; quando direitos humanos são pensados como sendo uma ideia esquerdista, porque os direitos humanos pressupõem que judeus e não judeus são iguais.

Isso não soa particularmente encorajador.

A única resposta é a criação de um vasto campo de pessoas que defendam a democracia. A divisão direita-esquerda não é mais importante. Há algo mais urgente agora: a defesa da democracia. A voz da extrema direita está muito mais alta e clara do que antes. Isso é que é novo: uma direita racista que não tem vergonha de si mesma, que persegue os dissidentes e até mesmo as pessoas que ousam expressar compaixão pelo outro lado. O verdadeiro perigo para Israel e sua sustentabilidade vem de dentro. Os elementos fascistas e racistas não são uma ameaça menor à segurança do que os inimigos externos.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/onde-voce-ve-seres-humanos-os-israelenses-veem-inimigos-a-visao-de-uma-sociologa-israelense/

Saiba mais…

Nacido en una familia judía observante en Riga en 1903, el original y polémico filósofo judío israelí Yeshayahu Leibowitz obtuvo su educación en el Gymnasium, además de la educación impartida en su casa para sus estudios judíos, antes de que la familia huyese de Rusia en 1919 para Berlín, Alemania.
En la Universidad de Berlín, Leibowitz estudió química y filosofía, y recibió su doctorado en química en 1924. Después de estudiar en el Instituto Kaiser Wilhelm de 1926 a 1928, Leibowitz fue a estudiar medicina en Colonia y Heidelberg, aunque con los nazis ganando el poder, ganaría el título de médico en Basilea, Suiza. En 1935 se trasladó a la Palestina del Mandato Británico, inicialmente como profesor de bioquímica en la Universidad Hebrea, pasando a ser nombrado como jefe de Química y profesor de Neurofisiología de la Escuela de Medicina biológica y orgánica, y dio conferencias sobre la historia y la filosofía de la ciencia. Sin embargo, estos nombramientos académicos formaban más parte su trabajo formal, muy lejos de la mayoría del público, ya que además Leibowitz enseñaba pensamiento judío, ya sea en un contexto académico, en pequeños grupos de estudio, o en la televisión y la radio. Un número importante de estas emisiones y clases para grupos, ya han sido publicadas. Aparte de estas actividades y su trabajo como editor jefe de varios volúmenes de la Enciclopedia Hebraica, Leibowitz ganó notoriedad en la escena pública israelí con sus intervenciones políticas.
En 1968 sostenía que Israel debía retirarse de Cisjordania y la Franja de Gaza recién conquistados, en 1982 lanzó una convocatoria pública de los objetores de conciencia de la época de la guerra del Líbano y posteriormente, en los territorios palestinos. La capacidad de Leibowitz para agitar la controversia pública se puso en evidencia en fecha tan tardía como 1993, un año antes de morir, en un discurso ante el Consejo de Israel para la paz entre Israel y Palestina, donde reiteró su llamado a los soldados a que se nieguen a servir en los territorios, utilizando, y no por primera vez, un lenguaje altamente provocador comparando a las unidades especiales del ejército israelí con las SS.
Su nominación al premio Israel de reconocimiento de trayectoria de vida precipitó una apelación a la Corte Suprema, y una amenaza de boicotear la ceremonia por parte del primer ministro Itzjak Rabin. Leibowitz, sin embargo, decidió declinar el premio de antemano.

Sus obras
La filosofía de Leibowitz encontró su expresión en numerosos ensayos que aparecieron por primera vez en periódicos hebreos y se cotejaron posteriormente, en un puñado de volúmenes publicados a intervalos irregulares: Torá u-Mitzvot ba-Zman ha-Zeh [Torá y los mandamientos de Nuestro Tiempo] (1954); Yahadut, Am Yehudi u-Medinat Yisrael [El judaísmo, el pueblo judío y el Estado de Israel] (1975); y Emunah, Historiah, va-Arakhim [Fe, Historia y Valores] (1982). En el año 1982 también se publicaron las transcripciones de su grupo de estudio sobre Maimónides: Shmoneh Perakim-la sección de Maimónides de su comentario a la Mishná, que sirve como una introducción al tratado talmúdico Pirkei Avot (generalmente conocido en castellano como la Ética de los Padres).
En su trabajo de 1953 "Mitzvot Maasiot" (una versión posterior fue publicada como "Praxis religiosa en el judaísmo"), Leibowitz nos dice que no le preocupa "elaborar una justificación filosófica de la religión de las mitzvot [mandamientos]," pero en cambio le interesaba ampliar "su significado para la religión judía tal como la vivimos". Sus escritos están dirigidos muy específicamente a dar una exposición filosófica del judaísmo, y en particular de las mitzvot que son su corazón.
Leibowitz excluía a las mitzvot de la mística, de la filosofía o del dogma, tampoco intentaba construir argumentos paralelos con el fin justificar determinadas prácticas o las prácticas judías en su conjunto. Por lo tanto, si uno está esperando encontrar un argumento que justifique la forma de vida halájica (guiada por la ley judía) a través de los principios del razonamiento silogístico de la manera del gran filósofo judío medieval Maimónides, es probable que se decepcione. Lo que sí encontramos, en línea con mucha de la filosofía judía contemporánea, es el relato de un conocedor del significado de la fe en el judaísmo como se entiende dentro de esa tradición, aunque con implicaciones más allá de esos límites. Pero a diferencia de algunos de los filósofos judíos del siglo XX más conocidos, Leibowitz insiste en que la única herramienta confiable que podemos utilizar con el fin de investigar el significado de la fe es el razonamiento discursivo.
Según Leibowitz, la idea central del monoteísmo judío es la trascendencia radical de Dios, argumento que ha tenido su exposición más cruda por su héroe filosófico, Maimónides. El aplazamiento de la discusión de su estatus lógico preciso para Leibowitz, y aceptando provisionalmente que "Dios es radicalmente trascendente" es una declaración cognitiva, una primera formulación aproximada de su significado sería que Dios es una entidad existente que es absolutamente incomparable a cualquier otra forma de realidad que posiblemente podamos encontrar.
A raíz de la teología negativa de Maimónides, Leibowitz dice que no podemos hacer declaraciones significativas que pretendan describir a Dios. Cualquier intento de hablar de las propiedades o características de Dios trasciende los límites del pensamiento y el lenguaje humano.
Las categorías humanas de pensamiento sólo se entienden en el contexto humano en el que se formulan. No se puede suponer que conservan su significado cuando se aplica

más allá de los límites de la experiencia humana posible. De esto se desprende que Dios no es un objeto posible de esta experiencia humana. Por un compromiso cabal con la idea de la trascendencia radical de Dios se obtiene un número de importantes consecuencias. Para Leibowitz, la idea de la trascendencia radical, si se toma en serio, implica que Dios no puede ser "contenido" dentro de cualquier realidad que nos encontramos. La naturaleza es la naturaleza, la historia es la historia, y si Dios es verdaderamente trascendente, ninguna de ellas es Dios ni están relacionadas con él en ningún sentido directo. Así, Leibowitz afirma lo que él llamó su "herejía": "Dios no se reveló a sí mismo en la naturaleza o en la historia." (Yahadut, 240). Si las cosas fueran de otra manera, entonces la naturaleza y la historia serían "piadosas", y por lo tanto serían perfectas y dignas de adoración por sí mismas. No habría entonces espacio para el santo Dios que trasciende la realidad natural, y desde entonces, la realidad misma sería divina y el hombre mismo sería Dios". (Yahadut, 25).
La idea de que cualquier objeto material puede ser santo es algo que, a los ojos de Leibowitz, es la definición última de la idolatría, que puede conducir a la adoración de personas, objetos o -de manera significativa para la expresión sionista- de la tierra. Asimismo, la idea de que hay un propósito divino en la historia, que Dios ejerce alguna forma de providencia sobre la humanidad, estaría igualmente en contradicción con la idea de la trascendencia de Dios y es por lo tanto una noción sin fundamento. Para Leibowitz, "un examen imparcial de la historia de la humanidad y de los judíos como se relata en la Biblia no revelará en todo el proceso ningún designio o dirección definida, ni un enfoque gradual hacia un objetivo específico". (Yahadut).
Sobre la base de estas observaciones, uno inmediatamente ve que el pensamiento de Leibowitz estará desprovisto de mucho de lo que pasa por la teología judía o la teología general tradicional. La fe no se puede formular en torno a las proposiciones que hablan de Dios y su relación providencial para el universo. La santidad se limita a Dios y no puede predicarse de todo lo que existe en el mundo (lo que también, por cierto, explica su oposición a cualquier interpretación etnocéntrica, propia o ajena, de la idea de Elección heredada por los judíos).
El Dios de Leibowitz no es un Dios providencial; la historia no tiene teleología; y no nos encontramos con ningún intento de teodicea en Leibowitz. A diferencia de muchos filósofos judíos contemporáneos, el Holocausto apenas es mencionado y lo descarta del debate teológico. Un compromiso cabal a la trascendencia no puede permitir un Dios que intervenga en los asuntos humanos. Lo que cuestiona a quienes perdieron su fe en Dios como resultado de Auschwitz. Ellos "nunca creyeron en Dios, sino en la ayuda de Dios". (La aceptación del Yugo).

Interpretación Bíblica
Cualquier simple lectura de la Biblia judía parece sugerir un Dios muy estrechamente involucrado con la historia y la naturaleza. Por lo tanto, la lectura de Leibowitz de la Escritura judía se basa en un enfoque hermenéutico muy particular del Tanaj.
Para Leibowitz, la Torá no es una obra de las verdades de hechos que contiene que podemos obtener a través de procedimientos epistémicos estándar. Es más bien, un trabajo sagrado, una obra que tiene que ver con el ámbito de lo religioso. Por lo tanto, el enigma medieval de larga tradición del dilema con respecto a la fe y la razón es desechado, así como una apresurada interpretación antropológica o cientificista de la escritura.
Leibowitz está feliz de dar a la Razón su victoria, sin tener que preocuparse por su intrusión en el territorio de la revelación, y viceversa. La Torá como una obra sagrada es la negociación de la esfera de lo sagrado y no se supone que es un repositorio de las verdades proposicionales de la historia o la ciencia. Lo que ofrece en cambio es "la exigencia del hombre de adorar a Dios". La Torá es la fuente de los mandamientos -las mitzvot- que son la manera en que los judíos sirven a Dios.
Leibowitz insiste en que en el intento de habla imposible de Dios, la Torá necesariamente utiliza varias formas literarias susceptibles a la comprensión humana, pero que sin embargo "desde el punto de vista de la fe religiosa, la Torá y la totalidad de la Sagrada Escritura debe ser concebida como una demanda que sobrepasa el rango de la cognición humana ... una demanda transmitida en diversas formas de expresión humana: las recetas, la visión, la poesía, la oración, el pensamiento y la narrativa". (Yahadut).
Esto no descarta, en principio, la posibilidad de las narrativas que suceden a contener información histórica, en parte. Las narraciones de las Escrituras podrían a veces coincidir con los hechos históricos, aunque si este es el caso estaría sujeta a la verificación independiente de estos hechos históricos pretendidos por criterios epistémicos estándar. Pero incluso teniendo en cuenta esta posibilidad, el significado histórico sería meramente accidental. Tales hechos no tomarían en cualquier significado sagrado en virtud de esa facticidad, sino más bien a causa de impartir un mensaje sagrado ahistórico. La Torá no se puede leer como un repositorio de hechos histórico. Leerla "desde el punto de vista de la fe religiosa," es leerla desde las exigencias que impone sobre nosotros.

Fuente: Universidad de Stanford

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Ao final de uma guerra, sempre discute-se quem saiu vitorioso. Os governos precisam prestar contas em casa, tentando mostrar para a população que os gastos astronômicos com foram por uma causa justa. Também precisam mostrar competência e capacidade na defesa e proteção de Israel.

As vozes são muitas dentro do governo israelense e há opiniões diversas de como a operação “Margem Protetora” deveria ter sido executada. O argumento inicial quando a operação começou era de que os ataques aéreos seriam feitos até que os mísseis parassem de cair em Israel. Depois da infiltração de terroristas do Hamas por um túnel, a entrada por terra aconteceu e o argumento oficial para a guerra passou a ser a destruição dos túneis do Hamas. Mesmo assim, havia membros do governo que defendiam até a reocupação de Gaza. Já no final da operação, com o início do primeiro cessar-fogo de 72 horas, críticas à condução da operação também apareceram, com setores do governo dizendo que Israel deveria acabar com o Hamas e que não poderia aceitar o cessar-fogo.

Desde o início, a posição oficial do governo deixava claro que não havia a intenção de acabar com o Hamas. A destruição dos túneis daria a legitimidade necessária dentro da sociedade israelese para a operação e, ao destruir todos os túneis conhecidos, o governo decide partir para o cessar-fogo e retira as tropas de Gaza.

Muitos cidadãos israelenses que moram na região fronteiriça com Gaza se mostraram insatisfeitos com o cessar-fogo, dizendo que isso não resolveria o problema e que em pouco tempo a guerra seria novamente uma realidade em suas vidas..

Será que o cumprimento da missão, a destruição dos túneis, faz de Israel vitorioso nessa guerra? Houve um real revés na estratégia e na política do movimento fundamentalista palestino?

O Hamas não é um movimento de loucos raivosos, ávidos por poder. O Hamas tem tática, estratégia e objetivo. O Hamas joga em diferentes frentes e vem conseguindo um êxito enorme.

O objetivo do Hamas é a destruição de Israel e a construção da Palestina em todo o território da chamada “Palestina Histórica”, do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo. Sua Jihad mira a restituição da Shaaria (código de leis morais e religiosas do Islã) nesse novo país e subjugação de todos à sua forma de governo e religião.

Já a sua estratégia ficou muito clara nesse último conflito. O Hamas sabe que não vai derrotar Israel militarmente. Utiliza táticas de guerrilha contra um exército extremamente bem equipado. As duas principais frentes do Hamas são: a destruição da democracia israelense e a deslegitimação de Israel.

E a tática? Ora, a tática é o terrorismo, a guerra. Mas antes que eu parta para a análise, só queria ressaltar que para que haja guerra, é preciso que tenha um outro lado disposto a guerrear.

Durante a operação militar houve uma efervecência muito grande dentro da sociedade israelense. Na verdade, mesmo antes, a partir do sequestro dos três jovens israelenses, ocorreu um movimento extremamente perigoso levando a pedidos de vingança contra a população árabe (que na minha opinião foi expressa no formato de guerra, como apontei em meu último artigo), perseguição a moradores de Jerusalém Oriental e, principalmente, a uma deslegitimação da própria esquerda israelense. Ser a favor da paz e do diálogo e contra a guerra passou a ser motivo de agressões físicas (em casos de manifestações do gênero onde militantes tentavam impedir tais protestos na base da violência) e agressões verbais (quando discute-se política em diversos ambientes).

Houve uma radicalização à direita,a perpetuação do ódio. O medo de um possível extermínio e um suposto mega ataque terrorista que seria praticado na noite de Rosh HaShana, o ano novo judaico, conforme anunciado pela mídia israelense.

A democracia israelense começa ser colocada contra a parede e as consequências da guerra e do longo conflito começam a aparecer de forma mais reacionária e autoritária. A “crucificação” de movimentos de esquerda que gritam pela paz e a fortificação de quem defende a guerra. Uma vitória para o Hamas.

A deslegitimação de Israel é a segunda estratégia do grupo terrorista para se construir o Estado palestino. Não é nem preciso avaliar as consequências da missão “Margem Protetora” pelo mundo. Do antisionismo ao antissemitismo, manifestações tomaram as ruas de diversas cidades. Protestos em frente a embaixadas e sinagogas, judeus sendo atacados como se fossem responsáveis pela guerra em Gaza.

No campo diplomático, países chamam seus embaixadores em Israel para esclarecimentos e outros ameaçam com um embargo militar, ou seja, não forneceriam mais armamentos ao exército israelense.

A estratégia do grupo terrorista para deslegitimar Israel passa pela morte da sua própria população. Mortes e destruição são o que o Hamas quer, pois isso fortalece a sua Jihad midiática. Os mortos são mártires que serviram à luta contra a legitimidade de Israel. O objetivo maior é o que importa. Os fins justificam os meios.

Outra vitória do Hamas. As manifestações e o isolamento político de Israel são as maiores provas de que eles estão no caminho certo.

Agora, a maior vitória do movimento terrorista está prestes a acontecer. O cessar-fogo indeterminado, pelo fim da guerra, mediado pelo Egito, deverão manter o Hamas como a principal força política em Gaza. O quem vinha sendo discutido e reivindicado são medidas tão básicas, como o fim do bloqueio à Gaza (livre trânsito de pessoas e mercadorias) e construção de um porto, que o governo de Israel poderia ter feito isso através de negociações com o governo palestino antes de que a guerra começasse.

A guerra trouxe o Hamas e outros grupos terroristas para o centro do cenário político. Qualquer acordo terá que passar pelo aval desses grupos.

A Jihad do Hamas não se constrói somente no campo militar. É muito maior que isso. A guerra significa dar um passo atrás para depois dar dois para frente em seguida. Eles precisam da guerra e contam com a ajuda do lado israelense para atingir seus objetivos.

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Parashat "Shoftim" Dr. Ari Ackerman *

Interpretación y comentario

Uno de los principales puntos de desacuerdo en lo referente a la autoridad en el Judaísmo moderno se refiere a la falibilidad de las decisiones de los líderes rabínicos. Una escuela argumenta que, a pesar de su autoridad incuestionable, los rabinos son seres humanos y, por lo tanto, pueden cometer errores. En consecuencia, ningún rabino tiene una autoridad inviolable. En contraposición, otra escuela asociada con ciertos teólogos ultraortodoxos, argumenta que las decisiones de las principales autoridades rabínicas de cada generación ("gdolei hador"), no pueden ser cuestionadas. Dichos rabinos comprenden de manera intuitiva la verdad de la Torá ("dat Torá") y, por lo tanto, sus opiniones son infalibles.
La raíz de este debate se encuentra, de hecho, en las diferentes interpretaciones del versículo de "Shoftim" que ordena a los judíos a obedecer los decretos de los rabinos: "...No te apartes de la sentencia que te habrán de aclarar, ni a derecha ni a izquierda". (Deuteronomio 17:11).
En su comentario a este versículo, Najmánides sostiene: "Las Escrituras establecieron la ley de que debemos obedecer al Gran Sanhedrín que se sienta delante de Dios en el lugar que Él elegirá, sea lo que fuera que ellos ordenen en su interpretación de la Torá...Porque el Espíritu de Dios reposa en los ministros de Su Santuario. Él nunca cesará Su bondad y siempre los preservará de los errores y tropiezos". Es decir, Najmánides afirma que Dios asegura la veracidad de sus enseñanzas. Él se refiere a los sabios del Gran Sanhedrín, pero ciertos estudiosos modernos de la Torá argumentan que el principio de infalibilidad debe ser extendido para incluir también a los sabios que lideran cada generación.
Rashi da una interpretación opuesta a este versículo. Basado en Sifrei, Rashi comenta: "Ni a derecha ni a izquierda: Ni si te dicen que la derecha es la izquierda y que la izquierda es la derecha". Es decir, Sifrei y Rashi sostienen que la obligación de seguir a los rabinos se aplica incluso cuando los rabinos están equivocados. Ellos afirman que debemos seguir las decisiones rabínicas constantemente, pero que también podemos reconocer que los rabinos pueden equivocarse. Según esta postura, el principio de infalibilidad no pertenece al Judaísmo, que rechaza idolatrar a su liderazgo rabínico y mantiene una marcada diferencia entre la Ley de Dios y cualquier liderazgo humano.
Un profundo análisis debe ser hecho para comprender los fundamentos teóricos de cada una de estas posturas. Me gustaría destacar brevemente uno de los aspectos de este debate. Según la opinión de Najmánides, la autoridad de los rabinos líderes de cada generación está basada en la Revelación y dichos rabinos deben ser vistos como mensajeros de la Palabra de Dios con un poco de autonomía e independencia. En contraposición, la postura de Rashi dice que todos los rabinos tienen independencia para interpretar la Palabra de Dios. Sus herramientas no son las proféticas, que les permiten recibir la Palabra de Dios, sino intelectuales, que los llevan a una comprensión de manera autónoma de la Voluntad de Dios. En conclusión, debe ser tenido en cuenta que, por lejos, la postura dominante en el

Judaísmo es aquélla de Rashi, que permite la coexistencia entre la razón y la Revelación como dos fuentes de verdad para establecer la ley.

Estudio y análisis
Rabino Dr. Alexander Even-Jen
Profesor de Pensamiento Judío, Instituto Schechter de Estudios Judaicos Jerusalén
"Y si te dijeres a ti mismo: ¿Cómo habremos de saber la palabra que no ha hablado Adonai?" (Deuteronomio 18:21).

1- ¿Cuál es la intención de esta pregunta? ¿Será que la misma refleja la confusión del pueblo? ¿Será que el pueblo duda porque diferentes personas le hablaron en nombre de Dios? ¿Podemos suponer que las personas se dirigieron a Moshé con esa pregunta? Si fueras Moshé, ¿cómo reaccionarías? ¿Será que no estaba claro quién hablaba en nombre de Dios? ¿Será que esto significa que la diferencia entre la profecía de Moshé y de "los otros profetas" no estaba clara? Si decimos que Moshé está conciente de que su final está cerca y que con sus palabras debe guiar al pueblo para que puedan poner a prueba a aquéllos que quieran substituirlo, cabe lugar a la pregunta: ¿Por qué su preocupación? ¿Acaso este temor surge por el desafío constante a su liderazgo?
La respuesta a esta pregunta es: "Lo que hablare el profeta en el Nombre de Adonai y no ocurriere la cosa y no viniere, esa es la palabra que no ha hablado Adonai; con alevosía lo ha hablado el profeta, no habrás de temer de él". (Deuteronomio 18:22).
1- La "prueba" propuesta aquí es simple: Si lo que el profeta dijo no se cumple, entonces de trata de un "falso profeta". Sin embargo, ¿cómo analizar una prueba de este tipo? ¿Acaso todo lo que los verdaderos profetas dijeron se cumplió? ¿Acaso una prueba de este tipo no pone en peligro al mismo Moshé?
2- ¿Acaso esta propuesta "concreta" -que verifica la credibilidad del profeta según las "consecuencias"- representa la aceptación-reconocimiento de la imposibilidad de distinguir cuáles de las "voces" que se oyen provienen de Dios? ¿No era mejor tratar de probar si la profecía se corresponde con la Voluntad de Dios y su origen es, verdaderamente, del cielo?
Maimónides propone un camino parecido para distinguir entre un falso Mesías y el verdadero Mesías: Hay que verificar las "consecuencias" y el "cumplimiento" de las palabras del "Mesías". Maimónides dice:
"Rabi Akiva era uno de los grandes sabios de la Mishná; él fue el hombre de confianza del rey Ben Kuziva (Bar Kojba), y sostenía que él era el Rey Mesías, y así lo creían él y todos los sabios de su generación, hasta que, desdichadamente, fue muerto. Cuando lo mataron, los sabios comprendieron que no había sido el Mesías". ("Mishné Torá", Leyes de los Reyes, Cap.11).
1- ¿Será que la intención de Maimónides era decir que si Bar Kojba hubiese tenido éxito, lo hubieran reconocido como el Mesías?
2- ¿Es aceptable que el parámetro de la prueba sea el "éxito"?

* Profesor de Pensamiento Judío, Instituto Schechter de Estudios Judaicos, Jerusalén
Editado por el Instituto Schechter de Estudios Judaicos, Asamblea Rabínica de Israel, Movimiento Conservador y Unión Mundial de Sinagogas Conservadoras.

Traducción: Rabina Sandra Kochmann.

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La dura actitud del presidente egipcio Abdel Fattah al-Sisi hacia Hamás, al que trata como a un enemigo, está condicionada por las circunstancias que lo llevaron al poder en julio de 2013 un año después de la elección presidencial de Mohammed Morsi, el candidato de los Hermanos Musulmanes por el Partido de la Justicia. Sisi lo derrocó en nombre de "la voluntad del pueblo" (eradat al-Shab). Después de asumir el poder, Sisi declaró la guerra a los Hermanos Musulmanes. Prohibió el movimiento, lo declaró como una organización terrorista, y luego persiguió despiadadamente a los grupos terroristas yihadistas en el Sinaí.
Sisi ha hecho poca diferencia entre la Hermandad Musulmana egipcia y su rama palestina, Hamás. Él ha destruido cientos de túneles de Hamás utilizados para contrabandear armas desde y hacia la Franja de Gaza a los grupos yihadistas globales activos en el Sinaí.
Sisi ha dedicado gran parte de su tiempo y energía para la rehabilitación de Egipto después de casi cuatro años caóticos de agitación política. La economía está al borde del colapso, la pobreza ha aumentado, y el número de los desempleados -70% de los cuales son jóvenes, entre las edades de 15 a 29 - aumenta.
El turismo, uno de los impulsores de la economía egipcia, ha disminuido notablemente ante la ausencia de la seguridad pública. La semana pasada, durante una visita a Ismailia, Sisi anunció su plan para ampliar el Canal de Suez con un canal paralelo de 45 millas con el fin de aumentar la capacidad del canal, albergando de 49 a 97 barcos por día.
Este ambicioso proyecto añadirá cuatro nuevos puertos marítimos, una nueva zona industrial, y un "valle de la tecnología." Se espera crear un millón de nuevos puestos de trabajo y será financiado por el sector privado de Egipto, así como por los préstamos de los aliados cercanos. Sisi declaró que la primera fase del proyecto se completará el 26 de julio de 2015, fecha coincidente con el 59 aniversario de la nacionalización del Canal de Suez por Gamal Abdel Nasser.
La fecha elegida no es casualidad, ya que Sisi está cultivando activamente una imagen de sí mismo como el nuevo Gamal Abdel Nasser.
Sisi reconoce que a pesar de que se percibe como alguien capaz de restaurar la estabilidad, la seguridad y el crecimiento económico de Egipto, él no tiene tiempo o autoridad ilimitada. Ibrahim Daoud, en el diario Al-Youm Al-Sabea, señaló que "el presidente entiende que su pueblo, que ha puesto a dos presidentes en la cárcel, no dudará en hacerlo una tercera vez si el presidente va a tomar medidas que lo perjudique. Activistas jóvenes en Egipto también han puesto en marcha una serie de sitios web con el nombre de "Sisimeter" para medir los logros del presidente.
Por lo tanto, la posición de Egipto durante la operación militar de Israel contra Hamás debe ser entendida en el contexto de los desafíos internos de Egipto y la posición de Sisi como un presidente "en libertad condicional."

Hamás, amenaza de seguridad en Egipto
Sisi percibe Hamás como un afiliado a la Hermandad Musulmana egipcia que está amenazando las fronteras de Egipto y poniendo en peligro su seguridad. Él también considera que Hamás pone en peligro los intentos de Egipto para reactivar el turismo en el Sinaí y mejorar la situación socioeconómica de la población beduina en la península.
La población del Sinaí fue descuidada durante generaciones por los distintos regímenes en Egipto y, como resultado, muchos han apoyado a los grupos yihadistas que operan en el norte del Sinaí, cerca de Gaza.
Sisi cree que Hamás era responsable de los ataques de estos grupos contra efectivos militares y de seguridad egipcios. En febrero de 2011, tras el derrocamiento de Mubarak, varios policías egipcios fueron secuestrados en el Sinaí y al parecer ingresados en la Franja de Gaza, donde fueron utilizados como moneda de cambio para la liberación de los presos políticos. En agosto de 2012, un ataque en Rafiah mató a 16 soldados egipcios durante la cena Iftar (que finaliza cada día de ayuno de Ramadán). Además, en mayo de 2013, siete soldados egipcios fueron secuestrados en Rafiah: el incidente fue pensado para avergonzar a Sisi, quien se desempeñaba como ministro de Defensa.
Hace poco más de dos semanas, el 23 de julio, Sisi pronunció un importante discurso para conmemorar el aniversario de la Revolución de los Oficiales Libres de Egipto de 1952 que trajo a Gamal Abdel Nasser al poder. Sisi aprovechó la ocasión para refutar la afirmación de que Egipto estaba dando la espalda al pueblo palestino.
Afirmó que a lo largo de la larga historia del conflicto entre Israel y Palestina, Egipto ha sacrificado cien mil personas a la causa palestina. Sisi criticó a Hamás por la adhesión a la resistencia armada (muqawama), declarando que después de cuarenta años de ir en esta dirección, era el momento de parar y sopesar el equilibrio de logros y fracasos. Concluyó con la declaración inequívoca de que la política de Egipto se rige por las necesidades de seguridad nacional de Egipto.
Los medios de comunicación de Egipto han permanecido detrás de la posición de Sisi, transmitiendo el mensaje inequívoco de "Egipto primero" (awalan Misr). En otras palabras,

los difíciles problemas económicos y sociales de Egipto deben tener prioridad sobre los problemas de sus hermanos palestinos.
"Mashal [el jefe político de Hamás], estamos cansados de la defensa de la causa palestina... Tenemos suficientes problemas de nuestra propia casa", escribió Hamdi Rizq en su columna en Al-Masry Al-Youm.
Amr al-Shobaki, otro columnista, declaró que "nadie debe colocar al ejército egipcio en una guerra externa que no tiene nada que ver con la protección de su territorio nacional." Mahmud Sultan, uno de los editores de al-Mesryoon, se preguntó "¿cómo se le puede pedir a un civil hambriento, privado de atención de la salud y una educación adecuada, que no duerme de forma segura en su casa, no es saludable, y no tiene nada para alimentar a sus hijos, que participe en la batalla por la liberación de Jerusalén?" Según los partidarios de Sisi, esta política no se contradice con la solidaridad y la empatía que sienten hacia el pueblo palestino en general y aquellos que residen en la Franja de Gaza, en particular, Palestina no es sólo Gaza y Gaza no es sólo Hamás. Egipto, destacan, diferencia entre el pueblo palestino y sus dirigentes. Hamás, dicen, ha abandonado el interés nacional palestino, trabaja para intereses extranjeros - principalmente los de la Hermandad Musulmana, Qatar e Irán - y ha abandonado al pueblo palestino en su búsqueda de poder.
Algunos analistas egipcios consideran el comportamiento de Egipto como un intento de abrir una brecha entre el público palestino en la Franja de Gaza y Hamás, con el fin de demostrar que la elección de Hamás en 2006 fue un error. Si lo hace, podría allanar el camino para el regreso del presidente de la Autoridad Palestina, Mahmoud Abbas, que se espera que pueda rescatar a Gaza desde el desastre que trajo sobre ella el liderazgo de Hamás. Para estos egipcios, Abbás, que ha aportado mucho a la opción de la lucha armada y siendo el elegido para perseguir el objetivo de un Estado palestino a través de negociaciones, les recuerda en los últimos tiempos al presidente de Egipto Anwar Sadat. Sadat finalmente abandonó la guerra después de 1973, que había agotado y empobrecido al pueblo egipcio, y eligió la paz como alternativa, a través del cual Egipto fue capaz de restaurar su dignidad y territorio.
En este espíritu, Gamal Abu Hassan publicó un artículo en Al-Masry Al-Youm un día después del discurso de Sisi, titulado "¿Por qué los egipcios no derramaron lágrimas por Gaza?". Egipto, afirmó, opone a la autoproclamada estrategia "heroica" de Hamás y cree que sus desventajas superan las ventajas. De hecho, afirma, Egipto no ha cambiado su posición sobre la cuestión palestina en los últimos tres años, ya que se dio cuenta de los riesgos que entraña la estrategia de la "Resistencia". Egipto, Abu Hassan destacó, ha adoptado una estrategia diferente, que ha demostrado ser mucho más eficaz en este complejo conflicto.

La cooperación con Israel no es tabú
La política oficial de Egipto con respecto a Hamás afecta naturalmente su posición hacia Israel. Las opiniones simpáticas con Israel expresadas en los medios de comunicación estatales de Egipto en relación con Hamás, incluso antes de la "Operación Margen Protector" no tenían precedentes.
Tawfik Okasha, director y propietario del canal de televisión por satélite Al-Fara'een, declaró: "Yo voy a llevar el sombrero ante Israel, y yo estoy diciendo que el ejército israelí, la gente, y su liderazgo son hombres". Esta expresión de admiración desnuda que la posición de Egipto hacia Israel durante el conflicto con Hamás es impulsada por razón de Estado. El ministro de Petróleo de Egipto, Sherif Ismail, expresó al diario egipcio Daily News que importar gas de Israel "es una necesidad ... lo que es del interés de Egipto deben ser implementado de inmediato, ya que se trata de una crisis energética. Que el presidente y el gobierno trabajan indirectamente con Israel ya no es tabú."
Por otra parte, en el ámbito de la seguridad, el Egipto de Sisi ha sido persistente en su destrucción de los túneles que conectan el Sinaí a Gaza, ha frustrado constantemente los intentos de Hamás de disparar misiles desde el Sinaí hacia Israel, y sus constantes intentos de filtrar atacantes suicidas hacia Israel. El cruce de Rafiah ha sido bien administrado, y sólo se abre durante periodos poco frecuentes, cortos de tiempo con fines humanitarios.
Ninguna de estas medidas han dado lugar a protestas masivas en las calles egipcias. Parece como si la mayoría de los sectores de la sociedad egipcia se dan cuenta de que la cada vez más estrecha cooperación económica y seguridad con Israel es de hecho compatible con el interés de Egipto. El movimiento Tamarud ha sido una excepción, pidiendo la expulsión del embajador israelí de El Cairo. También ha habido iniciativas individuales y grupales aisladas para recolectar donaciones para la gente en la Franja de Gaza, pero este apoyo para el sufrimiento del pueblo de Gaza no es necesariamente una expresión de apoyo a Hamás. Parece que cuando se enfrentan a la elección entre la casa egipcia y el colectivo musulmán, entre la defensa a ultranza de la frontera con Egipto en el Sinaí y la protección de Gaza y sus habitantes, los egipcios tienen, por el momento, elegido "Egipto en primer lugar."
*Instituto Moshe Dayan

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Olá, vossa excelência o Ministro Naftali Bennett.

Meu nome é Shay, sou cidadão israelense, tenho 32 anos, cumpro com todos os meus deveres. Eu pago impostos, sigo as leis, faço serviço militar de reserva. Assim é na democracia, você tem deveres e tem direitos.

Mas este é exatamente o ponto. Agora, depois que voltei de um mês de serviço de reserva, juntamente com meu batalhão de tanques onde eu sirvo, um serviço que me foi imposto como um dever civil em Israel (e estou orgulhoso de cumpri-lo), parece que diferentemente da maior parte dos israelenses, existe um direito que me é privado. O direito de me casar em minha pátria.

Minha amada noiva, com que quero viver toda minha vida, é cidadã israelense. Ela também cumpriu com todas suas obrigações, desde todos os impostos até servir como professora-soldada no Exército de Defesa de Israel. Mas diferentemente de mim, apenas o seu pai é judeu. Ela imigrou a Israel sozinha com 15 anos por sionismo, ela se viu sempre como parte do povo judeu e há pouco tempo até mesmo passou por um processo de conversão pela corrente reformista (que, diga-se de passagem, depois do qual nos aproximamos mais da tradição judaica).

E aqui está o problema. Quando me dirigi à autoridade religiosa da cidade onde moro (Rishon LeTzion), o rabino que trata do assunto me explicou que o rabinato não reconhece a conversão reformista, e pelo fato de eu ser Cohen, não importa qual conversão a minha querida noiva tivesse feito, o rabinato ortodoxo não permite casamentos entre um Cohen e uma convertida. Quando me dirigi ao Ministério do Interior fiquei sabendo que não existe nenhuma opção pela qual eu e minha companheira possamos nos casar em Israel, a não ser pelo rabinato.

E agora eu estou me dirigindo a você. Eu lhe peço para ajudar a mim e minha noiva a nos casar no Estado de Israel e não em qualquer outro país. Aqui é onde vivemos, este é o nosso país. Nós cumprimos nele todos os nossos deveres, quando está coisas estão bem, e também quando estão mal, e nós queremos receber todos os direitos que qualquer cidadão recebe.

Obrigado Shay Fleishon

Depoimento compartilhado no facebook pela ONG “Israel Chofshit” (Israel Livre), no dia 7 de agosto de 2014.

שלום רב לך כבוד השר נפתלי בנט.

שמי שי. אני אזרח ישראלי, בן 32, ממלא את כל חובותיי . אני משלם מיסים, אני עומד בחוקים, אני עושה מילואים. ככה זה בדמוקרטיה, יש לך חובות ויש לך זכויות.

...

אבל זה בדיוק הקטע. עכשיו, כשחזרתי מחודש של שירות מילואים בצו 8 יחד עם גדוד השריון בו אני משרת, שירות שהוטל עלי כחובה אזרחית בישראל (ואני גאה אגב למלא זאת), התברר לי שלא כמו רוב האזרחים בישראל, ישנה זכות שניטלת ממני. הזכות להתחתן במולדת שלי.

ארוסתי האהובה, שעמה אני מתכוון לחיות את כל חיי, היא אזרחית ישראלית. גם היא עמדה בכל חובותיה, מאחרון המיסים ועד לשירות כמורה חיילת בצבא ההגנה לישראל. אבל שלא כמוני, רק אביה הוא יהודי. היא עלתה לבדה לארץ ישראל בגיל 15 מטעמי ציונות, היא ראתה בעצמה תמיד חלק מהעם היהודי ולאחרונה היא אף עברה תהליך גיור רפורמי (שבעקבותיו, אגב, שנינו התקרבנו יותר למסורת ישראל).

וכאן מגיעה הבעיה. כאשר פניתי למועצה הדתית במקום מגורינו (ראשון לציון), הסביר לי הרב המטפל בנושא כי הרבנות אינה מכירה בגיור רפורמי והיות ואני כהן, אין זה משנה איזה גיור הייתה מבצעת ארוסתי היקרה, הרבנות האורתודוכסית בישראל אינה מתירה נישואים של כהן וגיורת. כאשר פניתי למשרד הפנים התבשרתי שלא קיימת אופציה בה אני וזוגתי נוכל להינשא בישראל שלא דרך הרבנות.

וכאן פנייתי אלייך. אני מבקש ממך לעזור לי ולארוסתי להתחתן במדינת ישראל ולא באף מדינה אחרת. כאן אנחנו חיים, זוהי המדינה שלנו. אנחנו ממלאים בה את חובותינו כשטוב וגם כשרע, ואנחנו רוצים לקבל את מלוא הזכויות שכל אזרח מקבל.

בתודה שי פליישון

לפוסט המקורי של שי: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=674966292582379&set=o.396697410351933&type=1&theater

נפתלי בנט המשרד לשירותי דת - Ministry of Religious Services Yair Lapid - יאיר לפיד יעל גרמן Tzipi Livni - ציפי לבני

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Povo Curdo Um Grande Povo Sem Nação ! Jayme Fucs Bar

 

 

Hoje existe no mundo  seis  povos que revindicam sua autodeterminação como  nação são cerca de 56 milhões de pessoas.

Eles são: Os Curdos, Tibetanos, Palestinos, Ciganos, Bascos, Chechenos.

Dentro desses 6 povos se destaca o povo Curdo , onde de acordo com o World Factbook sua população é estimada  entre 27 e 36 milhões .  55% dos curdos no mundo vivem na Turquia, 20% no Irã, 20% no Iraque e um pouco menos de 5% na Síria.

O Povo Curdo  vive ha mais de 3 mil anos nessas regiões montanhosas, que apesar de ocuparem por séculos a mesma região, nunca tiveram um pais, e sempre estiveram  sob domínio político e militar de outros povos.

Na  Turquia, onde vive a maioria do povo Curdo, o seu  idioma é  proibido de ser usado, são perseguidos e descriminados como minoria nacional, milhares de Curdos estão presos por revindicar o seus direitos nacionais.

 A hipocrisia  da Turquia é enorme de um lado apoio incondicional a luta dos direitos nacionais do povo Palestino do outro os Turcos ocupam, dominam e oprime os direitos nacionais do povo Curdo.

No Iraque região que conseguiram uma certa autonomia em 2005 , são os verdadeiros combates contra o grande genocídio que esta sendo realizado dia a dia pelos radicais sunitas do "Estado Islâmico"  que estão exterminando as minorias Yazidis, Cristãos  e Curdos.

A Cultura Curda é  rica de Historia e tradição ! Termino esse pequeno memorando,  sob a luz da  poetisa  Curda  Latif Hamet,  que  testemunha a grande participação das mulheres  Curdas nas fileiras da  Luta por sua libertação .

 
Eu vou mãe.
Se não regressar,
serei flor desta montanha
torrão de terra
para um mundo
maior do que este
(…)
Eu vou mãe.
Se não regressar,
a minha alma será palavra
para todos os
poetas.

Fontes - https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/print/country/countrypdf_iz.pdf

http://blocosonline.com.br/literatura/prosa/opina/opina07/op070801.php

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/curdos-conflito-nao-tem-fim-434540.shtml

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Não me considero um pacifista por não ver a paz como um fim. Acredito que a paz seja um componente fundamental para os processos sociais, que culminariam nos fins nos quais acredito. Minha opinião é a de que, sim, há guerras justificáveis. Comparto da visão de Clausewitz (foto), no entanto, de que a guerra é a continuação da política por outros meios. As guerras são acontecimentos políticos, e devem ser entendidas desta forma. Eu diria, então, que em determinados casos, quando a guerra não é evitada, temos o sinal de um fracasso político. E é exatamente este o meu tema neste artigo.

Carl von Clausewitz

Carl von Clausewitz

Não sou um especialista em estratégias militares, estou longe disso. Para falar a verdade, não sou um especialista em nada. Mas gostaria de questionar estes mesmos especialistas, e serei obrigado a me contradizer, mas prometo resolver esta confusão no final. Apesar do entendimento de que a guerra é um acontecimento político, acredito que os militares não são especialistas em política. Na realidade, a política israelense é contaminada por doutrinas militares, e isto é nocivo demais para a sociedade. É verdade que alguns dos maiores estadistas da história do país foram militares de alta patente. Aliás, praticamente todos os Primeiros Ministros de Israel, ao longo destes 66 anos, se não foram generais do exército, ao menos antes de ingressarem na política, ou serviram o exército como oficiais combatentes, ou ao menos foram encarregados de pastas do alto escalão do Ministério da Defesa. Mas não só na política este pensamento interfere: a sociedade israelense é muito influenciada por esta cultura militarista. Há uma expressão em hebraico que diz: “O povo constrói o exército que constrói o povo” (עם בונה צבא בונה עם). E isso explica um pouco a mentalidade da sociedade.

Minha visão é a de que Israel constrói permanentemente um círculo vicioso, que resulta no (praticamente) inevitável uso da força de tanto em tanto tempo. Não busco aqui discutir os grupos terroristas, para quem a violência e a guerra são as únicas estratégias, algo intrínseco à sua moral 1. Todos os governos israelenses, distintamente do Hamas, dizem querer paz, mas constroem há anos, junto a grupos como o próprio Hamas, uma situação bélica da qual não conseguem sair.

É praticamente um consenso entre os judeus israelenses 2 que a Operação Margem de Proteção foi uma “guerra justa”. A prova disto foi uma pesquisa realizada pelo Instituto Israelense de Democracia, uma das mais prestigiadas instituições do país: em 20 de julho, 95% dos judeus israelenses apoiavam a operação, e apenas 4% julgavam que Israel utilizou força em excesso 3. A julgar pelas raras vozes pedindo o fim da operação mesmo após o cessar-fogo temporário, as opiniões não parecem ter mudado. O povo parece convicto de que a ação era necessária. Quando falamos de 95%, tenham em conta que nos referimos a homens e mulheres, direitistas e esquerdistas, religiosos e laicos. 95% são quase todos. (Curioso notar que a opinião pública no resto do mundo não compactua com esta visão.) É natural que, quando 65% da população escuta quase que diariamente (se não mais) sirenes anunciando que foguetes foram disparados na sua direção, ou que dezenas de túneis foram construídos, boa parte deles com o objetivo único de realizar atentados terroristas contra a população civil que habita o sul do país 4, esta cobre do governo uma atitude. Esta mesma população está disposta a arriscar as vidas de seus familiares nesta operação 5. Escutei de pessoas das mais variadas filiações políticas e religiosas, classes sociais, gêneros e idades: esta guerra é necessária. Eu consigo perfeitamente compreender este pensamento. Não posso, contudo, estar de acordo.

Assisti a diversos especialistas militares na televisão, e cada vez que os escutava, mais me convencia de que eles estão errados. Posso analisar esta guerra sob um ponto de vista moral e pragmático. Parte disso já fiz em um artigo, escrito em meados de julho. Pretendo complementá-lo, agora.

Levi Eshkol

Levi Eshkol

Israel não busca soluções não militares ao lidar com os palestinos. Tal qual a percepção de Washington Luís, ex-presidente brasileiro nos anos 1920, sobre a questão social (um caso de polícia), o entendimento dos mais distintos governos israelenses sobre os palestinos parece ser semelhante: uma questão militar. É compreensível que nos primeiros anos do Estado, os árabes palestinos fossem vistos como inimigos, a partir de uma perspectiva generalizante. Não só os palestinos, aliás, que de 1949 a 1967 estiveram sob controle egípcio ou jordaniano: os árabes cidadãos de Israel viveram sob um regime militar até 1964, quando o Primeiro Ministro Levi Eshkol (foto) decidiu remover esta política que existiu ininterruptamente durante o período no qual David Ben-Gurion chefiou o Estado. Por incrível que pareça, esta marca histórica não é a mais significativa para justificar o meu ponto.

A instabilidade pós-Guerra de 1948 resultou numa forte tensão entre Israel e suas fronteiras, sobretudo naquelas onde habitavam palestinos. Desde 1949, os refugiados palestinos cruzaram as fronteiras quase que diariamente para buscar seus pertences abandonados em suas casas, onde já viviam israelenses desde o fim da guerra. As Forças de Defesa de Israel (FDI) deixaram de fazer vista grossa a e esta “invasão” a partir do momento em que a entrada dos palestinos resultou em violência. Aos poucos, sobretudo após a subida de Gamal A. Nasser ao poder no Egito, alguns palestinos foram incentivados a realizar atentados terroristas contra israelenses, evocando a resistência palestina. Neste momento, Ben-Gurion e o exército israelense adotaram uma política conhecida como Doutrina da Retaliação 67 (פעולות תגמול), que basicamente consistia em revidar qualquer movimento hostil ao território e à população israelenses. Melhor que eu, o ex-Primeiro Ministro Ben-Gurion definiu o que era esta doutrina:

“Não temos poder para garantir que as linhas de tubulação de água não serão explodidas, ou que as árvores não serão derrubadas. Nós não temos o poder de impedir que os assassinatos de jardineiros, ou de famílias inteiras enquanto dormem, mas temos o poder de definir um preço elevado para o nosso sangue, um preço que seria muito alto para as comunidades árabes, os exércitos árabes e os governos árabes para suportar”. 8Naquele momento, não havia problema em classificar estes atos como casos de vingança 9 (como o fez de forma crítica o ministro Moshe Sharett). Um leitor mais atento, encontrará citações de Ariel Sharon (então um importante coronel das FDI) ou de Moshe Dayan realçando esta mirada.

David Ben-Gurion

David Ben-Gurion

É compreensível (não necessariamente justificável) que naquele momento as FDI se vissem obrigadas a demonstrar força. O país estava em formação, o orçamento do governo era limitadíssimo (Israel era um país pobre), dezenas de milhares de imigrantes chegavam todos os anos e todos os países fronteiriços (e outros um pouco mais distantes) eram inimigos. Antes de 1967, Israel não era uma potência militar na região, apesar da heróica vitória na guerra de 1948. Havia uma preocupação real, tanto do governo quanto do exército, em relação à possível destruição do novo Estado recém-criado, caso houvesse uma guerra com os países vizinhos. Esta doutrina surgiu neste contexto: mostrar força, por mais que custe vidas. Que os inimigos não pensem que seus ataques serão em vão. Que não ousem atacar Israel, pois perderão em dobro. Que os cidadãos israelenses possam sentir-se mais seguros, pois alguém responderá quando houver a possibilidade de ataque a suas cidades.

Onde eu pretendo chegar, o leitor deve estar se perguntando? É evidente que as FDI de hoje, temidas, poderosas e superequipadas, não necessitam destas atividades. Elas podem agir de forma mais ética que o terrorista, e buscar atingir somente os responsáveis pelas ações (embora isto quase nunca seja possível). O ponto fundamental, no entanto, não é sobre as práticas militares, mas sim sobre a forma como a política do governo se mescla com as ações militares. Israel de hoje, mesmo após alcançar tratados de paz com alguns países muçulmanos (algo impensável nos anos 1950/60), segue buscando soluções militares visando a “segurança dos seus cidadãos”. crêem que a destruição da casa do terrorista, ou o ataque à estrutura militar do Hamas, possa realmente solucionar a raiz de nossos problemas e trazer segurança aos cidadãos israelenses. Este pensamento é tão errado, que impressiona que tanta gente acredite nisso.

Confesso que me causa náuseas escutar discursos do Primeiro Ministro Biniamin Netanyahu, dos ministros Avigdor Liebermann ou Naftali Bennet, afirmando que o Hamas recebe um golpe forte, ou que é necessário seguir com a operação para garantir a segurança dos cidadãos israelenses, e outras coisas mais. Apesar do apelo popular, estes sujeitos não são militares, e são votados para usar a cabeça, não a força. Não me impressiona nem me incomoda que um porta-voz das FDI 10 justifique seus feitos militares: isso é o exército. Não me impressionou tanto que um general da reserva tenha dito em canal aberto de TV, que a morte acidental de quatro crianças na praia em Gaza seja um evento muito mais midiático do que trágico. Militares são treinados para resolver os problemas desta forma: usando a força. Políticos são eleitos para comandar o país, não só o exército. Se observarmos que em menos de seis anos estamos na terceira operação em Gaza, com a triste constatação de que os terroristas têm cada vez mais armas, são cada vez mais fortes e cada vez nos dão mais trabalho, chego à conclusão de que os políticos israelenses não sabem agir no seu próprio campo, e recorrem ao exército equivocadamente.

Túnel descoberto na Faixa de Gaza

Túnel descoberto na Faixa de Gaza

Alego que Israel, mesmo sem querer, provoca situações nas quais as ações terroristas contra si serão consequência óbvia (não disse legítima) de um grupo como o Hamas. Em julho de 2014, com mais de 50 túneis construídos, mais de 9 mil foguetes nas mãos de terroristas, e um bloqueio em Gaza que põe o governo do Hamas em uma situação de desespero, era de se esperar que o governo se visse obrigado a uma ação militar. Mas eu gostaria de lembrá-lo, caro leitor, que esta é a terceira ação militar em seis anos. Ou seja, o que fizeram os governos Netanyahu neste período? Respondo: criaram um ambiente de guerra.

Como? A resposta está na cara de todos nós: há duas lideranças palestinas, uma moderada, na Cisjordânia (que nos reconhece e coopera conosco), e uma radical (que não nos reconhece e nos ataca), em Gaza. Como age Netanyahu em relação primeira? Dificulta o acordo e constrói incessantemente colônias nos seus territórios. São limitados até mesmo internamente, com barreiras. Enquanto isso, em Gaza, apesar do bloqueio, a ajuda humanitária chega aos montes. Os palestinos de lá, apesar das restrições, não convivem nem com barreiras internas, nem com colônias sendo construídas: ao contrário, têm o direito de ir e vir (dentro de Gaza), e não vêem interferência no seu dia-a-dia de nenhuma força externa. O Hamas vende seu peixe muito bem: sua narrativa é a de que eles, e só eles, são a resistência, e graças a isso não há em Gaza nenhum sionista ocupador. Sempre que se assina um cessar-fogo, angariam mais liberdades. Em eventuais conflitos, as mortes lhes favorecem, pois quem aperta o gatilho das armas que matam os palestinos não são eles, por mais que Israel lhes tente passar a responsabilidade. O ódio palestino é contra as FDI, o Hamas não tem aviões, nem tanques, nem exército. Parafraseando o escritor Amos Oz, quando morrem israelenses, bom para o Hamas 11. Quando morrem palestinos, bom para o Hamas. Ou seja: a guerra é ruim para Israel, ruim para os palestinos, mas boa para os terroristas. Não é de se estranhar que na última pesquisa feita em 2012, o Hamas alcançasse o primeiro lugar em eventuais eleições  12.

Mas a mentalidade militar segue dominando as ações dos políticos. Parecem viciados em retaliar, mostrar força, justificar a expressão “tranquilidade será respondida com tranquilidade”. Aquele que conversa recebe em troca assentamentos. Aquele que nos ataca recebe direitos. Qual a lógica nisso? Israel premia os terroristas, e pune os moderados. O governo insiste em pormenores em negociações com os moderados, enquanto os radicais se armam. E quando os moderados se juntam aos terroristas, formam um governo de união e afirmam desejar negociar, punimos os dois. Enquanto isso a situação piora. Parece que aqui a força bruta consegue vencer a inteligência.

Notes:

  1. Para quem ainda duvida, assista a reportagem feita pela TV Record em português sobre o Hamas aqui.
  2. Aproximadamente 77% da população. Não tenho informação para analisar a postura dos árabes-israelenses, e tampouco me proponho a isso. Teria que escrever outro artigo.
  3. http://en.idi.org.il/about-idi/news-and-updates/july-2014-peace-index/.
  4. Além dos foguetes e túneis, três atentados terroristas foram realizados na região metropolitana de Jerusalém: um a facadas, outro a tiros, e o terceiro com um trator que derrubou um ônibus e causou uma morte, fora a do terrorista
  5. Mais de 80 mil reservistas foram convocados, e somaram-se aos mais de 176 mil que estão na ativa. Somados, chegam a mais de 3% da sociedade israelense.
  6. Para quem lê hebraico, clique aqui para ter acesso à uma longa lista de atividades de represália das FDI, no próprio site dos paraquedistas
  7. Para quem lê inglês, recomendo a obra de Benny Morris (1993) Israel’s Border Wars, 1949 – 1956. Arab Infiltration, Israeli Retaliation, and the Countdown to the Suez War. Oxford University Press.
  8. Tradução minha. Retirado do wikipedia, a partir da citação da obra:  ALLON, Yigal (1970) Shield of David. The Story of Israel’s Armed Forces. Weidenfield and Nicolson. SBN 297 00133 7. Page 235. Allon attributes a identical quote to Moshe Dayan, Israel’s Chief of Staff.
  9. Interessante notar que a destruição da casa do terrorista era uma medida tomada naquela época, que segue em curso até os dias de hoje
  10. Ou o próprio Ministro da Defesa, Moshe Ya’alon, ex-Chefe das Forças Armadas, que foi criado nesse meio toda a vida. É importante lembrar, no entanto, que o tão criticado pela falta de experiência militar Amir Peretz, quando era Ministro da Defesa, foi o responsável por liberar a verba para o projeto do tão elogiado Domo de Ferro. Peretz foi prefeito da cidade de Sderot, na fronteira com Gaza, famosa pelos ataques de foguetes desde 2002. Não é curioso que a arma mais valiosa do país foi desenvolvida justamente quando um civil executou funções ligadas à defesa?
  11. Leia aqui a entrevista com Amos Oz realizada no dia 5 de agosto
  12. Veja aqui
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