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Shabat shalom,a todos

Neste post, quero falar sobre da palavra Anussim, a palavra Anussim significa forçados, nos da diretoria Fisba ,rejeitamos se chamados de Anussim ,pois não sentido em ser chamado de Anussim,a Fisba não e um grupo e uma instituição que busca os descendentes de judeus na inquisição e acredita na restauração da comunidade judaica de origens ibérica ,entendemos que judeu e quem pratica judaísmo e vive como judeu de forma pratica,mesmo que para isto necessitamos de alguém que de testemunho que somos judeus,para isto temos nossos mestres e Rabinos é beit din.

Por este motivo não permitimos nomes em listas de comunidades Anussitas, não reconhecemos autoridade de nem um grupo nacional nem internacional, para tal qualificação.
Visto que existem descendentes dos forçados para quem temos o privilégio de ajudar, ninguém e, mas forçado a dana, volta ao judaísmo quem quer...todos somos dono do nosso presente e podemos ter um futuro melhor.

Somos judeus sefaraditas apenas judeus, mas nada.
Att Mordechai more

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Um seder para os nossos dias Por Moacyr Scliar

 

HAGADÁ de MOACYR SCLIAR z”l
Esta mesa em torno à qual nos reunimos, esta mesa com as matzót e com as ervas amargas, esta mesa de Pessach com sua toalha imaculada, esta mesa não é uma mesa: é mágica embarcação com a qual navegamos pelas brumas do passado, em busca das memórias de nosso povo.

A esta mesa sentemo-nos, pois.

Somos muitos, nesta noite.

Somos os que estão e os que já foram: somos os pais e os filhos, e somos também os nossos antepassados. Somos um povo inteiro, em torno a esta mesa. Aqui estamos, para celebrar, aqui estamos para dar testemunho.

Dar testemunho é a missão maior do judaísmo. Dar testemunho é distinguir entre a luz e as trevas, entre o justo e o injusto. É relembrar os tempos que passaram para que deles se extraia o presente a sua lição.

Hagadá Alemanha 1795

Hagadá Alemanha 1795

Olhemos, pois, a matzá que está sobre a mesa. Este é o pão da pobreza que comeram os nossos antepassados na terra do Egito. Quem tiver fome – e muitos são os que têm fome, neste mundo em que vivemos – que venha e coma. Quem estiver necessitado – e muitos são os que amargam necessidades, neste mundo em que vivemos – que venha e celebre conosco o Pessach.

É o legado ético de nosso povo, a mensagem contida neste simples alimento, neste pão ázimo que sustentou no deserto, e o que o vem sustentando ao longo das gerações. É preciso ser justo e solidário, é preciso amparar o fraco e ajudar o desvalido.

Deserto no Egito

Deserto no Egito

O deserto que hoje temos de atravessar não é uma extensão de areia estéril, calcinada pelo sol implacável. É o deserto da desconfiança, da hostilidade, da alienação de seres humanos.

Para esta travessia temos de nos munir das reservas morais que o judaísmo acumulou, das poucas e simples verdades que constituem a sabedoria do povo. Ama teu próximo como a ti mesmo. Reparte com ele teu pão. Convida-o para tua mesa. Ajuda-o a atravessar o deserto de sua existência.

Tu me perguntas, meu filho, porque é diferente esta noite de todas as noites[1]. Porque todas as noites comemos chamets e matzá, e esta noite somente matzá. Porque todas as noites comemos verduras diversas, e esta noite somente maror. Porque molhamos os alimentos duas vezes. Porque comemos reclinados.

Hagadá de Hamburgo em 1741 - as mesmas perguntas

Hagadá de Hamburgo em 1741 - as mesmas perguntas

Eu te agradeço, meu filho. Agradeço-te por perguntares. Porque, se me perguntas, não posso esquecer: se indagas, não posso ficar calado. Por tua voz inocente, meu filho, fala a nossa consciência. Tua voz me conduz à verdade.

Por que esta noite é diferente de todas as noites, meu filhos? Porque esta noite lembramos. Lembramos os que foram escravos no Egito, aqueles sobre cujo dorso estalava o látego do Faraó.

Lembramos a fome, o cansaço, o suor, o sangue, as lágrimas. Lembramos o desamparo dos oprimidos diante da arrogância dos poderoso.

Lembramos com alívio: é o passado. Lembramos com tristeza: é o presente. Ainda existem Faraós. Ainda existem escravos.

Os Faraós modernos já não constróem pirâmides, mas sim estruturas de poder e impérios financeiros. Os Faraós modernos já não usam apenas o látego: submetem corações e mentes mediante técnicas sofisticadas.

Faraós modernos

Faraós modernos

Seus escravos se contam aos milhões, neste mundo em que vivemos. São os negros privados de seus direitos, na África do Sul; os poetas que, em Cuba, não podem publicar seus versos; os imigrantes a quem, na Europa, está reversado o trabalho pesa e a hostilidade dos grupos fascistas; os refuseniks soviéticos que clamam por sua identidade; as mulheres e os jovens fanatizados pelo regime do Aiatolá, os prisioneiros políticos do Chile, os famélicos do Sahel e do nordeste brasileiro, as populações indígenas lentamente exterminadas em tantos lugares; os operários explorados e os camponeses sem terra.

Para estes, ainda não chegou o dia da travessia. Estes ainda não encontraram a sua Terra Prometida. Para eles, a vida ainda é amarga como o maror. É a eles também que lembramos nesta noite, meu filho. Com eles repartirmos, em imaginação, o nosso pedaço de matzá.

Não sejas como o ingênuo, que ignora os dramas de seu mundo. Não sejas como o perverso, que os conhece, mas nada faz para mudar a situação. Pergunta, meu filho, pergunta tudo o que queres saber – a dúvida é o caminho para o conhecimento.

Hagadá de Bordeaux, 1813.

Hagadá de Bordeaux, 1813.

Mas quando te tornares sábio, procura usar a tua sabedoria em benefício dos outros. Reparte-a, como hoje repartirmos nossa matzá.

Segue o conselho de nossos sábios, e lembra a saída do Egito, não só na noite de Pessach, mas todos os dias de tua vida. Falemos deste povo, então.

Falemos dos judeus: pequeno grupo humano que viria a desempenhar um grande papel na história da humanidade. Um povo inquieto. Um povo que não buscava o repouso, nem para si, nem para os outros povos.

Há cerca de 4000 anos a trajetória deste povo teve início - quando Abraão deixou o seu lugar de origem, na região entre o Tigre e o Eufrates, para ir a Canaan. Pois disse-lhe o Senhor: “Sai de tua terra, e da terra de tua gente, e da casa de teu pai, e vem para a terra que eu te mostrarei; Eu farei de ti uma grande nação, e te abençoarei, e farei grande teu nome;e serás uma benção; E eu abençoarei quem te abençoar, e amaldiçoarei quem te amaldiçoar; e em ti serão todos os povos da terra abençoados.” (Gênesis 12, 1-3)

Mas não cessou com a chegada a Cannan e peregrinação judaica. Povo nômade, os hebreus deslocavam-se constantemente. E por isso não construíram grandes cidades, nem monumentos comparáveis às pirâmides. O que os hebreus levavam consigo, em suas migrações, era a sua tradição, era a palavra do Senhor, da qual eram guardiães; a palavra que deu origem ao livro sagrado, a Bíblia, seu grande legado para a humanidade [2].

Torá - o Pentateuco

Torá - o Pentateuco

De Abraão nasceu Isaac, de Isaac Jacob, e de Jacob, José e seus irmãos. José, o vidente; José, que se tornou vizir do Faraó. Com José foram Ter seus ingratos irmãos, quando a fome assaltou as terras de Canaan. Na terra de Goshen foram viver, e ali se multiplicaram como as estrelas no céu e os grãos de areia das praias do mar.

Mas então nuvens negras surgem neste céu tranqüilo. Um novo Faraó reina no Egito; ele teme que os filhos de Israel, agora numerosos, se rebelem contra ele. E decreta: toda criança judia, de sexo masculino, deve ser morta ao nascer.

Mas um menino escapa. O destino poupa-o para ser o libertador de seu povo: é Moisés, que a filha do Faraó salva das águas para dele fazer um príncipe. Moisés, Príncipe do Egito, Moisés, poderoso entre os poderosos.

Há um instante na vida de cada homem em que ele se vê diante de seu destino. Um instante em que lhe é dado fazer a escolha transcendente, a escolha que será o divisor de águas de sua existência. Este instante chegou para Moisés.

Diante do feitor que espancava cruelmente o escravo judeu, ele não hesitou: tomou o lado do fraco contra o forte, do oprimido contra o opressor. Jogou sua sorte com a sorte pobre, desprotegido povo. E então que D’us lhe fala. Não antes do gesto de coragem, mas depois: é como se a divindade só se pudesse revelar depois que Moisés descobriu a si mesmo.

Este é o deus de Abraão, o Deus de Isaac, o deus de Jacob; o D’us que fala da sarça ardente, como a indicar que é preciso manter viva a chama da fé e da dignidade. Este D’us estende Sua mão para Moisés, e acena-lhe com a promessa que desde então tem animado a todos os povos: terra e liberdade, liberdade e terra. A doce liberdade, a fértil terra da qual fluiria o leite e o mel.

Deixe Meu Povo Sair!

Deixe Meu Povo Sair!

E então, acompanhado de Arão, que por ele falava, Moisés foi ter com o Faraó e disse: Deixa meu povo sair. Deixa meu povo sair.

Era a primeira vez que ecoava esta frase no reduto do poder, mas não seria a última. Nas masmorras dos romanos: deixa meu povo sair. Nos guetos medievais: deixa meu povo sair. Nas aldeias ameaçadas pelos pogroms: deixa meu povo sair. Na Alemanha nazista: deixa meu povo sair. Na Rússia, na Síria, na Etiópia: deixa meu povo sair.

Este apelo desesperado não encontra eco. A insensibilidade dos poderosos torna-os surdos e cegos. O sofrimento dos oprimidos clama aos céus. E os céus respondem com fúria. Mas a divindade poupa a seu povo o ódio. Minha é a vingança, diz o Senhor. Só Deus pode dosar o castigo do ímpio, de maneira a não pagar ingustiça com injustiça São as forças da natureza que Adonai mobiliza para punir os pecadores; como a sugerir a própria natureza se revolta contra a iniqüidade E vêm as pragas.

As 10 Pragas - Veneza, 1629

As 10 Pragas - Veneza, 1629

As águas se transformam em sangue. Feras atacam os homens. Gafanhotos devoram as colheitas. Pestilências ceifam vidas. O granizo cai sobre as plantações. As trevas reinam sobre a Terra.

Castigos terríveis, mas que nos soam estranhamente familiares. Pois hoje, como ontem, seres humanos fazem da natureza palco de luta contra outros seres humanos. A casa do homem é uma casa dividida. Punhos se erguem ameaçadores, vozes bradam iradas. A ganância e a especulação sobrepujam a solidariedade e a compensação.

E de novo as pragas nos ameaçam. As águas já não se transformam em sangue, mas nos rios poluídos e nos mares envenenados os peixes bóiam mortos.

As pragas que devoravam as colheitas foram repelidas, mas ficam nos frutos da terra os resíduos dos venenos usados. Indiscriminadamente.

As feras que os homens temiam hoje são pobres criaturas em extinção. Mas o tigre com dentes atômicos faz ouvir o seu rugido, os submarinos nucleares percorrem os mares como sinistros Leviatãs.

Enquanto enormes contingentes humanos vegetam na mais espantosa miséria, há nas metrópoles uma minoria que busca no consumismo desenfreado, no álcool e na droga, a satisfação que jamais encontra.

Nova York 11/09/2001

Nova York 11/09/2001

As trevas reinam sobre a Terra, mas não são as trevas resultantes de um sol eclipsado; são, isto sim, as trevas do obscurantismo, que alimenta o fanatismo e arma o braço do terrorista.

As pestilências de outrora deram lugar às doenças da civilização, igualmente mortíferas; e de outra parte, se perpetuam entre aqueles que não têm acesso às conquistas da medicina.

Dir-se-ia que os homens não aprendem. Que a escalada do erro – e do castigo – não tem fim. A paciência do Senhor chega a seu término. Decide dar ao faraó a prova definitiva de Seu poder: os primogênitos serão exterminados. Mas pelas portas das casas judaicas, untadas com o sangue do animal sacrificado, a ira do Senhor passará sem se deter É a Páscoa: a passagem.

Mais uma vez Deus avoca a si o castigo. Pois somente a um desígnio insondável tão espantosa punição pode ser atribuída. E o Faraó cede. Por fim, o Faraó cede. Podeis partir, ele diz a Moisés e Arão. E os judeus partem.

Às pressas: o pão que levam sequer pode fermentar. É da matzá que eles agora comerão. E há razão para a pressa. Os poderosos não costumam honrar compromissos.

O Mar Vermelho se abre...

O Mar Vermelho se abre...

Promessas são esquecidas, tratados são rasgados. E os exércitos do Faraó vão no encalço dos fugitivos, surpreendem-nos às margens do Mar Vermelho. Mais uma vez Deus protege seu povo. Mais uma vez um prodígio da natureza dá testemunho da aliança sagrada. As águas do mar se abrem diante dos hebreus e se fecham sobre as armadas do Faraó. É o castigo definitivo.

É um castigo, mas não é um ato de ódio. Pois, conta o Talmud, depois que os judeus atravessaram o Mar Vermelho, entoaram um hino de agradecimento ao senhor - que Ele recusou dizendo: “Não cantareis enquanto meus outros filhos se afogam”.

A violência? Sim, é permitida, como resposta à violência. Mas não é permitido a ninguém alegrar-se na violência. Ao fim e ao cabo, somos todos irmãos. Mesmo quando um destino trágico nos coloca face a face, armas na mão. Uma lição que vale para o Oriente Médio de nossos dias.

Esta é a narrativa do Êxodo. Dela, o que é lenda? O que é História? Impossível saber. Na poeira do tempo confunde-se fantasia e realidade, fato e imaginação. Não importa, porém. Não é o fato histórico que conta, mas sim a lição que dele se extrai.

Hagadá Barcelona, Séc. XV

Hagadá Barcelona, Séc. XV

Como diz o Seder: “Em toda geração deve o homem considerar como se tivesse saído do Egito”. Neste, como está sintetizada toda a gama de possibilidades que a tradição, mais que o frio relato dos acontecimentos, proporciona aos seres humanos.

A possibilidade de evocarmos, por uma noite que seja, o terror da escravidão. A possibilidade de vivermos, por uma noite que seja, a glória da libertação.

Como se é suficiente. Uma noite é suficiente. Foi numa noite que Jacob lutou contra o anjo, e, vencendo-o, tornou-se Israel, legando-nos esta lição: que um povo tem de lutar por sua identidade, ainda que desafiando os mensageiros do Senhor. Foi numa noite que Daniel foi salvo da cova dos leões, mostrando que o justo nada tem a temer, nem mesmo as feras selvagens. Foi numa noite que o perverso Haman foi condenado e o povo judeu foi salvo. Porque a justiça brilha na escuridão da noite como a luz do dia.

Sentem-nos, pois, em torno à mesa nesta noite, e tomemos o vinho de Pessach, doce como a liberdade. E falemos da doçura de ser livres; falemos principalmente aos jovens. Sigamos o que diz o nosso Seder: “contarás a teu filho”. Porque a mensagem de Pessach é dirigida sobretudo às crianças e aos jovens. Como sentinelas na noite, temos de velar por eles, velar para que recebam a mensagem de liberdade. Pessach é a festa das gerações. É a festa em que os pais falam a seus filhos. E é por isso que a festa do Pessach é celebrada em família. Não num templo, mas em casa.

Tradição de geração em geração

Tradição de geração em geração

Em torno a uma mesa, de modo que as pessoas se possam olhar, de modo que o filho possa ouvir do pai o simples, eloqüente relato. A saga de um pequeno povo de incultos nômades que ensinou a um poderoso império uma lição de justiça e de dignidade.

Esta é a lição que os judeus vem repetindo ao longo de muitos e muitos séculos. Nos dias esplendorosos do Templo de Jerusalém e nos amargos tempos da dispersão.

No Galut e agora, em Israel. Os prodígios da saída do Egito ficaram reverberando pelos séculos afora. Pois tantos foram, e tão notáveis, que evocá-los leva-nos ao limite do suportável: daienu, diz o Seder: bastar-nos-ia.

Se nos tirasse do Egito e não os justificasse, bastar-nos-ia. Se não abrisse o mar, se não nos desse o maná, se não nos desse o Sábado,se não nos desse a Torá – bastar-nos-ia. O primeiro agradecimento ao Senhor é pela liberdade: se nos tirasse do Egito, bastar-nos-ia. Todo o resto é conseqüência. O maná, a Lei, a Terra prometida, tudo é decorrência da libertação do povo.

Seder no Gueto

Seder no Gueto

Falemos da luta pela liberdade. Falemos do gueto de Varsóvia. No começo da Segunda Guerra, Varsóvia era um centro judaico de primeira grandeza, célebre por suas ieshivot, seu teatro ídiche, seus centros culturais, seus artistas e escritores. Mas então veio a invasão nazista, e com ela a fria deliberação de transformar a cidade num portal para o inferno.

Quase meio milhão de pessoas foram confinadas na minúscula área do gueto, cercado e isolado. Logo a fome, a falta de higiene, as doenças começaram a fazer suas vítimas.

Destruição do Gueto de Varsóvia
Destruição do Gueto de Varsóvia

A um ritmo que não era satisfatório para os nazis: em julho de 1942 começaram as deportações para os campos de Treblinka, Auschwitz, Maidanek e Belsen.

Foi então que as organizações juvenis adotaram uma decisão: a de resistir até o fim.

Armas e munição começaram a ser contrabandeadas para o gueto… Na madrugada de 19 de abril de 1943 um tiro ecoou na rua Nalewki. Era o sinal para a rebelião, que oporia 40.000 remanescentes da população judaica, lutadores famintos e mal armados, contra a poderosa máquina de guerra nazista. Durante semanas os combatentes resistiram. O comandante do levante, Mordechai Anielewicz e seus companheiros, morreram lutando no quartel-general da Rua Mila, 18. Ninguém se rendeu.

Warsaw Ghetto Uprising, Warsaw, Poland Monumento aos Combatentes do Gueto – Varsóvia

Não podemos falar em liberdade sem falar no Gueto de Varsóvia. Não podemos falar em liberdade enquanto outros guetos existirem em nosso mundo.

Agora, meu filho, vamos colocar vinho neste copo, e vamos abrir a porta. Perguntas se estamos esperando alguém. Sim, esperamos alguém. Esperamos Eliahu Hanavi, o Profeta Elias, o precursor do Messias. É um hóspede ilustre, aguardado há ‘séculos. Até hoje não veio, e não é certo que nos visite esta noite. Não tem importância. O importante é que nossa porta esteja aberta. Para o profeta ou para o nosso vizinho; para o Messias ou para o pobre que nos vem pedir um pouco de comida.

Que espiem, os de fora, por estar a porta aberta. Que vejam uma família reunida em torno à mesa, celebrando. Que constatem: eles nada têm a esconder. Eles não praticam rituais secretos, eles não são uma seita misteriosa.

Coexistência é Paz

Coexistência é Paz

São gente como a gente. Os cristãos, os judeus, os muçulmanos, os budistas, somos todos iguais. Nossas festas têm nomes diferentes, ocorrem em datas diferentes, mas no fundo, une-nos a alegria da celebração.

Eu sei, meu filho, que nem todos pensam assim. E é por isso que a porta precisa ficar aberta. Para que o profeta Elias venha, anunciando a paz entre os povos.

A travessia do Mar Vermelho não pôs fim aos infortúnios do povo judeu. Muito teriam eles de vagar, ainda, na desolação do deserto. Foi uma dura prova, a que nem sempre resistiram. Quando mais forte se tornou o assédio da fome e a sede, foram queixar-se a Moisés: tu nos trouxeste ao deserto, disseram, para que aqui morramos à míngua. E em seu desespero, chegavam a lembrar com saudade os tempos do Egito: éramos escravos, mas tínhamos o que comer.

Como Esaú, estavam dispostos a trocar sua dignidade por um prato de comida. Deus não os castigou. Ao contrário: deu-lhes o manjar do céu. O Maná, e as tábuas da lei. Nesta ordem: o alimento e depois o mandamento. A nutrição para o corpo, seguida do dever espiritual.

E esta é mais uma lição que o judaísmo, na sua sóbria e milenar sabedoria, nos transmite: não se pode exigir deveres morais de quem tem fome.

Crianças do Gueto

Crianças do Gueto

Os direitos humanos começam pelo simples, e pelo elementar. Os direitos do homem começam por um pedaço de pão, ázimo ou não.

Vejo, meu filho, que encontras o afikoman que escondi [3]. Muito bem, tens direito a uma recompensa. O que queres? É uma história, que queres? Muito bem.

Deixa que te conte então uma história muito curta. É a história de um homem e de sua mala. O homem já não vive; a mala, que eu saiba, já não existe. Mas a mala estava com a família desse homem há muitas gerações. Nesta mala ele colocou todas suas coisas quando, jovem ainda, deixou sua casa, numa aldeia da Rússia czarista, e foi para a Polônia, onde esperava viver. Lá ficou alguns anos, até que teve de fugir de novo, por causa da ameaça de bandos anti-semitas. Pegou a mala e foi para a Alemanha, a civilizada Alemanha, pensando encontrar a paz. Mas o ano era 1939…

Passagem para a América

Passagem para a América

Conseguiu fugir para o Brasil, sempre com sua mala. Trabalhou duro, no comércio; conseguiu juntar alguma coisa e já estava até esquecendo as privações que passara quando, por ocasião dos distúrbios de rua que se seguiram ao suicídio de Getúlio Vargas, sua loja foi depredada.

Ficou tão assustado, que decidiu: daí em diante, nunca mais desmanchou a mala. Estava sempre pronto para partir, a qualquer hora do dia e da noite.

Várias vezes pensou que o momento tinha chegado: quando Jânio renunciou, em 1961; quando houve o golpe militar, em 1964, e os policiais prenderam os filhos de seu vizinho. Não chegou a ser necessário.

Aparentemente, ele era considerado um homenzinho inofensivo; ninguém se preocupava com ele. No entanto, continuava preparado. Para o Êxodo. Como seus antepassados no Egito, que constantemente evocava.

Uma noite um ladrão entrou na casa e roubou-lhe a mala. E de repente, ele se deu conta: já não podia mais fugir. E assim ficou. Até que uma noite o Anjo da Morte veio chamá-lo; e as pessoas que estavam a seu lado, no quarto do hospital, ouviram-no murmurar baixinho: Eu não fugi. Eu estou aqui.

Mesa do Seder

Mesa do Seder

Nós estamos aqui. E podemos saborear em paz nosso manjar, nosso afikoman. Nós o merecemos, como tudo mereceste.

Tu, porque o encontraste; nós, porque nos encontramos.

Chag Sameach [4] , meu filho.

Notas:

[1] O autor faz referência à música “ma nishtaná”, que o mais jovem presente deve cantar no jantar de pessach, na qual ela pergunta porque naquela noite não se come nada fermentado, se comem ervas amargas, se molha a comida em salmoura e se deve recostar as costas nas cadeiras.

[2] Diz-se que o bem mais precioso para um judeu é o estudo, pois possivelmente não poderá levar nada além de sua própria cabeça consigo quando precisar fugir na próxima onda de antissemitismo.

[3] Espécie de gincana, para manter as crianças mais novas acordadas e atentas até o fim da cerimônia. São premiadas as crianças que, ao final da cerimônia, encontrarem um pedaço de matzá  (afikoman) que foi escondido pelo anfitrião.

[4] “Felizes Festas”.


 
Moacyr Scliar z'l

Moacyr Scliar z'l

Moacyr Scliar z”L foi membro dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA e da Academia Brasileira de Letras. Faleceu em 2011, deixando-nos uma vasta obra, riquíssima em mensagens de brasilidade, judaísmo, liberdade e humanismo.

Esta Hagadá - narrativa da História do Êxodo para ser lida em família no Pessach - foi escrita por Moacyr Scliar em março de 1988, sob a atmosfera pesada da ditadura militar.

Foi publicada em março de 1988 pela antiga Revista Shalom dirigida por Patrícia Finzi.

É parte do legado humanista e imortal que Moacyr deixou para as futuras gerações.

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Programa de  Conversão /Retornos de Los Caminos de Israel /Curriculum

Descrição Cursos

001 Comparativo Judaísmo 1
Este curso compara a validade do judaísmo ortodoxo com outras religiões do mundo, com foco no cristianismo e islamismo

002 Comparativo Judaísmo 11
Este curso compara ortodoxos sefarditas e ashkenazi Judaísmo ao movimento conservador e Reforma, como poços como a outros movimentos ortodoxos.

10 Fundações do judaísmo
Este Curso discute os 13 artigos de fé, como explicado por Maimônides

011 Princípios do Judaísmo
Este Curso, geralmente discute o modo judaico com base em suas leis, rituais, tradições, costumes e cultura

012 Tenaj I
Este curso discute a lei escrita e oral (Gênesis, Êxodo, Levítico, Número e Deuteronômio) e Leis Oral, e sua relevância para o Guemara e Talmud).

013 Tenaj II
O curso discute os profetas, os Escritos Sagrados, como Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias e Crônicas I e II.

020 Breve História do Povo Judeu
Este curso descreve o significado histórico de grandes eventos que moldaram a história do povo judeu desde o início até os tempos atuais.

022 O calendário judaico
Este curso explica os componentes do calendário judaico e compara com o Julian e calendário islâmico.

023 Introduções para o idioma hebraico
Este curso prepara o aluno a falar, ler, escrever e compreender o idioma hebraico a partir da perspectiva religiosa; transliteração fonética será explicado, bem como os dialetos de ladino eo iídiche.
 
025 Kashrut
Este curso explica as leis referentes a Kashrut

(Descrição do Curso e do Programa é © 2011-2021 pela LCDI)

Shabbat 027
Este curso explica as leis relativas ao Shabat de sexta-feira à noite até Havdala e pertinentes sobre os 39 tipos proibitivos de trabalho no Shabat.

029 Yom Tov
Este curso explica os feriados várias maior e menor e seus rituais, suas leis

031 Bênçãos I
Este curso explica as várias bênçãos para a lavagem das mãos, antes e depois de bênçãos depois de cada comida, e as suas leis

032 Bênçãos II
O curso descreve as várias bênçãos relacionadas a diferentes eventos ou situações.

035 Orações I
Este curso explica várias orações das horas despertar pela manhã, incluindo Shachrit, Minchá, e Arbit (Ma'ariv), e as orações finais antes de ir dormir.

036 Orações II
Este curso explica a ordem e as orações dos vários feriados Alta: Rosh Hashannah, Yom Kippur, Sucot, e feriados Minor

038 Orações III
Este curso irá explicar os usos de vários Salmos como orações em favor de diversas situações e eventos. Curso irá rever as leis de Bikur Cholim (visita aos doentes)

040 Casamento e Leis da Família
O Curso explica as várias leis relativas ao casamento e à família, incluindo Nida

043 Leis específicas para Homem
Este curso aborda as leis relativas às responsabilidades dos homens, como colocar em Tallit, tefilin, e Tzitzits.

044 leis específicas para Mulher
O Curso de discutir a legislação relativa às áreas de mulheres, as leis e as responsabilidades das mulheres, tais como orações, como contar os dias limpa, as leis de modéstia.

050 Processo de Conversão
Essa classe é o curso capstone de todo o programa, que inclui uma visão geral e revisão de todos os termos e conceitos, bem como explicação do que terá lugar durante a avaliação por um Beit Din.
 
 (Descrição do Curso e do Programa é © 2011-2021 pela LCDI)11419590853?profile=original

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guemilut chassadim

 

Nosso projeto, é pratica de guemilut chassadim,  o judaísmo ensina que o homem é o único ser, que possui livre arbítrio, e que pode, de forma consciente, beneficiar seus semelhantes, praticando atos de bondade, e isso é  guemilut chassadim. A Torá e nossos sábios ensinam que a bondade, a generosidade, a ética e a responsabilidade coletiva constituem parte integral dos mandamentos Divinos transmitidos para o povo judeu no deserto do Sinai. O mandamento de guemilut chassadim vai além da prática da tzedaká inclui emprestar dinheiro ou objetos, ser hospitaleiro, visitar e confortar os doentes, dar roupas a quem o necessita, auxiliar e alegrar noivas e noivos, enterrar os mortos, consolar os enlutados e promover a paz entre pessoas, qualquer ato de bondade que é feito a outro.

Quando falo em  dignidade, falo em desenvolvimento social e cultural ,mesa farta, aluguel , água ,luz em dia , filhos em boa escola, Sinagogas bem ornamentadas, é a dignidade que os sefaraditas tinham antes da conversão pela Inquisição, mas agora no momento nos sefaraditas  anussitas somos  considerados os pobres da comunidade, que se a chegarmos a eles estamos em busca de dinheiro e status, nos acusam que não queremos religião mas sim usufruir dos benefícios da  comunidade dita oficial,  e estamos a margem do judaísmo, nem dentro nem fora.

Nosso Projeto

Vivendo tudo isso e mais um pouco, lutando acreditando muitas vezes em pessoas erradas que fariam o retorno ou a conversão deparando com valores absurdos, me vendo a mim e mais pessoas com o mesmo desejo de sair da margem do judaísmo,ou seja  viver um judaísmo pleno, mas encontrando muitas dificuldades como muitos vivem ,  pensei comigo preciso arrumar uma solução pra mim e para mais pessoas que tinham o mesmo desejo de retornar ao judaísmo.

Acredito que veio de Hashem este projeto maravilhoso aonde visa dar dignidade e uma vida tranqüila de milhares de anussitas, pois a estimativa  no Brasil são de 35 milhões de descendentes judeus.

Muitos falam que sou audacioso, quem você pensa que é que eu só quero ganhar dinheiro, que sou messiânico, e por ai vai, pessoas que falam mal de mim, que nunca me viram, nunca falaram comigo, muitas dizem que conviveram comigo, mas  poucos sabem da minha vida, o que eu faço, ou deixo de fazer,mas digo que pouco me importo com estas pessoas  sou diferente sou audacioso mesmo, sonho grande, penso grande, penso no próximo, como muitos não pensam,  só querem mudar as sua próprias vidas, acredito eu que isso é uma estratégia daqueles que são contra o retorno dos anussim  de jogar uns contra  outros, já observei também que todo  rabino que abraça a nossa causa é difamado, caluniado, até os próprios anussim rejeitam as mãos que lhe foi estendida, é hora de pensarmos quem esta ganhando com isso, pois nós anussim só  estamos perdendo com tudo isso, o nosso futuro é incerto, nossas futuras gerações estão comprometidas pois judaísmo é continuidade, quem dará continuidade no que cremos e quem lembrara os nossos filhos de quem somos.

Mais uma vez vou falar a FISBA não faz retorno ou converte ninguém, a FISBA trabalha com cooperativismo religioso  e todo o projeto esta no site http://federacaoisraelitasefarad.webnode.com/

O rabino Abraham Deleon Cohen, PhD
Nascido em Istambul, Turquia. Sua primeira língua é o ladino, e ele segue a tradição judeu-espanhol antigo. Fundador e Chefe Rabino da Fundação Abarbanel e seu Bet Din ortodoxo sefardita, e trabalhou extensivamente sobre a questão da Bene anussim. 
Educação: 
BETH MIDRASH LARABANIM Istambul, Turquia 
Haham e Bacharel Formado em 1962 
Yeshivat Porat Yossef Jerusalém 
Rabi, shochet, Mohel , Sofer e Moré Formado em 1968 
STRASSFORD UNIVERSIDADE Strassford, Inglaterra 
Master of Science, a Lei Rabínica 1993 
STRASSFORD UNIVERSIDADE Strassford, Inglaterra 
Doutorado em Estudos talmúdicos 1998 
Universidade de Hartford W. Hartford, CT 
de Negócios e Profissionais de Comunicação 2000 
da Universidade do Arizona 
"Degriefing" Grief Counseling 2001 
Afiliações: 
membro da Sociedade Internacional Rabínica, 
Conselho de Rabinos do Sul Appalachian, fundador NC 
Fellowship Rabínica de Greater Hartford, CT 
A Associação Americana de rabinos, New York-CT, Tesoureiro 
Associação Rabínica de Greater Miami, FL 
Federação Judaica, Miami & Hollywood , FL 
Associação Ministerial de Pardee Hospital, Hendersonville NC 
capelão e conselheiro no Hospital Pardee, Hendersonville, NC 
Publicações: 
Agudas Boletim Semanal 
Siddur Minchat Erev 
Shema Koleinu 
Pessach, Uminhagim Dinim 
Rosh Hashaná Machzor Katsar (duas edições) 
Ticvá revista semanal judaica

 

http://wikibin.org/articles/abraham-deleon-cohen.html

 

 

Lista de la mesa Directiva honorarios de Rabinos de Los Caminos De Israel:

Rabino Moshe Otero

Rabino I. Kolokawski

Rabino Michael Katz

Rabino Asher Meza

Rabino Michael Goldschmidt

Rabino Yochanan Salazar Loewe

Rabino Abraham De Leon Cohen

Rabino W. Tank

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Editor britânico tenciona publicar na Alemanha trechos comentados do livro "Minha Luta" e diz que vai recorrer da decisão.

A publicação de excertos do livro Minha luta (Mein Kampf, em alemão), de Adolf Hitler, continua proibida na Alemanha, conforme decisão anunciada nesta quinta-feira (08/03) pelo Tribunal Regional de Munique, que confirmou decisão proferida em janeiro por uma corte de menor instância.

O tribunal proibiu o editor britânico Peter McGee de publicar trechos comentados do livro no seu jornal Zeitungszeugen, que em 2009 e 2010 já publicou páginas de jornais editados na época nazista.

Os juízes de Munique consideraram que a publicação em questão ultrapassa os limites do que se pode chamar de citação e serve à divulgação da obra de Hitler. Para o juiz Peter Guntz, a publicação de McGee fez amplo uso do livro e os leitores podem ler o material simplesmente deixando de lado as explicações dos historiadores. O britânico disse que vai recorrer da decisão.

Direitos autorais

Os direitos autorais de Minha Luta foram passados pelos Aliados, após a Segunda Guerra Mundial, para o estado da Baviera, último local de residência de Hitler. Na condição de detentor dos direitos autorais, o governo bávaro proíbe a publicação do livro na Alemanha. Essa situação pode mudar em 2015, quando a morte de Hitler completará 70 anos e sua obra se tornará de domínio público.

O livro foi escrito durante o período que Hitler passou na prisão, entre 1923 e 1924, e foi publicado no ano seguinte. Minha Luta é uma mistura de livro de memórias e panfleto ideológico e político, de teor claramente racista e antissemita.

A obra se tornou um grande sucesso de vendas, mesmo antes de Hitler ascender ao poder, em 1933. Com o partido nazista no poder, o livro se tornou leitura obrigatória nas escolas e era dado de presente aos casais no momento do registro civil do casamento.

MAS/dw/afp/ap/dap
Revisão: Alexandre Schossler
http://www.dw.de/dw/article/0,,15797275,00.html

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Os rumores de uma guerra entre Israel e Irã têm deixado apreensiva uma comunidade existente nos dois países: os judeus de origem persa. Israel possui 250 mil judeus iranianos entre seus 7,8 milhões de habitantes. Já o Irã tem a segunda maior comunidade de judeus no Oriente Médio - cerca de 30 mil pessoas, instalados principalmente na região de Teerã, Isfahan e Hamedã.

Os que vivem em Israel têm dois bons motivos para se preocupar. Primeiro, temem por seus familiares no Irã - sem falar que um ataque do governo de Benjamin Netanyahu pode arruinar parte da cultura e da paisagem da sua terra natal. O segundo é a ameaça do governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de "varrer Israel do mapa".

Um dos integrantes dessa comunidade é Moshe-Hay Haguigat, 32 anos, doutorando da Universidade Bar-Ilan e especialista em relações Israel-Irã. Ele é filho de judeus persas de Teerã e acredita que o governo iraniano não seria tão irracional a ponto de iniciar uma guerra. "Apesar de eles defenderem apagar Israel do mapa, eles são racionais e não vão querer levar o regime à guerra", disse o judeu de ascendência persa.

Haguigat também defende o direito de Israel em não querer permitir uma alteração no "equilíbrio nuclear" no Oriente Médio - já que, segundo ele, países antigamente aliados de Israel já modificaram seu posicionamento, como a Turquia e o próprio Irã. "A tensão não vem do fato de ser apenas o Irã, mas também da mudança de equilíbrio na região, que pode ser uma ameaça à existência de Israel", afirmou.

Os pais de Haguigat migraram para Israel três meses antes da Revolução Islâmica no Irã, em dezembro de 1978, e decidiram ficar no país criado pela ONU para ser lar dos judeus. Moshe disse que a integração na infância foi o período mais difícil porque "as crianças costumam implicar com quem tem cultura diferente". "Quando você cresce, isso passa, você se sente israelense, serve as forças armadas lado a lado com todo mundo", afirmou o analista político.

Já o radialista Menashe Amir, nascido em Teerã, chegou a Israel em 1959, bem antes da revolução iraniana. Ele ressalta que muitos judeus persas conquistaram altos cargos e reconhecimento nas artes e na política de Israel - chegando a presidente, ministro da Defesa e chefe das Forças Armadas. "Hoje a cantora mais popular de Israel nasceu no Irã: Rita Yahan-Farouz", disse.

Menashe começou a vida como jornalista em Israel, aos 19 anos, apostando na construção do novo país. "Tenho duas terras natais: o Irã, onde eu nasci, e Israel, onde vivo e sou feliz", afirmou Menashe, agora com 72 anos. Após mais de 50 anos de experiência profissional, seu programa em persa da Rádio Israel é um dos poucos fóruns para o diálogo entre iranianos e israelenses.

Os ouvintes de seu programa em Teerã não podem telefonar diretamente para a rádio em Jerusalém, pois existe um bloqueio do governo de Ahmadinejad contra chamadas provenientes de Israel. A conexão é viabilizada por meio de um número instalado na Alemanha que escapa ao controle. Segundo o radialista, a maioria de seus ouvintes tem medo da possibilidade de uma guerra e estão preocupados com a vida dos civis e com a infra-estrutura do país. Além disso, as viagens familiares dos judeus persas, que antes visitavam a terra natal via Turquia ou Chipre, também se viu dificultada com a escalada das ameaças entre Irã e Israel.

Antes da Revolução Islâmica, durante o regime do xá persa Mohamed Reza Pahlevi, Israel e Irã viviam um período de intercâmbio acadêmico, econômico e tecnológico. "Hoje essa cooperação não existe mais, o Irã ameaça destruir Israel, nega o Holocausto, freia nosso processo de paz (com os palestinos)", lamentou Menash. "Meu desejo é que os dois países voltassem ao tempo quando havia amizade e cooperação, em vez de serem inimigos e trocarem ameaças de ataque", disse o radialista

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5652532-EI308,00-Judeus+de+origem+persa+temem+conflito+entre+Israel+e+Ira.html

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O presidente israelense, Shimon Peres, de 88 anos, criou nesta terça-feira um perfil no Facebook e adicionou Mark Zuckerberg como amigo para promover a paz. O registro aconteceu na sede da empresa americana, usando o computador de trabalho de Zuckerberg. Peres pediu ao fundador da rede social mais popular da internet que “curtisse” sua nova página pela paz no Facebook.

A sede da companhia no Vale do Silício recebeu a apresentação de um vídeo no qual Peres, em ritmo de música eletrônica, pede aos membros da comunidade virtual que sejam seus amigos e compartilhem o espírito de paz. Zuckerberg brincou durante a apresentação do vídeo no qual Peres aparece manejando um tablet e cumprimentando líderes como o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e personalidades como o treinador do Real Madrid, José Mourinho.

O fundador do Facebook, também judeu, felicitou Peres por sua originalidade, enquanto o presidente israelense disse que sua intenção é chegar a um novo público. “Quando digo novas audiências me refiro, sobretudo, a cidadãos do Irã, da Síria e do mundo árabe. Nem os iranianos, nem os sírios são nossos inimigos, apenas os extremistas líderes destes povos”, declarou Peres.

Em sua primeira mensagem no Facebook, Peres escreveu: “Espero que esta página seja um lugar onde os sonhadores e crentes na paz façam ouvir sua voz e compartilhem experiências comigo”. Peres e Zuckerberg mantiveram uma reunião prévia na qual o presidente israelense transmitiu suas felicitações ao empresário por seu “espetacular sucesso” e por criar uma rede que “quebrou barreiras entre nações e povos”. Peres convidou o fundador do Facebook a visitar Israel, algo que o jovem de 27 anos prometeu fazer o mais rápido possível.

Fonte: http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI5650961-EI12884,00-Presidente+israelense+entra+no+Facebook+para+promover+a+paz.html

http://blog.webjudaica.com.br/2012/03/09/shimon-peres-entra-no-facebook-para-promover-a-paz/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+netjudaica+%28Blog+NetJudaica%29

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Parashat “Ki Tisá“ Autor: Rabino Shlomo Tucker*

Interpretación y comentario
“¡Quien esté del lado de Dios, que venga conmigo!“ (Moshé)
“Fiesta para Dios es mañana“. (Aarón).
“¡Tontos! ¡¿Acaso no recordáis los milagros que Dios hizo para vosotros?!“ (Hur).
Éstas son las reacciones de los personajes principales del drama del Becerro de Oro. Dos de esos personajes -Moshé y Aarón- están citados en la Torá, y el tercero -Hur- sólo encuentra expresión en el midrash. ¿En qué medida la reacción de cada uno expresa su personalidad? ¿Qué se puede aprender sobre el estilo y capacidad de liderazgo de cada personaje?
Aarón: Debió reemplazar a Moshé cuando subió al Monte Sinai, y sobre él recayó la responsabilidad de mantener el desarrollo normal de la vida en el campamento hasta la vuelta de Moshé. Cuando el pueblo pide a Aarón: “Levántate y haznos un Dios“, él tuvo que posponer aquel pedido hasta el límite. Nuestros Sabios vieron a Aarón como “un hombre que ama la paz y persigue la paz“, que busca resolver conflictos de manera agradable.
Quizás dentro de su tendencia a buscar la conciliación y evitar la confrontación directa, él fracasó y se rindió al pedido del pueblo. Eso es lo que surge del Talmud Babilónico, Tratado de Sanhedrín 7:1: El Rabi Shimón ben Menasia dice que Aarón quiso proponer una conciliación y guiar al pueblo hacia una conducta no peligrosa. Él compara el intento de Aarón, al intento de traer a dos personas a juicio para encontrar una conciliación. Pero el Rabi Shimón ben Menasia, critica la conducta de Aarón, porque en el caso de que “al escuchar las palabras“ -de las personas que vienen al juicio- “y ya saber hacia dónde tiende el veredicto, está prohibido decirles a ellos que busquen la conciliación“.
En otras palabras, el veredicto en el caso del Becerro de Oro era claro, y Aarón tenía la obligación de presionar a los incitadores y advertirles que ese camino los llevaría a la idolatría y a profanar el Nombre de Dios. Es claro que el estilo de Aarón, que huye de la confrontación directa y que busca la conciliación hasta en los casos en los que no se debe conciliar, lo decalifica como líder del pueblo.
Hur: Hijo de Miriam, hermana de Moshé. El midrash lo incluye en este caso, aparentemente, basado en comparaciones de textos: Cuando Moshé subió al Monte Sinai, Dios le ordenó a Aarón y a Hur quedarse atrás y cuidar al pueblo (Éxodo 24:14). Pero cuando Moshé vuelve, él sólo encuentra a Iehoshúa (Éxodo 32:15). Hur no está ahí ni aparece más en la Torá. Si es así, ¿a dónde desapareció? El midrash trae la narración de su intento de demostrar liderazgo y detener a los incitadores.
En sus palabras -traídas al inicio de este texto-, se puede escuchar cómo los desprecia, les advierte y les recuerda cómo Dios los protegió. Pero el pueblo no era capaz de escuchar; por el contrario, dentro de

la pasión de sus sentimientos, ellos se levantaron contra él y lo mataron. Quizás esto influyó en la conducta de Aarón y lo llevó a evitar la confrontación directa con ellos.
Nuestros Sabios interpretaron así el versículo “Y vio Aarón y construyó un altar delante de él“ (Éxodo 32:5): Aarón vio al “sacrificio“ delante de él a Hur- y por esta visión entendió lo que tenía que hacer.
Hur fracasó y murió porque no tenía una base de status, de honor y de poder para enfrentarse a un pueblo desenfrenado y perturbado emocionalmente. Su intención de ser líder y detener la transgresión del pueblo eran buenas, pero su fuerza política pública era escasa y pagó el precio de un líder débil que se enfrenta contra el pueblo y lo reprende.
Moshé: Es el conductor, el responsable de llevar al pueblo a puerto seguro. En otras situaciones, logró sobreponerse a las protestas de los hijos de Israel sin causar pérdida de vidas. Pero esta vez él emprende una política firme y difícil. En Sanhedrín 7:1, el método de Moshé es descripto así: “¡La montaña va a estipular el veredicto!“. ¡No hay lugar para la conciliación, la vara de la justicia va a dar el veredicto, los que realizan una acción que limita con la idolatría deben pagar el alto precio de eso! En su pasado como líder, Moshé usó una gama de estrategias: capacidad de hablar, uso del milagro, demostración del poder y violencia. Con el Becerro de Oro, Moshé tomó medidas drásticas. La consecuencia fue que la transgresión se detuvo, pero se pagó un alto precio en vidas humanas. Fue una fuerte acción de liderazgo, pero quizás demasiado fuerte.
En síntesis, se pueden diferenciar tres tipos de liderazgo: Hur quería liderar, pero su fuerza política casi nula provocó su muerte en manos de la multitud. El estilo de un político novicio que no sabe que el liderazgo no es sólo advertir, y que quien reprende de entrada tiene, a veces, consecuencias trágicas. Aarón según Nuestros Sabios- utilizó una estrategia típica de él: buscar una conciliación y evitar la confrontación directa. En nuestro caso, esta tendencia lo llevó a ayudar a la transgresión del pueblo de Israel.
Éste es un estilo de liderazgo consecuente -talvez demasiado consecuente- que intenta tratar todas las situaciones de igual manera. ¿Y sobre la capacidad de liderazgo de Moshé? Él podía hablar y causar milagros en lugar de causar pérdidas de vidas. ¿Podemos imaginar qué hubiera pasado si él hubiera seguido una estrategia de palabras “¡Escuchen rebeldes!“-, o un milagro -del estilo del cruce del Mar Rojo-, en lugar de una actitud tan drástica? ¿El pueblo hubiera reaccionado de manera positiva y se hubiera alejado de la transgresión? ¿O tal vez la situación era tan grave que solamente la muerte de los culpables podía corregirla y llevar al pueblo al arrepentimiento?
*Vice Decano del SeminarioRabínico “Schechter“, Jerusalén
Editado por el Instituto Schechter de Estudios Judaicos, Asamblea Rabínica de Israel, Movimiento Conservador y Unión Mundial de Sinagogas Conservadoras.
Traducción: Rabina Sandra Kochmann.

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Há poder na união

Há poder na união

 O mundo das pequenas empresas pode ser comparado a um perigoso oceano.

Esses empreendimentos são peixes pequenos, que separados aumentam as chances de serem eliminados pelos grandes predadores.

A solução? Unirem-se para nadar como um peixe só. “Essa é a metáfora utilizada por  nos, e tirada da sabedoria judaica (o segredo de nossos antepassados)”, para vencer a perseguição em todas as areias, como devemos nos comportar é agir independente das situações adversas.

 Afirmamos que “agora é a hora, mais do que nunca, pequenas comunidades  precisam se unir  não,para competir mas fazer se enxergar  no mundo judaico”. Esta lição o mundo capitalista também devem a nos judeus.

E o que isso significa? “Se uma pequena comunidade busque relações amigável e colaborativas com outras comunidades, sempre que possível”, afirma nossa tradição a exemplo de sábios na Espanha e Portugal.

Nosso projeto de resgate do B,Nei Anussim do Brasil, não atinge somente o associado atinge também sua família, o associado e titular pagando somente seu titulo, garantindo o retorno para toda a família ex: Pai mãe e quatro filhos, todos nos  sabemos que a situação dos anus, no Brasil e difícil, e muitos tem dificuldades para pagar à tacha, desta forma a comunidade deve providenciar material religioso para venda ou criar jantares e festas para arrecadação dos sócios pagantes.

 Futuras gerações: e importante que depois do retorno o associado não deve deixar de pagar as tachas, e participar da comunidade ativamente, como testemunho da força de nossa união, desta forma ele garante o futuro de suas gerações, com conteúdo religioso e boa formação acadêmica e financeira.

Na ficha que você preencheu esta o nome dos seus dependentes e herdeiros legais.

Proporcionando reintegração à comunidade mundial e sua religião uma renda mensal vitalícia enquanto associado, podendo parte ser usados pelo associado em cursos, clubes, planos de saúde e odontológicos.

 Pois os recursos financeiros mensais são vitalícios, ou seja, enquanto for associado, deixando de ser associado perde seus recursos provenientes das indicações ativas.

Os recursos financeiros são distribuídos entre os associados na seguinte ordem de prioridade: ordem de inscrição os recurso serão liberados em um ano e meio para retorno e o restante em conta corrente ex: o associado contribui com 100.00 reais mensal, ele recebera do sistema 100.000 cem mil reais  ou seja 100 vezes mas.

Como e isso? Toda vês que obtivermos retorno será preparada uma festa aberta para não associados, eles ouvirão vosso testemunho sobre nosso projeto de cooperativismo religioso desta forma teremos sempre novos associados.

No sistema financeiro quanto, mas associados tivermos mas credito o banco nos dará ,como também teremos lucro nas aplicações de baixo risco como a  poupança, compra e venda de material religioso   que associado poderá comprar de nossa instituição    sempre mas barato que o preço de mercado.

O associado recebera um copia do demonstrativo (estrato bancário) mostrando entrada financeira na federação.

A diretoria não tem pró-labore especial, e vital que todos sejam associados pagantes no projeto, como todo associado terá parte do seu pró-labore de suas indicações.

E a Fisba que faz o retorno? Não nossa entidade quer o retorno dos anus a comunidade oficial, estamos sugerindo que nos judeus de origens ibérica façamos o seguinte, ajudem  , quer seja ao judaísmo liberal, ortodoxo, conservador sem pensarmos em ismos,e que não podemos permitir e que continuem Marranos (Anussim /forçados  ) coisa que não somos mas , o que propormos e que vivam em comunidade sem pré-conceito como judeus plenos quer seja retorno ou conversão o caminho a ser tomado, ate quando viremos, sem a comunidade que tanto queremos nosso povo ,nossa religião ,não falo do cristianismo disfarçados de judeus(messiânicos) ,mas dos sinceros que abraçaram a Torá.

 Fazemos um grande mutirão de retorno, quer seja aqui no Brasil ou em Israel e nos estados unidos.

- Crie um grupo de encontro Anussitas para discutimos estratégias

Nossa comunidade é feito de contatos e referências.

Crie encontros periódicos com pessoas como você, em um café ou uma área de conferência em um hotel, e tente criar relações colaborativas em que vocês possam trocar conselhos, dicas e outras informações que ajudem no crescimento do sua comunidade .

 Você pode usar redes sociais como Twitter e Facebook para encontrar essas pessoas e marcar os encontros.

- Una-se a uma comunidade virtual Anussintas
Se encontros “ao vivo”, junte-se a comunidades ou fóruns de discussão on-line. Pode ser Facebook e Orkut ou até algo mais específico como a comunidade, crie revista Periódicos divulgue ,seu trabalho, quando notar que tem um rabinos querendo ajudar fale em nome da comunidade  ,como um todo ,traga resposta não basta criticar como podemos ver em fórum da  na internet , crie blogs de apoio a nossa causa post fotos de suas comunidades.  

- Sempre retribua
informações importantes como ex, blog sobre chálaha, leis de kasherut ,vídeos ,sempre uma via de duas mãos.

Então sempre que você tiver oportunidade, ajude irmãos de outras comunidades. Esse tipo de auxílio sempre traz retorno coletivo, atrás a existência a fênix um dia incendiada agora renascida das cinzas.

Em nosso projeto as comunidades apresentaram seus projetos e por assembléia geral serão liberados recursos para os projetos.

Att,Mordechai Moré bem Yéhuda s,t

 Leia mais: http://federacaoisraelitasefarad.webnode.com/news/site%20lan%c3%a7ado/


Conheça novas pessoas interessantes em nossas comunidades virtuais e reais

 Cada pessoa indica 12 pessoas.

Conheça o projeto de restauração cultural e financeiro (fisba)

1°nível: 1 pessoa - 100 reais
2° nível: 12 pessoas - 1200 reais
3° nível: 144 pessoas - 14.400 reais (4% ao associado: 576 reais)
4° nível: 1728 pessoas - 172 mil e 800 reais (4% ao associado: 6.912)

Renda anual associado quarto nível: 83 mil reais  aproximadamente Renda anual da Federação: 2 milhões e 73 mil reais.
Todo recursos serão administrados pelo BANCO ITAU

 

 

 


Leia mais: http://federacaoisraelitasefarad.webnode.com/news/se%20n%c3%a3o%20haver%20um%20milagre/
Crie seu site grátis: http://www.webnode.com.br

 

Visite nosso site: http://federacaoisraelitasefarad.webnode.com/

http://yeshiavaanussim.webnode.com/11419592296?profile=original

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Dispositivo Israelense transforma som em visão - Pletz

Pesquisadores israelenses estão desenvolvendo um dispositivo que permite a deficientes visuais transformarem o “som da paisagem” em visão.

O estudo liderado pelo Dr. Amir Amedi, da Universidade Hebraica de Jerusalém, consiste na utilização do conceito do som que invade o córtex visual do paciente. O conceito foi descoberto há 20 anos pelo pesquisador holandês Peter Meijer, que criou um algoritmo para traduzir a posição e a aparência de um objeto em diferentes sons. O sistema funciona com pessoas que perderam a visão por causa de um acidente ou lesão e, também, com aqueles que possuem a cegueira de forma congênita, ou seja, desde o nascimento. Após um breve treinamento, os usuários aprendem a interpretar a “paisagem sonora” de objetos, pessoas e cenários, podendo localizar facilmente onde cada coisa está, ver seu formato e posição, e até mesmo ler as palavras escritas em um livro.

Segundo o Dr. Amedi, a visão trabalha com duas vias paralelas. A primeira é a responsável pela identificação do objeto, mostrando sua cor e o seu formato, e a segunda indica a localização, coordenando os dados visuais com a função motora da pessoa. Analisando o funcionamento de um dispositivo criado por Peter Meijer, no qual o pesquisador aplicou o algoritmo que traduz a posição e a aparência em som, Dr. Amedi descobriu que as duas vias continuam funcionando mesmo quando a pessoa não possui a visão normal. O que prova isso é a ativação dessas características do cérebro quando os cegos estão lendo um texto em Braile. A partir dessas conclusões, a equipe de pesquisadores desenvolveu um sistema complementar que estimula as funções visuais através do som captado.

http://www.pletz.com/blog/dispositivo-israelense-transforma-som-em-visao/

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AS FABULOSAS PROFECIAS DO MESSIAS

O Velho Testamento... Contém várias centenas de referências ao Messias. Todas se cumpriram em Cristo e estabelecem uma confirmação sólida das suas credenciais como o Messias.

Josh McDowell (1972), p. 147

Examinei todas as passagens do Novo Testamento que são citações do Velho [Testamento], e as assim chamadas profecias a respeito de Jesus Cristo, e não encontro qualquer profecia a respeito de tal pessoa, e nego que [essas profecias] existam.

Thomas Paine (1925), p. 206

Estas duas citações expressam pontos de vista diametralmente opostos sobre a questão de saber se a vida de Jesus conforme é descrita nos evangelhos do Novo Testamento cumpre profecias do Messias judeu que se encontram nas escrituras hebraicas. O ponto de vista de Josh McDowell é o ponto de vista padrão dos cristãos evangélicos, que encontramos em inúmeras obras apologéticas cristãs. Contudo, o ponto de vista expresso por Thomas Paine é muito menos conhecido. É pena que assim seja, pois Paine está certo. Todo o caso de alegado cumprimento de profecias messiânicas sofre de um dos seguintes defeitos: (1) a alegada profecia do Velho Testamento não é uma profecia messiânica ou nem sequer é uma profecia de todo, (2) a profecia não foi cumprida por Jesus, ou (3) a profecia é tão vaga a ponto de não ser convincente na sua aplicação a Jesus.

O Significado das Profecias Messiânicas

Antes de examinar alegações específicas de profecias messiânicas cumpridas, devem ser feitas algumas observações sobre o seu significado. O cumprimento de profecias bíblicas é um pilar central nos argumentos apologéticos cristãos evangélicos que pretendem provar a verdade e a exatidão da Bíblia.

 A Bíblia contém muitas declarações sobre eventos futuros que pretendem ser proféticos — os livros dos profetas, como os de Isaías e Jeremias, estão cheios desse tipo de declarações. Muitas destas declarações são sobre eventos históricos reais do passado. Tendo em consideração o nosso conhecimento atual da cronologia da escrita da Bíblia, contudo, na maioria dos casos não pode ser demonstrado que as declarações proféticas não são posteriores aos eventos "preditos". No caso das profecias do Velho Testamento a respeito do Messias, porém, temos documentos (por exemplo, os Rolos do Mar Morto) que realmente são anteriores ao tempo em que se acredita que o Jesus histórico tenha vivido. Se encontrássemos no Velho Testamento profecias numerosas e específicas condizentes com a vida do Jesus histórico, isto providenciaria considerável evidência em apoio da fé cristã. É exatamente isto que os apologistas cristãos alegam.

Por outro lado, se descobrirmos que não existem tais profecias específicas cumpridas por Jesus, ou que existem profecias messiânicas específicas que não foram cumpridas por Jesus, isto seria evidência contra a veracidade do Cristianismo. Como o Cristianismo alega exatidão e verdade tanto do Velho como do Novo Testamento, está vinculado aos padrões bíblicos para um profeta verdadeiro de Deus delineado nas escrituras hebraicas. O livro de Deuteronômio apresenta estes padrões quando diz que Moisés, falando em representação de Deus no capítulo 18 versículo 22, proclamou que "Quando um profeta fala no nome do Senhor, se a coisa não suceder nem se realizar, essa é a coisa que o Senhor não falou. O profeta falou-a presunçosamente; não terás medo dele." No versículo 20, ele diz que: "... o profeta que falar presunçosamente em meu nome uma palavra que não lhe ordenei, ou que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá." Por outras palavras, qualquer profecia de Deus é necessariamente exata, e qualquer profecia que não seja de Deus mas dada em seu nome resultará na morte do profeta.

Embora estes padrões requeiram que profecias de Deus sejam exatas, a verdade de uma profecia não garante que vem de Deus. Deuteronômio 13:1-5 indica que falsos profetas também podem ser exatos, mas profetas verdadeiros nunca desencaminharão os judeus da sua religião, sob pena de morte. 1

Se, conforme vou mostrar ,existe profecias messiânicas que não foram cumpridas por Jesus (e que não serão cumpridas no futuro), então estes padrões têm como conseqüência que ou Jesus não foi o Messias, ou as profecias em questão não foram feitas por um verdadeiro profeta de Deus. Ambos os extremos do dilema têm a conseqüência de que é falsa qualquer forma de Cristianismo que mantenha a infalibilidade da Bíblia.

Profecias Relacionadas com o Nascimento

Existem várias alegadas profecias messiânicas sobre o nascimento de Jesus: profecias sobre o local, modo e tempo do seu nascimento, sobre a sua genealogia, e sobre eventos que deviam ocorrer no momento do seu nascimento.

Nascido de uma virgem

Provavelmente a profecia mais famosa de entre estas é aquela que diz que Jesus nasceria de uma virgem. Os evangelhos de Mateus (1:18-25) e Lucas (1:26-35) alegam que Jesus nasceu de uma virgem, mas só Mateus (1:23) apela para as escrituras hebraicas como explicação para a razão por que isto devia acontecer. O versículo invocado é Isaías 7:14, que diz: "Por isso, o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a Virgem concebeu e dá à luz um filho, e o chama Emanuel." (Missionários Capuchinhos)

Existem várias dificuldades nesta passagem. Conforme muitos observaram, a palavra hebraica traduzida por "virgem" neste versículo é "almah", que é traduzida de forma mais exata simplesmente como "jovem mulher". A palavra hebraica "bethulah" significa "virgem". No livro de Isaías, "bethulah" aparece quatro vezes (23:12, 37:22, 47:1, 62:5), portanto o autor desse livro conhecia a palavra. Na tradução da Bíblia New American Standard Translation, todas as outras ocorrências de "almah" são traduzidas simplesmente como "rapariga", "menina" ou "donzela" (a saber, Gênesis 24:43, Êxodo 2:8, Salmos 68:25, Provérbios 30:19, Cântico de Salomão 1:3, 6:8). Assim, o alegado cumprimento acrescenta uma condição biologicamente impossível que nem sequer está presente na profecia original.2

Outro problema é que em nenhum lado no Novo Testamento Maria, a mãe de Jesus, se lhe refere como "Emanuel". Portanto não temos evidência de que uma das condições da profecia se tenha alguma vez cumprido.

 Mas o problema mais sério desta alegada profecia messiânica é que foi tirada fora do contexto. Analisando por inteiro o sétimo capítulo de Isaías, torna-se claro que a criança em questão nasceria como um sinal para Acaz, Rei de Judá, garantindo que ele não seria derrotado em batalha por Rezim, Rei da Síria, e Peca, filho do Rei de Israel. O nascimento de Jesus não podia ser esse sinal pois veio com sete séculos de atraso. Em Isaías 8:3-4, uma profetisa dá à luz um filho — Maer-Salal-Hás-Baz — que é claramente descrito como o cumprimento da profecia de Isaías 7:14.3

 

 

 

 

 

J. Edward Barrett (1988, p. 14) apresenta evidência em como os Cristãos primitivos rejeitavam o nascimento virginal. Um elemento da evidência de Barrett é que em 1 Timóteo 1:3-4, o escritor (que pode ou não ter sido o apóstolo Paulo) aconselha a sua audiência a "impedir que certas pessoas ensinassem doutrinas estranhas, e se interessassem por fábulas e genealogias intermináveis que ocasionam disputas em lugar de promoverem a obra de Deus que se baseia na fé." (MC) O evangelho mais antigo, Marcos, não tem um relato do nascimento de Jesus, tal como João, o evangelho mais tardio, também não tem

O nascimento virginal é muito relevante para a genealogia, e tanto Mateus como Lucas apresentam a genealogia de Jesus próxima da história [do nascimento virginal].

Nascimento em Belém

Uma segunda alegada profecia relacionada com o nascimento é que Jesus nasceria na cidade de Belém, citada nos evangelhos de Mateus (2:1-6), Lucas (2:4-7) e João (7:42). Destes, Mateus e João referem-se a uma profecia nas escrituras hebraicas. A passagem mencionada é Miquéias 5:2, que diz: "E tu, Belém Efrata, pequena demais para chegar a estar entre os milhares de Judá, de ti me sairá aquele que há de tornar-se governante em Israel, cuja origem é desde os tempos primitivos, desde os dias do tempo indefinido." (Tradução do Novo Mundo) "Efrata" é o antigo nome de Belém (Gênesis 35:19, Rute 4:11) mas a situação é mais confusa pois "Belém Efrata" também é o nome de uma pessoa: Belém o filho (ou neto) de Efrata (1 Crônicas 4:4, 2:50-51). Portanto esta profecia podia-se referir tanto a um nativo da cidade como a um descendente de uma pessoa. Se for este último caso, Jesus não se qualifica, pois nenhuma das suas alegadas genealogias (informação adicional sobre este assunto será apresentada mais adiante) inclui Belém ou Efrata. Se o primeiro caso for verdadeiro (o que é mais provável, visto que Belém foi o local onde nasceu o Rei Davi, de quem o Messias supostamente descende), então Jesus qualifica-se por local de nascimento4 mas falha a verificação da condição de ser "governante em Israel". Os Cristãos alegam que esta é uma profecia que se cumprirá na Segunda Vinda.

Genealogias

Existem várias alegadas profecias genealógicas sobre os ancestrais do Messias. Alega-se que Gênesis 22:18 e 12:2-3 são profecias que indicam que o Messias seria um descendente de Abraão, mas estes versículos não dizem nada sobre o Messias. Dizem simplesmente que os descendentes de Abraão seriam abençoados. Outras alegadas profecias sobre os ancestrais do Messias dizem que ele seria da tribo de Judá (Gênesis 49:10, Miquéias 5:2), da família de Jessé (Isaías 11:1, 10), e da casa de Davi (Jeremias 23:5, 2 Samuel 7:12-16, Salmos 132:11). Algumas destas parecem ser verdadeiras profecias messiânicas, mas outras parecem simplesmente referir-se a reis futuros. Todos estes versículos se referem a reis — e por isso nenhum deles foi cumprido por Jesus.

Mas os problemas destas profecias são ainda maiores. Será que Jesus é realmente da tribo de Judá, da família de Jessé, e da casa de Davi? A única evidência para isto são os dois conjuntos de genealogias de Jesus, em Mateus 1:1-17 e Lucas 3:23-38. Ambos traçam a linhagem de Jesus através do seu pai, José. Se a história do nascimento virginal for levada a sério, então Jesus não tem os ancestrais próprios. Por outro lado, se a genealogia de Mateus for levada a sério, então Jesus tem um ancestral chamado Jeconias (Mateus 1:12), sobre o qual o profeta Jeremias disse: "Inscrevei este homem como sem filhos, como varão vigoroso que não terá bom êxito nos seus dias; pois, dentre a sua descendência, nem um único será bem sucedido, sentado no trono de Davi e governando ainda em Judá." (Jeremias 22:30, TNM) A genealogia de Lucas sofre do mesmo problema, pois inclui Sealtiel e Zorobabel, que são descendentes de Jeconias.

Por fim, um problema muitas vezes notado é que as genealogias de Mateus e Lucas se contradizem mutuamente e contradizem as escrituras hebraicas. O avô paterno de Jesus foi Jacó (Mateus 1:16) ou Eli (Lucas 3:23)? O pai de Sealtiel foi Jeconias (1 Crônicas 3:17, Mateus 1:12) ou Néri (Lucas 3:27)? Mateus 1:11 omite Jeoiaquim (que em Jeremias 36:29-30 recebe uma maldição similar à do seu filho Jeconias) entre Josias e Jeconias (1 Crônicas 3:15) e Mateus 1:4 omite Admin entre Rão [ou Arni] e Aminadabe (Lucas 3:33, MC). Finalmente, Mateus 1:13 diz que Abiúde é filho de Zorobabel, Lucas 3:27 diz que Resa é filho de Zorobabel, mas 1 Crônicas 3:19-20 não menciona qualquer deles como sendo filhos de Zorobabel.5

A matança das crianças

Outra profecia relacionada com o nascimento de Jesus é a alegação de que o Messias nasceria numa altura em que o Rei Herodes mataria crianças. Só o evangelho de Mateus (2:16-18) alega isso, citando uma profecia de Jeremias (31:15, TNM) que diz que "Ouve-se uma voz em Ramá, lamentação e choro amargo; Raquel chorando por seus filhos. Negou-se a ser consolada por causa dos seus filhos, porque eles já não existem." Existem dois problemas com esta alegada profecia messiânica: não é uma profecia sobre matança de crianças e é duvidoso que alguma vez tenha existido tal matança de inocentes por Herodes. "Raquel chorando por seus filhos" refere-se à mãe de José e Benjamim (e esposa de Jacó) chorando pelos seus filhos levados cativos para o Egito. No contexto, este versículo refere-se ao cativeiro Babilônico, que o seu autor testemunhou. Versículos subseqüentes falam do regresso das crianças, e portanto referem-se ao cativeiro em vez de ao assassinato. A matança feita por Herodes também é duvidosa pois o escritor de Mateus é a única pessoa que menciona esse evento. Flávio Josefo, que relatou cuidadosamente os abusos de Herodes, não o menciona.

Levado para o Egito

Mateus prossegue dizendo que para fugir aos assassinos de Herodes, Jesus foi levado enquanto criança para o Egito. Isto é feito, segundo Mateus 2:15 (TNM), "para que se cumprisse o que fora falado por Jeová por intermédio do seu profeta, dizendo: Do Egito chamei o meu filho." Isto é uma referência a Oséias 11:1, que não é de modo nenhum uma profecia. É uma referência ao Êxodo dos Judeus do Egito.

"Será chamado Nazareno"

No fim do mesmo capítulo de Mateus (2:23, TNM), o seu autor escreve que Maria, José e a criança Jesus estabeleceram-se em Nazaré "para que se cumprisse o que fora falado por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno." Não existe tal profecia nas escrituras Hebraicas, embora alguns aleguem que isto se refere a Juizes 13:5. Este versículo descreve um anjo a falar com a mãe de Sansão, dizendo-lhe que o filho dela "se tornará nazireu". Não só isto não é uma profecia messiânica como também não pode ser aquilo a que Mateus se referia. Um nazireu é muito diferente de um Nazareno. Um Nazareno é um habitante de Nazaré, ao passo que um nazireu é um Judeu que tomou votos especiais para se abster de todo o vinho e uvas, não cortar o cabelo e realizar sacrifícios especiais (veja Levítico 6:1-21). Jesus bebeu vinho (Mateus 26:29, Marcos 14:25, Lucas 22:18), portanto não pode ter sido um nazireu.

 

As Setenta Semanas de Daniel 9:24-27

 

 

 

 

 

Uma profecia relativa à época do Messias que muitos Cristãos evangélicos acham extremamente convincente encontra-se no livro de Daniel. Provavelmente não é exagero dizer que esta profecia, mais do que qualquer outra, convence os Cristãos de que Jesus foi o Messias. Daniel 9:24-27 (TNM) diz:

"Setenta semanas foram determinadas sobre o teu povo e sobre a tua cidade santa, para acabar com a transgressão e encerrar o pecado, e para fazer expiação pelo erro, e para introduzir justiça por tempos indefinidos, e para apor um selo à visão e ao profeta, e para ungir o Santo dos Santos.

"E deves saber e ter a perspicácia [de que] desde a saída da palavra para se restaurar e reconstruir Jerusalém até [o] Messias, [o] Líder, haverá sete semanas, também sessenta e duas semanas. Ela tornará [a ser] e será realmente reconstruída, com praça pública e fosso, mas no aperto dos tempos.

"E depois das sessenta e duas semanas [o] Messias será decepado, sem ter nada para si mesmo. E a cidade e o lugar santo serão arruinados pelo povo de um líder que há de vir. E o fim disso será pela inundação. E até [o] fim haverá guerra; o que foi determinado são desolações.

"E ele terá de manter em vigor [o] pacto para com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferenda. E sobre a asa de coisas repugnantes haverá um causando desolação; e até a exterminação derramar-se-á a coisa determinada também sobre aquele que jaz desolado."

A palavra traduzida nestes versículos como "semanas" é uma forma da palavra hebraica para "setes", e é interpretada por Cristãos como significando sete anos em vez de sete dias. Assim, "setenta semanas" no versículo 24 são interpretadas como significando setenta períodos de sete anos, ou 490 anos, "sete semanas" no versículo 25 são interpretadas como significando 49 anos, "sessenta e duas semanas" nos versículos 25 e 26 são interpretadas como significando 434 anos, e "uma semana" no versículo 27 é interpretada como significando sete anos.

O ponto de partida da profecia é "a saída da palavra para se restaurar e reconstruir Jerusalém".Um decreto para reconstruir o templo em Jerusalém é descrito na Bíblia em 2 Crônicas 36:22-23 e Esdras 1:1-4. Estes versículos descrevem o decreto emitido por Ciro, rei da Pérsia e contemporâneo de Daniel, em 538 A.E.C. "Sete semanas... [e] sessenta e duas semanas" ou 483 anos depois deste decreto seria 55 A.E.C., muitos anos demasiado cedo para Jesus. Por isso os cristãos têm de rejeitar a identificação do decreto do versículo 25 com o decreto de Ciro, e é exatamente isso que fazem. Que outros decretos estão disponíveis? Josh McDowell (1972, p. 180) oferece três alternativas: um decreto de Dario descrito no livro de Esdras, um decreto de Artaxerxes descrito em Esdras e um decreto de Artaxerxes descrito em Neemias. O decreto de Dario, descrito em Esdras 6:1-9, ordenava uma procura nos arquivos para encontrar o texto do decreto de Ciro, e depois para continuar a construção do templo em Jerusalém usando dinheiro dos impostos. Isto ocorreu por volta de 522 A.E.C. (veja Esdras 4:24), o que colocaria a vinda do Messias em 39 A.E.C. — ainda muito cedo para Jesus.

 O decreto de Artaxerxes para Esdras, descrito em Esdras 7:11-28, permite ao povo de Israel regressar a Jerusalém, levando consigo vários utensílios do tesouro real. Este decreto foi emitido em 458 A.E.C. (veja Esdras 7:7), o que colocaria a vinda do Messias em 26 E.C. Isto funciona razoavelmente bem se colocarmos o fim das "sessenta e duas semanas" no início do ministério de Jesus, embora a maioria dos cristãos achem que o ponto final é a crucificação, devido a uma referência no versículo 26 da profecia de Daniel, que diz que o Messias seria "decepado". A maioria dos cristãos rejeita este decreto, bem como os de Ciro e de Dario, como sendo o ponto de partida apropriado para a profecia. Uma excepção é Gleason Archer.

 

Archer (1982, pp. 290-291) argumenta que Esdras 9:9 implica que Esdras recebeu permissão de Artaxerxes para reconstruir as muralhas de Jerusalém, apesar do fato de estas não terem sido reconstruídas até ao tempo de Neemias (veja Neemias 1:3). Esdras 9:9 declara que Deus não abandonou os Judeus mas deu-lhes uma hipótese de "erguer a casa de nosso Deus e erguer os seus lugares desolados, e para nos dar um muro de pedras em Judá e em Jerusalém." Em defesa do fim das "sessenta e duas semanas" como sendo o início do ministério de Jesus em vez de ser a sua crucificação, Archer sublinha que o versículo 26 da profecia apenas diz que o 'decepamento' do Messias ocorreria depois desse período de tempo, não necessariamente imediatamente depois.

O decreto de Artaxerxes para Neemias, descrito em Neemias 2:1-6, na realidade não é de maneira nenhuma um decreto. Em vez disso, Artaxerxes dá a Neemias cartas de salvo-conduto para viajar para Judá e para obter madeira para reconstruir os portões do templo e as muralhas de Jerusalém. Isto ocorreu em 445 A.E.C., o que coloca o tempo do Messias em 39 E.C., demasiado tarde para Jesus, que se crê ter sido crucificado algures entre 29 e 33 E.C. Apesar destas falhas, a maioria dos cristãos evangélicos adota este como o decreto apropriado porque Neemias reconstruiu as muralhas de Jerusalém. Para fazer o ponto inicial 445 A.E.C. resultar num ponto final 483 anos mais tarde situado ou no início do ministério de Jesus ou na altura da sua crucificação, tem de se usar um ano diferente do ano de 365 dias.

O mais popular destes cálculos, devido a Sir Robert Anderson e promovido por Josh McDowell, é adaptar um "ano profético de 360 dias" — uma invenção de Anderson baseado na sua leitura de Revelação(Ap: 11:23), onde ele iguala 42 meses a 1260 dias, dando 30 dias por mês. Usando "anos proféticos", o fim do período de 483 anos cai em 32 E.C., que na opinião de muitos é o ano da crucificação. Robert Newman (1990, pp. 112-114) aponta várias falhas neste esquema de cálculo que, tomadas no seu conjunto, lhe são fatais: (1) Revelação 11:23 não justifica a invenção do "ano profético", pois não há qualquer indicação de que 1260 dias sejam exatamente 42 meses (poderiam ser 41,5 arredondados para cima), (2) um ano de 360 dias ficaria fora de sincronia com as estações, e os Judeus acrescentavam um mês lunar adicional a cada dois ou três anos ao seu ano lunar de 354 dias, dando-lhes uma duração média do ano de cerca de 365 dias, e (3) o consenso atual sobre a data da crucificação é 30 E.C. em vez de 32 E.C.

Newman oferece a sua própria alternativa: o uso de anos sabáticos, que têm justificação bíblica (Êxodo 23:10-11 e Levítico 25:3-7, 18-22). Todo sétimo ano é um ano sabático. Newman usa informação do primeiro livro dos Macabeus, que tem uma referência a uma observância de um ano sabático, para calcular que 163-162 A.E.C. foi um ano sabático e portanto 445 A.E.C., o ponto inicial da profecia de Daniel, calha no ciclo sabático de sete anos 449-442 A.E.C. Se este é o primeiro ciclo sabático na contagem, o sexagésimo nono é 28-35 E.C., um período de tempo que abrange a crucificação. Em resposta ao Cristicismo de que a profecia diz que o Messias seria "decepado" depois de sessenta e duas semanas, Newman diz que no idioma Judeu convencional, "depois" significa "depois do início de".

Existem outros problemas para todas as interpretações acima mencionadas, que Gerald Sigal (1981, pp. 109-122) indica. Um dos principais criticismos de Sigal é que a pontuação Massorética da Bíblia hebraica coloca uma divisão entre as "sete semanas e sessenta e duas semanas", significando que em vez de dizer que o Messias virá depois dos períodos de tempo combinados, ele virá depois das "sete semanas" isoladas. Outro criticismo que Sigal faz é que o texto hebraico não coloca um artigo definido antes da palavra "Messias" (ou "ungido"). A Revised Standard Version da Bíblia é traduzida com estes fatos em mente, e apresenta Daniel 9:24-27 como se segue:

Setenta semanas são decretadas a respeito do teu povo e da tua cidade santa, para acabar com a transgressão, para colocar um fim ao pecado, e para expiar a iniqüidade, para trazer justiça duradoura, para selar tanto a visão como o profeta, e para ungir um lugar muito santo. Sabe portanto e compreende que desde a saída da palavra para restaurar e reconstruir Jerusalém até à chegada de um ungido, um príncipe, haverá sete semanas. Depois, durante sessenta e duas semanas será reconstruída com praça pública e fosso, mas num tempo de tribulação. E depois das sessenta e duas semanas, um ungido será decepado, e nada terá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário. O seu fim virá com uma inundação, e até ao fim haverá guerra; desolações são decretadas. E ele fará um pacto forte com muitos durante uma semana; e durante metade da semana ele fará cessar o sacrifício e a oferenda; e sobre a asa das abominações virá um que a torna desolada, até que o fim decretado seja derramado sobre o desolador.

Usando a pontuação Massorética, as "sessenta e duas semanas" são gastas na reconstrução da cidade em vez de se aplicarem à vinda do Messias. Esta interpretação explica por que é que "sete semanas e sessenta e duas semanas" são dadas separadamente, em vez de se dizer simplesmente "sessenta e nove semanas". A maioria dos apologistas ou desconhece ou ignora a pontuação Massorética, mas Robert Newman (1990, p. 116) rejeita-a com o argumento de que "a data de tal pontuação pode não ser anterior ao IX ou X séculos AD" e que a estrutura dos versículos como um todo favorece a sua interpretação.

Qual é o resultado de tudo isto? A profecia de Daniel não é tão convincente como poderia parecer inicialmente a alguém a quem fosse apresentada apenas uma das interpretações que "funcionam". Não nos deve surpreender que com quatro escolhas para pontos iniciais (os decretos de Ciro, Dario e Artaxerxes, mais as cartas de Artaxerxes para Neemias), várias escolhas possíveis para pontos terminais (o nascimento, o ministério, e a crucificação de Jesus), e pelo menos três modos de contar (anos normais, "anos proféticos", e ciclos sabáticos), se tenham encontrado cálculos para os quais Jesus se encaixa na profecia. Existem boas razões para se rejeitar cada uma dessas interpretações. As duas primeiras escolhas para pontos iniciais não funcionam para as interpretações oferecidas. O decreto de Artaxerxes funciona para anos normais com o ministério de Jesus como ponto terminal, mas nada diz sobre a reconstrução de Jerusalém. As cartas de Artaxerxes funcionam para ciclos sabáticos com a crucificação como ponto terminal, mas não são um decreto para se reconstruir a cidade de Jerusalém. Em vez disso, dão a Neemias um salvo-conduto para Judá e permissão para usar madeira das florestas reais. Por fim, nenhuma dessas interpretações leva em consideração a pontuação Massorética que, se não estiver ela própria em erro, elimina-as a todas como possíveis interpretações do texto. (massoretas desenvolveram as vogais no alfabeto hebraico,para leitura do hebraico moderno)

Profecias sobre o ministério

Alegadas profecias sobre a vida e o ministério de Jesus dizem que ele seria precedido por um mensageiro (isto é, João Baptista), que ele teria um ministério na Galileia, que ele realizaria milagres, e que teria uma entrada triunfal na cidade de Jerusalém, montado num jumento.

Precedido por um mensageiro

A primeira destas, que ele seria precedido por um mensageiro, refere Isaías 40:3, que reza: "Uma voz grita: Abri no deserto um caminho para o Senhor, aplanai na solidão as veredas para o nosso Deus." (MC) Este versículo não fala de um mensageiro do Messias, fala dos Judeus sendo libertados do cativeiro Babilônico. Outro versículo que se diz apresentar a mesma profecia é Malaquias 3:1, que diz: "Eis que vou mandar o Meu mensageiro, o qual preparará o Meu caminho diante de Mim...." (MC) Esta pode ser tomada plausivelmente como uma profecia messiânica. Mas será que João Baptista realmente 'preparou o caminho' como mensageiro para Jesus? O historiador Flávio Josefo escreve sobre João Baptista mas não relaciona o seu nome com o de Jesus (Antiquities of the Jews 18.5.2; Josefo (1985), p. 382).

 Os escritos cristãos mais antigos, as cartas de Paulo, não fazem qualquer referência a João Baptista. Os evangelhos (e o livro de Atos, escrito pelo autor de Lucas) são a única evidência real de um elo [entre João Baptista e Jesus]. Mas a evidencia dos evangelhos não é consistente. O evangelho de João mostra João Baptista reconhecendo explicitamente Jesus como o Messias (João 1:25-34) antes de ser lançado na prisão por herodes (João 3:23-24). Mas os evangelhos de Mateus (11:2-3) e Lucas (7:18-22) descrevem João Baptista, na prisão, enviando os seus discípulos a Jesus para perguntar se ele alega ser o Messias.

Se a história de João fosse verdadeira, João Baptista não teria razão para fazer aquela pergunta. (Para mais informação sobre João Baptista e a sua relação com Jesus, veja Miosi (1993).)

Ministério na Galileia

Apologistas cristãos alegam que o ministério de Jesus na Galileia é profetizado em Isaías 9:1, que diz: "... no tempo passado humilhou a terra de Zabulon e a terra de Neftali, no futuro cobrirá de glória o caminho do mar, a Transjordânia e a Galileia das nações." (MC) A única coisa que este versículo diz é que Deus fará a área "gloriosa" — não diz nada sobre o ministério do Messias. Os versículos seguintes (Isaías 9:6-7) falam de uma criança que nasceria no futuro e que seria rei, "o qual se chamará Conselheiro admirável, Deus forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz." A tradição judaica diz que isto se refere ao Rei Ezequias, não ao Messias (Sigal, 1981, pp. 29-32). Isaías 9:7, se aplicado a Jesus, não se cumpriu, pois fala do seu reino.

Milagres

Profecias sobre as curas milagrosas de Jesus são supostamente encontradas em Isaías 35:5-6 e Isaías 32:3-4. Este texto não menciona curas, mas diz que "Os olhos dos que vêem não se ofuscarão, e os ouvidos dos que ouvem estarão atentos. Os espíritos dos insensatos entenderão a ciência, e a língua dos tartamudos exprimir-se-á com prontidão e clareza." (MC) Diz-se ainda que isto ocorrerá durante o reinado de um rei (Isaías 32:1), o que não ocorreu em Israel durante o ministério de Jesus. O outro texto, por outro lado, descreve pessoas sendo curadas ("Então se abrirão os olhos do cego, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos", MC) mas também, nos versículos 7 e 8, descreve a terra como sendo "curada". Não existe aqui qualquer indicação clara de que estas curas tenham algo que ver com o Messias, em vez disso, é o próprio Deus que faz as curas. Os evangelhos não contêm qualquer relato de Jesus curando a terra.

Entrada triunfal em Jerusalém, montado num jumento

Uma última profecia relacionada com a vida e o ministério de Jesus é Zacarias 9:9, que diz: "Eis que o teu Rei vem a ti... humilde, montado num jumento, no potrinho de uma jumenta." (MC) Novamente, Jesus não era rei, portanto esse aspecto da profecia continua sem cumprimento. O alegado cumprimento desta profecia também é problemático. Segundo Marcos (10:11-19), Lucas (19:28-38) e João (12:12-19), Jesus entrou em Jerusalém montado num jumento. Mas Mateus 21:1-11 apresenta Jesus montado tanto num jumento como num potro, o que indica que ele se equivocou com a profecia.

Profecias sobre a traição

Várias das alegadas profecias estão relacionadas com a traição de Jesus por Judas. Estas incluem profecias de que Jesus seria traído por um amigo por trinta moedas de prata e que este dinheiro seria lançado no templo e usado para comprar um campo de um oleiro. Dois versículos que são tomados como profecias de traição por um amigo são Salmos 41:9 e Salmos 55:12-14, o último dos quais diz: "Mesmo o meu amigo próximo, em quem eu confiava, que comia o meu pão, levantou o seu calcanhar contra mim." Ambos são salmos que falam de sentimentos de dor por ter sido traído por um amigo próximo em quem se confiava. Mas Jesus já tinha presciência da sua traição por Judas (João 13:21-26), e por isso não deve ter confiado nele. Quando o evangelho de João (13:18) cita o Salmo 41:9, admite tacitamente este problema ao omitir a expressão "em quem eu confiava". Nenhum destes versículos das escrituras hebraicas dá qualquer indicação de ter sido originalmente escrito com intenções proféticas.

Mateus 26:14-15 declara que foram pagas a Judas Iscariotes trinta moedas de prata pelos sacerdotes Judeus como pagamento pela sua traição. Mateus 27:9-10 alega que isto é feito para cumprir uma profecia de Jeremias:

"Cumpriu-se, assim, o que fora dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi avaliado Aquele que os filhos de Israel avaliaram, e deram-nas pelo campo do oleiro, como o Senhor me havia ordenado."

O problema aqui é que o versículo citado não aparece em nenhuma parte do livro de Jeremias. Existe um versículo que é muito similar no livro de Zacarias, mas ali o profeta Zacarias está a falar de si mesmo e não está envolvida qualquer traição. O apologista cristão Gleason Archer (1982, p. 345) tenta resolver este problema citando vários versículos em Jeremias que se referem ao "profeta comprando um campo em Anatot por um certo número de siclos" (32:6-9), "o profeta vendo um oleiro modelando vasos de barro na sua casa" (18:2), "um oleiro perto do templo" (19:2), e Deus dizendo: "Quebrarei este povo e esta cidade como se parte um vaso de oleiro" (19:11). Porque é que Archer escreve "um certo número de siclos" em vez de dar o número especificado em Jeremias? Porque Jeremias 32:9 diz dezassete siclos, não diz trinta.

 O que Archer fez aqui foi simplesmente procurar as palavras "oleiro", "siclo" e "campo", numa tentativa de argumentar que Mateus estava realmente a referir-se a Jeremias em vez de Zacarias. Mas realmente não há dúvida que Mateus se queria referir a Zacarias em vez de Jeremias. Compare com Zacarias 11:12-13:

"Eu disse-lhes: Se vos parece bem, dai-me o meu salário; se não, guardai-o. Eles pagaram-me pelo meu salário trinta moedas de prata. O Senhor disse-me: Arroja esse dinheiro no tesouro, essa bela soma pela qual avaliaram os teus serviços. Tomei as trinta moedas de prata e lancei-as no tesouro da casa do Senhor."

Novamente, isto é Zacarias falando da sua própria experiência em vez de ser uma profecia messiânica. Mas Mateus 27:5-7 tenta cumprir esta não-profecia contando uma história de Judas Iscariotes lançando o seu pagamento no templo antes de cometer suicídio, depois do que os sacerdotes usam o dinheiro para comprar um campo de um oleiro. Esta história não aparece nos outros evangelhos (embora Atos 1:18-19 diga que foi o próprio Judas, em vez de serem os sacerdotes, quem comprou o campo com o dinheiro (cuja quantidade não é especificada) ganho com a sua traição).

Outro problema com esta alegada profecia é que os manuscritos mais antigos (Siríaco) de Zacarias versículo 13 nem sequer contêm a palavra "oleiro" — em vez disso, têm "tesouro", que faz mais sentido mas prejudica ainda mais a sua credibilidade como profecia. (A Revised Standard Version apresenta o versículo como "Lancei-o no tesouro", com a tradução "para o oleiro" relegada para uma nota de rodapé.)

Profecias sobre a crucificação

Os apologistas cristãos talvez estejam muito impressionados com várias alegadas profecias relacionadas com a crucificação de Jesus. Eles alegam que as escrituras hebraicas contêm profecias de que Jesus seria crucificado, que as suas vestimentas seriam divididas através do lançamento de sortes, que lhe dariam vinho misturado com fel ou mirra, que ele gritaria sobre ser abandonado, e que nenhum dos seus ossos se quebraria.

Seria crucificado

Existem vários versículos que são encarados como referindo-se à crucificação: Salmos 22:16, Zacarias 12:10, e Zacarias 13:6 são exemplos típicos. Salmos 22:16 diz: "Sou rodeado pelos cães; envolvido por um bando de malfeitores; trespassaram as minhas mãos e os meus pés". Este é um salmo de Davi que não dá indicação de ser profético e que se descreve a si mesmo sendo caçado e morto em vez de ser crucificado. Gerald Sigal (1981, p. 98) argumenta que a palavra hebraica traduzida aqui por "trespassaram" é "ariy", que significa "leão", e portanto uma tradução mais exata seria "como um leão [eles estão a morder] as minhas mãos e os meus pés." [N. do T.: a tradução Missionários Capuchinhos (católica) diz, numa nota de rodapé: "O hebraico] diz: «como um leão, as minhas mãos e os meus pés». O targum explica: «eles morderam como um leão»."] Gleason Archer (1982, p. 37), contudo, argumenta que "eles trespassaram" está correto, baseado na tradução Septuaginta e noutras considerações.

Zacarias 12:10 (MC) diz "... eles voltarão os seus olhos para Mim. Quanto àquele que traspassaram, chorá-lo-ão como se chora um filho único; chorá-lo-ão amargamente como se chora um primogénito." O evangelho de João (19:37) encara isto como sendo uma profecia cumprida na crucificação de Jesus, mas não há indicação de que Zacarias fale de crucificação. Além disso, o 'ele' sendo lamentado não é o 'eu' que está sendo traspassado. A interpretação Judaica deste versículo é que Deus está a falar do povo de Israel sendo "traspassado" ou atacado (Sigal 1981, pp. 80-82).

Zacarias 13:6 (MC) diz: "Que ferimentos são esses nas tuas mãos [a RSV diz "entre os teus braços"]?", referindo-se a alguém que afirma não ser profeta e que foi vendido como escravo na sua juventude (Zacarias 13:5). Ferimentos entre os braços não são característicos de crucificação e Jesus nem foi vendido como escravo nem afirmou que não era profeta.

Lançadas sortes sobre as vestimentas

Apenas o evangelho de João fala das vestimentas de Jesus sendo divididas entre os soldados e o lançamento de sortes sobre a sua túnica (João 19:23-24), e ele cita Salmos 22:18 como a profecia que é cumprida dessa forma. Este último versículo diz: "repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre elas." Este versículo conta um evento — roupas sendo divididas através do lançamento de sortes. Mas João transforma-o em dois eventos: primeiro a divisão da roupa de Jesus sem incluir a túnica (João 19:23) e depois o lançamento de sortes sobre a sua túnica (João 19:24). Parece que João criou uma história numa tentativa de providenciar um cumprimento para a sua compreensão equivocada de um versículo que não dá qualquer indicação de ter sido originalmente uma profecia.

Vinho misturado com fel ou mirra para beber

Mateus (27:34) fala de terem dado a beber a Jesus "vinho misturado com fel" e Marcos (15:23) diz que lhe ofereceram "vinho misturado com mirra". Ambos os versículos são encarados como referências a Salmos 69:21, que diz "Por alimento servem-me veneno, por bebida contra a minha sede, dão-me vinagre." A palavra hebraica traduzida aqui por "veneno" é "rosh", que significa veneno ou fel, e refere-se a alguma planta venenosa. O versículo diz que veneno está sendo colocado na comida, o que não se aplica à crucificação. Mirra, que não é venenosa, é referida pela palavra hebraica "mor", que não aparece em Salmos 69:21. Este salmo, que fala repetidamente de águas de uma inundação, não dá qualquer indicação de ser profético nem de se aplicar a Jesus.

"Por que me abandonaste?"

Os evangelhos de Mateus (27:46) e Marcos (15:34) dizem que as últimas palavras de Jesus foram: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?", uma citação do Salmo 22:1. Lucas (23:46) diz que as últimas palavras de Jesus foram "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito", enquanto João (19:30) apresenta Jesus a dizer: "Acabou-se." Só a primeira destas frases é alegadamente um cumprimento de profecia, no entanto dificilmente se poderá dizer que é miraculoso ter Jesus feito tal declaração. Presumivelmente Jesus estava familiarizado com as escrituras hebraicas. Tal observação, contudo, é inconsistente com a teologia cristã. Por que é que Jesus, que é supostamente Deus encanado, falaria de ser abandonado por si mesmo em qualquer circunstância, quanto mais na culminação do seu plano para a salvação humana? Também não é evidente que Salmos 22 seja quer profético, quer aplicável a Jesus (veja Sigal, 1981, pp. 95-99).

Nenhum dos seus ossos seria quebrado

Uma última profecia que desejo examinar, relacionada com a crucificação de Jesus, é que os ossos dele não seriam quebrados. Só o evangelho de João (19:32-36) afirma isso, dizendo que os soldados quebravam as pernas das vítimas da crucificação para apressar as suas mortes, no entanto pouparam Jesus pois ele já estava morto. João 19:36 cita Salmos 34:20: "Ele guarda cada um dos Seus ossos, nem um só será quebrado", como sendo a profecia que é cumprida dessa forma. Não há qualquer indicação de que Salmos 34 tenha sido escrito com intenções proféticas, nem que se aplique a Jesus. A intenção do evangelho de João é representar Jesus como um sacrifício, correspondendo especificamente ao cordeiro pascal (por exemplo, João 1:29, 36). Um requerimento do cordeiro pascal é que nenhum dos seus ossos seja quebrado (Êxodo 12:46, Números 9:12). Mas esta analogia falha por várias razões: o cordeiro pascal não era para expiação de pecado, e requeria-se que os sacrifícios judeus estivessem completamente sem deformidades físicas, chagas ou ferimentos (Levítico 22:20-25) ao passo que Jesus foi açoitado [chicoteado] e mutilado (João 19:1; Sigal 1981, pp. 265-268).

Conclusões

Vale a pena examinar brevemente algumas conclusões a respeito de profecias messiânicas, que diferem das minhas, apresentadas por Peter Stoner (1952) (e repetidas por McDowell (1972)). Stoner calcula a probabilidade de apenas oito profecias messiânicas6 serem cumpridas como sendo 1 em 10^21 (McDowell (1972), citando uma edição mais recente do livro de Stoner, apresenta a probabilidade como sendo 1 em 10^17. Jeffrey (1990, pp. 17-20) apresenta uma lista de onze profecias messiânicas7 e uma probabilidade de 1 em 10^19.) Existem vários problemas com os cálculos de Stoner. A probabilidade de cada profecia ser cumprida por acaso foi obtida de uma estimativa feita por "uma classe sobre Evidências Cristãs" em Pasadena City College patrocinada pela Inter-Varsity Christian Fellowship (Stoner 1952, p. 71). [N. do T.: ou seja, fundamentalistas!] Estas estimativas não consideraram nenhuma das acima mencionadas objeções a estas profecias, nem consideraram a possibilidade de cumprimento intencional. (Por exemplo, um pretendente a Messias podia contratar um mensageiro do gênero de João Baptista para o preceder, ou poderia montar um jumento intencionalmente e entrar na cidade de Jerusalém.) Outro problema com esse método [de Stoner] é tais estimativas de probabilidades não serem de confiança.8 Destes problemas, o mais grave é o fracasso de Stoner em considerar as objeções que apresentei acima, e este fato por si só é suficiente para invalidar os seus cálculos.

Examinei mais de duas dúzias de alegadas profecias messiânicas que os apologistas cristãos dizem terem sido cumpridas em Jesus. Embora existam muitas outras de tais alegadas profecias (por exemplo, McDowell (1972) enumera 61 com algum detalhe e refere-se a numerosos versículos adicionais sem detalhes), estes são os melhores exemplos, segundo o reconhecimento dos próprios apologistas.9 Este exame mostra que nenhuma delas é uma predição específica, detalhada e exata de um evento que tenha ocorrido na vida de Jesus. Em vez disso, as supostas profecias parecem ser o resultado de tentativas deliberadas por parte dos escritores dos evangelhos e dos apologistas cristãos para encontrar similaridades post hoc entre eventos descritos no Novo Testamento e nas escrituras hebraicas.

 As profecias messiânicas, contrariamente ao que os apologistas dizem, não fornecem evidência em apoio da fé Cristã.

***

Site pessoal de Jim Lippard: http://www.discord.org/~lippard

Agradecimentos

Agradeço a Ed Babinski, que me recomendou o livro de Gerald Sigal, a Robert Sheaffer pelos seus comentários úteis sobre uma versão preliminar deste artigo, e a David Wood por ter indicado o modo como a RSV traduz Zacarias 11:13.

Todas as citações da Bíblia, salvo indicação em contrário, são [tradução livre para português] da New American Standard Translation.

Notas

1 - Poderia argumentar-se (e é o que têm feito Judeus desde o terceiro século) que Jesus desencaminhou os Judeus da sua religião e por isso era um falso profeta. Veja Sanhedrin 43a no Talmude Babilônico (Epstein 1935, p. 281).

2 - Deve-se notar que alguns apologistas cristãos alegam que o sentido pretendido é "virgem" porque os tradutores judeus do Velho Testamento para o grego (a Septuaginta) usaram a palavra grega "parthenos" ("virgem") para "almah" ao traduzirem este versículo. Isto provavelmente indica, em vez disso, que Mateus usou a Septuaginta. Gerald Sigal (1981, p. 24) indica um caso (Gênesis 34:3) em que a Septuaginta usa "parthenos" para a palavra hebraica "na'arah" ("rapariga") quando a mulher em questão não é de modo nenhum uma virgem (veja Gênesis 34:2). Nahigian (1993, p. 13) também indica que traduções posteriores de Isaías, por Aquila, Theodocion, Lucian e outros não usaram "parthenos" ao traduzir "almah" em Isaías 7:14.

3 - A resposta cristã usual é invocar a doutrina do "duplo cumprimento" das profecias. Note que isto, combinado com a opinião cristã de que "almah" significa "virgem", implica que o Cristão tem de aceitar dois nascimentos virginais.

4 - O evangelho de João não diz nada sobre Jesus ser de Belém, mas em vez disso diz que ele é de Nazaré, na Galileia. Veja João 1:45-46 e 7:41-42, 52.

5 - Existem duas tentativas que costumam ser feitas para resolver estas contradições. A mais comum entre cristãos evangélicos é alegar que a genealogia de Lucas é a de Maria, não a de José. Isto não explica a repetida convergência seguida de divergência que notamos à medida que analisamos as duas genealogias. Também não explica por que é que a genealogia de Lucas contém quase duas vezes mais ancestrais do que Mateus no mesmo período de tempo. Ainda outro problema é que essa explicação entra em conflito com a tradição católica que diz que os pais de Maria foram Joaquim e Ana. Uma segunda explicação, preferida pelos católicos, é que cada caso de divergência é o resultado de casamento de Levirato. Isto é, os pais discrepantes são irmãos uns dos outros, e quando um deles morreu, o outro casou com a esposa do seu irmão (veja Deuteronómio 25:5). Esta explicação também não explica a diferença no número de ancestrais.

6 - Miquéias 5:2 (nascido em Belém), Malaquias 3:1 (precedido por um mensageiro), Zacarias 9:9 (entra em Jerusalém montado num jumento), Zacarias 13:6 (traído por um amigo, ferido nas mãos), Zacarias 11:12 (traído por trinta moedas de prata), Zacarias 11:13 (prata lançada no templo e usada para comprar campo de oleiro), Isaías 53:7 (fica silencioso perante acusadores) e Salmos 22:16 (mãos e pés traspassados). Todos estes, excepto o versículo de Isaías, foram examinados acima (veja a [nota 9]).

7 - Jeffrey apresenta as mesmas oito de Stoner e McDowell (substituindo Isaías 40:3 por "precedido por um mensageiro" e Salmos 41:9 por "traído por um amigo") e acrescenta Isaías 53:5 (ferido e chicoteado por inimigos), Isaías 50:6 (cuspido e golpeado), e Isaías 53:12 (crucificado com ladrões). Estes últimos três versículos não são abordados neste artigo, veja a [nota 9].

8 - Veja Kahneman, Slovic e Tversky (1982) e Falk (1982).

9 - Profecias que não abordei incluem os escritos de Isaías sobre o "Servo Sofredor", que são tratados por Sigal (1981, pp. 35-68) e no número 30 (Junho de 1985) da revista Biblical Errancy [Erros Bíblicos].

Referências

Saiba mais…

Parte X

 

O que foi observado durante o Estudo dos Evangelhos é que os autores dos mesmos não pretendiam efetuar uma narração histórica de acontecimentos, mas efetuar uma composição de textos em que poderiam ser incluídas passagens das Escrituras Hebraicas, que deveriam ser arranjadas de tal forma a induzir fiéis a acreditar que as mesmas estavam aludindo a pessoa de Iehoshua de Nazaré. Ao que tudo indica a intenção dos evangelistas não foi registrar fatos históricos com precisão, mas transmitir ensinamentos religiosos. Paulo de Tarso, embora não tenha sido um dos apóstolos, foi um dos principais criadores da figura de Iehoshua de Nazaré. No episódio narrado de Atos dos Apóstolos 9,1-9, ele, ao cair do cavalo quando viajava pela estrada que o conduzia até Damasco, julgou estar divinamente inspirado. Após este fato, ele analisou as Escrituras Hebraicas em busca de revelações ocultas e, acreditando que toda e qualquer idéia que lhe ocorria também era de inspiração divina, acreditou ter encontrado nelas o anúncio da vinda de Iehoshua de Nazaré. Na realidade, o mundo de Paulo de Tarso ainda era fortemente influenciado pela cultura helênica. Para os gregos, a verdadeira realidade era a realidade mítica, onde viviam deuses e anjos. O mundo material era apenas um reflexo desta realidade. As Escrituras Hebraicas não continham profecias a respeito do que Paulo de Tarso pensava e ensinava, mas na ótica dele elas revelavam um pouco desta realidade mítica. Para ele, o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré eram fatos já ocorridos nesta realidade espiritual, em um tempo diferente do nosso, assim como as aventuras dos deuses gregos, e não algo que ainda estaria para ocorrer no mundo material.  Era desta realidade mítica que falava Paulo de Tarso quando se pôs a escrever as suas epístolas, e não de um Iehoshua de Nazaré humano, ou seja, de carne e osso. E para isto, era necessário procurar nas Escrituras Hebraicas revelações de um Iehoshua de Nazaré espiritual, abstrato. Uma conseqüência imediata disto é a transcendentalização de passagens das Escrituras Hebraicas, o que acarreta pseudo-interpretações e ajuda a distorcer e atropelar fatos históricos, como aqueles identificados nos Estudos dos Evangelhos realizados anteriormente. Para Paulo de Tarso, era o Eterno quem fazia as revelações e Iehoshua de Nazaré era apenas o seu canal de comunicação. Assim, a Sabedoria Judaica começou a ser interpretada como o Logos Grego. Para concretizar isto, Paulo de Tarso, judeu que absorveu a cultura e filosofia grega,  recorreu às Escrituras Hebraicas e descobriu vestígios de Iehoshua de Nazaré através de suas próprias inspirações divinas, pois os gregos somente entendiam o Criador a partir de si próprio, e não através de experiências como sempre ocorreu com o povo judeu. Para ele, Iehoshua de Nazaré era uma espécie de segredo que esteve escondido durante épocas remotas e que foi revelado para ele pelo Criador. Para isto, era necessário ter fé neste Iehoshua de Nazaré de natureza mítico-espiritual [na realidade, abstrata], como Paulo de Tarso mostra sistematicamente em suas epístolas.  Mas por que seria necessário ter fé em um homem que, ao morrer, ressuscitou? Isto seria um grande fato histórico, e não algo a ser entendido através da fé. Somente mais tarde, através dos concílios, é que se começou a discutir a figura de Iehoshua de Nazaré como homem. Desta forma, foi necessário que passagens do Antigo Testamento fossem incluídas nos Evangelhos para induzir fiéis a acreditar que tais passagens se referiam a sua vinda. Nos escritos de Paulo de Tarso não são mencionadas expressões como: Conforme eu ouvi da boca de Iehoshua de Nazaré, conforme ensinou Fulano, que foi discípulo de Iehoshua de Nazaré, etc. Por que? Vale a pena salientar que Paulo de Tarso só foi à cidade de Jerusalém anos depois do incidente da queda do cavalo e nem sequer mencionou lugares santos ou sua emoção ao visitá-los;  não menciona Pilatos e nem o julgamento de Iehoshua de Nazaré. Por que? Nos escritos de Paulo de Tarso é observado o comportamento de que ele é que é o Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Por isto, em todas as suas discussões com discípulos, ele jamais foi acusado de distorcer palavras de Iehoshua de Nazaré, pois ele é que se fazia Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Não havia o ensinamento das Palavras de Iehoshua de Nazaré. Na realidade, os Evangelhos e a vida terrena de Iehoshua de Nazaré ainda não tinham sido criados. Porém, é possível que versões primitivas dos Evangelhos já existissem no final do primeiro século, mas talvez não fizessem parte do pensamento Paulinista, naquela época ainda muito predominante. Para entender melhor o que foi escrito acima, convém lembrar que gregos e europeus até os tempos de Nikolaj Kopernik (1473-1543) e Galileu Galilei (1564-1642) acreditavam que a Terra era o centro do universo e que em volta dela havia esferas de cristal concêntricas, cada uma sustentando um dos sete planetas conhecidos. Na esfera de cristal mais interior, a da Lua, se localizavam os demônios, interpretados como mensageiros entre os homens e os deuses, e além da sétima esfera de cristal se localizavam os deuses. Para Paulo de Tarso e seus correligionários, em vez de vários deuses existe um único deus e os demônios são forças do mal, conforme mencionado em um dos seus discursos:  

 

Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. (Efésios 6,12)  

 

Segundo Paulo de Tarso, os demônios habitam as regiões celestes, mas somente mais tarde foram expulsos deste lugar e passaram a habitar as profundezas da terra, e que embora não sejam humanos, eles são os dominadores do mundo em que vivemos. Segundo livros apócrifos do fim do primeiro século da era comum, como o livro da Ascenção de Isaías, por exemplo, Iehoshua de Nazaré teria viajado através das esferas de cristal até alcançar a esfera mais interior, nascendo de uma mulher, da mesma forma que a deusa Attis nascera de Cibele e depois se sacrificara. Mais tarde os demônios mataram Iehoshua de Nazaré sem perceberem quem ele era. No final do século I da era comum, nenhuma menção foi efeuada a um Iehoshua de Nazaré terreno, assim como também não foi efetuada nenhuma menção a qualquer de seus ensinamentos e nem tão pouco foi mencionado o perdão de pecados. Do mesmo modo, também não é mencionado que Pilatos o julgou e que houve calvário. A missão deste Iehoshua de Nazaré, que embora possuísse aparência humana mas que não era de carne e osso, era derrotar o anjo da morte e resgatar os justos. Por exemplo, em I Coríntios 2,6-8 Paulo de Tarso menciona novamente os dominadores do mundo, mas não menciona Pilatos:

 

Entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados. Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória). (I Coríntios 2,6-8)  

 

Os teólogos Marcião (85-160) e Orígenes de Alexandria (185-254) também interpretavam Paulo de Tarso desta forma. Segundo eles, Iehoshua de Nazaré desceu aos infernos (sheol) e ressuscitou três dias depois. Retornou aos céus levando com ele as almas dos justos e, a partir deste dia, os justos que morressem iriam também para o céu. Este era o segredo da eternidade escondido, no qual era preciso acreditar para se escapar do inferno. Assim, Iehoshua de Nazaré passou a ser visto como o cordeiro imolado desde o início dos tempos, e não a partir do ano 33 d.e.c. Através de estratégias como esta, também tornou-se fácil efetuar conexões entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, como se tornou evidente, por exemplo, através da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s.

 

Com o passar dos anos, outras personalidades de Iehoshua de Nazaré começaram a ser encaixadas na pessoa dele para que gregos e romanos pudessem melhor aceitá-lo.  Muitos dos ensinamentos atribuídos a Iehoshua de Nazaré foram encontrados nos manuscritos do Mar Morto, escritos pelos essênios pelo menos cem anos antes da era comum. Os essênios eram conhecidos por esperarem a vinda do Reino de Deus; pelo seu desprezo às coisas materiais; faziam-se batizar para a purificação do corpo e do espírito e iniciavam a vida pública a partir dos trinta anos, após quarenta dias de jejum no deserto. Ensinamentos como amar aos inimigos; se lhe pedem o casaco dá também a camisa e ao lhe baterem em uma das faces, dar a outra, derivam dos Estóicos, que eram pessoas pertencentes a um movimento filosófico de origem grega, e que pregava um modo de viver o mais simples e humilde possível, em oposição ao materialismo da sociedade urbana. Muitos outros ensinamentos foram extraídos do Documento Q, uma coleção de ensinamentos resultantes da mistura da filosofia estóica com o messianismo judaico. Assim, tornou-se possível construir uma biografia para Iehoshua de Nazaré.  Quando os autores dos Evangelhos construíram uma biografia da vida terrena para Iehoshua de Nazaré, cada um expressou os fatos em contextos diferentes. Para mostrar isto, examinemos dois exemplos. Como primeiro exemplo, Iehoshua de Nazaré ensina sobre a força da fé, no Evangelho de Mateus 17,14-20 e no Evangelho de Lucas 17,5-6. Enquanto a passagem mencionada do Evangelho Mateus é proferida por Iehoshua de Nazaré, ao explicar que os discípulos não conseguiram expulsar demônios de um epiléptico por causa da falta de fé deles, na passagem do Evangelho de Lucas a mensagem é proferida pelos apóstolos, os quais pedem para que Iehoshua de Nazaré aumente a fé deles. O engraçado aqui é que até hoje ninguém conseguiu realmente mover uma árvore ou uma montanha de um lugar para outro com a força da fé. Será que a fé é menor do que um grão de mostarda na maioria das pessoas? Como segundo exemplo, a conhecida Oração do Pai Nosso é ensinada por Iehoshua de Nazaré no Evangelho de Mateus 6,9-13 durante o episódio do Sermão da Montanha, o qual foi dirigido a uma multidão, ao passo que no Evangelho de Lucas 11,1-4 são os discípulos que pedem para que Iehoshua de Nazaré os ensine a orar. Então, Iehoshua de Nazaré ensinou a Oração do Pai Nosso. Outras passagens que ensinam sobre a força da fé estão contidas no Evangelho de Mateus 17,14-20, Evangelho de Marcos 9,14-29 e Evangelho de Lucas 9,37-43. 

 

Quanto as narrativas dos milagres realizados por Iehoshua de Nazaré, grande parte delas foram extraídas do Antigo Testamento e incluídas nos Evangelhos. Para mostra isto, examinemos seis exemplos.  

 

Primeiro Exemplo – I Reis 17,7-24 – Elias ressuscita o filho de uma viúva em Sarepta 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,7-24 com a passagem do Evangelho de Lucas 7,11-17. Vamos examinar mais precisamente  a passagem I Reis 17,19-23. 

 

“Dá-me o teu filho?”, respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima onde dormia e deitou-o em seu leito. Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: “Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?” Estendeu-se em seguida sobre o menino por três vezes, invocando de novo o Senhor: “Senhor, meu Deus, rogo-vos que alma deste menino volte a ele.” O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida. Elias tomou o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: “Vê: teu filho vive.” (I Reis 17,19-23) 

 

Segundo Exemplo – I Reis 17,23 – Elias é reconhecido pela viúva de Sarepta como homem de Deus 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,23 com a passagem do Evangelho de João 4,1-42, mais precisamente na passagem do Evangelho de João 4,16-26. 

 

A mulher exclamou: “Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios. (I Reis 17,24) 

 

Terceiro Exemplo – II Reis 4,8-37 – Eliseu ressuscita o filho de uma sunamita 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,8-37 com as passagens do Evangelho de Mateus 9,18-19,23-26, Evangelho de Marcos 5,21-24,35-43 e Evangelho de Lucas 8,40-42,49-56. Vamos examinar mais precisamente  a passagem II Reis 4,32-37.  

 

Eliseu entrou na casa, onde estava o menino morto em cima da cama. Entrou, fechou a porta atrás de si e do morto, e orou ao Senhor. Depois, subiu à cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre os olhos dele, suas mãos sobre as mãos dele, e enquanto estava assim estendido, o corpo do menino aqueceu-se. Eliseu levantou-se, deu algumas voltas pelo quarto, tornou a subir e estendeu-se sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu chamou Giezi e disse-lhe: “Chama a sunamita”; o que ele fez. Ela entrou e Eliseu disse-lhe: “Toma o teu filho.” Então ela veio e lançou-se aos pés de Eliseu, prostrando-se por terra. Em seguida tomou o filho e saiu. (II Reis 4,32-37) 

 

Quarto Exemplo – II Reis 4,42-44 – Eliseu realiza uma multiplicação de pães 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,42-44 com as passagens do Evangelho de Mateus 14,13-21, Evangelho de Mateus 15,29-39, Evangelho de Marcos 6,30-44, Evangelho de Marcos 8,1-10, Evangelho de Lucas 9,10-17 e Evangelho de João 6,1-15. Vamos examinar a passagem de II Reis 4,42-44. 

 

Veio um homem de Baalsalisa, que trazia ao homem de Deus, à guisa de primícias, vinte pães de cevada e trigo novo no seu saco. “Dá-os a esses homens, disse Eliseu, para que comam.” Seu servo respondeu: “Como poderei dar de comer a cem pessoas com isto?” – “Dá-os a esses homens, repetiu Eliseu, para que comam. Eis o que diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará.” E deu-os ao povo. Comeram e ainda sobrou, como o Senhor tinha dito. (II Reis 4,42-44) 

 

Quinto Exemplo – Eliseu cura um leproso 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 5,1-19 com as passagens do Evangelho de Mateus 8,1-4, Evangelho de Marcos 1,40-45 e Evangelho de Lucas 5,12-16. Vamos examinar mais precisamente  a passagem II Reis 5,8-14.  

 

Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: “Por que rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel.” Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu. Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa.” Naamã se foi, despeitado, dizendo: “Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?” E, voltando-se, retirou-se encolerizado. Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: “Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e serás curado.” Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança. (II Reis 5,8-14) 

 

Sexto Exemplo – Jonas acalma uma tempestade 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de Jonas 1,1-16 e as passagens do Evangelho de Mateus 8,23-27, Evangelho de Marcos 4,35-41 e Evangelho de Lucas 8,22-25. Vamos examinar mais precisamente a passagem de Jonas 1,12,15-16. 

 

“Tomai-me, disse Jonas, e lançai-me às águas, e o mar se acalmará. Reconheço que sou eu a causa desta terrível tempestade que vos sobreveio.” E, pegando em Jonas, lançaram-no às ondas, e a fúria do mar se acalmou. Tomada de profundo sentimento de temor para com o Senhor, a tripulação ofereceu-lhe um sacrifício, acompanhado de votos. (Jonas 1,12,15-16) 

 

Uma comparação cuidadosa revela que vários outros trechos do Antigo Testamento foram incluídos no Novo Testamento fora do seu real contexto ou tomados como profecia, quando na verdade se referiam a outros acontecimentos. Para mostra isto, examinemos sete exemplos.  

 

Na passagem do Evangelho de Mateus 1,22 é mencionada a passagem de Isaías 7,14 sobre uma virgem que conceberia e daria a luz a uma criança. Na realidade, o Profeta Isaías fala de uma criança que nascerá na época dele, e não setecentos anos após a época dele. Para isto, basta estudar Isaías 8,3 e se concluirá que não se trata de Iehoshua de Nazaré, mas de alguém que se referirá como Emanuel. Para isto, basta estudar a passagem de Isaías 8,5-8. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 1,22-23 com referência a Yeshayáhu 7,14. Nas passagens do Evangelho de Mateus 2,5-6 e Evangelho de João 7,40-43, se discute que o nascimento de Iehoshua de Nazaré em Belém fora profetizado e, para isto, é mencionada a passagem de Miquéias 5,1-2. Esta passagem se refere ao clã de David, Belém Éfrata, e não a uma cidade. Além disto, mesmo que fosse uma cidade, o Messias profetizado viria para espalhar o terror e a morte entre os inimigos de Israel e torná-la poderosa, enquanto que Iehoshua de Nazaré afirmou que o reino dele não era deste mundo. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 2,5-6 com referência a Miquéias 5,1-2. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,1-11, Evangelho de Marcos 11,1-11, Evangelho de Lucas 19,29-44 e Evangelho de João 12,12-36 estão registradas que a entrada de Iehoshua de Nazaré na cidade de Jerusalém montado em um jumento foi prevista em Zacarias 9,9, mas o rei de que fala o Profeta Zacarias seria um rei humano, que reinaria sobre Israel, e no entanto nunca houve o reinado de Iehoshua de Nazaré e, além do mais, após a morte dele Israel continuou sob domínio romano. A aclamação do povo Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor, como registrada no Evangelho de Mateus 21,9, foi extraída do Salmo Hb118,26. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 21,1-5 com referência a Zecharyah 9,9. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,12-17, Evangelho de Marcos 11,15-19, Evangelho de Lucas 19,45-48 e Evangelho de João 2,13-25 é narrado como Iehoshua de Nazaré expulsou os vendilhões do Templo. Sabe-se que naquela época o comércio de animais era essencial à realização dos sacrifícios pelos fiéis, e, desta forma, tal comércio não era ilegal e o mesmo era apoiado pelas autoridades religiosas. Por outro lado, levando em consideração as dimensões do pátio do Templo e a existência de guardas, parece pouco provável que apenas um único homem com um chicote em mãos conseguisse expulsar todos os vendilhões e ainda ficar impune. Na realidade, as passagens acima citadas foram extraídas de Zacarias 14,21 e Jeremias 7,11:  

 

Todo caldeirão, tanto em Jerusalém como em Judá, será consagrado ao Senhor dos exércitos; todo aquele que vier oferecer sacrifício poderá servir-se deles para cozinhar; e não haverá mais traficantes naqueles dias na casa do Senhor dos exércitos. (Zacarias 14,21) É, por acaso, a vossos olhos uma caverna de bandidos esta casa em que meu nome foi invocado? Também eu o vejo – oráculo do Senhor. (Jeremias 7,11) 

 

Nas passagens do Evangelho de Mateus 26,1-16, Evangelho de Mateus 27,1-10, Evangelho de Marcos 14,1-11 e Evangelho de Lucas 22,1-6 estão registradas a traição de Judas Iscariotes por trinta moedas de prata como tendo sido profetizada no Salmo Hb41,9-10 e em Zacarias 11,4-17. Entretanto, nenhuma das passagens argumenta sobre o messias. No referido salmo, é David, o autor, quem denuncia ao Eterno uma traição e se considera um pecador. E na referida passagem do Profeta Zacarias, este afirma ter recebido trinta moedas de prata, as quais ele as devolve, por um serviço prestado, sem nenhuma traição envolvida. Por outro lado, a passagem do Evangelho de Mateus 27,1-10 menciona também que a compra do campo do oleiro, por uma quantia de trinta moedas de prata, fora profetizada pelo Profeta Jeremias, mas tal profecia não existe. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 16,21-23 sem referência aos livros proféticos. 

 

Na passagem do Evangelho de Lucas 1,26-38 um anjo revela a Maria como nasceria Iehoshua de Nazaré, mas esta passagem trata-se de uma quase cópia da passagem de Sofonias 3,14-18, onde se profetiza o triunfo de Israel sobre as nações que a oprimiram.  

 

Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça. Naquele dia, dir-se –á em Jerusalém: “Não temas, Sião! Não se enfraqueçam os teus braços! O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói e salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e te renova seu amor. Ele exulta de alegria a teu respeito como num dia de festa.” Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha que pesa sobre ti. (Sofonias 3,14-18) 

 

Diante do final desta passagem, como identificar que durante a pregação de Iehoshua de Nazaré os inimigos do povo judeu foram suprimidos? Naquela época foi removida a vergonha de sobre nós, judeus? Não. Continuamos sob domínio do Império Romano que, após o ano de 476 foi dividido em dez nações e mais tarde veio a se transformar na Igreja Católica Apostólica Romana. As passagens dos Salmos Hb22,1-19 e 69,22 foram utilizadas durante a crucificação de Iehoshua de Nazaré, mas na realidade as mesmas falam sobre os inimigos de David e da perseguição que o mesmo sofria do rei Saul. Não havendo, portanto, nenhuma ligação com Iehoshua de Nazaré. Em particular, a tradução direta do hebraico para o português do Salmo Hb22 é:

Ao mestre do canto, acompanhado por "Aiélet Hashachar", um salmo de David. Eterno, Eterno, por que me abandonastes? Por que deixaste tão distante minha salvação e ignoraste meu gemido angustiado? De dia clamo e à noite não silencio, e Tu não me escutas. Mas Tu és o Santo, e a Ti se dirigem os louvores de Israel! Em Ti confiaram nossos patriarcas, confiaram plenamente e Tu os resgatastes. Clamaram a Ti e foram salvos; em Ti acreditaram e não foram desiludidos. Quanto a mim, sou como um verme e não homem, opróbrio da plebe, vergonha do povo. Zombam de mim os que me fitam, riem e meneiam ironicamente suas cabeças. Dizem-me, porém, confia no Eterno! Ele o redimirá, Ele lhe trará salvação, porque nele se compraz. Tu me tiraste do ventre materno e me fizeste sentir seguro, contra seu peito. Desde meu nascimento, em Teus braços fui entregue; mesmo antes de nascer, já eras meu Criador. Não Te afastes de mim, porque muito próxima está a aflição e não há quem me proteja, senão Tu. Touros furiosos me cercaram, touros do Bashan me rodearam. Abriram contra mim suas bocas como um leão que estraçalha e ruge. Sinto-me como água derramada que não pode voltar a seu recipiente, meus ossos fraquejam; meu coração parece ser de cera, de tal forma se derrete dentro de mim. Minha força secou como a argila, minha língua está colada ao paladar e me deitaste no pó da morte. Cães me cercam, uma turba de perversos me rodeia, atacam meus pés e minhas mãos como se fora um leão. Verifico como estão meus ossos enquanto eles me observam e tripudiam. Minhas roupas, entre si repartem, minhas vestimentas sorteiam. Mas Tu, ó Eterno, eu te peço, não Te afastes de mim; ó minha Força, apressa-Te e vem em meu auxílio! Salva minha alma da espada, minha vida das presas dos sabujos. Livra-me da boca do leão, resgata-me dos chifres dos touros selvagens. Então, a salvo, proclamarei Teu Nome a meus irmãos e louvarte-ei do seio da multidão! Vós que sois a semente de Jacob, honrai-O! Reverenciai-O todos vós, descendentes de Israel. Porquanto não desprezou nem ignorou a angústia do aflito e dele não escondeu Sua face e atendeu a sua prece. Graças a Ti poderei proclamar meu louvor às multidões; cumprirei minhas promessas na presença daqueles que O temem. Os humildes hão de comer e se fartar; os que buscam o Eterno hão de louvá-lo e vida perene terão seus corações. Dos confins da terra, todos a Ti se voltarão com compreensão e ante Ti se curvarão todas as famílias das nações. Pois só do Eterno é a realeza e Seu é o domínio sobre todos os povos. Comerão todos os povos a fartura da terra e ante Ele se prostrarão; reverenciá-lo-ão os que retornam do pó, mas então já será tarde porque suas almas não fará viver. Da descendência dos que O servem, de geração em geração, será relatada a magnificência de Sua glória. Anunciarão às gerações vindouras a bondade de seus feitos. (Salmo Hb22 – Traduzido do Hebraico)

 

Nas bíblias cristãs, o versículo 17 deste salmo [grafado acima de azul] está escrito como:

Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e meus pés. (Salmo Hb22,17)

Na realidade, a palavra hebraica ka'ari, que significa como um leão, é gramaticalmente semelhante à expressão ferir muito. Desta maneira, apologistas do Cristianismo traduziram o versículo 17 com o interesse de que o mesmo pudesse ser referido à crucifixão de Iehoshua de Nazaré e, para isto, escreveram traspassaram minhas mãos e meus pés. Torna-se claro agora que muitas das frases do Antigo Testamento foram inseridas nos Evangelhos para dar a entender que se referem às profecias anunciadas pelos profetas de Israel, mas que foram usadas deliberadamente para se fazer alusão à pessoa de Iehoshua de Nazaré. As mesmas encontram-se localizadas estrategicamente para convencer a todos de sua messianidade e, para isto, vêm seguidas insistentemente da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s.  

Há uma epístola apócrifa, denominada Primeira Epístola de Clemente, enviada de Roma aos Coríntios no ano de 96 d.e.c., onde pela primeira vez Iehoshua de Nazaré é mencionado como mestre e alguns ensinamentos lhe são atribuídos como sendo de sua autoria [Clement of Alexandria - Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Writing of the Fathers Down to AD 325 - Part Four - Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson  - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922788]. No entanto, há algumas passagens desta epístola que lembram o Sermão da Montanha, mas há outras passagens que também lembram os Evangelhos mas não são atribuídas a ninguém ou então citam as Escrituras Hebraicas. Além do mais, não há menções sobre João Batista e nem sequer sobre a vida terrena de Iehoshua de Nazaré e nem sobre os seus milagres. O mais engraçado disto tudo é que, nesta epístola, quando o julgamento e a morte de Iehoshua de Nazaré são mencionados, Clemente faz referências ao Profeta Isaías. Desta forma, este escrito de Clemente indica que acontecimentos ocorridos envolvendo Iehoshua de Nazaré, como narrados nos Evangelhos, foram extraídos de livros do Antigo Testamento e depois transferidos para os Evangelhos.  

Por volta do ano 107 d.e.c. surgiram as sete cartas escritas por Inácio, Bispo de Antioquia (Ignatius, Bishop of the Antioch): Epístola a Policarpo, Epístola aos Efésios, Epístola aos Esmirnenses, Epístola aos Filadélfos, Epístola aos Magnésios, Epístola aos Romanos e Epístola aos Tralianos. Estas cartas contêm as primeiras menções ao rei Herodes, O Grande, Pôncio Pilatos e Maria, a mãe de Iehoshua de Nazaré [Ignatius of Antioch - A Commentary on the Seven Letters of Ignatius of Antioch - Author: William R. Schoedel, Editor: Helmut Koester - Publisher: Augsburg Fortress – Minneapolis, United States (1985) - ISBN: 0800660161]. Ignatius, também chamado Theophoros, nasceu na Síria por volta do ano 50 d.e.c e morreu em Roma em algum ano entre os anos de 98-117. Na Parte IV da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos, intitulada Fugir do Judaísmo, está escrito que:  

Meus irmãos, transbordo todo de amor para convosco e em meu júbilo procuro confortar-vos. Não eu, mas Jesus Cristo. Estando preso em Seu Nome, temo tanto mais achar-me ainda imperfeito. No entanto, vossa prece me aperfeiçoará para Deus, com o intuito de conseguir a herança na qual obtive misericórdia, buscando refúgio no Evangelho, como na carne de Jesus, e nos Apóstolos como no presbitério da Igreja. Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e O terem aguardado. Foram salvos por Lhe terem dado fé, e, unidos a Jesus Cristo, se tornarem santos dignos do nosso amor e admiração, aprovados pelo testemunho de Jesus Cristo, sendo enumerados no Evangelho da comum esperança.  Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis ouvido. É melhor ouvir doutrina cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um circuncidado. Se porém ambos não falarem de Jesus Cristo, tenha-os em conta de colunas sepulcrais e mesmo de sepulcros, sobre os quais estão escritos apenas nomes de homens. Fugi pois das artimanhas e tramóias do príncipe deste século, para que não venhais a esmorecer no amor, atribulados pela sagacidade dele. Todos vós, porém, uni-vos num só coração indiviso. Agradeço a Deus, porque gozo de consciência tranqüila a vosso respeito e porque não há motivo de ninguém gloriar-se, nem oculta nem publicamente, por lhe ter sido eu um peso em coisa pequena ou grande. Faço votos que todos a quem falei assimilem minhas palavras, não porém em testemunho contra si mesmos. 

Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:

Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e O terem aguardado.

Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos do Evangelhos realizados anteriormente provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas nos Evangelhos que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridas por Iehoshua de Nazaré já constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Outra frase curiosa desta carta é:

Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis ouvido. É melhor ouvir doutrina cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um circuncidado.

Como podemos observar, ensinamentos como estes se propagaram durante séculos e que se concretizaram ao longo de todos os concílios da igreja. Desta forma, a igreja cristã produziu a seguinte premissa: Tudo o que for judaico deve ser enterrado. 

Em uma das cartas de Inácio de Antioquia há um trecho sobre a aparição de Iehoshua de Nazaré ressuscitado aos discípulos, mas não há comentários sobre os Evangelhos ou que Iehoshua de Nazaré tivesse sido um mestre. Entretanto, na Parte VI da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos, intitulada A Originalidade do Evangelho, está escrito que:  

Embora fossem honrados também os sacerdotes, coisa melhor porém é o Sumo-sacerdote, responsável pelo santo dos santos, pois só a Ele foram confiados os mistérios de Deus. É Ele a porta para o Pai, pela qual entram Abraão, Isaac e Jacó, os Profetas, os Apóstolos e a Igreja. Tudo isso leva à unidade de Deus. O Evangelho contém porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus Cristo, a Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas. O Evangelho constitui mesmo a consumação da imortalidade. Tudo se reveste de grande importância, se confiardes no Amor. 

Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:

O Evangelho contém, porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus Cristo, a Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas.

Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos dos Evangelhos realizados anteriormente mais uma vez provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas nos Evangelhos que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridos por Iehoshua de Nazaré já constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Trechos das sete cartas de Inácio de Antioquia estão disponíveis para leitura na página http://www.veritatis.com.br/_agnusdei/patrist.htm

Na época de Inácio de Antioquia foi escrita a obra intitulada Didaké (Didache), escrita provavelmente entre os anos 60 e 90 d.e.c. Esta obra trata da instrução moral, da liturgia, da disciplina e dos ofícios eclesiásticos, além de uma exortação final sobre o retorno de Iehoshua de Nazaré e a ressurreição dos mortos. Embora a mesma se trate de uma obra de estilo simples, interessada em dar testemunho da vida cristã em face das perseguições a que era submetida a igreja primitiva, com algumas indicações a respeito da estrutura eclesiástica incipiente, ela não faz comentários sobre os ensinamentos de Iehoshua de Nazaré. Nesta obra a Oração do Pai Nosso é atribuída diretamente ao Criador, e não há comentários sobre a Última Ceia, Crucificação e a suposta Ressurreição de Iehoshua de Nazaré [Didaqué - O Catecismo dos Primeiros Cristãos para as Comunidades de Hoje – Paulus Livraria e Editora, São Paulo (2003) – ISBN: 8534903255]. 

O nascimento de um Iehoshua de Nazaré terreno aparece pela primeira vez em textos que datam do ano de 115 d.e.c., considerados apócrifos pela Igreja Católica Romana. Alguns destes textos foram publicados em uma série de quatro volumes por Maria Helena de Oliveira Tricca e Julia Barany sob o título Apócrifos – Os Proscritos da Bíblia. Na obra Apócrifos - Os Proscritos  da Bíblia – Volume IV – Maria Helena de Oliveira Tricca e Julia Barany – Primeira Edição - São Paulo, Editora Mercuryo (2001) – ISBN: 857272171, a narrativa histórica sobre o nascimento de Iehoshua de Nazaré é bem diferente daquela que é narrada nos Evangelhos. No quarto volume desta série é narrado que Iehoshua de Nazaré nasce na cidade de Belém na casa de Maria e José, e não em uma manjedoura durante uma viagem, e que Maria, só mais tarde, descobre que seu filho era especial. Neste apócrifo não há comentários sobre anjos que anunciaram o nascimento de Iehoshua de Nazaré a pastores que guardavam rebanhos ou comentários sobre reis magos, e nenhuma informação é fornecida sobre o rei Herodes, O Grande, e a fuga da família de Iehoshua de Nazaré para o Egito.

Na realidade, os evangelistas se basearam nesta história, mas cada um a modificou a seu modo, porém, mantendo em comum apenas a referência a cidade de Belém, devido ao fato do Profeta Malaquias anunciar o nascimento de um futuro rei de Israel nesta cidade. Para isto, é necessário retornar ao Estudo de Mateus 11,7-10 com referência a Malachim 3,1 e ao Estudo de Lucas 7,24-27 com referência a Malachim 3,1.

Quanto a passagem do Evangelho de Mateus 2,1-2 em que três reis magos relatam ao rei Herodes, O Grande, que observaram uma estrela no oriente, tal passagem foi extraída da Torá Bamidbar (Números) 24,17:  

Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira. (Números 24,17)  

Enquanto que o episódio da fuga da família de Iehoshua de Nazaré para o Egito somente é relatado no Evangelho de Mateus 2,13-23, somente no Evangelho de Lucas 2,1-40 ele é apresentado ao Templo após oito dias de seu nascimento. Sobre o episódio da matança de inocentes, como narrado somente no Evangelho de Mateus 2,13-23, a história registra que o rei Herodes, O Grande, ordenou a morte de vários de seus próprios parentes com medo que lhe tomassem o poder, o que pode ter inspirado o autor do Evangelho de Mateus, mas não há registro histórico de matança indiscriminada de crianças por ordem deste rei. Sobre a participação na morte de Iehoshua de Nazaré por Pilatos, Governador da Judéia em nome do Imperador Romano Tibério, as passagens mencionadas são as do Evangelho de Mateus 27,11-26,57-66, Evangelho de Marcos 15,1-15,42-47, Evangelho de Lucas 23,1-25,50-56 e Evangelho de João 18,28-40;19,1-42. No entanto, a primeira referência a Pilatos em uma epístola está registrada em I Timóteo 6,11-16, a qual deve ter sido escrita provavelmente por volta do ano de 115 d.e.c., mas ela é tão omissa quanto aos acontecimentos sobre a morte de Iehoshua de Nazaré que talvez seja uma inclusão efetuada muito posteriormente. As duas epístolas atribuídas a Pedro, escritas provavelmente por volta do ano de 120 d.e.c., falam da futura vinda de Iehoshua de Nazaré, mas não o seu retorno ou a sua suposta segunda vinda. Além do mais, o/s autores das epístolas cita profecias do Antigo Testamento, e não promessas da autoria de Iehoshua de Nazaré. O mais engraçado é que na passagem de II Pedro 1,16-21, esta epístola menciona algo que lembra o episódio da Transfiguração de Iehoshua de Nazaré narrados no Evangelho de Mateus 17,1-13, Evangelho de Marcos 9,2-13 e Evangelho de Lucas 9,28-36, mas o fato é apresentado nesta epístola como uma amostra do que seria a futura vinda de Iehoshua de Nazaré, e, mais uma vez, o autor da segunda epístola de Pedro faz referências às Escrituras Hebraicas, e não a um Iehoshua de Nazaré terreno.  

A Epístola de Barnabé, escrita provavelmente entre os anos de 134-135 d.e.c., trata-se de uma coleção de tradições orais, sem, no entanto mencionar os Evangelhos ou algo sobre a vida de Iehoshua de Nazaré terreno, embora algumas passagens lembrem os seus ensinamentos, como registrados nos Evangelhos, e também contenha vagas referências sobre acontecimentos históricos. O engraçado nesta epístola é que os acontecimentos sobre o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré, como registrados nos Evangelhos, são descritos utilizando-se passagens das Escrituras Hebraicas. Um fato curioso que chama a atenção está registrado no Capítulo XVI desta epístola: 

No que se refere ao templo, eu vos direi ainda como esses infelizes extraviados puseram sua esperança num edifício, como se fosse a casa de Deus, e não no Deus deles, que os criou. Com efeito, quase como os pagãos, eles o consagraram no templo. Mas, como fala o Senhor, abolindo-o? Aprendei: "Quem mediu o céu com o palmo e a terra com a mão? Não fui eu? diz o Senhor: O céu é o meu trono e a terra é o estrado dos meus pés. Que casa construireis para mim, ou qual será o lugar do meu repouso?" Vede como era vã a esperança deles. Por fim, ele diz ainda: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão." 

Aqui observamos que a frase: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão." parece ter sido inserida na passagem do Evangelho de João 2,18-20:  

Perguntaram-lhe os judeus: “Que sinal apresentas tu, para proceder deste modo?” Respondeu-lhes Jesus: “Destruí vós este templo, e eu os reerguerei em três dias.” Os judeus replicaram: “Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu hás de levanta-lo em três dias?!” (João 2,18-20)  

A Epístola de Barnabé e outros escritos apostólicos estão comentados na obra Apostolic Fathers – Translated by J.B. Lightfoot and J.R. Harmer – Edited and Revised by Michael W. Holmes - Kessinger Publishing - Whitefish, Montana, United States (2003) - ISBN: 0766164985.  

A primeira tentativa de canonização dos livros do Novo Testamento foi efetuada pelo gnóstico Marcião (85-160), natural de Sinope, no Ponto (Ásia Menor). Por volta do ano de 140 d.e.c., ele usou trechos de uma versão prévia do que viria a ser o Evangelho de Lucas. Isto é verdade porque a história registra que Quintus Septimius Florens Tertullianus (160-220), Bispo de Cartago, condenou a versão do texto de Marcião anos mais tarde. A versão que Marcião usou era diferente da atual, o que denuncia que os Evangelhos passaram por várias revisões devidamente moldadas aos interesses de alguém. E isto ocorreu porque ainda naquela época os Evangelhos não passavam de textos da autoria de vários fiéis, e ninguém os considerava divinamente inspirados. Em particular, processos de revisão de textos dos Evangelhos podem ser identificados ao longo dos trinta anos que separam o Evangelho de Marcos do Evangelho de João. Uma leitura cuidadosa destes dois evangelhos fornece a conclusão de que um é uma adaptação do anterior moldado à realidade da época. Um exemplo disto, o qual pode ser verificado, é o curioso envolvimento dos judeus na condenação de Iehoshua de Nazaré e a eliminação da culpa dos romanos durante o processo jurídico e morte do mesmo. Não é à toa que a sede da Igreja Católica Apostólica Romana está localizada na cidade Roma. O mais engraçado disto tudo é que Tertuliano, conhecido como O Pai Adiantado da Igreja, admitiu ironicamente conhecer as origens verdadeiras da personalidade de Iehoshua de Nazaré e de todos os deuses-homens. É interessante ainda relatar que Tertuliano, um defensor da fé cristã, renunciou ao Cristianismo por volta do ano de 207 e aderiu ao Montanismo [Gnostic and Historic Christianity - Gerald Massey - Holmes Publishing Group - Edmonds, Washington, United States (1985) - ISBN: 0916411516]. 

Marcião afirmava que qualquer cristão que utilizasse um símbolo judaico, um nome judaico, ou realizasse qualquer celebração judaica, seria considerado cúmplice da morte de Iehoshua de Nazaré juntamente com os judeus. Desta forma, no esforço de eliminar características judaicas dos textos do Novo Testamento, ele elaborou uma depuração de escritos neotestamentários. Assim, ele rejeitou o Evangelho de Marcos, Evangelho de Mateus e o Evangelho de João. Forjou o seu próprio cânone inserindo textos selecionados do Evangelho de Lucas e das epístolas paulinas, muitas delas mutiladas. Para ele, nenhum dos apóstolos havia entendido os ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, com exceção de Paulo de Tarso. Por isto, para Marcião, Paulo de Tarso é o apóstolo por excelência, pois, segundo ele, recebeu de Iehoshua de Nazaré, por revelação, o verdadeiro evangelho. Por fim, Marcião fazia distinção entre o deus das Escrituras Hebraicas e o deus do Novo Testamento. Daí, durante os séculos, surgiu a noção de que o deus das Escrituras Hebraicas é um deus mau e, por isto deveria ser esquecido e desprezado, e o deus do Novo Testamento é um deus bom. Pensamentos como este de Marcião reforçaram a premissa do que mais tarde a igreja cristã definiu ao longo dos Concílios Eclesiásticos e em sua Teologia da Substituição: Tudo o que for judaico deve ser enterrado. 

Marcião possuía conhecimentos da língua grega e de retórica, e também uma excelente formação jurídica. Também era dono de embarcações e tinha um poder econômico que permitia publicação de obras escritas, algo que era precioso na antigüidade. Depois de exercer a jurisprudência em Roma, retornou para sua cidade de origem no ano de 195, como cristão. É provável que ele tenha liderado um movimento missionário na Ásia Menor, pois Tertuliano publicou entre os anos de 207 e 208 d.e.c. a obra intitulada Adversus Marcionem [Tertullianus Against Marcion - Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Fathers Down to AD 325 - Part Seven Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922818]. Nesta obra, Tertuliano condena várias idéias de Marcião, entre elas a de que o deus das Escrituras Hebraicas não é o mesmo que o deus do Novo Testamento e que Iehoshua de Nazaré não é o messias prometido pelas Escrituras Hebraicas. Contra os judeus, Tertulliano escreveu, em torno do ano de 200 d.e.c., a obra intitulada Adversus Iudaeos [An Answer to the Jews – Tertullian – Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States (2004) – ISBN: 1419106171; Adversus Judaeos – A Bird’s Eye View of Christian Apologiae to the Jews Until the Renaissance – Arthur Lukyn Williams – Cambridge Uiversity Press – Cambridge, England (1935) – ISBN: B00085B3EO].  

Marcião publicou o chamado Corpus Paulino, uma coleção de dez cartas paulinas e um evangelho que deve ter sido o Evangelho de Lucas, com algumas partes suprimidas, em especial aquelas que permitem uma visão judaica e indicam o nascimento carnal de Iehoshua de Nazaré. O Corpus Paulino de Marcião ou Cânon de Marcião é composto da Epístola aos Romanos, I Epístola aos Coríntios, II Epístola aos Coríntios, Epístola aos Gálatas, Epístola aos Efésios, Epístola aos Filipenses, Epístola aos Colossenses, I Epístola aos Tessalonicenses, Epístola a Filêmon, e uma carta aos laodicenses, uma carta que parece que se perdeu, pois há referência desta na passagem da Epístola aos Colossenses 4,16 [Revista de Interpretação Latino Americano (RIBLA) – A Canonização dos Escritos Apostólicos – Número 42-43 – Volume 2-3 – Maio-Dezembro (2002) – Marcião e o Surgimento do Cânon, Página 37 – Autor: Ediberto López].  

No início da igreja primitiva, os Evangelhos não possuíam nomes. Justino, O Mártir (100-165), por volta do ano de 150 d.e.c. se refere aos Evangelhos como Memórias dos Apóstolos. Em sua obra intitulada Apologiaes ele cita alguns trechos contendo ensinamentos dos Evangelhos [Justin Martyr and Athenagoras – Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Fathers Down to AD 325 Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson – Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922761]. Tais trechos divergem dos evangelhos atuais e não há menção alguma do Evangelho de João.  

Diante de tudo isto que foi escrito o que eu, Torahlaam, recomendo aos judeus b'nei anussim que estão realizando o Processo de Retorno? O que eu, Torahlaam, recomendo a aqueles judeus b'nei anussim que ainda não conseguem se libertar dos ensinamentos dos agentes do movimento messiânico? 

Caros judeus b’nei anussim, depois de realizado o Estudo dos Evangelhos é um erro e uma idolatria permanecer em sinagogas messiânicas se alimentando de falsos ensinamentos e falsas esperanças.

O Novo Testamento que, segundo ensinam, é um livro de inspiração divina não poderia conter tamanhas fraudes como aquelas identificadas nestes estudos, e o mundo jamais poderia passar por tantas desgraças como ocorreu nestes dois mil anos. O que está errado? Pensamos que os teólogos do passado, por mais sábios que pudessem ser não possuíam uma visão acurada dos fatos? Não. Na realidade eles sempre interpretaram os textos bíblicos sob o seu estreito e exclusivo ponto de vista. E não há como negar que o homem avançou de maneira considerável, principalmente no campo das ciências. Isto vem provocando uma revisão completa nos conhecimentos do passado. A humanidade, hoje, mais questionadora e mais exigente, não deseja aceitar mais nada sem o crivo da razão. E a partir do estudo que foi realizado, começaram a surgir complicações teológicas contundentes, pois agora as denominações cristãs serão obrigadas, frente a Torá, a fechar as portas de suas instituições ou modificar os seus conceitos e aceitar, de fato, a Torá e o Judaísmo fidedigno pois, caso contrário, estarão sob pena de continuarem formando ateus. Eu, Torahlaam, diante do estudo dos Evangelhos que foi realizado, desejo fazer um pedido urgente a vocês, caros judeus b’nei anussim: Enterrem o Novo Testamento e retornem para o Judaísmo

 

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Saibam vocês que é raro que um povo se mantenha por mais de vinte séculos no exílio submetido a punhos de ferro em terra habitada por povos que teve contato, povos pelos quais se espalhou e pelos quais também foi dominado. Sabe-se que não existe estratégia imbatível quando o punho de ferro a que este povo é submetido é contínuo e que as mudanças acíclicas exigidas para que ele se auto-defenda é a automanutenção que exige um trabalho árduo por parte de quem encabeça as várias comunidades espalhadas deste povo, chamadas de comunidades da diáspora.

É certo que a perseguição e o punho de ferro aumentam a união de um povo, assim como é certa que para esta auto-manutenção é necessário a manutenção das tradições, do idioma, da cultura popular e religiosa do mesmo. Houve um povo, em particular, que possuía vantagens sobre muitos outros povos, a saber, foi e ainda é um povo que nasceu sem pátria e desta forma perdura há muitos e muitos séculos. Errantes a maior parte da sua existência a ponto de o desejo de serem independentes se tornar uma gota de água no oceano de suas vidas, tal como beduínos no deserto, este povo calejou seus corpos e espíritos diante de povos estranhos a sua cultura para se manterem como povo. Devido ao seu modo de viver estranho, sofreram terríveis perseguições jamais testemunhadas pela civilização humana. Para se manterem como povo, ultrapassaram os piores obstáculos em todas as gerações pelas quais atravessou, mas o Eterno, Bendito Seja, jamais os rejeitou. Assim, o próprio Eterno forneceu, mais do que eles já possuíam, um enorme conjunto de habilidades não visíveis que oscilaram no tempo garantindo a eles alcançar aquilo que pretendiam e isto teve como base os registros que este povo deixou em seus livros sagrados, os quais contêm todo um desenvolvimento de sistemas de raciocínio que se exteriorizaram durante os séculos pelos quais se dispersou. Sistemas estes que quer oralmente quer através da escrita, mas que só este povo entendia pela crepitação envolvente e pela belíssima música que inebriava os alheios do desconhecido. Este povo é o povo judeu e o seu livro mais sagrado é a Torá.

A palavra teshuvá é muitas vezes traduzida como arrependimento. O radical da palavra, porém, significa simplesmente retorno.

O Judeu de origem ibérica necessita do verdadeiro retorno não um retorno para agradar a comunidade judaica dita oficial mais um “Retorno, a Israel, ao Eterno teu D’us" (Hosea 14:2) é a essência da teshuvá, a chave da expiação. Um retorno a D’us não é apenas um reconhecimento de Sua existência, ou simplesmente dizer "Eu creio n’Ele". O fato de meramente se juntar a uma sinagoga também não constitui um retorno a Ele.

Estes são apenas os primeiros passos naquela direção. Teshuvá significa nada menos que se tornar um servo do Senhor, um eved Hashem. Um servo é aquele que não somente reconhece a existência do amo como também se submete à sua lei e jurisdição, que se sujeita aos comandos e pedidos do amo. E se voltarmos Para a hashem nada nem ninguém pode se o por ao servo Fiel é sincero que deixou as religiões pagãs para servir a Israel espiritual, não estamos falando do Estado de Israel, mais do Ami Israel espiritual (yeshuv).

O estado de Israel atual esta corrompido terá sua redenção com a vinda do Mashiach.

A teshuva só e verdadeira com consciência de responsabilidade de continuidade da comunidade e do judaísmo, com a verdadeira intenção de uma realização de um puro relacionamento com D, us.

Quando nossa teshuva e verdadeira nos primeiramente acontecem em nosso interior nossa maneira de viver, no caso dos bene anussim que tem sua origem judaica, não necessita de provar sua judaicidade, os direitos são iguais, quando os chamados judeus asquenazitas  na segunda guerra não tinha como provar sua origem  pois todos seus documentos foram perdidos ou queimados.

Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. (Jr 31:33)

Eis que a sabedoria conclama, e a compreensão eleva sua voz. (Provérbios [Mishlê] 8:1)

O relacionamento de Israel com D’us também é assim. Porém ao nos submeter a D’us, proclamamos nossa liberdade da servidão humana. "Vós sereis Meus servos, disse o Eterno, e não servos de Meus servos."

 Duas vezes ao dia, no Shemá (Ouve, ó Israel) somos lembrados do mandamento "E amarás ao Senhor teu D’us com todo teu coração…"

O relacionamento de Israel com D’us é descrito em termos de um eterno matrimônio também entre amantes: "Eu Te ligarei a Mim para sempre; eu te ligarei a Mim em justiça e integridade, em bondade e misericórdia; eu te ligarei a Mim em fidelidade e tu conhecerás  o Eterno."
(Hosea 2:21-22)(ósseas )

 

"Não é mais religião que é necessária em educação mais elevada, mas educação mais elevada que é necessária em religião." O outro envolve experiências, a experiência de viver como judeu, de comportar-se como judeu.

O conhecimento exige entendimento, e o maior entendimento deriva do envolvimento pessoal e não meramente do estudo de livros.

Conhecer interiormente com certeza é superior a apenas observar do lado de fora. Um reconhecimento intelectual da importância de ser um judeu não pode se comparar com a valorização intuitiva de seu valor, que vem do ato de fazer. Embora o intelecto possa estar lá para reforçá-lo, especialmente em nossa época, a sensação direta daquilo que realmente é vem do fazer, não apenas de saber. Se uma avaliação intuitiva ou emocional dos valores e idéias judaicos em si não é mais suficientemente forte para enfrentar a luz do exame crítico no mercado de idéias e exige um sólido apoio intelectual e acadêmico, este por si mesmo não trará engajamento ao modo de vida judaico.

O primeiro artigo em cada credo é a crença… Mas é difícil ver como uma simples idéia pode ter esta eficácia… Não é suficiente que pensemos nelas (as idéias), é também indispensável que nos coloquemos em sua esfera de ação e que nos coloquemos onde possamos melhor sentir sua influência; numa palavra, é necessário agir…

"Retorna, ó Israel ao Eterno teu D’us" é o grito dos profetas hebreus que tem ecoado através das gerações sempre que nosso povo se afastou d’Ele.

O centro de nossa fé é a noção de que nunca é tarde demais para um retorno. Se a pessoa tem seis ou sessenta anos, dez ou cem, é convocado a purificar seu coração e seus pensamentos e a direcionar-se ou redirecionar-se ao Todo Poderoso.

Que nenhum báal teshuvá imagine que está muito distante do nível dos justos por causa de seus pecados e transgressões passados. Não é assim. Ele é amado e querido perante o Criador como se jamais tivesse pecado… Não somente isso, mas sua recompensa é ainda maior, pois ele experimentou a transgressão e se afastou dela, dominando sua má inclinação. Nossos Sábios disseram: no lugar onde está um báal-teshuvá, nem mesmo o perfeito justo pode ficar. Em outras palavras, seu nível espiritual é ainda mais elevado que o daqueles que nunca pecaram. Todos os Profetas conclamaram ao arrependimento, e a redenção final de Israel somente virá por meio do arrependimento…(Hil. Teshuvá 7:4,5)

Podemos também registrar a conclusão do sábio Cohêlet, que após toda sua procura pelo significado da vida e após toda sua busca por ela, do ascetismo ao hedonismo, concluiu que: "Após todas as coisas terem sido ouvidas… reverencia o Eterno e guarda Seus mandamentos. Pois esta é a íntegra do homem"

(Cohêlet 12:13)Proverbios

Se alguém que salva uma vida recebe, segundo nossa tradição, o mérito de ter salvado o mundo inteiro, então aquele que destrói uma vida é culpado de destruir um mundo. Se aquele que sufoca espiritualmente uma vida judaica, seja a sua ou a de seus próprios filhos, é imputável pela sufocação espiritual de todo um mundo judaico, também aquele que revive espiritualmente uma vida judaica – seja a sua própria – é como se espiritualmente revivesse um mundo judaico.

Fazer Teshuvá, isto é, querer voltar a viver o judaísmo autêntico de acordo com a Torá de verdade e Torá de vida e não de acordo com a política e falsas "boas maneiras".

Fazer Teshuvá não significa dar dinheiro. Fazer Teshuvá é viver de novo.

Não basta doar um Sefer Torá para lavar sua consciência e não estar nem aí para cumprir suas 613 obrigações.

Doar dinheiro, doar Sefer Torá, visitar a sinagoga, tudo isto é muito bonito, mas não isenta nenhum judeu de cumprir suas obrigações, isto é, os 613 Mandamentos da Torá. Um bom rabino orientador deve orientar a pessoa a seguir as Leis da Torá de maneira honesta e não rapinar suas economias acalmando sua consciência.11419590690?profile=original

Saiba mais…

Parte X

 

O que foi observado durante o Estudo dos Evangelhos é que os autores dos mesmos não pretendiam efetuar uma narração histórica de acontecimentos, mas efetuar uma composição de textos em que poderiam ser incluídas passagens das Escrituras Hebraicas, que deveriam ser arranjadas de tal forma a induzir fiéis a acreditar que as mesmas estavam aludindo a pessoa de Iehoshua de Nazaré. Ao que tudo indica a intenção dos evangelistas não foi registrar fatos históricos com precisão, mas transmitir ensinamentos religiosos. Paulo de Tarso, embora não tenha sido um dos apóstolos, foi um dos principais criadores da figura de Iehoshua de Nazaré. No episódio narrado de Atos dos Apóstolos 9,1-9, ele, ao cair do cavalo quando viajava pela estrada que o conduzia até Damasco, julgou estar divinamente inspirado. Após este fato, ele analisou as Escrituras Hebraicas em busca de revelações ocultas e, acreditando que toda e qualquer idéia que lhe ocorria também era de inspiração divina, acreditou ter encontrado nelas o anúncio da vinda de Iehoshua de Nazaré. Na realidade, o mundo de Paulo de Tarso ainda era fortemente influenciado pela cultura helênica. Para os gregos, a verdadeira realidade era a realidade mítica, onde viviam deuses e anjos. O mundo material era apenas um reflexo desta realidade. As Escrituras Hebraicas não continham profecias a respeito do que Paulo de Tarso pensava e ensinava, mas na ótica dele elas revelavam um pouco desta realidade mítica. Para ele, o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré eram fatos já ocorridos nesta realidade espiritual, em um tempo diferente do nosso, assim como as aventuras dos deuses gregos, e não algo que ainda estaria para ocorrer no mundo material.  Era desta realidade mítica que falava Paulo de Tarso quando se pôs a escrever as suas epístolas, e não de um Iehoshua de Nazaré humano, ou seja, de carne e osso. E para isto, era necessário procurar nas Escrituras Hebraicas revelações de um Iehoshua de Nazaré espiritual, abstrato. Uma conseqüência imediata disto é a transcendentalização de passagens das Escrituras Hebraicas, o que acarreta pseudo-interpretações e ajuda a distorcer e atropelar fatos históricos, como aqueles identificados nos Estudos dos Evangelhos realizados anteriormente. Para Paulo de Tarso, era o Eterno quem fazia as revelações e Iehoshua de Nazaré era apenas o seu canal de comunicação. Assim, a Sabedoria Judaica começou a ser interpretada como o Logos Grego. Para concretizar isto, Paulo de Tarso, judeu que absorveu a cultura e filosofia grega,  recorreu às Escrituras Hebraicas e descobriu vestígios de Iehoshua de Nazaré através de suas próprias inspirações divinas, pois os gregos somente entendiam o Criador a partir de si próprio, e não através de experiências como sempre ocorreu com o povo judeu. Para ele, Iehoshua de Nazaré era uma espécie de segredo que esteve escondido durante épocas remotas e que foi revelado para ele pelo Criador. Para isto, era necessário ter fé neste Iehoshua de Nazaré de natureza mítico-espiritual [na realidade, abstrata], como Paulo de Tarso mostra sistematicamente em suas epístolas.  Mas por que seria necessário ter fé em um homem que, ao morrer, ressuscitou? Isto seria um grande fato histórico, e não algo a ser entendido através da fé. Somente mais tarde, através dos concílios, é que se começou a discutir a figura de Iehoshua de Nazaré como homem. Desta forma, foi necessário que passagens do Antigo Testamento fossem incluídas nos Evangelhos para induzir fiéis a acreditar que tais passagens se referiam a sua vinda. Nos escritos de Paulo de Tarso não são mencionadas expressões como: Conforme eu ouvi da boca de Iehoshua de Nazaré, conforme ensinou Fulano, que foi discípulo de Iehoshua de Nazaré, etc. Por que? Vale a pena salientar que Paulo de Tarso só foi à cidade de Jerusalém anos depois do incidente da queda do cavalo e nem sequer mencionou lugares santos ou sua emoção ao visitá-los;  não menciona Pilatos e nem o julgamento de Iehoshua de Nazaré. Por que? Nos escritos de Paulo de Tarso é observado o comportamento de que ele é que é o Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Por isto, em todas as suas discussões com discípulos, ele jamais foi acusado de distorcer palavras de Iehoshua de Nazaré, pois ele é que se fazia Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Não havia o ensinamento das Palavras de Iehoshua de Nazaré. Na realidade, os Evangelhos e a vida terrena de Iehoshua de Nazaré ainda não tinham sido criados. Porém, é possível que versões primitivas dos Evangelhos já existissem no final do primeiro século, mas talvez não fizessem parte do pensamento Paulinista, naquela época ainda muito predominante. Para entender melhor o que foi escrito acima, convém lembrar que gregos e europeus até os tempos de Nikolaj Kopernik (1473-1543) e Galileu Galilei (1564-1642) acreditavam que a Terra era o centro do universo e que em volta dela havia esferas de cristal concêntricas, cada uma sustentando um dos sete planetas conhecidos. Na esfera de cristal mais interior, a da Lua, se localizavam os demônios, interpretados como mensageiros entre os homens e os deuses, e além da sétima esfera de cristal se localizavam os deuses. Para Paulo de Tarso e seus correligionários, em vez de vários deuses existe um único deus e os demônios são forças do mal, conforme mencionado em um dos seus discursos:  

 

Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. (Efésios 6,12)  

 

Segundo Paulo de Tarso, os demônios habitam as regiões celestes, mas somente mais tarde foram expulsos deste lugar e passaram a habitar as profundezas da terra, e que embora não sejam humanos, eles são os dominadores do mundo em que vivemos. Segundo livros apócrifos do fim do primeiro século da era comum, como o livro da Ascenção de Isaías, por exemplo, Iehoshua de Nazaré teria viajado através das esferas de cristal até alcançar a esfera mais interior, nascendo de uma mulher, da mesma forma que a deusa Attis nascera de Cibele e depois se sacrificara. Mais tarde os demônios mataram Iehoshua de Nazaré sem perceberem quem ele era. No final do século I da era comum, nenhuma menção foi efeuada a um Iehoshua de Nazaré terreno, assim como também não foi efetuada nenhuma menção a qualquer de seus ensinamentos e nem tão pouco foi mencionado o perdão de pecados. Do mesmo modo, também não é mencionado que Pilatos o julgou e que houve calvário. A missão deste Iehoshua de Nazaré, que embora possuísse aparência humana mas que não era de carne e osso, era derrotar o anjo da morte e resgatar os justos. Por exemplo, em I Coríntios 2,6-8 Paulo de Tarso menciona novamente os dominadores do mundo, mas não menciona Pilatos:

 

Entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados. Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória). (I Coríntios 2,6-8)  

 

Os teólogos Marcião (85-160) e Orígenes de Alexandria (185-254) também interpretavam Paulo de Tarso desta forma. Segundo eles, Iehoshua de Nazaré desceu aos infernos (sheol) e ressuscitou três dias depois. Retornou aos céus levando com ele as almas dos justos e, a partir deste dia, os justos que morressem iriam também para o céu. Este era o segredo da eternidade escondido, no qual era preciso acreditar para se escapar do inferno. Assim, Iehoshua de Nazaré passou a ser visto como o cordeiro imolado desde o início dos tempos, e não a partir do ano 33 d.e.c. Através de estratégias como esta, também tornou-se fácil efetuar conexões entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, como se tornou evidente, por exemplo, através da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s.

 

Com o passar dos anos, outras personalidades de Iehoshua de Nazaré começaram a ser encaixadas na pessoa dele para que gregos e romanos pudessem melhor aceitá-lo.  Muitos dos ensinamentos atribuídos a Iehoshua de Nazaré foram encontrados nos manuscritos do Mar Morto, escritos pelos essênios pelo menos cem anos antes da era comum. Os essênios eram conhecidos por esperarem a vinda do Reino de Deus; pelo seu desprezo às coisas materiais; faziam-se batizar para a purificação do corpo e do espírito e iniciavam a vida pública a partir dos trinta anos, após quarenta dias de jejum no deserto. Ensinamentos como amar aos inimigos; se lhe pedem o casaco dá também a camisa e ao lhe baterem em uma das faces, dar a outra, derivam dos Estóicos, que eram pessoas pertencentes a um movimento filosófico de origem grega, e que pregava um modo de viver o mais simples e humilde possível, em oposição ao materialismo da sociedade urbana. Muitos outros ensinamentos foram extraídos do Documento Q, uma coleção de ensinamentos resultantes da mistura da filosofia estóica com o messianismo judaico. Assim, tornou-se possível construir uma biografia para Iehoshua de Nazaré.  Quando os autores dos Evangelhos construíram uma biografia da vida terrena para Iehoshua de Nazaré, cada um expressou os fatos em contextos diferentes. Para mostrar isto, examinemos dois exemplos. Como primeiro exemplo, Iehoshua de Nazaré ensina sobre a força da fé, no Evangelho de Mateus 17,14-20 e no Evangelho de Lucas 17,5-6. Enquanto a passagem mencionada do Evangelho Mateus é proferida por Iehoshua de Nazaré, ao explicar que os discípulos não conseguiram expulsar demônios de um epiléptico por causa da falta de fé deles, na passagem do Evangelho de Lucas a mensagem é proferida pelos apóstolos, os quais pedem para que Iehoshua de Nazaré aumente a fé deles. O engraçado aqui é que até hoje ninguém conseguiu realmente mover uma árvore ou uma montanha de um lugar para outro com a força da fé. Será que a fé é menor do que um grão de mostarda na maioria das pessoas? Como segundo exemplo, a conhecida Oração do Pai Nosso é ensinada por Iehoshua de Nazaré no Evangelho de Mateus 6,9-13 durante o episódio do Sermão da Montanha, o qual foi dirigido a uma multidão, ao passo que no Evangelho de Lucas 11,1-4 são os discípulos que pedem para que Iehoshua de Nazaré os ensine a orar. Então, Iehoshua de Nazaré ensinou a Oração do Pai Nosso. Outras passagens que ensinam sobre a força da fé estão contidas no Evangelho de Mateus 17,14-20, Evangelho de Marcos 9,14-29 e Evangelho de Lucas 9,37-43. 

 

Quanto as narrativas dos milagres realizados por Iehoshua de Nazaré, grande parte delas foram extraídas do Antigo Testamento e incluídas nos Evangelhos. Para mostra isto, examinemos seis exemplos.  

 

Primeiro Exemplo – I Reis 17,7-24 – Elias ressuscita o filho de uma viúva em Sarepta 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,7-24 com a passagem do Evangelho de Lucas 7,11-17. Vamos examinar mais precisamente  a passagem I Reis 17,19-23. 

 

“Dá-me o teu filho?”, respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima onde dormia e deitou-o em seu leito. Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: “Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?” Estendeu-se em seguida sobre o menino por três vezes, invocando de novo o Senhor: “Senhor, meu Deus, rogo-vos que alma deste menino volte a ele.” O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida. Elias tomou o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: “Vê: teu filho vive.” (I Reis 17,19-23) 

 

Segundo Exemplo – I Reis 17,23 – Elias é reconhecido pela viúva de Sarepta como homem de Deus 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,23 com a passagem do Evangelho de João 4,1-42, mais precisamente na passagem do Evangelho de João 4,16-26. 

 

A mulher exclamou: “Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios. (I Reis 17,24) 

 

Terceiro Exemplo – II Reis 4,8-37 – Eliseu ressuscita o filho de uma sunamita 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,8-37 com as passagens do Evangelho de Mateus 9,18-19,23-26, Evangelho de Marcos 5,21-24,35-43 e Evangelho de Lucas 8,40-42,49-56. Vamos examinar mais precisamente  a passagem II Reis 4,32-37.  

 

Eliseu entrou na casa, onde estava o menino morto em cima da cama. Entrou, fechou a porta atrás de si e do morto, e orou ao Senhor. Depois, subiu à cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre os olhos dele, suas mãos sobre as mãos dele, e enquanto estava assim estendido, o corpo do menino aqueceu-se. Eliseu levantou-se, deu algumas voltas pelo quarto, tornou a subir e estendeu-se sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu chamou Giezi e disse-lhe: “Chama a sunamita”; o que ele fez. Ela entrou e Eliseu disse-lhe: “Toma o teu filho.” Então ela veio e lançou-se aos pés de Eliseu, prostrando-se por terra. Em seguida tomou o filho e saiu. (II Reis 4,32-37) 

 

Quarto Exemplo – II Reis 4,42-44 – Eliseu realiza uma multiplicação de pães 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,42-44 com as passagens do Evangelho de Mateus 14,13-21, Evangelho de Mateus 15,29-39, Evangelho de Marcos 6,30-44, Evangelho de Marcos 8,1-10, Evangelho de Lucas 9,10-17 e Evangelho de João 6,1-15. Vamos examinar a passagem de II Reis 4,42-44. 

 

Veio um homem de Baalsalisa, que trazia ao homem de Deus, à guisa de primícias, vinte pães de cevada e trigo novo no seu saco. “Dá-os a esses homens, disse Eliseu, para que comam.” Seu servo respondeu: “Como poderei dar de comer a cem pessoas com isto?” – “Dá-os a esses homens, repetiu Eliseu, para que comam. Eis o que diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará.” E deu-os ao povo. Comeram e ainda sobrou, como o Senhor tinha dito. (II Reis 4,42-44) 

 

Quinto Exemplo – Eliseu cura um leproso 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 5,1-19 com as passagens do Evangelho de Mateus 8,1-4, Evangelho de Marcos 1,40-45 e Evangelho de Lucas 5,12-16. Vamos examinar mais precisamente  a passagem II Reis 5,8-14.  

 

Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: “Por que rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel.” Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu. Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa.” Naamã se foi, despeitado, dizendo: “Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?” E, voltando-se, retirou-se encolerizado. Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: “Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e serás curado.” Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança. (II Reis 5,8-14) 

 

Sexto Exemplo – Jonas acalma uma tempestade 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de Jonas 1,1-16 e as passagens do Evangelho de Mateus 8,23-27, Evangelho de Marcos 4,35-41 e Evangelho de Lucas 8,22-25. Vamos examinar mais precisamente a passagem de Jonas 1,12,15-16. 

 

“Tomai-me, disse Jonas, e lançai-me às águas, e o mar se acalmará. Reconheço que sou eu a causa desta terrível tempestade que vos sobreveio.” E, pegando em Jonas, lançaram-no às ondas, e a fúria do mar se acalmou. Tomada de profundo sentimento de temor para com o Senhor, a tripulação ofereceu-lhe um sacrifício, acompanhado de votos. (Jonas 1,12,15-16) 

 

Uma comparação cuidadosa revela que vários outros trechos do Antigo Testamento foram incluídos no Novo Testamento fora do seu real contexto ou tomados como profecia, quando na verdade se referiam a outros acontecimentos. Para mostra isto, examinemos sete exemplos.  

 

Na passagem do Evangelho de Mateus 1,22 é mencionada a passagem de Isaías 7,14 sobre uma virgem que conceberia e daria a luz a uma criança. Na realidade, o Profeta Isaías fala de uma criança que nascerá na época dele, e não setecentos anos após a época dele. Para isto, basta estudar Isaías 8,3 e se concluirá que não se trata de Iehoshua de Nazaré, mas de alguém que se referirá como Emanuel. Para isto, basta estudar a passagem de Isaías 8,5-8. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 1,22-23 com referência a Yeshayáhu 7,14. Nas passagens do Evangelho de Mateus 2,5-6 e Evangelho de João 7,40-43, se discute que o nascimento de Iehoshua de Nazaré em Belém fora profetizado e, para isto, é mencionada a passagem de Miquéias 5,1-2. Esta passagem se refere ao clã de David, Belém Éfrata, e não a uma cidade. Além disto, mesmo que fosse uma cidade, o Messias profetizado viria para espalhar o terror e a morte entre os inimigos de Israel e torná-la poderosa, enquanto que Iehoshua de Nazaré afirmou que o reino dele não era deste mundo. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 2,5-6 com referência a Miquéias 5,1-2. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,1-11, Evangelho de Marcos 11,1-11, Evangelho de Lucas 19,29-44 e Evangelho de João 12,12-36 estão registradas que a entrada de Iehoshua de Nazaré na cidade de Jerusalém montado em um jumento foi prevista em Zacarias 9,9, mas o rei de que fala o Profeta Zacarias seria um rei humano, que reinaria sobre Israel, e no entanto nunca houve o reinado de Iehoshua de Nazaré e, além do mais, após a morte dele Israel continuou sob domínio romano. A aclamação do povo Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor, como registrada no Evangelho de Mateus 21,9, foi extraída do Salmo Hb118,26. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 21,1-5 com referência a Zecharyah 9,9. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,12-17, Evangelho de Marcos 11,15-19, Evangelho de Lucas 19,45-48 e Evangelho de João 2,13-25 é narrado como Iehoshua de Nazaré expulsou os vendilhões do Templo. Sabe-se que naquela época o comércio de animais era essencial à realização dos sacrifícios pelos fiéis, e, desta forma, tal comércio não era ilegal e o mesmo era apoiado pelas autoridades religiosas. Por outro lado, levando em consideração as dimensões do pátio do Templo e a existência de guardas, parece pouco provável que apenas um único homem com um chicote em mãos conseguisse expulsar todos os vendilhões e ainda ficar impune. Na realidade, as passagens acima citadas foram extraídas de Zacarias 14,21 e Jeremias 7,11:  

 

Todo caldeirão, tanto em Jerusalém como em Judá, será consagrado ao Senhor dos exércitos; todo aquele que vier oferecer sacrifício poderá servir-se deles para cozinhar; e não haverá mais traficantes naqueles dias na casa do Senhor dos exércitos. (Zacarias 14,21) É, por acaso, a vossos olhos uma caverna de bandidos esta casa em que meu nome foi invocado? Também eu o vejo – oráculo do Senhor. (Jeremias 7,11) 

 

Nas passagens do Evangelho de Mateus 26,1-16, Evangelho de Mateus 27,1-10, Evangelho de Marcos 14,1-11 e Evangelho de Lucas 22,1-6 estão registradas a traição de Judas Iscariotes por trinta moedas de prata como tendo sido profetizada no Salmo Hb41,9-10 e em Zacarias 11,4-17. Entretanto, nenhuma das passagens argumenta sobre o messias. No referido salmo, é David, o autor, quem denuncia ao Eterno uma traição e se considera um pecador. E na referida passagem do Profeta Zacarias, este afirma ter recebido trinta moedas de prata, as quais ele as devolve, por um serviço prestado, sem nenhuma traição envolvida. Por outro lado, a passagem do Evangelho de Mateus 27,1-10 menciona também que a compra do campo do oleiro, por uma quantia de trinta moedas de prata, fora profetizada pelo Profeta Jeremias, mas tal profecia não existe. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 16,21-23 sem referência aos livros proféticos. 

 

Na passagem do Evangelho de Lucas 1,26-38 um anjo revela a Maria como nasceria Iehoshua de Nazaré, mas esta passagem trata-se de uma quase cópia da passagem de Sofonias 3,14-18, onde se profetiza o triunfo de Israel sobre as nações que a oprimiram.  

 

Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça. Naquele dia, dir-se –á em Jerusalém: “Não temas, Sião! Não se enfraqueçam os teus braços! O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói e salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e te renova seu amor. Ele exulta de alegria a teu respeito como num dia de festa.” Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha que pesa sobre ti. (Sofonias 3,14-18) 

 

Diante do final desta passagem, como identificar que durante a pregação de Iehoshua de Nazaré os inimigos do povo judeu foram suprimidos? Naquela época foi removida a vergonha de sobre nós, judeus? Não. Continuamos sob domínio do Império Romano que, após o ano de 476 foi dividido em dez nações e mais tarde veio a se transformar na Igreja Católica Apostólica Romana. As passagens dos Salmos Hb22,1-19 e 69,22 foram utilizadas durante a crucificação de Iehoshua de Nazaré, mas na realidade as mesmas falam sobre os inimigos de David e da perseguição que o mesmo sofria do rei Saul. Não havendo, portanto, nenhuma ligação com Iehoshua de Nazaré. Em particular, a tradução direta do hebraico para o português do Salmo Hb22 é:

Ao mestre do canto, acompanhado por "Aiélet Hashachar", um salmo de David. Eterno, Eterno, por que me abandonastes? Por que deixaste tão distante minha salvação e ignoraste meu gemido angustiado? De dia clamo e à noite não silencio, e Tu não me escutas. Mas Tu és o Santo, e a Ti se dirigem os louvores de Israel! Em Ti confiaram nossos patriarcas, confiaram plenamente e Tu os resgatastes. Clamaram a Ti e foram salvos; em Ti acreditaram e não foram desiludidos. Quanto a mim, sou como um verme e não homem, opróbrio da plebe, vergonha do povo. Zombam de mim os que me fitam, riem e meneiam ironicamente suas cabeças. Dizem-me, porém, confia no Eterno! Ele o redimirá, Ele lhe trará salvação, porque nele se compraz. Tu me tiraste do ventre materno e me fizeste sentir seguro, contra seu peito. Desde meu nascimento, em Teus braços fui entregue; mesmo antes de nascer, já eras meu Criador. Não Te afastes de mim, porque muito próxima está a aflição e não há quem me proteja, senão Tu. Touros furiosos me cercaram, touros do Bashan me rodearam. Abriram contra mim suas bocas como um leão que estraçalha e ruge. Sinto-me como água derramada que não pode voltar a seu recipiente, meus ossos fraquejam; meu coração parece ser de cera, de tal forma se derrete dentro de mim. Minha força secou como a argila, minha língua está colada ao paladar e me deitaste no pó da morte. Cães me cercam, uma turba de perversos me rodeia, atacam meus pés e minhas mãos como se fora um leão. Verifico como estão meus ossos enquanto eles me observam e tripudiam. Minhas roupas, entre si repartem, minhas vestimentas sorteiam. Mas Tu, ó Eterno, eu te peço, não Te afastes de mim; ó minha Força, apressa-Te e vem em meu auxílio! Salva minha alma da espada, minha vida das presas dos sabujos. Livra-me da boca do leão, resgata-me dos chifres dos touros selvagens. Então, a salvo, proclamarei Teu Nome a meus irmãos e louvarte-ei do seio da multidão! Vós que sois a semente de Jacob, honrai-O! Reverenciai-O todos vós, descendentes de Israel. Porquanto não desprezou nem ignorou a angústia do aflito e dele não escondeu Sua face e atendeu a sua prece. Graças a Ti poderei proclamar meu louvor às multidões; cumprirei minhas promessas na presença daqueles que O temem. Os humildes hão de comer e se fartar; os que buscam o Eterno hão de louvá-lo e vida perene terão seus corações. Dos confins da terra, todos a Ti se voltarão com compreensão e ante Ti se curvarão todas as famílias das nações. Pois só do Eterno é a realeza e Seu é o domínio sobre todos os povos. Comerão todos os povos a fartura da terra e ante Ele se prostrarão; reverenciá-lo-ão os que retornam do pó, mas então já será tarde porque suas almas não fará viver. Da descendência dos que O servem, de geração em geração, será relatada a magnificência de Sua glória. Anunciarão às gerações vindouras a bondade de seus feitos. (Salmo Hb22 – Traduzido do Hebraico)

 

Nas bíblias cristãs, o versículo 17 deste salmo [grafado acima de azul] está escrito como:

Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e meus pés. (Salmo Hb22,17)

Na realidade, a palavra hebraica ka'ari, que significa como um leão, é gramaticalmente semelhante à expressão ferir muito. Desta maneira, apologistas do Cristianismo traduziram o versículo 17 com o interesse de que o mesmo pudesse ser referido à crucifixão de Iehoshua de Nazaré e, para isto, escreveram traspassaram minhas mãos e meus pés. Torna-se claro agora que muitas das frases do Antigo Testamento foram inseridas nos Evangelhos para dar a entender que se referem às profecias anunciadas pelos profetas de Israel, mas que foram usadas deliberadamente para se fazer alusão à pessoa de Iehoshua de Nazaré. As mesmas encontram-se localizadas estrategicamente para convencer a todos de sua messianidade e, para isto, vêm seguidas insistentemente da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s.  

Há uma epístola apócrifa, denominada Primeira Epístola de Clemente, enviada de Roma aos Coríntios no ano de 96 d.e.c., onde pela primeira vez Iehoshua de Nazaré é mencionado como mestre e alguns ensinamentos lhe são atribuídos como sendo de sua autoria [Clement of Alexandria - Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Writing of the Fathers Down to AD 325 - Part Four - Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson  - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922788]. No entanto, há algumas passagens desta epístola que lembram o Sermão da Montanha, mas há outras passagens que também lembram os Evangelhos mas não são atribuídas a ninguém ou então citam as Escrituras Hebraicas. Além do mais, não há menções sobre João Batista e nem sequer sobre a vida terrena de Iehoshua de Nazaré e nem sobre os seus milagres. O mais engraçado disto tudo é que, nesta epístola, quando o julgamento e a morte de Iehoshua de Nazaré são mencionados, Clemente faz referências ao Profeta Isaías. Desta forma, este escrito de Clemente indica que acontecimentos ocorridos envolvendo Iehoshua de Nazaré, como narrados nos Evangelhos, foram extraídos de livros do Antigo Testamento e depois transferidos para os Evangelhos.  

Por volta do ano 107 d.e.c. surgiram as sete cartas escritas por Inácio, Bispo de Antioquia (Ignatius, Bishop of the Antioch): Epístola a Policarpo, Epístola aos Efésios, Epístola aos Esmirnenses, Epístola aos Filadélfos, Epístola aos Magnésios, Epístola aos Romanos e Epístola aos Tralianos. Estas cartas contêm as primeiras menções ao rei Herodes, O Grande, Pôncio Pilatos e Maria, a mãe de Iehoshua de Nazaré [Ignatius of Antioch - A Commentary on the Seven Letters of Ignatius of Antioch - Author: William R. Schoedel, Editor: Helmut Koester - Publisher: Augsburg Fortress – Minneapolis, United States (1985) - ISBN: 0800660161]. Ignatius, também chamado Theophoros, nasceu na Síria por volta do ano 50 d.e.c e morreu em Roma em algum ano entre os anos de 98-117. Na Parte IV da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos, intitulada Fugir do Judaísmo, está escrito que:  

Meus irmãos, transbordo todo de amor para convosco e em meu júbilo procuro confortar-vos. Não eu, mas Jesus Cristo. Estando preso em Seu Nome, temo tanto mais achar-me ainda imperfeito. No entanto, vossa prece me aperfeiçoará para Deus, com o intuito de conseguir a herança na qual obtive misericórdia, buscando refúgio no Evangelho, como na carne de Jesus, e nos Apóstolos como no presbitério da Igreja. Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e O terem aguardado. Foram salvos por Lhe terem dado fé, e, unidos a Jesus Cristo, se tornarem santos dignos do nosso amor e admiração, aprovados pelo testemunho de Jesus Cristo, sendo enumerados no Evangelho da comum esperança.  Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis ouvido. É melhor ouvir doutrina cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um circuncidado. Se porém ambos não falarem de Jesus Cristo, tenha-os em conta de colunas sepulcrais e mesmo de sepulcros, sobre os quais estão escritos apenas nomes de homens. Fugi pois das artimanhas e tramóias do príncipe deste século, para que não venhais a esmorecer no amor, atribulados pela sagacidade dele. Todos vós, porém, uni-vos num só coração indiviso. Agradeço a Deus, porque gozo de consciência tranqüila a vosso respeito e porque não há motivo de ninguém gloriar-se, nem oculta nem publicamente, por lhe ter sido eu um peso em coisa pequena ou grande. Faço votos que todos a quem falei assimilem minhas palavras, não porém em testemunho contra si mesmos. 

Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:

Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e O terem aguardado.

Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos do Evangelhos realizados anteriormente provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas nos Evangelhos que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridas por Iehoshua de Nazaré já constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Outra frase curiosa desta carta é:

Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis ouvido. É melhor ouvir doutrina cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um circuncidado.

Como podemos observar, ensinamentos como estes se propagaram durante séculos e que se concretizaram ao longo de todos os concílios da igreja. Desta forma, a igreja cristã produziu a seguinte premissa: Tudo o que for judaico deve ser enterrado. 

Em uma das cartas de Inácio de Antioquia há um trecho sobre a aparição de Iehoshua de Nazaré ressuscitado aos discípulos, mas não há comentários sobre os Evangelhos ou que Iehoshua de Nazaré tivesse sido um mestre. Entretanto, na Parte VI da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos, intitulada A Originalidade do Evangelho, está escrito que:  

Embora fossem honrados também os sacerdotes, coisa melhor porém é o Sumo-sacerdote, responsável pelo santo dos santos, pois só a Ele foram confiados os mistérios de Deus. É Ele a porta para o Pai, pela qual entram Abraão, Isaac e Jacó, os Profetas, os Apóstolos e a Igreja. Tudo isso leva à unidade de Deus. O Evangelho contém porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus Cristo, a Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas. O Evangelho constitui mesmo a consumação da imortalidade. Tudo se reveste de grande importância, se confiardes no Amor. 

Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:

O Evangelho contém, porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus Cristo, a Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas.

Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos dos Evangelhos realizados anteriormente mais uma vez provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas nos Evangelhos que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridos por Iehoshua de Nazaré já constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Trechos das sete cartas de Inácio de Antioquia estão disponíveis para leitura na página http://www.veritatis.com.br/_agnusdei/patrist.htm

Na época de Inácio de Antioquia foi escrita a obra intitulada Didaké (Didache), escrita provavelmente entre os anos 60 e 90 d.e.c. Esta obra trata da instrução moral, da liturgia, da disciplina e dos ofícios eclesiásticos, além de uma exortação final sobre o retorno de Iehoshua de Nazaré e a ressurreição dos mortos. Embora a mesma se trate de uma obra de estilo simples, interessada em dar testemunho da vida cristã em face das perseguições a que era submetida a igreja primitiva, com algumas indicações a respeito da estrutura eclesiástica incipiente, ela não faz comentários sobre os ensinamentos de Iehoshua de Nazaré. Nesta obra a Oração do Pai Nosso é atribuída diretamente ao Criador, e não há comentários sobre a Última Ceia, Crucificação e a suposta Ressurreição de Iehoshua de Nazaré [Didaqué - O Catecismo dos Primeiros Cristãos para as Comunidades de Hoje – Paulus Livraria e Editora, São Paulo (2003) – ISBN: 8534903255]. 

O nascimento de um Iehoshua de Nazaré terreno aparece pela primeira vez em textos que datam do ano de 115 d.e.c., considerados apócrifos pela Igreja Católica Romana. Alguns destes textos foram publicados em uma série de quatro volumes por Maria Helena de Oliveira Tricca e Julia Barany sob o título Apócrifos – Os Proscritos da Bíblia. Na obra Apócrifos - Os Proscritos  da Bíblia – Volume IV – Maria Helena de Oliveira Tricca e Julia Barany – Primeira Edição - São Paulo, Editora Mercuryo (2001) – ISBN: 857272171, a narrativa histórica sobre o nascimento de Iehoshua de Nazaré é bem diferente daquela que é narrada nos Evangelhos. No quarto volume desta série é narrado que Iehoshua de Nazaré nasce na cidade de Belém na casa de Maria e José, e não em uma manjedoura durante uma viagem, e que Maria, só mais tarde, descobre que seu filho era especial. Neste apócrifo não há comentários sobre anjos que anunciaram o nascimento de Iehoshua de Nazaré a pastores que guardavam rebanhos ou comentários sobre reis magos, e nenhuma informação é fornecida sobre o rei Herodes, O Grande, e a fuga da família de Iehoshua de Nazaré para o Egito.

Na realidade, os evangelistas se basearam nesta história, mas cada um a modificou a seu modo, porém, mantendo em comum apenas a referência a cidade de Belém, devido ao fato do Profeta Malaquias anunciar o nascimento de um futuro rei de Israel nesta cidade. Para isto, é necessário retornar ao Estudo de Mateus 11,7-10 com referência a Malachim 3,1 e ao Estudo de Lucas 7,24-27 com referência a Malachim 3,1.

Quanto a passagem do Evangelho de Mateus 2,1-2 em que três reis magos relatam ao rei Herodes, O Grande, que observaram uma estrela no oriente, tal passagem foi extraída da Torá Bamidbar (Números) 24,17:  

Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira. (Números 24,17)  

Enquanto que o episódio da fuga da família de Iehoshua de Nazaré para o Egito somente é relatado no Evangelho de Mateus 2,13-23, somente no Evangelho de Lucas 2,1-40 ele é apresentado ao Templo após oito dias de seu nascimento. Sobre o episódio da matança de inocentes, como narrado somente no Evangelho de Mateus 2,13-23, a história registra que o rei Herodes, O Grande, ordenou a morte de vários de seus próprios parentes com medo que lhe tomassem o poder, o que pode ter inspirado o autor do Evangelho de Mateus, mas não há registro histórico de matança indiscriminada de crianças por ordem deste rei. Sobre a participação na morte de Iehoshua de Nazaré por Pilatos, Governador da Judéia em nome do Imperador Romano Tibério, as passagens mencionadas são as do Evangelho de Mateus 27,11-26,57-66, Evangelho de Marcos 15,1-15,42-47, Evangelho de Lucas 23,1-25,50-56 e Evangelho de João 18,28-40;19,1-42. No entanto, a primeira referência a Pilatos em uma epístola está registrada em I Timóteo 6,11-16, a qual deve ter sido escrita provavelmente por volta do ano de 115 d.e.c., mas ela é tão omissa quanto aos acontecimentos sobre a morte de Iehoshua de Nazaré que talvez seja uma inclusão efetuada muito posteriormente. As duas epístolas atribuídas a Pedro, escritas provavelmente por volta do ano de 120 d.e.c., falam da futura vinda de Iehoshua de Nazaré, mas não o seu retorno ou a sua suposta segunda vinda. Além do mais, o/s autores das epístolas cita profecias do Antigo Testamento, e não promessas da autoria de Iehoshua de Nazaré. O mais engraçado é que na passagem de II Pedro 1,16-21, esta epístola menciona algo que lembra o episódio da Transfiguração de Iehoshua de Nazaré narrados no Evangelho de Mateus 17,1-13, Evangelho de Marcos 9,2-13 e Evangelho de Lucas 9,28-36, mas o fato é apresentado nesta epístola como uma amostra do que seria a futura vinda de Iehoshua de Nazaré, e, mais uma vez, o autor da segunda epístola de Pedro faz referências às Escrituras Hebraicas, e não a um Iehoshua de Nazaré terreno.  

A Epístola de Barnabé, escrita provavelmente entre os anos de 134-135 d.e.c., trata-se de uma coleção de tradições orais, sem, no entanto mencionar os Evangelhos ou algo sobre a vida de Iehoshua de Nazaré terreno, embora algumas passagens lembrem os seus ensinamentos, como registrados nos Evangelhos, e também contenha vagas referências sobre acontecimentos históricos. O engraçado nesta epístola é que os acontecimentos sobre o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré, como registrados nos Evangelhos, são descritos utilizando-se passagens das Escrituras Hebraicas. Um fato curioso que chama a atenção está registrado no Capítulo XVI desta epístola: 

No que se refere ao templo, eu vos direi ainda como esses infelizes extraviados puseram sua esperança num edifício, como se fosse a casa de Deus, e não no Deus deles, que os criou. Com efeito, quase como os pagãos, eles o consagraram no templo. Mas, como fala o Senhor, abolindo-o? Aprendei: "Quem mediu o céu com o palmo e a terra com a mão? Não fui eu? diz o Senhor: O céu é o meu trono e a terra é o estrado dos meus pés. Que casa construireis para mim, ou qual será o lugar do meu repouso?" Vede como era vã a esperança deles. Por fim, ele diz ainda: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão." 

Aqui observamos que a frase: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão." parece ter sido inserida na passagem do Evangelho de João 2,18-20:  

Perguntaram-lhe os judeus: “Que sinal apresentas tu, para proceder deste modo?” Respondeu-lhes Jesus: “Destruí vós este templo, e eu os reerguerei em três dias.” Os judeus replicaram: “Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu hás de levanta-lo em três dias?!” (João 2,18-20)  

A Epístola de Barnabé e outros escritos apostólicos estão comentados na obra Apostolic Fathers – Translated by J.B. Lightfoot and J.R. Harmer – Edited and Revised by Michael W. Holmes - Kessinger Publishing - Whitefish, Montana, United States (2003) - ISBN: 0766164985.  

A primeira tentativa de canonização dos livros do Novo Testamento foi efetuada pelo gnóstico Marcião (85-160), natural de Sinope, no Ponto (Ásia Menor). Por volta do ano de 140 d.e.c., ele usou trechos de uma versão prévia do que viria a ser o Evangelho de Lucas. Isto é verdade porque a história registra que Quintus Septimius Florens Tertullianus (160-220), Bispo de Cartago, condenou a versão do texto de Marcião anos mais tarde. A versão que Marcião usou era diferente da atual, o que denuncia que os Evangelhos passaram por várias revisões devidamente moldadas aos interesses de alguém. E isto ocorreu porque ainda naquela época os Evangelhos não passavam de textos da autoria de vários fiéis, e ninguém os considerava divinamente inspirados. Em particular, processos de revisão de textos dos Evangelhos podem ser identificados ao longo dos trinta anos que separam o Evangelho de Marcos do Evangelho de João. Uma leitura cuidadosa destes dois evangelhos fornece a conclusão de que um é uma adaptação do anterior moldado à realidade da época. Um exemplo disto, o qual pode ser verificado, é o curioso envolvimento dos judeus na condenação de Iehoshua de Nazaré e a eliminação da culpa dos romanos durante o processo jurídico e morte do mesmo. Não é à toa que a sede da Igreja Católica Apostólica Romana está localizada na cidade Roma. O mais engraçado disto tudo é que Tertuliano, conhecido como O Pai Adiantado da Igreja, admitiu ironicamente conhecer as origens verdadeiras da personalidade de Iehoshua de Nazaré e de todos os deuses-homens. É interessante ainda relatar que Tertuliano, um defensor da fé cristã, renunciou ao Cristianismo por volta do ano de 207 e aderiu ao Montanismo [Gnostic and Historic Christianity - Gerald Massey - Holmes Publishing Group - Edmonds, Washington, United States (1985) - ISBN: 0916411516]. 

Marcião afirmava que qualquer cristão que utilizasse um símbolo judaico, um nome judaico, ou realizasse qualquer celebração judaica, seria considerado cúmplice da morte de Iehoshua de Nazaré juntamente com os judeus. Desta forma, no esforço de eliminar características judaicas dos textos do Novo Testamento, ele elaborou uma depuração de escritos neotestamentários. Assim, ele rejeitou o Evangelho de Marcos, Evangelho de Mateus e o Evangelho de João. Forjou o seu próprio cânone inserindo textos selecionados do Evangelho de Lucas e das epístolas paulinas, muitas delas mutiladas. Para ele, nenhum dos apóstolos havia entendido os ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, com exceção de Paulo de Tarso. Por isto, para Marcião, Paulo de Tarso é o apóstolo por excelência, pois, segundo ele, recebeu de Iehoshua de Nazaré, por revelação, o verdadeiro evangelho. Por fim, Marcião fazia distinção entre o deus das Escrituras Hebraicas e o deus do Novo Testamento. Daí, durante os séculos, surgiu a noção de que o deus das Escrituras Hebraicas é um deus mau e, por isto deveria ser esquecido e desprezado, e o deus do Novo Testamento é um deus bom. Pensamentos como este de Marcião reforçaram a premissa do que mais tarde a igreja cristã definiu ao longo dos Concílios Eclesiásticos e em sua Teologia da Substituição: Tudo o que for judaico deve ser enterrado. 

Marcião possuía conhecimentos da língua grega e de retórica, e também uma excelente formação jurídica. Também era dono de embarcações e tinha um poder econômico que permitia publicação de obras escritas, algo que era precioso na antigüidade. Depois de exercer a jurisprudência em Roma, retornou para sua cidade de origem no ano de 195, como cristão. É provável que ele tenha liderado um movimento missionário na Ásia Menor, pois Tertuliano publicou entre os anos de 207 e 208 d.e.c. a obra intitulada Adversus Marcionem [Tertullianus Against Marcion - Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Fathers Down to AD 325 - Part Seven Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922818]. Nesta obra, Tertuliano condena várias idéias de Marcião, entre elas a de que o deus das Escrituras Hebraicas não é o mesmo que o deus do Novo Testamento e que Iehoshua de Nazaré não é o messias prometido pelas Escrituras Hebraicas. Contra os judeus, Tertulliano escreveu, em torno do ano de 200 d.e.c., a obra intitulada Adversus Iudaeos [An Answer to the Jews – Tertullian – Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States (2004) – ISBN: 1419106171; Adversus Judaeos – A Bird’s Eye View of Christian Apologiae to the Jews Until the Renaissance – Arthur Lukyn Williams – Cambridge Uiversity Press – Cambridge, England (1935) – ISBN: B00085B3EO].  

Marcião publicou o chamado Corpus Paulino, uma coleção de dez cartas paulinas e um evangelho que deve ter sido o Evangelho de Lucas, com algumas partes suprimidas, em especial aquelas que permitem uma visão judaica e indicam o nascimento carnal de Iehoshua de Nazaré. O Corpus Paulino de Marcião ou Cânon de Marcião é composto da Epístola aos Romanos, I Epístola aos Coríntios, II Epístola aos Coríntios, Epístola aos Gálatas, Epístola aos Efésios, Epístola aos Filipenses, Epístola aos Colossenses, I Epístola aos Tessalonicenses, Epístola a Filêmon, e uma carta aos laodicenses, uma carta que parece que se perdeu, pois há referência desta na passagem da Epístola aos Colossenses 4,16 [Revista de Interpretação Latino Americano (RIBLA) – A Canonização dos Escritos Apostólicos – Número 42-43 – Volume 2-3 – Maio-Dezembro (2002) – Marcião e o Surgimento do Cânon, Página 37 – Autor: Ediberto López].  

No início da igreja primitiva, os Evangelhos não possuíam nomes. Justino, O Mártir (100-165), por volta do ano de 150 d.e.c. se refere aos Evangelhos como Memórias dos Apóstolos. Em sua obra intitulada Apologiaes ele cita alguns trechos contendo ensinamentos dos Evangelhos [Justin Martyr and Athenagoras – Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Fathers Down to AD 325 Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson – Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922761]. Tais trechos divergem dos evangelhos atuais e não há menção alguma do Evangelho de João.  

Diante de tudo isto que foi escrito o que eu, Torahlaam, recomendo aos judeus b'nei anussim que estão realizando o Processo de Retorno? O que eu, Torahlaam, recomendo a aqueles judeus b'nei anussim que ainda não conseguem se libertar dos ensinamentos dos agentes do movimento messiânico? 

Caros judeus b’nei anussim, depois de realizado o Estudo dos Evangelhos é um erro e uma idolatria permanecer em sinagogas messiânicas se alimentando de falsos ensinamentos e falsas esperanças.

O Novo Testamento que, segundo ensinam, é um livro de inspiração divina não poderia conter tamanhas fraudes como aquelas identificadas nestes estudos, e o mundo jamais poderia passar por tantas desgraças como ocorreu nestes dois mil anos. O que está errado? Pensamos que os teólogos do passado, por mais sábios que pudessem ser não possuíam uma visão acurada dos fatos? Não. Na realidade eles sempre interpretaram os textos bíblicos sob o seu estreito e exclusivo ponto de vista. E não há como negar que o homem avançou de maneira considerável, principalmente no campo das ciências. Isto vem provocando uma revisão completa nos conhecimentos do passado. A humanidade, hoje, mais questionadora e mais exigente, não deseja aceitar mais nada sem o crivo da razão. E a partir do estudo que foi realizado, começaram a surgir complicações teológicas contundentes, pois agora as denominações cristãs serão obrigadas, frente a Torá, a fechar as portas de suas instituições ou modificar os seus conceitos e aceitar, de fato, a Torá e o Judaísmo fidedigno pois, caso contrário, estarão sob pena de continuarem formando ateus. Eu, Torahlaam, diante do estudo dos Evangelhos que foi realizado, desejo fazer um pedido urgente a vocês, caros judeus b’nei anussim: Enterrem o Novo Testamento e retornem para o Judaísmo

 

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Saibam vocês que é raro que um povo se mantenha por mais de vinte séculos no exílio submetido a punhos de ferro em terra habitada por povos que teve contato, povos pelos quais se espalhou e pelos quais também foi dominado. Sabe-se que não existe estratégia imbatível quando o punho de ferro a que este povo é submetido é contínuo e que as mudanças acíclicas exigidas para que ele se auto-defenda é a automanutenção que exige um trabalho árduo por parte de quem encabeça as várias comunidades espalhadas deste povo, chamadas de comunidades da diáspora.

É certo que a perseguição e o punho de ferro aumentam a união de um povo, assim como é certa que para esta auto-manutenção é necessário a manutenção das tradições, do idioma, da cultura popular e religiosa do mesmo. Houve um povo, em particular, que possuía vantagens sobre muitos outros povos, a saber, foi e ainda é um povo que nasceu sem pátria e desta forma perdura há muitos e muitos séculos. Errantes a maior parte da sua existência a ponto de o desejo de serem independentes se tornar uma gota de água no oceano de suas vidas, tal como beduínos no deserto, este povo calejou seus corpos e espíritos diante de povos estranhos a sua cultura para se manterem como povo. Devido ao seu modo de viver estranho, sofreram terríveis perseguições jamais testemunhadas pela civilização humana. Para se manterem como povo, ultrapassaram os piores obstáculos em todas as gerações pelas quais atravessou, mas o Eterno, Bendito Seja, jamais os rejeitou. Assim, o próprio Eterno forneceu, mais do que eles já possuíam, um enorme conjunto de habilidades não visíveis que oscilaram no tempo garantindo a eles alcançar aquilo que pretendiam e isto teve como base os registros que este povo deixou em seus livros sagrados, os quais contêm todo um desenvolvimento de sistemas de raciocínio que se exteriorizaram durante os séculos pelos quais se dispersou. Sistemas estes que quer oralmente quer através da escrita, mas que só este povo entendia pela crepitação envolvente e pela belíssima música que inebriava os alheios do desconhecido. Este povo é o povo judeu e o seu livro mais sagrado é a Torá.

A palavra teshuvá é muitas vezes traduzida como arrependimento. O radical da palavra, porém, significa simplesmente retorno.

O Judeu de origem ibérica necessita do verdadeiro retorno não um retorno para agradar a comunidade judaica dita oficial mais um “Retorno, a Israel, ao Eterno teu D’us" (Hosea 14:2) é a essência da teshuvá, a chave da expiação. Um retorno a D’us não é apenas um reconhecimento de Sua existência, ou simplesmente dizer "Eu creio n’Ele". O fato de meramente se juntar a uma sinagoga também não constitui um retorno a Ele.

Estes são apenas os primeiros passos naquela direção. Teshuvá significa nada menos que se tornar um servo do Senhor, um eved Hashem. Um servo é aquele que não somente reconhece a existência do amo como também se submete à sua lei e jurisdição, que se sujeita aos comandos e pedidos do amo. E se voltarmos Para a hashem nada nem ninguém pode se o por ao servo Fiel é sincero que deixou as religiões pagãs para servir a Israel espiritual, não estamos falando do Estado de Israel, mais do Ami Israel espiritual (yeshuv).

O estado de Israel atual esta corrompido terá sua redenção com a vinda do Mashiach.

A teshuva só e verdadeira com consciência de responsabilidade de continuidade da comunidade e do judaísmo, com a verdadeira intenção de uma realização de um puro relacionamento com D, us.

Quando nossa teshuva e verdadeira nos primeiramente acontecem em nosso interior nossa maneira de viver, no caso dos bene anussim que tem sua origem judaica, não necessita de provar sua judaicidade, os direitos são iguais, quando os chamados judeus asquenazitas  na segunda guerra não tinha como provar sua origem  pois todos seus documentos foram perdidos ou queimados.

Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. (Jr 31:33)

Eis que a sabedoria conclama, e a compreensão eleva sua voz. (Provérbios [Mishlê] 8:1)

O relacionamento de Israel com D’us também é assim. Porém ao nos submeter a D’us, proclamamos nossa liberdade da servidão humana. "Vós sereis Meus servos, disse o Eterno, e não servos de Meus servos."

 Duas vezes ao dia, no Shemá (Ouve, ó Israel) somos lembrados do mandamento "E amarás ao Senhor teu D’us com todo teu coração…"

O relacionamento de Israel com D’us é descrito em termos de um eterno matrimônio também entre amantes: "Eu Te ligarei a Mim para sempre; eu te ligarei a Mim em justiça e integridade, em bondade e misericórdia; eu te ligarei a Mim em fidelidade e tu conhecerás  o Eterno."
(Hosea 2:21-22)(ósseas )

 

"Não é mais religião que é necessária em educação mais elevada, mas educação mais elevada que é necessária em religião." O outro envolve experiências, a experiência de viver como judeu, de comportar-se como judeu.

O conhecimento exige entendimento, e o maior entendimento deriva do envolvimento pessoal e não meramente do estudo de livros.

Conhecer interiormente com certeza é superior a apenas observar do lado de fora. Um reconhecimento intelectual da importância de ser um judeu não pode se comparar com a valorização intuitiva de seu valor, que vem do ato de fazer. Embora o intelecto possa estar lá para reforçá-lo, especialmente em nossa época, a sensação direta daquilo que realmente é vem do fazer, não apenas de saber. Se uma avaliação intuitiva ou emocional dos valores e idéias judaicos em si não é mais suficientemente forte para enfrentar a luz do exame crítico no mercado de idéias e exige um sólido apoio intelectual e acadêmico, este por si mesmo não trará engajamento ao modo de vida judaico.

O primeiro artigo em cada credo é a crença… Mas é difícil ver como uma simples idéia pode ter esta eficácia… Não é suficiente que pensemos nelas (as idéias), é também indispensável que nos coloquemos em sua esfera de ação e que nos coloquemos onde possamos melhor sentir sua influência; numa palavra, é necessário agir…

"Retorna, ó Israel ao Eterno teu D’us" é o grito dos profetas hebreus que tem ecoado através das gerações sempre que nosso povo se afastou d’Ele.

O centro de nossa fé é a noção de que nunca é tarde demais para um retorno. Se a pessoa tem seis ou sessenta anos, dez ou cem, é convocado a purificar seu coração e seus pensamentos e a direcionar-se ou redirecionar-se ao Todo Poderoso.

Que nenhum báal teshuvá imagine que está muito distante do nível dos justos por causa de seus pecados e transgressões passados. Não é assim. Ele é amado e querido perante o Criador como se jamais tivesse pecado… Não somente isso, mas sua recompensa é ainda maior, pois ele experimentou a transgressão e se afastou dela, dominando sua má inclinação. Nossos Sábios disseram: no lugar onde está um báal-teshuvá, nem mesmo o perfeito justo pode ficar. Em outras palavras, seu nível espiritual é ainda mais elevado que o daqueles que nunca pecaram. Todos os Profetas conclamaram ao arrependimento, e a redenção final de Israel somente virá por meio do arrependimento…(Hil. Teshuvá 7:4,5)

Podemos também registrar a conclusão do sábio Cohêlet, que após toda sua procura pelo significado da vida e após toda sua busca por ela, do ascetismo ao hedonismo, concluiu que: "Após todas as coisas terem sido ouvidas… reverencia o Eterno e guarda Seus mandamentos. Pois esta é a íntegra do homem"

(Cohêlet 12:13)Proverbios

Se alguém que salva uma vida recebe, segundo nossa tradição, o mérito de ter salvado o mundo inteiro, então aquele que destrói uma vida é culpado de destruir um mundo. Se aquele que sufoca espiritualmente uma vida judaica, seja a sua ou a de seus próprios filhos, é imputável pela sufocação espiritual de todo um mundo judaico, também aquele que revive espiritualmente uma vida judaica – seja a sua própria – é como se espiritualmente revivesse um mundo judaico.

Fazer Teshuvá, isto é, querer voltar a viver o judaísmo autêntico de acordo com a Torá de verdade e Torá de vida e não de acordo com a política e falsas "boas maneiras".

Fazer Teshuvá não significa dar dinheiro. Fazer Teshuvá é viver de novo.

Não basta doar um Sefer Torá para lavar sua consciência e não estar nem aí para cumprir suas 613 obrigações.

Doar dinheiro, doar Sefer Torá, visitar a sinagoga, tudo isto é muito bonito, mas não isenta nenhum judeu de cumprir suas obrigações, isto é, os 613 Mandamentos da Torá. Um bom rabino orientador deve orientar a pessoa a seguir as Leis da Torá de maneira honesta e não rapinar suas economias acalmando sua consciência.11419590690?profile=original

Saiba mais…

Parte IX

O que foi observado no estudo realizado é que o povo judeu, após a experiência da libertação da escravidão no Egito, passou a viver tanto na presença como da proteção do Eterno, Bendito Seja, que os protegia de todas as aflições, pois em todas as ocasiões em que ele se encontrava subjugado por outros povos, o Eterno os libertou como aconteceu no Egito através de Moshê. Assim, devido à experiência da libertação, sempre que os judeus eram dominados por outros povos, eles, através de profetas, esperavam um libertador para realizar o mesmo que Moshê, pois, segundo a Torá, o Eterno promete fazer surgir do meio do povo judeu, profetas como ele:

“ O Senhor, teu Deus, te suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele que devereis ouvir.” (Deuteronômio 18,15)


Mas esta promessa não se refere a um profeta em específico, mas a todos os profetas judeus que serão enviados pelo Eterno e que falarão em nome dele. Apesar disto, os apologistas cristãos atribuíram falsamente a passagem de Deuteronômio 18,15 a Iehoshua de Nazaré. Assim, segundo o Judaísmo, para estabelecer e governar o seu reino na terra, o Eterno se encarregará de enviar um representante, cuja unção o fará um vassalo seu, e ele será mashiach, que, em hebraico significa ungido. Foi o Profeta Natã, que, ao prometer ao rei Davi a permanência da sua dinastia (II Samuel 7,1-17), apresentou a primeira expressão deste messianismo, que também é encontrado em alguns salmos. Entretanto, os fracassos e a má conduta da maioria dos sucessores de Davi pareciam pôr em dúvida este messianismo, mas mesmo assim, a esperança concentrou-se na linhagem deste rei particular, cuja vinda passou a ser esperada, para um futuro próximo ou longínquo, pelos profetas, sobretudo Isaías, Miquéias e Jeremias. De fato, em cada geração o Eterno sempre suscitou um mashiach para salvar o povo judeu. Segundo o Tanach, o mashiach deverá ser sempre da estirpe de Davi, como relatado em Isaías 11,1-16; Jeremias 23,1-6 e 33,1-17 e Miquéias 5,1-7. Ele receberá os títulos mais magníficos, como relatado em Isaías 9,5, e o Espírito do Eterno repousará sobre ele com todo os seus dons, como relatado em Isaías 11,1-5. Um dos mashiach enviado pelo Eterno, segundo o Profeta Isaías, foi o Emmanuel, que em hebraico significa Deus Conosco, como relatado em Isaías 7,14. Para o Profeta Jeremias ele será Adonai Tsidkênu, que em hebraico significa O Eterno é Nossa Justiça, como relatado em Jeremias 23,6. Estes dois nomes resumem a esperança messiânica. Esta esperança sobreviveu durante todas as dominações estrangeiras e aos exílios, mas as perspectivas mudaram. Apesar das esperanças, que por um momento os profetas Ageu e Zacarias confiaram a Zorobabel (também da estirpe de Davi), o messianismo davídico sofreu uma interrupção, pois nenhum descente de Davi passou mais a ocupar o trono de Israel, e os judeus, em muitas ocasiões, estiveram submetidos à dominação estrangeira. O Profeta Ezequiel passou a esperar na vinda de um novo Davi, o qual o chamou de Pastor, Príncipe e Rei, como relatado em Ezequiel 34,23-24 e 37,24-25. O Profeta Zacarias anunciou a vinda de um Rei, como relatado em Zacarias 9,9-10. O Profeta Daniel recebe a visão de um ser semelhante ao filho do homem (que tem forma humana) chegando através das nuvens do céu, o qual recebe do Eterno, Bendito Seja, a incumbência de dominar sobre todos os povos, e afirma que o seu reino será eterno e jamais será destruído (Daniel 7,13-14). No início da era comum, a espectativa de vários grupos judaicos no aparecimento de outro mashiach estava largamente difundida. Alguns grupos esperavam um messias como Moshê, outros esperavam um messias sacerdotal e outros um messias transcendente e espiritual. Isto reafirma o que mencionamos anteriormente a respeito do que esperavam os judeus a respeito de um messias que sempre viria para libertá-los. No estudo realizado, verificamos que a grande maioria das profecias encontrada nos Evangelhos, que parecem fazer alusão a Iehoshua de Nazaré, foi extraída do Livro de Isaías, pelo grupo de judeus que esperavam um messias transcendente e espiritual. Em muitas passagens deste livro fala-se do próprio Isaías, e não de Iehoshua de Nazaré. Para isto, o grupo de judeus que esperavam um messias transcendente e espiritual (e mais tarde os apologistas cristãos) transferiu muito dos acontecimentos ocorridos na vida do Profeta Isaías para Iehoshua de Nazaré. Por ironia, em Mateus 10,26-27 e Lucas 12,1-3 é ensinado que nada há de escondido que não venha à luz e nada de secreto que não venha a ser conhecido. Como exemplo, observem na seguinte passagem a expressão o leitor entenda, o esforço do autor de Marcos tentando convencer futuros leitores a respeito do seu livro:


“ Quando virdes a abominação da desolação no lugar onde não deve estar – o leitor entenda -, então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; o que estiver sobre o terraço não desça nem entre em casa para dela levar alguma coisa; e o que se achar no campo não volte a buscar o seu manto.” (Marcos 13,14-17)


Assim, nesta obra o que há mais de dois mil anos estava muito bem escondido, agora vem a ser conhecido, e com muita clareza, principalmente pelos judeus que estão retornando ao Judaísmo. Portanto, quando esta obra for publicada, os que advogam teses contrárias serão obrigados a permanecerem escondidos, pois não terão nada em que se apoiar e ruirão por falta de base sólida. Nós, judeus, possuímos como base sólida a Torá e o Tanach e, quando precisamos discutir sobre um tema difícil das Escrituras Hebraicas utilizamos o Talmud. Assim, aos que ainda insistem em manter a humanidade na ignorância e também em enganar judeus através do movimento messiânico, pois que aguardem. No dia em que esta obra for publicada a advocacia de cada um deles ruirá. Alguém pode contestar lembrando que Iehoshua de Nazaré em algumas passagens dos Evangelhos afirmou que estava cumprindo as profecias analisadas neste estudo. Mas, no entanto, ao final do mesmo, por não ter encontrado referências à pessoa dele na Torá e no Tanach, concluímos, nas passagens dos Evangelhos que foram estudadas, que o autor das mesmas efetua fraudes, por exemplo, diante da expressão: isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s, que os autores dos Evangelhos tentaram fazer Iehoshua de Nazaré se passar por algum dos profetas de Israel, e, desta forma, precisaram pôr palavras na boca dele, ou que ele se fez passar, em muitas ocasiões, por um destes profetas, sobretudo o Profeta Isaías. Porém, acreditamos que o valor dos seus ensinamentos, se é que ele ensinou o que consta nos Evangelhos, foi profundamente marcante para os seguidores dele. Estes seguidores, na maioria das vezes constituída pela massa ignorante da época, não possuíam conhecimento algum das Escrituras Hebraicas e, por isto, foi muito fácil manipulá-los. Não é à toa que em muitos versículos dos Evangelhos ele se apresenta distorcendo a Torá. Para verificar melhor isto convém ao leitor estudar a obra intitulada Um Rabino Conversa com Jesus – Um Diálogo entre Milênios e Confissões – Coleção Bereshit – Editora Imago LTDA – Rio de Janeiro (1994) ISBN: 8531203341, da autoria do Rabino Jacob Neusner. Nesta obra o autor demonstra que caso tivesse vivido na época de Iehoshua de Nazaré jamais teria se tornado um de seus discípulos. Como sabemos, base de toda a fé cristã reside nos escritos do Novo Testamento, coletânea de livros adotados pelos cristãos como sendo a última revelação do Eterno. Enquanto a comprovação da existência do Criador para os judeus se verificou mais fortemente através da experiência da atravessia do deserto, a existência do Criador para os cristãos é comprovada mediante interpretações distorcidas das Escrituras Hebraicas e que não possuem consistência alguma com as profecias contidas no Tanach, as quais foram utilizadas nos Evangelhos para se fazer alusão a Iehoshua de Nazaré. Estas comprovações residem na arbitrariedade dos argumentos utilizados para sustentá-las, e selecionados, sobretudo com o apoio de filosofias gregas, de tal modo que favoreceu a posição dos seguidores de Iehoshua de Nazaré ao longo dos séculos. Por outro lado, o desenvolvimento do Cristianismo e a construção das características de Iehoshua de Nazaré, ao longo dos séculos, encontraram vários paralelos em cultos religiosos efetuados por povos mais antigos do que o Cristianismo. Muitos cristãos, em sua ignorância, consideram espantoso o fato de que muitas das profecias do Tanach foram cumpridas na vida de Iehoshua de Nazaré, porém não enxergam, não querem enxergar ou simplesmente ignoram o real contexto destas profecias, pois elas foram utilizadas fora de seu tempo real. Desta forma, se comprova, como foi comprovado através dos estudos realizados anteriormente, que os Evangelhos são uma coletânea de fraudes e distorções, intencionais ou não, cuja origem foi o a utilização de profecias do Tanach que não possuem ligação alguma com Iehoshua de Nazaré. Muitos cristãos assumem, consideram e têm fé que estas profecias foram realizadas e cumpridas na pessoa de Iehoshua de Nazaré, mas ao mesmo tempo não possuem e nem sustentam evidências reais para apoiar esta fé. Porém, quando estas profecias são estudadas em seus contextos originais, identificamos, como aconteceu nos estudos dos Evangelhos realizados anteriormente, que nenhuma delas pode ser aplicada a Iehoshua de Nazaré. Um exemplo disto é o suposto cumprimento da profecia sobre a matança das crianças inocentes promovidas por Herodes, narrado no Evangelho de Mateus:


Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em Rama se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos, não quer consolação, porque já não existem! (Jer 31,15) (Mateus 2,16-17)

Assim, enquanto que para um cristão, esta é apenas mais uma das profecias cumpridas a respeito de Iehoshua de Nazaré, para nós, judeus, afirmamos que qualquer texto das Escrituras Hebraicas, utilizado fora de seu real contexto transforma-se em um pretexto para esconder algo. De fato, quando isto ocorre, aqueles que advogam o contrário do que ensinam os apologistas cristãos são chamados de sem fé, hereges, ateus e, assim, estes apologistas removem, diante da sociedade, a bendita razão daquelas pessoas. Na realidade, a profecia que Mateus afirma ter se cumprido está relatada no livro do Profeta Jeremias:


Eis o que diz o Senhor: ouvem-se em Rama uma voz, lamentos e amargos soluços. É Raquel que chora os filhos, recusando ser consolada, porque já não existem. (Jeremias 31,15)


No entanto, esta passagem do livro de Jeremias é uma declaração que, no contexto original, se refere aos judeus que foram espalhados pelo estrangeiro durante a Diáspora. O Profeta Jeremias se referiu a este fato como se fosse, de forma figurada, Raquel chorando pelos seus filhos, já que Raquel, esposa de Yacov, é a mãe de todos os filhos de Israel. Porém, no mesmo contexto, há uma promessa no versículo 16, segundo a qual estes filhos, ou seja, Israel, regressariam da terra do inimigo.

16                   Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo.

 Portanto, torna-se claro que Jeremias não estava de forma alguma fazendo referência a um massacre de crianças judias. Desta forma, a atitude de transferir o fato narrado para séculos depois, na época em que Iehoshua de Nazaré surgiu é distorcer o real contexto da passagem e dar-lhe a aplicação desejada, como efetuou o autor de Mateus. Daí, mais uma vez, torna-se claro a insistência dos autores dos Evangelhos, ao fazerem menção de passagens dos livros proféticos, em utilizar a expressão corriqueira isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s. Se esta atitude foi um ato de fraude, distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou costume do povo da época que, ao produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, não convém aqui questionar. O que importa é que as passagens ditas serem relativas a cumprimentos proféticos não possuem de fato qualquer evidência real que comprove que Iehoshua de Nazaré cumpriu as profecias sobre a vinda do Mashiach. As profecias a respeito da vinda de Iehoshua de Nazaré, além de estarem apoiadas em profecias que não possuem nenhuma ligação com ele, estão baseadas também em histórias de religiões mais antigas do que o Cristianismo. Entre elas, citamos a versão indiana de Krishna. De fato, é espantoso como esta história é semelhante à história do nascimento de Iehoshua de Nazaré como narrada em Mateus. Segundo a literatura indiana, quando Krishna, a oitava encarnação do deus Vishnu, nasceu da virgem Devaki, ele foi visitado por homens sábios que foram guiados até ele por uma estrela. Anjos também anunciaram o nascimento de Krishna a pastores nos campos próximos do local de seu nascimento. Quando o Rei Kansa soube do nascimento da criança, enviou homens para matar todas as crianças nas localidades vizinhas, mas uma voz celestial chegou aos ouvidos do pai adotivo de Krishna avisando-o para que tomasse a criança e fugisse através do rio Jumna. Estudos sobre religiões antigas estabelecem paralelos semelhantes à história de Zoroastro (Pérsia), Tammuz (Babilônia), Perseus e Adônis (Grécia), Hórus (Egito), Rômulo e Remo (Império Romano), Gautama (o fundador do Budismo), pois vários elementos da criança perigosa que deveria morrer podem ser observados nas histórias de todas estas religiões. Todas estas características são muitos séculos anteriores ao relato de Mateus sobre o massacre das crianças em Belém. Krishna, por exemplo, foi um salvador indiano que viveu no século VI a.e.c. Portanto, quando um estudo de religiões do mundo antigo mostra que um evento como a matança de crianças ou de inocentes parece ter ocorrido em outros lugares, percebe-se que este evento não ocorreu em lugar algum, ou na melhor das hipóteses, ocorreu apenas uma única vez e em seguida passou a ser copiado por apologistas de outras religiões. Como a história do massacre de crianças ocorreu muitas vezes muito antes da versão de Mateus, podemos concluir que tal evento não ocorreu em Belém como Mateus, e somente Mateus narrou, mas deve se tratar de uma cópia extraída de uma outra fonte. Segundo os apologistas cristãos, o sofrimento de Iehoshua de Nazaré, como narrado nos Evangelhos, pode ser encontrado em Isaías 53,1-12; a alusão à sua crucificação é encontrada no Salmo Hb 22,17; a alusão à sua ressurreição pode ser encontrada no Salmo Hb 16,10, e a alusão à sua ascensão pode ser encontrada no Salmo Hb 68,19. Contudo, o exame destas passagens em todo o seu contexto revela o mesmo problema como aquele do caso de Jeremias 31,15, ou seja, não possui conexão alguma com Iehoshua de Nazaré. Mesmo assim, vamos supor que seja possível provar o cumprimento da profecia da matança de crianças inocentes. Desta forma, quem desejar provar que esta matança ocorreu e foi realmente profetizada pelo Profeta Jeremias deve demonstrar que ele pretendia que a declaração fosse uma profecia da matança destes inocentes efetuada a mando de Herodes. Além disto, vamos supor que alguém conseguisse provar que Jeremias pretendia que a profecia fosse ocorrer em uma época bem longínqua. Esta pessoa seria obrigada a provar de forma bastante convincente que o massacre daquelas crianças em Belém pode ser comprovada como fato histórico. A ausência total de quaisquer referências a este fato da parte dos autores que comporão o Novo Testamento ou por qualquer historiador secular contemporâneo àquela época torna impossível esta tarefa. Contudo, se um fato que alegadamente é um cumprimento profético não pode ser comprovado historicamente, como é possível afirmar que se realizou profeticamente? As passagens dos Evangelhos que contêm a expressão isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s somente se tornam profecias através de argumentos arbitrários dos autores dos Evangelhos, que os removeram do seu real contexto e os aplicaram em situações que julgaram ser convenientes. Se quem os removeu foram os primeiros autores ou autores tardios dos Evangelhos, não se sabe. Se esta atitude foi um ato de fraude, distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou costume do povo da época que, ao produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, não convém aqui questionar. Tudo o que se concluiu com o estudo realizado dos Evangelhos é que os mesmos registram fatos que não podem ser confirmados quando confrontados com os registros do Tanach. O Cristianismo não é a única religião que alega que o seu salvador realizou milagres, foi crucificado, foi ressuscitado dos mortos e ascendeu ao céu. Escritos indianos atribuíram todas estas ocorrências a Krishna, muito antes do primeiro século da era comum. De fato, as narrativas das vidas de Iehoshua de Nazaré e Krishna, conforme relatadas nas literaturas de seus seguidores, são tão semelhantes que a conclusão que se chega é que os autores dos Evangelhos muito se inspiraram na religião de Krishna, a qual também possui, em sua teologia, características de um avatar, ou seja, de um salvador. De fato, salvadores nascidos de virgens, pessoas crucificadas e ressuscitadas são características muito comuns que estão presentes em religiões antigas. Mesmo assim, se isto não destruir os argumentos dos Evangelhos na mente dos cristãos e de judeus que se deixam levar pelos engodos do movimento messiânico, quando se referem a cumprimento de profecias por parte de Iehoshua de Nazaré, então infelizmente eles, muitos por comodidade, conveniência e outros por ignorância, estarão obviamente determinados a permanecer desta forma, independentemente do quão convincente possa ser as evidências apresentadas por aqueles que advogam o contrário. Se não foi possível provar que uma profecia a respeito de Iehoshua de Nazaré se cumpriu, o que dizer de uma série delas, como ocorreu durante este estudo dos Evangelhos? Imagine o que dizer das profecias sobre o nascimento virginal de Iehoshua de Nazaré, os seus milagres, a sua entrada triunfal em Jerusalém, a traição de Judas Iscariotes, a sua crucificação, a sua ressurreição, a sua ascensão aos céus e o que dizer de centenas de outros supostos cumprimentos proféticos? É bem mais provável que alguém tivesse estudado as Escrituras Hebraicas e, ao interpretar algumas passagens como profecias, as tivessem aplicado a Iehoshua de Nazaré, de modo a fazer parecer que elas se cumpriram na pessoa dele. De acordo com o estudo dos Evangelhos realizados anteriormente isto foi possível. Portanto, a conclusão que nós, judeus, chegamos frente às profecias a respeito da vinda de Iehoshua de Nazaré é que os cumprimentos proféticos relativos à sua vinda, como narrados nos Evangelhos, nunca ocorreram, mas que os autores dos mesmos limitaram-se a verificar ou procurar no Tanach passagens que pudessem ser interpretadas como profecias e depois as transcreveram para os seus escritos particulares, de modo a fazer parecer que todas elas foram literalmente cumpridas. Mesmo que os alegados cumprimentos proféticos tivessem ocorrido, poderiam também ter sido efetuados deliberadamente com o objetivo de conceder a Iehoshua de Nazaré a oportunidade de alegar que ele cumpriu as mesmas e, a partir daí, elevá-lo a categoria de Mashiach. E se esta atitude foi um ato de fraude, distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou costume do povo da época que, ao produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, mais uma vez não convém aqui questionar.


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Parte VIII

A história da humanidade tem muitas desgraças e uma delas foi a Inquisição, na qual em nome de Iehoshua, a igreja romana e os reis da Espanha, Fernando e Isabel de Castela puseram em prática um terrível esquema de perseguição e morte aos judeus de Portugal e Espanha, cujo objetivo direto foi o enriquecimento dos reis e da igreja romana. A definição de heresia dependia da vontade da igreja romana e chacinar o inimigo foi a solução final encontrada por ela para lidar com aqueles que discordassem de suas doutrinas espúrias, fossem eles judeus, filósofos ou os reformadores protestantes. Onde podemos encontrar indícios para tentar compreender a Inquisição, esta tamanha monstruosidade da igreja romana? Estudando a passagem dos Evangelhos de Marcos 9,33-42 e Lucas 9,46-50, observamos que em um determinado momento em que Iehoshua ensinava João, um dos seus discípulos, o interrompe narrando que tinha observado um homem expelir demônios em nome dele, Iehoshua, e que ele juntamente com os seus companheiros proibiram tal homem de exorcizar porque simplesmente não os acompanhavam em suas caminhadas. Então, Iehoshua de Nazaré advertiu a João respondendo que este tipo de proibição não se deveria fazer, pois quem não fosse contra eles era a favor deles. Estas passagens dos Evangelhos de Lucas e Marcos são incríveis, pois, em particular afirmam que mesmo que uma pessoa não acompanhe Iehoshua de Nazaré e os seus discípulos, mas ensine e expulse demônios em nome dele, Iehoshua, não deveria ser molestada. O mais incrível ainda é que na Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª a passagem referida do Evangelho de Marcos está intitulada de Humildade. Inveja.

Escândalo
, e no Evangelho de Lucas esta passagem está intitulada Lição de Humildade e Tolerância. No entanto, aqueles que discordavam das doutrinas da igreja romana sofriam as terríveis punições da Inquisição. Estudando outra passagem do Evangelho de Lucas 9,51-56, observamos que certa vez, Iehoshua de Nazaré enviou mensageiros os quais entraram em uma povoação de samaritanos para que eles pudessem conseguir uma pousada. Os samaritanos resolveram negar tal pedido, pois eles observaram que os discípulos de Iehoshua estavam a caminho de Jerusalém. Os discípulos Tiago e João, aborrecidos pelo fato dos samaritanos terem negado estadia para eles, perguntaram a Iehoshua de Nazaré se ele desejaria que eles mandassem descer fogo do céu e consumissem os samaritanos. Neste momento, Iehoshua ficou horrorizado e repreendeu-os severamente dizendo que Tiago e João não sabiam de que espírito eles eram animados.

Em seguida, afirmou que ele não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. Esta passagem do Evangelho de Lucas também é incrível, pois afirma que Iehoshua não pede que ninguém seja morto pelo fato de alguém negar uma simples hospedagem a ele e aos seus discípulos. Porém, algumas contradições nos ensinamentos de Iehoshua podem ser observadas nas passagens do Evangelho de Mateus 25,1-30, mais especificamente no versículo 30 e no Evangelho de Lucas 19,11-28. Na passagem de Mateus 25,1-30 Iehoshua de Nazaré ensina, através de algumas parábolas, a que será semelhante o reino dos céus. Em particular, na passagem que relata a Parábola dos Talentos, Iehoshua ensina que o reino dos céus será semelhante a um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. Nesta parábola, Iehoshua prossegue ensinando que tal homem ao confiar seus bens aos seus servos confiou-lhes determinada quantidade de talentos segundo a capacidade de cada servo, e que muito tempo depois, o senhor daqueles servos retornou para pedir-lhes contas. Quando os servos daquele senhor começaram a prestar contas ao seu senhor, cada um deles, segundo a sua capacidade, foi recompensado. Porém, o último dos servos se desculpou devolvendo ao seu senhor a moeda de um talento que tinha recebido. O senhor, então, julgou este servo como sendo mal preguiçoso e inútil, e que o mesmo deveria ser jogado nas trevas exteriores, afirmando que neste lugar haverá choro e ranger de dentes. Nesta parábola, podemos observar que o senhor mencionado trata-se do Eterno e os servos somos cada um nós e toda a humanidade. Os talentos são os bens, os recursos, os dons e as qualidades que o Eterno outorgou a cada um de nós desde o dia em que nascemos para serem empregados em benefício próprio e de nossos semelhantes. O tempo concedido para pôr em prática todas estas qualidades é o tempo da existência terrena. A distribuição dos talentos em quantidades desiguais, ao contrário do que possa parecer, nada tem de arbitrária e nem de injusta, pois os que recebem cinco talentos são os que têm mais experiência, os que recebem dois, são destinados a tarefas mais restritas, de âmbito familiar; e os que apenas recebem um talento não têm outra responsabilidade senão a de promoverem o progresso espiritual de si mesmos, mediante a aquisição de virtudes que lhes faltam. A exigência para o servo que recebeu cinco talentos foi de outros cinco talentos, a exigência para o servo que recebeu dois talentos foi de mais dois talentos e a exigência para o servo que recebeu apenas um talento foi de apenas um talento. Os servos que fizeram com que os talentos se multiplicassem representam os homens que sabem cumprir a Torá, empregando bem a fortuna, a cultura, o poder, a saúde e os dons recebidos. O servo que deixou improdutivo o talento, desprezando a incumbência do que lhe fora exigido, simboliza os homens que perdem as oportunidades oferecidas pelo Eterno para a sua elevação espiritual e dos demais, oportunidades estas que lhes chegam através de uma enfermidade suportada com paciência, de um grande aborrecimento sofrido sem desespero, de um filho rebelde que precisou ser tratado com especial atenção e carinho, de uma injustiça que foi sabiamente tolerada sem revolta, de um inimigo gratuito cuja traição foi suportada com ânimo, de uma condição adversa a ser superada com esforço e perseverança, etc. O terceiro servo é aplicado aos homens, que, para encobrirem suas faltas ou justificarem suas fraquezas, não hesitam em atribuir aos outros os seus fracassos. Este é o caso do servo que não se esforça para acrescentar algo ao que recebeu da misericórdia divina.

Devemos aproveitar nossos dons e talentos, pois se o Eterno nos deu algum talento é para aproveitarmos ao máximo. Não devemos esperar que o Eterno venha a nos cobrar a falta de uso de nossos talentos que deveriam ser aplicados em benefício nosso e do nosso próximo. Na realidade, o ensinamento contido na Parábola dos Talentos, narrada nos Evangelhos de Mateus 25,14-30 e de Lucas 19,11-28 não é da autoria de Iehoshua, pois este ensinamento está contido no Talmud muito antes do aparecimento dele, e também aparece repetidas vezes no Talmud sob diversas formas. Uma das variantes deste ensinamento talmúdico é que se alguém tem a oportunidade de saborear uma simples fruta e recusa-se a fazê-lo, deverá prestar contas por isto no Mundo Vindouro. Outra variante deste ensinamento está contido em um dos tratados mais conhecidos do Talmud, o Pirkê Avot do Rabi Eliezer. Nesta obra consta um ensinamento do Rabi Iaacóv, no Capítulo 4 - Mishná 16, o qual afirma que este mundo é como uma preparação para o Mundo Vindouroe que, portanto, devemos nos preparar para sermos participantes dele. Portanto, devemos refletir sobre os nossos talentos e não deixemos nenhum deles de lado. Assim, uma das preparações que o judeu que está retornando deve fazer para o Mundo Vindouro é retornar ao Judaísmo. Uma variante da parábola citada acima está contida no Evangelho de Lucas 19,11-28, a qual está intitulada Parábola do dinheiro emprestado. Porém, nesta parábola, mais especificamente no versículo 27, Iehoshua afirma que quem o odiasse e não desejasse reconhecê-lo como rei deveria ser posto em sua presença e massacrado. Nesta passagem está afirmada a maior intimidação e ameaça proferida por Iehoshua de Nazaré em todo o Evangelho. Ao que parece os decretos, anátemas, perseguições e assassinatos executados pela igreja romana foram baseados neste maldito versículo. Talvez tenha sido também através deste maldito versículo que nós, judeus, agora conseguimos responder a pergunta acima: Onde podemos encontrar indícios para tentar compreender a Inquisição, esta tamanha monstruosidade da igreja romana? O Mashiach que estamos esperando, segundo as Escrituras Hebraicas, não vem para nos ameaçar e nem para nos massacrar. Não entendemos a hipocrisia do versículo do Evangelho de Mateus 19,27 diante de uma outra passagem também do Evangelho de Mateus 11,25-30. Nesta passagem, mais especificamente nos versículos 28-30, podemos observar que Iehoshua anunciou aos seus seguidores que eles tomassem o seu jugo e recebessem a sua doutrina porque ele era manso e humilde de coração e que, desta forma, eles conseguiriam repouso para as suas almas, pois o jugo dele era suave e o seu peso era leve. Ora, se Iehoshua de Nazaré afirma anteriormente que ele é manso e humilde de coração, como, então, encontrar mansidão e humildade nele ao exigir que, caso não seja aceito como rei por outras pessoas, estas deveriam ser massacradas, como consta no Evangelho de Lucas 19,27? Onde está, então, a tolerância, a lição de humildade, a tendência em admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferenciam as pessoas umas das outras? Neste caso, os muçulmanos, os budistas, os hinduístas, os confucionistas, etc, deverão também ser massacrados, pois os fiéis destas religiões nunca aceitaram Iehoshua de Nazaré como rei. Para reforçar ainda mais a questão da suposta mansidão e humildade de Iehoshua de Nazaré, vamos examinarar as passagens dos Evangelhos de Mateus 26,47-56 e Lucas 22,36-38. O leitor deve notar que a passagem referida do Evangelho de Mateus é narrada durante a prisão de Iehoshua de Nazaré. Nesta passagem Judas denuncia Iehoshua de Nazaré com um beijo e, assim, entrega-o às pessoas que compunham a multidão que fora enviada pelo príncipe dos sacerdotes e anciãos do povo. Em particular, perguntamos aqui qual a necessidade de tal beijo, para que Iehoshua de Nazaré fosse reconhecido, se o mesmo já era uma pessoa conhecida do público? Mais adiante nos versículos 50 e 51 as pessoas que compunham a multidão investem contra Iehoshua de Nazaré, mas um dos seus companheiros desembainha a espada e decepa a orelha de um servo do sumo-sacerdote. Então, Iehoshua de Nazaré diz:
Jesus, no entanto, lhe disse: "Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão. Crês tu que não posso invocar meu Pai e ele não me enviaria imediatamente mais de doze legiões de anjos? Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais é preciso que seja assim?" (Mateus 26,52-54)


Perguntamos aqui quantas vezes a igreja romana desembainhou a espada sem fornecer satisfações a alguém? Por acaso a igreja romana morreu, conforme as palavras de Iehoshua de Nazaré acima? Não. Continuou ao longo dos séculos, não só desembainhando a espada como também usando lanças. Um exemplo de tal comportamento foi o do Papa Nicolau V, Tomaso Parentucelli (1447-1455), que no ano de 1447 autorizou o rei de Portugal a guerrear contra os povos africanos, tomar suas terras e fazer escravos. Este governador religioso disse certa vez que era tudo em todos, que a vontade dele é a que deveria prevalecer, e que Iehoshua de Nazaré mandou Pedro embainhar a espada mas ele mandava desembainhar. Perguntamos também aqui, em que passagens das Escrituras Hebraicas está narrado a prisão do Mashiach? Na passagem do Evangelho de Lucas 22,36-38 está narrado, com algumas diferenças, o mesmo acontecimento. O leitor deve notar que a passagem referida do Evangelho de Lucas é narrada pouco antes da prisão de Iehoshua de Nazaré. Nesta passagem, Iehoshua de Nazaré, entre outras recomendações, pede aos seus discípulos que cada um deles venda a sua capa de vestir para comprar uma espada, acrescentando que isto deveria acontecer para que se cumprisse o que foi predito pelo Profeta Isaías:
Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados (Isaías 53,12)


Neste momento, alguns dos discípulos replicou mostrando que possuía duas espadas, ao que Iehoshua de Nazaré respondeu com um simples basta. Ora, se nesta passagem de Isaías está escrito que porque ele próprio deu sua vida por que, então, Iehoshua de Nazaré pede para que os seus discípulos comprem uma espada? Este dar que aparece em Isaías é condicional ou incondicional? A espada não seria, então, para lutar? Então, como fica a expressão e deixou-se colocar entre os criminosos? Alguém que precise interceder pelos culpados faria um pedido para que se comprassem espadas? Na passagem do Evangelho de Lucas 22,38 os discípulos de Iehoshua de Nazaré, conforme escrito acima retrucaram mostrando duas espadas. Alguns apologistas cristãos interpretam esta passagem afirmando que as duas espadas são os poderes material e espiritual, mas observando mais adiante no Evangelho de Lucas 22,47-51, os discípulos de Iehoshua de Nazaré perguntaram-no se eles deveriam atacar a multidão com as espadas. Como então, entender aqui as duas espadas como sendo os poderes material e espiritual? Em uma nota de rodapé da Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª - Página 1379 está escrito:
Basta: isto pode significar: é suficiente, ou então um movimento de humor com respeito aos discípulos: Basta disso (falemos de outra coisa)


Como esta passagem pode se referir a um tom de humor por parte de Iehoshua de Nazaré se, ao não esperar a resposta dele próprio, um dos seus discípulos, como narrado no versículo 50, tomou de sua espada e decepou a orelha direita do príncipe dos sacerdotes, e não do servo do sumo-sacerdote como narrado em Mateus 26,51? Este humor é incompreensível. Imediatamente, Iehoshua de Nazaré interveio retendo o tal discípulo pedindo para deixá-lo, e realizou uma cura na orelha do príncipe dos sacerdotes. Por quê? Será que Iehoshua de Nazaré estava com medo da multidão, já que eram muitas pessoas, e, desta forma, precisou reter o discípulo que tinha decepado a orelha do príncipe dos sacerdotes? O mais engraçado disto tudo é que alguns cristãos discordam até das notas de rodapé das próprias bíblias. Por exemplo, o presidente da Associação Cultural Montfort (http://www.montfort.org.br/), Orlando Fedeli, doutor em História pela Universidade de São Paulo, em resposta a um visitante do site de sua associação, afirma que o conteúdo das explicações escritas em notas de rodapé de muitas bíblias católicas são completamente gagá.
(http://www.montfort.org.br/perguntas/espada.html)


Segundo ele, os comentaristas destas bíblias demonstram que não são capazes de engolir espadas, que não admitem que Pedro possuía uma espada, e que Iehoshua não mandou que Pedro rejeitasse esta arma, mas pelo contrário, mandou que Pedro a guardasse, para utilizá-la , mais tarde, quando fosse o representante dele na Terra, exercendo a sua autoridade. O senhor Orlando Fedeli, baseado nos escritos dos Evangelhos,
também comentou que Iehoshua de Nazaré não mandou que o centurião romano, que era um soldado por profissão, deixasse a vida militar, a qual exigia usar a espada. Ele também afirmou que Iehoshua de Nazaré jamais proibiu que alguém fosse soldado. Por último, salientou que estas frases de Iehoshua de Nazaré doem nos pacifistas e que condenam a guerra, por princípio, que a guerra é um mal comparada com a paz, mas comparada com a injustiça, a guerra defensiva é legítima. Não foi exatamente isto que aconteceu ao longo deste dois mil anos de Era da Graça? De acordo com o que o senhor Orlando Fedeli afirmou, quantas vezes a espada foi desembainhada pela igreja romana para assassinar aqueles que pensavam diferente dela? Mais uma vez devemos nos lembrar do comportamento do Papa Nicolau V, Tomaso Parentucelli (1447-1455), que no ano de 1447 autorizou o rei de Portugal a guerrear contra os povos africanos, tomar suas terras e fazer escravos e ainda salientou que era tudo em todos, que a vontade dele é a que deveria prevalecer, e que se Iehoshua de Nazaré mandou Pedro embainhar a espada, ele mandava desembainhar. Desta forma, torna-se claro a violência da Inquisição. As discordâncias com relação ao papado e ao poder atribuído aos papas foi uma das causas que levaram à ocorrência de diversos cismas na igreja romana. O próprio Papa João Paulo II admitiu, antes da abertura do conclave, que a primazia papal tem sido um empecilho significativo em sua tentativa de aprimorar as relações com as outras igrejas cristãs, principalmente com os ortodoxos, que, segundo ele, se apartaram dos católicos desde o cisma do ano de 1054. O leitor poderá estudar este assunto na obra, em dois volumes, do teólogo e historiador católico Johann Joseph Ignaz von Döllinger, O Papa e o Concílio - Tradução e Introdução de Rui Barbosa - Editora Leopoldo Machado - Primeira Edição - Londrina (2002), a qual foi escrita no ano de 1869. De tendência episcopalista, Döllinger revelou-se contrário ao absolutismo papal, pois a sua atuação entrou em choque frontal com a igreja romana, fato que acabou acarretando a sua excomunhão, ocorrida no ano de 1871. A existência do Estado Pontifício, o Syllabus de 1864, a Teologia Neo-Escolástica, o Dogma da Imaculada Conceição e o Dogma da Infabilidade Papal são os temas que Von Dölinger aborda em sua obra, a qual assinou com o pseudônimo de Janus. Mais tarde, no ano de 1877, esta obra começou a ser traduzida para a língua portuguesa pelo escritor Rui Barbosa. Outra obra que pode engrandecer os conhecimentos do leitor é Vicars of Christ - The Dark Side of the Papacy - Crown Publishing Group - New York (1988) ISBN: 0517570270, da autoria do historiador e padre católico, Peter de Rosa.


Hoje, a maioria dos cristãos ainda não possuem noção do barbarismo e das torturas às quais foram submetidos os judeus de Portugal e da Espanha. Toda a população foi consumida pelo medo. Uma batida na porta de suas casas no meio da noite, poderia significar o início de uma morte lenta e torturante nas mãos dos inquisidores. A morte na fogueira era um espetáculo público, denominado Autos da Fé. Porém antes de serem queimadas em público, as pessoas eram torturadas privadamente. Para a tortura, em toda a Europa sabia-se que o papa possuía os melhores profissionais, que podiam obter confissões por meio de técnicas hábeis e criativas, para as quais foram inventados inclusive instrumentos próprios como a Virgem de Nuremberg, por exemplo. As pessoas cultas eram submetidas a torturas especiais como as de furar os olhos para que não mais pudessem estudar. Durante a Idade Média (anos 500 a 1700), o papado eliminou em torno de 50 milhões de pessoas, uma média de 40 mil por ano, por não se submeterem a ele.
O jugo de Roma era pesado e muito longe estava o jugo suave prometido por Iehoshua de Nazaré, se é que ele prometeu. Para qualquer um cristão ou não cristão, que conheça o Novo Testamento, as atitudes e os atos criminosos executados pela igreja romana durante a inquisição, diante do que foi narrado, estão, em alguns pontos discutidos acima, relacionados aos ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, de fato. Portanto, em que pensava Roma quando aliou-se aos reis católicos da Espanha os quais decretaram a Inquisição? Em que se baseavam? Fica a pergunta. Na época, os reis da Espanha assinaram um documento dizendo que seus atos a respeito dos judeus eram uma solicitação do Criador e eles apenas foram encarregados de executá-los. Hoje, está parado no Vaticano um projeto para canonização de Isabel de Castela, maldito seja o seu nome, quem iniciou a Inquisição na Espanha. O autor do projeto é um religioso espanhol que alega ter sido Isabel uma rainha a frente de seu tempo, uma mulher de visão além de católica fervorosa. Será que a igreja romana mudou? Não. O período da Inquisição foi um período negro na história da humanidade. Muitos povos, muitos grupos, muitas nações se enchem de orgulho e júbilo quando falam do seu passado. A igreja romana não tem do que se alegrar. O clímax da imoralidade papal deu-se no período de 1378 a 1417, durante o qual houve mais de um papa ao mesmo tempo. Como exemplo, a França e seus aliados obedeciam ao Papa de Avignon, enquanto a Alemanha, a Itália e a Inglaterra obedeciam ao papa de Roma. Recuso-me a chamar a Inquisição de Santo Ofício ou de Santa Inquisição, pois este tenebroso acontecimento só poderia ser chamado de santo se tivesse sido inspirado pelo Eterno ou a Seu serviço. O paradoxo é que este crime contra a humanidade foi urdido no seio de uma igreja que se declarou infalível e dona da verdade. As Cruzadas e a Inquisição mataram mais do que o nazismo na Segunda Guerra Mundial, na qual morreram seis milhões de judeus. Os massacres em nome de um deus pagão vitimaram um número bem superior de pessoas classificadas de hereges, acusadas de desenvolverem uma fé contrária à da igreja romana, de não aceitarem a infalível autoridade papal e de combaterem, ousadamente, a imoralidade, a ganância e a corrupção no clero romano. Não se tem notícia até hoje de que os assassinos do período inquisidor tenham se submetido a um tribunal internacional para responder pelos seus crimes. Um ou outro papa foi preso e condenado, como no caso do Papa João XXIII, Baldassare Cossa (1410-1415), julgado e condenado pelo Concílio de Constança por 54 crimes da pior espécie. A História condena a todos, mas a justiça maior virá do Eterno, Bendito Seja. O que relatamos neste estudo representa apenas uma pequena parcela do que realmente foi a diabólica Inquisição e o que ela representou para toda a humanidade e para os judeus. Os representantes papais nunca agiram sozinhos. A igreja romana estava atrelada de tal forma aos imperadores e reis que, por vezes, não se sabia o que pesava mais em um massacre: se o motivo religioso, em que Roma defendia seus interesses, ou o político, sob a manobra dos governantes. O certo é que a parceria Igreja-Estado fabricou mais uma arma mortífera, a Inquisição. Os sanguinários inquisidores tentaram purificar a intitulada fé católica matando os que ela intitulou de hereges e, bem mais tarde, o sanguinário Adolf Hitler tentou purificar a tal raça ariana exterminando o povo judeu. Uma pergunta que devemos fazer é a seguinte: A igreja romana foi realmente guiada desde sua instituição, pelo Eterno? Se a resposta for negativa, então a criação da Inquisição também está plenamente justificada. Se positiva a resposta, isto é, se aceitarmos a versão de que o Eterno guiou esta igreja desde o seu nascimento, teremos que fazer outra indagação: O Eterno justificou estes homens sanguinários para dirigirem igrejas para que estas substituíssem as sinagogas? Para justificar os crimes cometidos pelos inquisidores, a igreja romana põe a culpa no diabo. Por mais que desejemos fazer reflexões com serenidade, não conseguimos conter nossa perplexidade diante de tantos desatinos promovidos por homens que se intitulavam, Vigários de Cristo e Infalíveis. Os crimes cometidos em nome da fé católica, quer nas Cruzadas, quer durante a Inquisição, foram crimes inqualificáveis, crimes contra a humanidade, e como tal devem ser lembrados por todos os séculos. Muitos cristãos tentam se defender ainda hoje diante dos fatos durante o tempo inquisidor argumentando que a igreja é formada por homens e que os homens erram. Mas na realidade, os homens erram desde Adão. Portanto, o problema não são os erros dos homens, mas sim o sistema religioso falso e hipócrita, as contradições do Novo Testamento, as retóricas muito utilizadas pelos filósofos gregos e etc. Eis aí apenas um esboço do que foi a diabólica Inquisição, que tantos malefícios causou à humanidade. Muito longe estamos de conhecer todos os labirintos dos tribunais inquisitórios. O atual representante da igreja romana tem ensaiado pedidos de perdão, como no caso de Galileu Galilei. Mas nós, judeus, perguntamos: Pedido de perdão a quem? Ao Eterno? À Humanidade? Às famílias das vítimas? Ora, não se pode pedir perdão ao Eterno em nome de um pecador. O pedido de perdão formulado pela igreja romana, através de seu líder, é na verdade um falso gesto elogiável de cunhos políticos, e que não apaga o pecado dos algozes da Inquisição. O mais engraçado disto tudo é que sites católicos tais como
http://www.cleofas.com.br/
http://www.lepanto.org.br/
http://www.montfort.org.br/
http://www.presbiteros.com.br/ e
http://www.veritatis.com.br/,
uma onda negra de desculpas repletas de hipocrisias e mentiras são escritas para um público que não conhece a história da sua religião. Neste sites, tenta-se provar com muito esforço e cinismo ridículo que acontecimentos como os da Inquisição, por exemplo, não tiveram participação da igreja romana, mas diretamente do Estado, que os números de mortos são exagerados e outras mentiras típicas da igreja romana.



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Parte VII

O nome Sefarad aparece nas Escrituras Hebraicas quando o profeta Obadias escreve:

Os exércitos de Israel deportados ocuparão as terras dos cananeus até Sarepta. Os deportados de Jerusalém em Sefarad possuirão as cidades do sul. Subirão, vitoriosos, o monte Sião para julgarem a montanha de Esaú; e ao Senhor pertencerá a realeza. (Obadias 20-21)

 

Em outras palavras, o termo em hebraico Sefarad corresponde a região onde está localizada a Espanha atual. A palavra que designa sul, na língua hebraica, é Negeve. Particularmente, esta profecia ainda não se cumpriu e que os judeus sefaraditas deverão ocupar as planície do sul do Estado de Israel. O termo sefaradita, hoje, corresponde a todo judeu que teve sua ascendência na Espanha e de lá foram para Portugal, Brasil, Turquia, Marrocos e norte da África. A população da comunidade judaica chegou a representar mais de 20% da população ibérica. Os judeus cresceram e prosperaram durante séculos. Durante este período de tempo passaram a dominar a Ciência, a Medicina, a Astronomia, a Matemática, o Comércio e deram origem aos primeiros banqueiros para empréstimos de dinheiro, inclusive para o próprio Estado. No dia 1 de novembro de 1478, o Papa Sisto IV, Francesco della Rovere (1471-1484), assinou a bula Exigit Sincerae Devotionis Affectus, através da qual foi criada a Inquisição na Espanha. Esta bula se referia às petições dos reis católicos, enfatizando normas quanto a difusão das crenças e dos ritos mosaicos entre os judeus convertidos ao Cristianismo em Castela e Aragão, ao mesmo tempo, autorizava os reis a nomear três inquisidores. Estes inquisidores eram de alto nível intelectual, pois incluíam prelados, religiosos ou clérigos seculares com mais de quarenta anos, bacharéis ou mestres em teologia, além de licenciados ou doutores em direito canônico. Eles deviam atuar nas principais cidades do reino e nas dioceses. Em outras palavras, iniciou-se uma prática regular que confirmava e legitimava a Inquisição espanhola como um tribunal eclesiástico, funcionando com poderes confiados pelo papa.

No início, o estabelecimento da Inquisição em Sevilha era modesto. Depois iniciou-se a detenção de centenas de acusados durante o primeiro mês de atividade, entre os quais se encontravam os cristãos-novos, ou seja, os judeus que eram obrigados a renunciar o Judaísmo para assumir, publicamente, a fé católica, tornando-se, assim, um novo converso. Daí o nome cristão-novo para diferenciar daquele que já era católico, o cristão-velho. Entre os cristãos-novos encontravam-se os mais ricos e nobres da cidade. Mas, muitos entre eles fugiram para outros países, como Itália, Portugal e Norte da África, evitando assim os tribunais da Inquisição que os julgariam como rebeldes, crime de infidelidade, heresia e apostasia ao sistema romano. Cada mês que se passava, novos inquisidores eram sendo nomeados, aumentando o cerco contra os judeus. A situação agravou-se ainda mais quando na noite do dia 13 de março de 1490 foi assassinado o Inquisidor-Mor Pedro de Arbués na Catedral de Saragoça. No dia seguinte uma ordem foi dada para que os conversos fossem assassinados. Os responsáveis pelo homicídio foram executados e esquartejados e o inquisidor assassinado tornou-se um santo mártir. O ódio e a perseguição se acentuava cada vez mais contra os judeus conversos. Alguns realmente se convertiam ao Catolicismo. Outros diziam conversos e continuavam os ritos e a prática do Judaísmo secretamente. E a maior parte, recusava-se a aceitar a conversão forçada e fugiram para outros países. A Inquisição na Espanha iniciou-se no ano de 1478 e durou até o ano de 1834. Em Portugal, ela iniciou-se no ano de 1536 e durou até 1821 e a Inquisição Romana foi reorganizada no ano de 1542 e foi abolida no ano de 1746. No início do século XIX, a Inquisição começou a ser abolida em diversos Estados Italianos. No Brasil, a Inquisição compreendeu o período de 1591, quando o país recebeu pela primeira vez a visita do Inquisidor oficial da Corte Portuguesa, até o ano de 1821. Mas, se considerarmos que desde o descobrimento os judeus aqui chegaram já em número significativo nas expedições do judeu Fernando de Noronha no ano de 1503, podemos afirmar que o período inquisitorial no Brasil durou mais de 300 anos.

Nos séculos XIII e XIV, até ao século XV, a igreja romana crescia e com isto a pressão sobre a conversão dos judeus também crescia, pois para os judeus serem batizados e aceitar o Catolicismo, era sinônimo de garantir um futuro aparentemente seguro, mesclando-se com os mouros, visigôdos, fenícios, romanos e celtas que também habitavam na Península Ibérica. Desta forma, um filho de cristão-novos já nascia e vivia alheio às tradições e costumes judaicos. A história nos mostra que muitos netos e bisnetos dos judeus conversos terminavam se tornando frades e padres, pois abraçavam a religião com grande obstinação, fato este peculiar à raça hebréia. O famoso Padre Vieira que fez parte da história do Brasil é um exemplo desta assimilação. Os judeus sefaraditas começaram a sofrer um processo assimilativo, tornando-se cidadãos comuns, assassinando suas raízes judaicas, abandonando a celebração do shabat e passaram a freqüentar as missas dominicais, quando não se tornavam também filhos de Maria. Mas, isto não ocorria com todos aqueles que se tornavam cristãos-novos. Uma boa parte assumia o Cristianismo somente como faixada externa e tornava-se católico relapso, passando apenas pelo batismo e daí para frente não assumia nenhum compromisso. Grande parte destes judeus vieram mais tarde para colonizar o Brasil. Até hoje na sociedade brasileira este tipo de católico é muito comum. E, finalmente, uma outra parte não significativa praticava o Criptojudaísmo, não assumindo interiormente a fé católica.

Estes também foram vítimas dos processos inquisitoriais. Lisboa ,portugal.

A terminologia pejorativa de marranos, que quer dizer porco marrão, era atribuído a estes judeus. Em meados do século XV começou a surgir na Espanha sintomas de causa e efeito das chamadas conversões forçadas. O elemento judeu converso tornava-se um problema cada vez maior para o Estado, pois passaram a ser um perigo disfarçado. O povo espanhol sabia que muitos deles eram convertidos superficialmente, no intuito de receberem proteção, direitos sociais e econômicos disponíveis aos cristãos. Um fato historicamente marcante aconteceu quando surgiu Tomás de Torquemada, grande perseguidor dos judeus. Tomás de Torquemada nasceu em Valladolid no ano de 1420 e morreu em Ávila no ano de 1498. Ele era sobrinho do Cardeal Juan de Torquemada (1388-1468), e confessor do reis Fernando e Isabel. No dia 12 de agosto de 1483, ele foi nomeado inquisidor-mor dos reinos de Castela e Leão, e logo a seguir teve sua jurisdição estendida a Aragão, Valência, Catalunha e Majorca. No ano de 1484, ele estabeleceu um código de processo de 28 artigos, mais tarde publicado sob o título de Compilación de las Instrucciones del Oficio de la Santa Inquisición - Madrid (1576). Esta compilação foi promovida pelo Inquisidor General D. Fernando de Valdes (1483-1568), quem deu a ordem para que fosse guardada em Madrid, no dia 2 de setembro de 1561, segundo consta no final do texto, o qual compreende 81 capítulos que relatam a respeito dos procedimentos inquisitórios, segundo acordo efetuado pelo Conselho Geral da Inquisição. Informações a respeito deste manuscrito bem como uma fotografia escaneada de sua capa podem ser obtidas na página

http://www.rarebooks.nd.edu/exhibits/
inquisition/images/31/

Tomás de Torquemada foi um verdadeiro carrasco e carniceiro que, a tal extremo levou o zelo inquisitorial, que os massacres comandados por ele tiveram que ser contidos pelo Papa Alexandre VI, Rodrigo de Bórgia (1492-1503). Ele foi o inspirador da medida de expulsão dos judeus da Espanha e, mais tarde o seu nome tornou-se símbolo de intolerância e fanatismo. No ano de 1469, Isabel casou-se, então, com o rei Ferdinando Aragão, em Portugal. O trio da crueldade estava formado e dez anos mais tarde os reinos estariam unidos, tendo uma causa comum, a Inquisição. Neste período havia vários decretos proibindo os judeus conversos a ocupar cargos públicos, bem como de usar ou valer-se de qualquer outro privilégio do Estado. A partir do ano de 1480, o trio Torquemada, Ferdinando e Isabel puseram em prática certas táticas de inquisição contra os judeus e conversos, instituindo os diabólicos Autos de Fé, levando estes judeus a uma degradação desumana, mostrando seu lado covarde e perverso. Surgia nesta época artefatos engenhosos para os mais variados tipos de tortura contra estes judeus. Os judeus não possuíam outra alternativa a não ser serem torturados para declarar-se judeu e optar pela confissão da maldita fé romana para escapar da morte. Os mais ricos conseguiam se livrar da morte mediante uma quantia exorbitante de dinheiro. Várias proibições aos judeus surgiram nesta época. Como muitos deles eram profissionais, não poderiam exercer suas funções de médico, advogado, tão pouco usar jóias de ouro, prata, nem seda ou até mesmo deixar a barba crescer. Os judeus não podiam receber dinheiro e nem mercadorias de qualquer espécie. Realmente, os judeus viveram terríveis momentos no período que foi de 1480 até o ano de 1492. Nestes doze anos, a miséria da comunidade judaica espanhola foi exposta ao ridículo. Já havia uma emigração deste povo para Portugal, onde a situação para estes judeus era mais amena. Finalmente, o Decreto de Expulsão dos judeus da Espanha ocorreu no dia 31 de março de 1492, promulgado pelos reis católicos. A Espanha foi envolvida por uma consciência de nacionalidade. A mácula da invasão, que por mais de sete séculos lhe inflamara o solo, desaparecia, e assim, o orgulho de sua força resultou como conseqüência uma espécie de limpeza étnica de estranhos elementos. Aos que tinham esta compreensão dos acontecimentos, a expulsão dos judeus, em seguida à dos árabes, aparecia como emancipação necessária. Assim,os Reis Fernando e Isabel, renegando o proceder dos primeiros tempos do seu reinado, e tendo ordenado a expulsão, praticaram não só um ato de fanatismo sob a égide de obedecerem à imposição do sentimento nacional. A repercussão no reino vizinho foi imediata, onde causas idênticas geraram descontentamento igual nas classes populares. Conforme dados históricos obtidos na obra intitulada História dos Judeus em Portugal - Livraria Pioneira Editora - São Paulo (1971), da autoria do historiador alemão, Rabino Meyer Kayserling, o destino e o número de judeus decorrentes da expulsão da Espanha foram: Turquia: 90.000 judeus, Holanda: 25.000 judeus, Marrocos: 20.000 judeus, França: 10.000 judeus, Itália: 10.000 judeus, América do Norte: 5.000 judeus, Portugal: 120.000judeus. Assim, o número total de judeus decorrentes do edito de expulsão foi de cerca 280.000. O número de judeus que morreram procurando um lar foi em torno de 20.000 e o número dos que foram batizados e permaneceram na Espanha foi em torno de 50.000.

Em Portugal os judeus possuíam favorecimentos da corte e eram protegidos pela fidalguia, a qual lhes tirava grandes soldos e rendimentos, além do mais, Portugal era o país vizinho mais próximo da Espanha, o qual possuía semelhanças da língua e costumes. Por isto, Portugal recebeu o maior número de judeus. Logo que foi decretado o edito de expulsão, chegou a Portugal o último Gaon de Castela, Rabino Isaac Aboab, pedir a D. João II, uma licença para se acolher em Portugal juntamente com seiscentas famílias. Entre eles se encontrava Abraham bar Samuel Abraham Zacut (1450-1522), que passou a ser médico de D. Manoel. Ele se estabeleceu no Porto, onde veio a falecer mais tarde. Segundo o escritor judeu português, Samuel Usque, autor da obra intitulada Consolação às Tribulações de Israel - Editora Calouste Gulbenkian - Lisboa (1989), foram pagos 2 escudos por cada judeu como imposto de entrada no país. Sobre o número de refugiados, são igualmente discordes as informações. Samuel Usque, que provavelmente citou tal informação por parte dos seus contemporâneos, menciona apenas as seiscentas famílias, sobre as quais versa o contrato. A obra de Samuel Usque foi publicada no ano de 1552 na cidade italiana de Ferrara. Porém, na obra do Rabino Meyer Kayserling, citada acima, consta que Abraham Zacut afirmou que o número total de judeus foi mais de 120.000, número este que não difere do número de 20.000 mil casais de judeus, como relata o escritor humanista Damião de Goes (1502-1574) em sua obra intitulada Chronica do Serenissimo Rei Dom Emanuel - Lisboa (1566). Livro a disposição na página http://bnd.bn.pt/od/hg-6770-a/
index-html/gt_toc.html
. Nesta obra, Damião de Goes relata que estas 20.000 famílias judias eram compostas de dez a doze pessoas. O historiador e eclesiástico Andrés Bernáldez (1450-1513), padre da povoação de Los Palacios, autor da obra intitulada Memorias del Reinado de los Reyes Católicos - Editada por Manuel Gómez Moreno y Juan de Mata Carriazo - Madrid (1962), afirma que o número de judeus que fugiram decorrentes do edito de expulsãoforam de: Bragança: mais de 3.000 judeus, Miranda: mais de 30.000 judeus, Vilar Formoso: mais de 35.000 judeus, Marvão: mais de 15.000 judeus, Elvas: mais de 10.000 judeus. Assim, um total de mais de 93.000 judeus que, com as que escaparam por vias ignoradas, puderam preencher o quadro dos 120.000 judeus que vieram para Portugal, somando-se a outro grande número que já viviam em Portugal antes do Edito de Expulsão. Historiadores estimam que o total de judeus que passaram habitar em Portugal chegava a quase ¼ da população portuguesa da época. Outra versão da obra de Andrés Bernáldez foi publicada em Valencia no ano de 1780. A obra é intitulada de Crónica de los Señores Reyes Católicos Don Fernando y Dõna Isabel de Castilla y de Aragon - Contexada com antiguos manuscritos y aumentada de varias ilustraciones e enmiendas - Valencia - En la imprenta de Benito Monfort - Año MDCCLXXX. Esta obra, escrita pelo cronista Hernando Del Pulgar (1430-1493), foi escaneada e está a disposição para leitura e download na Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes na página

http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/
12582063008039393087624/thm0000.htm
.

No dia 24 de dezembro de 1496, caiu sobre os judeus portugueses o decreto de expulsão, pois o rei venturoso, D. Manuel, da coroa portuguesa, casou-se com a princesa de Castela, viúva de D. Afonso. Assim, as exigências impostas pela Inquisição na Espanha passaram a vigorar também em todo o reino português. Da mesma forma que na época de D. João II, começou a surgir dificuldades para a saída de religiosos que não desejavam mudar de fé. A fronteira terrestre do lado da Espanha é fechada, e pelo mar estes religiosos ficaram impossibilitados de fugir de navio, pois o Governo não tinha colocado navios a disposição para estes refugiados. Seguiu-se, então, uma série de conversões voluntárias, batismos forçados, etc. Desta forma, fechou-se a porta à emigração em 1499, e iniciou-se a era dos cristãos-novos. Confinados em judiarias, os judeus eram obrigados a se integrarem em famílias portuguesas contra sua própria vontade. A resistência dos coagidos, por menor que fosse, foi em vão. Mesmo assim, houve perseguições e as inquisições do Santo Ofício duraram por mais de três séculos.Várias atrocidades foram cometidas contra estes judeus, que tinham seus bens confiscados, saqueados, sendo suas mulheres prostituídas e atiradas às chamas das fogueiras e as crianças eram deportadas órfãs para as ilhas da colônia portuguesa. Segundo narração de Samuel Usque em sua obra citada, uma das atitudes mais miseráveis de D. João II, no intuito de compelir os imigrantes judeus à conversão, ou de, pelo menos, trazer os ainda inocentes à fé cristã, foi a de ordenar que todas as crianças judias de dois a dez anos fossem removidas dos lares de seus pais, e transportadas à ilha de São Tomé, que havia sido descoberta, cujos moradores eram lagartos, serpentes e outros animais selvagens. A situação estava insuportável no ano de 1499. Um milagre precisava urgentemente acontecer. Os portugueses pareciam ser mais perspicazes do que os espanhóis, pois ao invés de expulsar os judeus, ainda os proibia de deixar o país, a fim de não desmantelar a situação financeira e comercial daquela época, pois os judeus eram prósperos nas finanças, muito desenvolvidos na Medicina e principalmente, na Astrologia e Navegação. Os judeus sefarditas, então, eram obrigados a viver em uma situação penosa, pois, por um lado, eram obrigados a professar a fé cristã, seus bens eram privados devido a falsas acusações, viviam humilhados e confinados em guetos naquele em Portugal. Os judeus também não poderiam retornar à Espanha, pois já haviam sido expulsos no ano de 1492, e seguir em mar aberto também era impossível, pois o oceano Atlântico era imenso. O milagre do Mar Vermelho se abrindo, como registrado na Torá Shemot, precisava acontecer novamente. Naquele momento de crise, perseguição e desespero, o Eterno, Bendito Seja Ele, abriu uma porta para os judeus. Assim, o navegador português Pedro Álvares de Cabral, atravessou o oceano Atlântico com a sua esquadra e, no dia 22 de abril de 1500, o Brasil foi oficialmente descoberto. Finalmente, após esta apresentação, o leitor desta obra, caso seja um descendente de judeus marranos e cristão-novos, está diante de duas alternativas. A primeira alternativa seria ignorar tudo o que foi escrito até agora e continuar a viver no estado religioso em que se encontra, ou seja, alheio às promessas do Eterno à Casa de Israel e continuar acreditando em Iehoshua e no Novo Testamento. A segunda alternativa é, caso o judeu descubra suas raízes judaicas, ele deverá, segundo as Escrituras Hebraicas, se identificar e restaurar suas raízes, quanto ao seu estilo de vida, pois devemos lembrar que o Eterno tem um chamado irrevogável para os filhos da Casa de Israel e que nas Escrituras Hebraicas encontramos uma série de mandamentos, estatutos e ordenanças específicos para o povo judeu. Assim, caso o retornado seja descendente de judeus, disser não a este retorno, não estaria indiretamente dizendo não ao chamado irrevogável do Eterno para os da Casa de Israel, pois o Judaísmo não possui uma fórmula para indicar nada a ninguém, a não ser deixar que cada um faça sua própria avaliação e posicione-se segundo sua própria decisão. Assim, mesmo que ele continue com sua vida cristã jamais deixaria de ser judeu, mas professar as duas religiões ao mesmo tempo não pode ser jamais admitido, pois as duas religiões são muito diferentes. Todos nó somos livres e a escolha pertence a cada um. O amor do Eterno, Bendito Seja Ele, nos permite viver no livre arbítrio. Assim, que cada judeu marrano ou judeu descendente de cristãos-novos tome a decisão que julgar melhor.

Mas, o que queremos dizer com tudo o que foi relatado até agora? Caro leitor, independente de você ser judeu, cristão ou ateu, é necessário que se entenda o que o Eterno, através das Escrituras Hebraicas, promete aos judeus o retorno à Terra Prometida, retorno que já aconteceu no dia 15 de maio de 1948, dia em que surgiu o Estado de Israel. Os judeus fiéis a Torá puderam observar naquela época que tal estado surgiu sem eles, os judeus, acreditarem em Iehoshua. Os judeus estão corretos há mais de dois mil anos em não aceitar os ensinamentos deste homem e nem terem vínculos com ele. Os fatos que passaram a se desenvolver em Israel, desde este dia, tem sido o relógio do Eterno, marcando o tempo da vinda da Era Messiânica. O mundo, hoje, não passa um dia sequer sem fornecer alguma notícia do conflito em Israel. As atenções estão voltadas para lá o tempo todo e isto está se tornando cada vez mais notável, pois Israel procura paz, mas não encontra. Os árabes bem como qualquer ser humano não pode oferecer uma paz duradoura e definitiva a ninguém, pois esta é a tarefa do Mashiach ou da Era Messiânica. Devemos lembrar que o Mashiach é chamado em Yieshayahu (Isaías) 9,1-6 como o Príncipe da Paz, e só nele Israel e a humanidade conhecerá a eterna paz. Os cristãos, quando lêem os capítulos 12 e 13 do Livro do Profeta Zacarias, tentam provar, mais precisamente através do versículo10, que o espírito de boa vontade se refere a Iehoshua de Nazaré:

Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que traspassaram, como se fosse um filho único; chorá-lo-aõ amargamente como se chora um primogênito! (Zacarias 12,10)

Na realidade, o povo judeu inteiro, nas Escrituras Hebraicas, é tratado escritural mente na forma singular. O povo judeu, devido a ser o primeiro povo a professar uma crença em um único Criador, passou a ser perseguido até hoje. Além disso, os seguidores do Cristianismo foram os que mais perseguiram os judeus e ainda o fazem até hoje. As lamentações, como narrado em Zacarias, serão feitas pelos povos que perseguiram e que ainda perseguem aos judeus. Estes povos reconhecerão finalmente as mentiras pelas quais Israel se tornou culpado. Os cristãos, em particular, ainda acusam os judeus de terem assassinado Iehoshua e desmerecem a Israel com o famigerado anti-semitismo em suas igrejas, as quais chamam de Casa do Senhor. É impressionante como há dois mil anos de rejeição a Iehoshua de Nazaré por parte dos judeus, os cristãos ainda têm dificuldade para entender que nós, judeus, devemos continuar a sermos judeus e ninguém modificará isto. Os cristãos acreditam que os judeus só reconhecerão Iehoshua de Nazaré quando os membros da igreja cristã assumirem a responsabilidade de pregar, afirmam que é urgente que todos eles levantem as bandeiras a favor da nação de Israel e pela redenção do povo judeu, que não há diferenças entre judeus e não-judeus e que todos devem esperar o retorno de Iehoshua. Teólogos e apologistas cristãos, por ignorância, citam uma passagem muito interessante da Epístola de Paulo de Tarso aos Hebreus, que diz respeito a uma Nova Aliança:

Ao nosso Sumo-sacerdote, entretanto, compete ministério tanto mais excelente quanto ele é mediador de uma aliança mais perfeita, selada por melhores promessas. Porque, se a primeira tivesse sido sem defeito, certamente não haveria lugar para outra. Ora, sem dúvida, há uma censura nestas palavras: Eis que virão dias - oráculo do Senhor - em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova. Não como a aliança que fiz com os seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito. Como eles não permaneceram fiéis ao pacto, eu me desinteressei deles - oráculo do Senhor. Mas esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel depois daqueles dias: imprimirei as minhas leis no seu espírito e as gravarei no seu coração. Eu serei seu Deus, e eles serão meu povo. Ninguém mais terá que ensinar a seu concidadão, ninguém a seu irmão, dizendo: "Conhece o Senhor", porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior. Eu lhes perdoarei as suas iniquidades, e já não me lembrarei dos seus pecados (Jer 31,31-34). Se Deus fala de uma aliança nova é que ele declara antiquada a precedente. Ora, o que é antiquado e envelhecido está certamente fadado a desaparecer. (Hebreus 8,6-13)

O problema nesta passagem é que ela não tem nada a ver com a profecia de Yirmeyahu (Jeremias) onde está escrito que:

Dias hão de vir - oráculo do Senhor - em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de Judá. Será diferente da que concluí com seus pais no dia em que pela mão os tomei para tirá-los do Egito, aliança que violaram embora eu fosse o esposo deles. Eis a aliança que, então farei com a casa de Israel - oráculo do Senhor: Incurtilhe-ei a minha lei; gravá-la-ei em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo. Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor", porque todos me conhecerão, grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados (Yirmeyahu 31,31-34)

Esta passagem de Yirmeyahu, literalmente citada na Epístola aos Hebreus 8,6-13, interpretada como um dos cumprimento das palavras do Eterno, deu origem a expressão Novo Testamento, como se um Velho Testamento houvesse existido. Por acaso, algum judeu tendo morrido em favor de outros judeus, deixou alguma herança sua em um documento intitulado de Testamento? De forma alguma. Outros problemas, porém, também surgem aqui. Um deles é que na época de Iehoshua não mais existia a Casa de Israel, independente, que constituiu o Reino Setentrional da Terra Santa, mas apenas a Casa de Iehudah (Judá). A Casa de Iehudah permanecia em evidência, graças às promessas Divinas de preservar a Casa de Iehudah, como descritas em Hoshea (Oséias) 1,1-7; 4,15-19 e 11,1-11. As nove tribos de Israel haviam se dispersado, restando apenas as tribos de Levi, Yehudah e Benyamin, desde a época do rei Rechavam (Roboão), filho de Shlomoh (Salomão), como relatado no Capítulo 12 do II Livro das Crônicas. O Profeta Yirmeyahu, todavia, fala de uma Nova Aliança a ser feita exatamente com as Casas de Israel e de Iehuda. Daí ser necessário observar que esta profecia somente poderia acontecer quando se cumprisse uma outra profecia, a saber, a da restauração das Casas de Israel e Judá, e sua subseqüente reunificação, conforme consta em várias outras profecias. Portanto, quando Iehoshua entrou no cenário judaico, no primeiro século da era comum, já não havia a Casa de Israel, mas unicamente a de Iehuda, formada por alguns judeus da tribo de Benyamin, a qual se encontrava sob o domínio romano. Desta forma, a origem do chamado Novo Testamento, que segundo ensinam, é a Nova Aliança, predita em Jeremias 31,31-34, não tem sentido algum, porque, não existindo a Casa de Israel, não poderia Iehoshua ser o mediador desta Nova Aliança apenas com a Casa de Iehudah. A restauração das duas casas é algo a ser compreendido com a restauração das Tribos Perdidas, que é uma das missões do Mashiach, como descritas em Yieshayahu (Isaías) 49,1-6. Para compreender plenamente esta questão, é mister recordar-se que a vinda do Mashiach de Israel, o Descendente de Yishay, pai de David, como predito em Yieshayahu 11,1-12, somente ocorrerá após a Segunda Grande Teshuvah, isto é, a Segunda Reunião dos Judeus, após a segunda destruição do Beit HaMikdash (Templo Sagrado), evento que Iehoshua predisse falsamente em Mateus 24,1-2. Portanto, se Iehoshua predisse a destruição do Segundo Templo Sagrado, ele não pode ser o Mashiach, pois o Mashiach somente virá após esta destruição. Além do mais, a vinda do Mashiach somente ocorrerá após o fim da Grande Diáspora, que iniciou com a destruição do Segundo Templo. Assim, recomendamos o estudo da passagem de Yieshayahu 11,1-12. De fato, entre os grandes eventos preditos, para a vinda do Mashiach, está o retorno dos judeus à Terra Santa e a reunificação das Casas de Judá e de Israel preditas também pelos profetas Yirmeyahu 3,18; 50,4-5 e Yiechezkel 37,15-28. Outro evento marcante será o domínio de Israel sobre o Monte Moriah, lugar em que será edificado o Terceiro Templo Sagrado, terminando os dois mil anos ou os dois dias preditos pelo profeta Hoshea:

"Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra."(Hoshea 6,1-3)

Nesta época, quando os filhos de Israel retornarem à Terra Santa e, ali, restabelecerem os sacrifícios, no Terceiro Templo Sagrado, este será o penhor da Nova Aliança, que será uma Aliança de Paz. Recomenda-se que se estude as passagens de Hoshea 3,1-5 e Yiechezkel 37,15-28. De acordo estas análises, a passagem da Epístola aos Hebreus 8,6-13 é uma farsa que, sem dar-se conta do alcance e do tempo específico do cumprimento das profecias, apresenta divagações em que se confundem contradições e sofismas diversos. Um exemplo adicional desta passagem contraditória é a questão de um ser humano poder ser ensinado por outro, após a plena implantação da Nova Aliança. Os cristãos esquecem que no texto de Jeremias 31,31-34, foi predito que:

Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor", porque todos me conhecerão, grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados. (Jeremias 31,31-34)

Assim, quando a Aliança do Mashiach estiver em operação, a Humanidade adquirirá tão elevado conhecimento da Torá, que todos os seres humanos serão igualmente integrados à plenitude Divina e tudo funcionará para o bem comum. Recomenda-se o estudo das passagens de Yieshayhu 11,1-16 e Salmo Hb22,1-31. Através destas passagens chegamos a conclusão de que ninguém precisará mais de instrutores, pregadores, líderes religiosos e nem tão pouco de aparições de santos ou santas, como existem hoje. Nenhum homem dominará outro homem para a desgraça, como ocorreu na trajetória histórica das igrejas cristãs em todo o mundo. Ao aplicar este texto de Jeremias à Epístola aos Hebreus 8,6-13, Paulo de Tarso tentou, sem sucesso, conceder um sentido profético a esta passagem. Desta forma, ficou exposta uma fraude Neo-Testamentária do conhecido proselitismo cristão que tanto preconceito e desgraça espalhou pelo mundo.

Um exemplo do proselitismo cristão consta no Evangelho de Mateus 28,16-20. Nesta passagem, Iehoshua recomenda aos seus discípulos para que façam discípulos em todas as nações, batizando-os e ensinando-os a obedecer a tudo que ele ordenou. Nas passagens dos Evangelhos de Lucas 14,25-35 e de Mateus 10,37-38, Iehoshua chega no limite do absurdo, pois ele afirma que quem quisesse se dirigir a ele precisaria odiar pai, mãe, esposa, tudo o que possuir e até a sua própria vida, para ser seu discípulo. Além disso, ainda afirma que quem perder a sua vida por amor dele reencontrá-la-á. Os apologistas cristãos se esforçam ao máximo em explicar que o ódio presente no versículo citado significa amar menos, como está explicado na nota marginal da Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª - página 1369. Outra explicação que os apologistas cristãos fornecem é que, nesta passagem, Iehoshua ensina que toda mudança gera alguma conseqüência. Segundo eles, a partir do momento que passamos a compreender nossos defeitos e buscamos modificar nossas atitudes, é certo que os que convivem mais próximos de nós sentirão esta mudança e, assim, muitas vezes por ignorância ou por desconfiança, tais pessoas começam a questionar a nossa nova forma de agir. Desta forma, se, por exemplo, uma pessoa se excedia ao ingerir produtos alcoólicos, mas após começar a freqüentar uma casa de ensino religioso, adquiriu consciência de que era hora de interromper tal costume porque aquele produto estava fazendo mal para o organismo e para o espírito, então, é neste momento que a pessoa começaria a amar menos a sua vida, ou seja, sentir a reação das pessoas que o rodeiam durante a modificação dos hábitos, modificações estas que as pessoas não testemunhavam anteriormente. Portanto, segundo os apologistas, se a pessoa for perseverante ao decidir mudar a sua vida por causa da bebida, do fumo, do adultério, da desonestidade ou da violência, com certeza sentirá que deverá amar cada vez menos tais vícios devido a mudança que precisará fazer. Mas, caso não esteja firme em seus propósitos, a pessoa se destruirá. Desta forma, explicam os apologistas, que Iehoshua exige discípulos perseverantes, que mudem de comportamento por causa do excesso de bebida alcoólica, da desonestidade, do adultério, etc., e isto significa odiar pai, mãe, esposa, tudo o que possuir e até a própria vida para ser seu discípulo. Embora a lição de vida interpretada pelos apologistas, em parte, esteja correta, há um pequeno equívoco: Se, como vimos, a Nova Aliança, como predita em Jeremias 31,31-34, proíbe o ensino de cada um ao seu próximo e ao seu irmão, como é possível na Era Messiânica o Mashiach ensinar, formar discípulos e exigir que para alguém se tornar discípulo dele, seria necessário modificar o comportamento inadequado por causa do excesso de bebida alcoólica, da desonestidade, do adultério e etc? Assim, como é possível identificar o Novo Testamento com a Nova Aliança judaica? O mesmo equívoco surge na passagem do Evangelho de Mateus 10,34-36. Nesta passagem, Iehoshua afirma que ele não veio para trazer paz, mas a espada, a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e que os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa. Os apologistas cristãos tentam explicar nesta passagem que a espada significa a luta que cada pessoa trava contra o homem velho que existe dentro de cada um de nós, e que esta luta não é fácil de ser vencida. Segundo eles, este homem velho é a nossa personalidade egocêntrica e orgulhosa. Assim, esta luta requer muito esforço próprio e, somente após esta luta, é possível a paz de espírito, a tranqüilidade de consciência que procuramos. Conseqüentemente, todo o restante será melhorado, seja no âmbito emocional, mental, profissional ou familiar. Embora esta interpretação apresentada pelos apologistas cristãos, em parte, esteja correta, há também o mesmo equívoco apresentado anteriormente. Como a Nova Aliança, predita em Jeremias 31,31-34, estabelece a proibição do ensino de cada um ao seu próximo, como é possível então que somente na Era Messiânica o Mashiach convidar uma pessoa a melhorar de vida? Além do mais, na perspectiva profética, não serão os judeus que procurarão os gentios, nos dias finais da História, mas os gentios é que procurarão os judeus, para servirem ao mesmo Criador, após a construção do Terceiro Templo Sagrado, no Monte Moriah, em Yierushalayim. Para isto, devemos estudar Yieshayahu 2,1-5; 56,1-8 e Zecharyah 8,20-23. Na realidade, no tratado talmúdico do Pirkê Avot do Rabi Eleizer, Capítulo 6 - Mishná 6, é ensinado que a Torá é maior que o sacerdócio ou a realeza porque a realeza é adquirida junto com 30 condições e o sacerdócio é adquirido com 24 condições. Mas para alguém adquirir a sabedoria proveniente do estudo da Torá, são exigidas 48 condições: estudo, escutar atentamente, articular verbalmente o que foi estudado, ter percepção ou compreensão do coração, reverência, temor, modéstia, alegria, pureza, servir aos sábios, possuir vínculos estreitos com os colegas, debater perspicazmente com os alunos, sobriedade, ter conhecimento do Tanach e da Mishná, reduzir ao mínimo a atividade comercial e a ocupação com questões mundanas, ser tolerante ao mínimo no prazer mundano, dormir pouco, conversar pouco, sorrir pouco, ser lento para a ira, ter um bom coração, ter fé nos sábios, aceitar o sofrimento, ser consciente do seu próprio lugar, ser feliz com o que tem, fazer uma cerca em torno de suas palavras, não reivindicar créditos por suas realizações, ser amado, amar ao Eterno, amar às suas criaturas, amar os caminhos da retidão, amar a justiça, amar a repreensão, manter-se afastado das honrarias, não ser arrogante, não ter prazer ao proferir decisões da Halachá, compartilhar o fardo com o seu próximo, julgar favoravelmente considerando sua inocência antes de sua culpabilidade, colocar-se no caminho da verdade, colocar-se no caminho da paz, ser meticuloso no estudo, perguntar e responder, escutar aprendendo e somar ao seu conhecimento adquirido, aprender para ensinar, aumentar a sabedoria de seu mestre, compreender adequadamente o sentido daquilo que se aprende, e citar uma idéia ou conceito citando o nome do seu autor. Os cristãos não podem continuar nesta ignorância a respeito das profecias quanto a Israel. Chegou a hora dos descendentes dos judeus marranos e cristãos-novos restaurarem as raízes judaicas de sua fé. Os cristãos precisam estudar as Escrituras Hebraicas no contexto do pensamento judaico e não no contexto ocidental. Os cristãos precisam entender que o Novo Testamento é um conjunto de livros que estão repleto de filosofias gregas e acrescidas de características de divindades cultuadas por outros povos. Por outro lado, o povo judeu precisa retornar para sua Torá, para o Tanach e para o Talmud, com o objetivo de conhecer quais as eternas profecias que estão reservadas para eles.11419591690?profile=original

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Mentiras a sequencia

Por outro lado, é muito interessante a narrativa dos acontecimentos durante a última ceia, como relatado no Evangelho de Mateus, em que Iehoshua de Nazaré responde aos seus discípulos sobre quem o iria trair:

Ao declinar da tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze discípulos. Durante a ceia, disse: “Em verdade vos digo: um de vós me há de trair.” Com profunda aflição, cada um começou a perguntar: “Sou eu, Senhor?” Respondeu ele: “Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá. O Filho do homem vai, como está escrito. Mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido!” Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: “Mestre, serei eu?” – “Sim”, disse Jesus. (Mateus 26,20-25)

O autor desta passagem do Evangelho de João tenta relacionar esta última com a passagem do Salmo Hb 41,10, mas tal passagem se trata de uma queixa de Davi a respeito da traição de Aquitofel. Diante disto, torna-se claro que a passagem do Salmo Hb 41,10 não é uma profecia, mas uma oração oriunda de um fato histórico: A Conjuração de Absalão. Desta forma, é impossível relacionar tal fato a Iehoshua de Nazaré, como insistem os apologistas cristãos para poder dar suporte aos seus dogmas. Como mencionado anteriormente, Davi foi traído por Aquitofel, conforme narrado em II Samuel 15,12.31. O destino da vida de Aquitofel foi enforcar-se, como é narrado em II Samuel 17,23. Outras passagens que relatam suicídio nas Escrituras Hebraicas são encontradas em Juízes 9,50-57; I Samuel 31,1-7; II Samuel 17,23 e I Reis 16,15-20. As passagens de Mateus 27,1-10 e Atos dos Apóstolos 1,15-20 parecem ser inspiradas em II Samuel 17,23, mas narradas de forma diferente. Em Mateus 27,5 está relatado que Judas Iscariotes, após se retirar da presença dos príncipes dos sacerdotes e anciãos, foi se enforcar. Entretanto, em Atos dos Apóstolos 1,15-18 está relatado que Judas Iscariotes, após tombar para frente, arrebentou-se pelo meio e todas as suas entranhas se derramaram, mudando-se, desta maneira, a versão de Mateus 27,5 a respeito da morte de Judas. Desta forma, o autor desta passagem do Evangelho de Mateus transferiu a forma de como Aquitofel morreu para Judas Iscariotes, de modo que o Salmo Hb 41,10 obtivesse respaldo de uma profecia quando, na realidade, se trata de um fato histórico. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 15,23-25 com referência ao Salmo Hb 35,19 e Salmo Hb 69,5

João 15,23-25: “Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora as viram e odiaram a mim e a meu Pai. Mas foi para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo (Sal 34,19; 68,5).”

Salmo 35,19-21: Não se regozijem de mim meus pérfidos inimigos, nem tramem com os olhos os que me odeiam sem motivo, pois nunca têm palavras de paz: e armam ciladas contra a gente tranqüila da terra escancaram para mim a boca, dizendo: “Ah! Ah! Com os nossos olhos, nós o vimos!”

Salmo 69,5: Mais numerosos que os cabelos de minha cabeça os que me detestam sem razão. São mais fortes que meus ossos os meus injustos inimigos.

O rei Davi teve um grandioso reinado, porém turbulento, mas jamais deixou de se ocupar do estudo da Torá. Conta-se que todos os dias, sempre após o término de suas funções de rei, passava a noite estudando e depois da meia noite, começava a compor cânticos, súplicas e louvores ao Eterno, Bendito Seja, até o amanhecer. Desta reverência ao Eterno surgiu sua obra sagrada chamada Salmos. Durante as batalhas e muitas vezes em fuga, na aflição e na angústia do deserto, sentia a alegria da proximidade com o Eterno e com a presença da Shekinah fluíam de seus lábios os versículos. Davi era descendente da tribo de Judá, portanto predestinado a ser rei. As tragédias de seu povo eram as suas próprias tragédias. A palavra Salmo em hebraico é Tehilim que significa Hino, porém a palavra hebraica mais usada é Mizmor. Portanto, os Salmos são cânticos, louvores ao Criador, pedidos de perdão, súplicas que revelam o sofrimento e as alegrias do rei Davi e de seu povo, incluindo as guerras, tanto com o rei Saul como com o rei Absalão, seu filho. Os Salmos também narram a vida deste povo no deserto, nos oásis, suas tendas, os pastores que orientavam seus rebanhos, as imagens de Jerusalém, com seus palácios e torres do magnífico Templo Sagrado. Davi, nos Salmos, deixa o temor aos céus e ao estudá-los a alma do homem se comunica com as forças superiores, originando a Teshuvah, ou seja, o retorno do homem ao Eterno. O trabalho espiritual realizado com os Salmos provoca a regeneração do homem, e eles se tornam uma riqueza espiritual para ele. O Eterno inspirou estes sentimentos, para que seus filhos tenham ante Ele a atitude de veneração e respeito necessária a todo aquele que deseja unir o céu com a terra e galgar os degraus da luminosa Escada de Jacó.

De acordo com a tradição os Salmos, na versão grega, atribui 73 Salmos a Davi, 12 a Asaf, 11 aos filhos de Coré, e os outros a Salomão e Moisés. Portanto o Livro dos Salmos consta de cinco partes ou livros, tal como a Torá. Moshê transmitiu à humanidade a Torá, ou seja, a palavra do Eterno, segundo o Judaísmo. Alguns Salmos são de difícil entendimento ou de verificar a continuidade entre um e outro, súbitas exclamações, uns rogando por salvação, outros mostrando a aflição do momento, mas nestes instantes de dor ou de angústia vemos a fé, a alegria e o louvor ao Criador. Davi compôs o Salmo 6 estando muito doente, doença esta que enfraquecia seu corpo, mas como homem íntegro e dedicado ao Eterno, aceitou as suas dores como meio de libertar a sua alma do pecado e da agitação. Portanto este salmo é a súplica de um doente ao Criador. O Salmo 8 anuncia a libertação para o mundo, a redenção para todos os males físicos e morais, e a restauração para toda a decadência física. O Salmo Hb 23 foi composto por Davi quando ele estava fugindo do rei Saul e seu exército, e se refugiou em uma floresta estéril e seca, mas o Eterno, Bendito Seja, não o abandonou. O Salmo Heb 91 foi composto por Moshê, que o dedicou à tribo de Levi.

Em João 15,23-25 existe algo que não condiz com a realidade. Trata-se da expressão está escrita na sua lei, a qual é atribuída a Iehoshua de Nazaré. A palavra Lei refere-se a Torá, e a profecia citada em João 15,23-25 não se encontra na Torá, mas no Salmo Hb 35, mas, na realidade, não se trata de uma profecia. Este salmo é uma oração de agradecimento que Davi fez ao Eterno, por ter ficado livre de Abimelec, que o perseguia, e para se livrar dele Davi se fingiu de louco. Em particular, os versículos 12-23 representam um grande ensinamento centrado no temor ao Eterno. Trata-se de reconhecer que Ele é poderoso, e que o homem não pode substituí-lo. Em seguida, é preciso empenhar a própria vida na luta pela verdade e justiça, para que todos possam viver dignamente. Esta é a luta que constrói a paz. Nesta luta o Eterno toma partido dos justos, ouvindo o seu clamor, libertando-os e protegendo-os. Por outro lado, o Eterno se posiciona contra os injustos, que são destruídos pelo próprio mal que produzem. Com certeza, este salmo demonstra tratar-se de um fato relacionado ao próprio Davi. Ainda em relação a este salmo, Davi pede ao Eterno que o livre e traga destruição sobre os seus inimigos (Versículos 1-10), lamenta o ódio não justificado de seus inimigos contra ele (Versículos 11-16) e volta a solicitar ao Eterno livramento e justiça (Versículos 17-28). Em relação aos versículos 1-10 deste salmo, perguntamos aqui: Por que Iehoshua de Nazaré também não pediu para que os seus inimigos fôssem destruídos? É provável também que este salmo tenha sido compôsto em uma época em que Davi estava sendo perseguido por Saul (I Samuel 24,15). A oração que Davi faz não está direcionada contra o próprio Saul, pois Davi poupara a sua vida, mas a oração é destinada contra aqueles que fomentavam o ciúme doentio que Saul sentia de Davi. Foi um fato histórico vivido por Davi, não uma previsão para uma ocorrência futura. Já o Salmo Hb 69 mostra o desespero de Davi durante a perseguição (Versículos 1-12), seu desejo de punição para seus inimigos (Versículos 13-28), e sua declaração de louvor (Versículos 29-36). Em relação aos versículos 13-28 deste salmo, perguntamos mais uma vez: Por que Iehoshua de Nazaré também não pediu para que os seus inimigos fôssem punidos? Portanto, nenhuma das duas citações dos salmos mencionados em João 15,23-25 trata de uma profecia. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 17,12 sem referência aos livros proféticos

João 17,12: Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incubiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.

Esta passagem do Evangelho de João é idêntica a de Mateus 26,55-56 e Marcos 14,47-50, ou seja, não é informada qual profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem de João 17,12 que possa se enquadrar nela. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 18,8-9 sem referência aos livros proféticos

 

João 18,8-9: Replicou Jesus: “Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes.” Assim se cumpriu a palavra que disse: Dos que me deste não perdi nenhum (Jo 71,12).

Esta passagem do Evangelho de João é idêntica a de Mateus 26,55-56, Marcos 14,47-50 e João 17,12, ou seja, não é informada qual profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem de João 18,8-9 que possa se enquadrar nela, e nem tampouco se conhece a existência da Escritura Jo 71,12. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 19,23-24 com referência ao Salmo Hb 22,19

João 19,23-24: Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será.” Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sal 21,19).

Salmo Hb 22,19: repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica.

A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 27,35 e pode também ser realizada com o Estudo de Mateus 26,30-35 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 19,31-36 com referência a Êxodo 12,46 e Zecharyah 12,10

João 19,33-36: Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Êxodo 12,46). E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zac 12,10).

Êxodo 12,46: O cordeiro será comido em uma mesma casa: tu não levarás nada de sua carne para fora da casa e não lhe quebrarás osso algum.

Zacarias 12,10: Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de de boa vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que transpassaram, como se fosse um filho único; chora-lo-ão amargamente como se chora um primogênito!

É incrível como os apologistas tentam relacionar determinadas passagens dos livros proféticos como sendo profecias, quando na realidade não são. Na realidade são fatos históricos e não profecias relacionadas a algum evento futuro. A passagem de Êxodo 12,46 não pode ser tomada isolada do seu contexto, pois desta forma estaríasse distorcendo o seu real sentido, como fizeram e fazem os apologistas cristãos para que passagens como estas se moldem ao que desejam. Portanto, vamos iniciar a partir do versículo 43:

 

O Senhor disse a Moisés e Aarão: “Eis a regra relativa à páscoa: nenhum estrangeiro comerá dela; todo escravo adquirido a preço de dinheiro, e que tiver sido circuncidado, comerá dela, mas nem o estrangeiro nem o mercenário comerão dela.” (Êxodo 12,43-45)

Somente a partir daqui é que devemos prosseguir com o versículo 46, já citado. Nesta passagem estão as determinações do Eterno a respeito de como os judeus deveriam celebrar a Páscoa, com instruções bem específicas a respeito dos cordeiros, que deveriam ser mortos para serem comidos durante a celebração. É em relação a estes cordeiros, que o Eterno determina que nenhum dos seus ossos deve ser quebrado (Examinar os capítulos 1-11,16,17 e de 21-22 do livro de Levítico relatam como devem ser efetuados os sacrifícios expiatórios). Diante disto, os apologistas cristãos utilizam esta passagem do Evangelho de João para afirmar que, através de sua morte, Iehoshua de Nazaré passou a ser interpretado como o cordeiro pascal mencionado em Êxodo 12,43-45, e que foi morto para expiar o pecado de todos os judeus e não-judeus. Para demonstrar que isto não é verdade devemos saber que

Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado. (Deuteronômio 24,16)

Amasias tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar. Reinou durante vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Joadã, e era de Jerusalém. Fez o bem aos olhos do Senhor, mas não com um coração inteiramente devotado. Desde que se sentiu seguro de seu poder real, mandou matar aqueles servos que tinham assassinado o rei, seu pai. Mas não mandou matar os filhos deles, conforme o que está escrito no livro da lei de Moisés, onde o Senhor ordena: Os pais não serão mortos por seus filhos, nem os filhos por seus pais: cada um morrerá por seu próprio pecado. (II Crônicas 25,1-4)

“Perguntais por que não leva o filho a iniqüidade do pai! É que o filho praticou a justiça e a eqüidade, e, como observa e cumpre as minhas leis, também ele viverá. É o pecador que deve perecer. Nem o filho responderá pelas faltas do pai nem o pai pelas do filho. É ao justo que se imputará sua justiça, e ao mau a sua malícia. Se, no entanto, o mau renuncia a todos os seus erros para praticar as minhas leis e seguir a justiça e a eqüidade, então ele viverá decerto, e não há de perecer. Não lhe será tomada em conta qualquer das faltas cometidas: ele há de viver por causa da justiça que praticou.Terei eu prazer com a morte do malvado? – oráculo do Senhor Javé. Não desejo eu, antes, que ele mude de proceder e viva? E, se um justo abandonar a sua justiça, se praticar o mal e imitar todas as abominações cometidas pelo malvado, viverá ele? Não será tido em conta qualquer dos atos bons que houver praticado. É em razão da infidelidade da qual se tornou culpado e dos pecados que tiver cometido que deverá morrer.” (Ezequiel 18,19-24) É recomendado que se estude todo o capítulo 18 do livro de Ezequiel.

Mas nenhum homem a si mesmo pode salvar-se, nem pagar a Deus o seu resgate. Caríssimo é o preço de sua alma. Jamais conseguirá prolongar indefinidamente a vida e escapar da morte, porque ele verá morrer o sábio, assim como o néscio e o insensato, deixando a outrem os seus bens. O túmulo será sua eterna morada, sua perpétua habitação, ainda que tenha dado a regiões inteiras o seu nome, pois não permanecerá o homem que vive na opulência: ele é semelhante ao gado que se abate. (Salmo Hb 49,8-13)

Diante do que observamos acima, um pai alcoólatra e com sífilis, certamente irá transmitir aos seus filhos as conseqüências do pecado, mas não o pecado em si. Um pai ou uma mãe aidética transmitirá a enfermidade para o filho no ventre, mas não o pecado em si. O que se transmite, hereditariamente, são os efeitos do pecado e não o pecado em si. Mas a atitude de cada pessoa é de responsabilidade dela. A Torá nos ensina que:

 

Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado. (Deuteronômio 24,16)

Observamos, assim, que o Eterno não permite que os filhos, que não possuem culpa, herdem as maldades dos pais, em termos espirituais, a ponto de morrerem por causa de seus antepassados. Por ironia, vale a pena acrescentar o que o próprio Iehoshua de Nazaré afirmou a respeito dos sacrifícios:

Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: “Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?” Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: “Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.” (Mateus 9,10-13)

Atravessava Jesus os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para come-las. Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: “Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado.” Jesus respondeu-lhes: “Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes. Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo. Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício... não condenaríeis os inocentes. Porque o Filho do homem é também senhor do sábado.” (Mateus 12,1-8)

“Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra.” Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa. Por isso é que os castiguei pelos profetas, e os matei pelas palavras de minha boca, e meu juízo resplandece como o relâmpago, porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos. (Oséias 6,1-6)

Assim, diante da passagem porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos. (Oséias 6,6) , citada por Iehoshua de Nazaré em Mateus 9,13 e em Mateus 12,7, como, então, os apologistas cristãos ensinam que a morte de Iehoshua de Nazaré foi um sacrifício expiatório pelos pecados cometidos pelos judeus e não-judeus antes e depois dele? O cordeiro mencionado em Gênesis 22,13, que tomou o lugar de Isaac, foi chamado de cordeiro do holocausto. Etimologicamente, a palavra holocausto significa elevação, o que ascende, em referência à fumaça que se desprende do sacrifício, uma vez inteiramente consumido. Como mencionado em Deuteronômio 24,16 cada um morrerá pelo seu próprio pecado, pois somente o Eterno é quem pode perdoar os pecados.

Desta forma, para que Iehoshua de Nazaré fôsse o cordeiro do holocausto, como desejaram os apologistas cristãos, seria necessário transformá-lo em Filho de Deus. Para isto, seria necessário que estes apologistas ensinassem que Maria, mãe de Iehoshua de Nazaré, o concebeu por ação do Espírito Santo, ou seja, sem ter relações sexuais com José, seu esposo, permanecendo virgem antes, durante e depois do parto. Assim, a virgindade de Maria passou a constituir um dogma da igreja romana.

Com o passar dos séculos, os cristãos, através do Símbolo Apostólico, confessaram que Iehoshua de Nazaré nasceu da Virgem Maria. Bem mais tarde, através do Credo Niceno-Constantinopolitano, os cristãos passaram a afirmar que Iehoshua de Nazaré se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria. Inácio de Antioquia (50-117), também chamado Theophorus (ho Theophoros), atestou que o Filho de Deus verdadeiramente nasceu de uma Virgem. Uma das primeiras discussões a respeito de Iehoshua de Nazaré começou com o teólogo líbio e sacerdote no Egito, Arius de Alexandria (250-336) . Segundo ele, o Filho de Deus, o Verbo, o Logos, era mera criatura do Criador, e não co-eterno com Ele e de Sua mesma substância. Embora repleta de Platonismo, assim como os escritos de Paulo de Tarso, sua doutrina sustentava que só o Criador é eterno, imutável, incriado, divino. Para ele, o Filho é a primeira das criaturas, a mais excelente delas, e de uma substância diferente da substância do Criador. Não há Trindade, no pensamento ariano de tal forma que o Filho é uma criatura excelsa que se encarnou em Iehoshua de Nazaré, tomando o lugar de sua alma. Mas a Encarnação na visão ariana não significa que o Criador assumiu natureza humana, mas apenas a natureza da matéria, ou seja, da carne humana, deixando de lado a alma, que, segundo ele, era mera animação do corpo de Iehoshua de Nazaré, função esta do Filho, do Verbo. Por fim, Arius ensinava que Iehoshua de Nazaré não era o Criador quem assumiu a tal carne humana, uma vez que o Filho também não é o Criador. Tanto sucesso teve esta teologia de Arius, que Jerome (340-420), o tradutor da Bíblia para o latim (a Vulgata), chegou a afirmar que o mundo todo passou a ser ariano. Ao longo das discussões em torno das idéisa de Arius, destacou-se Athanasius (296-373), Bispo de Alexandria. Na época em que iniciou seu apostolado em prol da fé na divindade do Filho, Athanasius de Alexandria era diácono, secretário de Alexandre (?-326), Patriarca de Alexandria. Devido aos seus trabalhos teologais, alguns pontos da religião cristã começaram ser definidos através de dogmas no Concílio de Nicéia, no ano de 325. O Filho e o Criador, segundo as decisões dogmáticas do concílio, são consubstanciais, isto é, possuem a mesma substância, são ambos divinos. Assim, Iehoshua de Nazaré foi interpretado não como um simples homem animado por um outro ser espiritual, mas ele é o mesmo que este ser espitual. Mais do que isto, não apenas Iehoshua de Nazaré é uno com ele, como é uno com o Criador. Iehoshua de Nazaré é o próprio Criador. Ele não é um modo de agir do Criador, como ensinavam os sabelianistas, os quais negavam a Trindade para demonstrar a Unidade, mas uma outra pessoa, distinta, embora igualmente divina, e ainda que não seja um outro Criador. O Concílio de Nicéia foi o primeiro sínodo geral, e nele se proclamou a Trindade e a Unidade no Criador, conforme foi reafirmado mais tarde nos concílios de Constantinopla, Éfeso, Calcedônia e Florença. Em particular, o Concílio de Calcedônia, no ano de 451, declarou que Iehoshua de Nazaré nasceu de Maria Virgem. No ano de 553, o II Concílio de Constantinopla declarou que Iehoshua de Nazaré encarnou-se da gloriosa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria. O Concílio de Latrão preconizou como verdade a Virgindade Perpétua de Maria, no ano de 649, afirmando que seria condenado aquele que não confessasse, segundo os Santos Padres, que a santa e sempre Virgem e Imaculada Maria seja, no sentido próprio e segundo a verdade, Mãe de Deus que concebeu do Espírito Santo, o próprio Deus Verbo nascido do Pai antes de todos os séculos, sem o auxílio de sêmen, e deu à luz sem corrupção, permanecendo virgem antes, durante e depois do parto. Na Bula Papal intitulada Cum Quorumdam Hominum, datada de 7 de agosto de 1555,

o Papa Paulo IV, Gianpetro Caraffa, (1555-1559), afirmou que Maria é Sempre Virgem, isto é, que é virgem antes, durante e depois do parto de Iehoshua de Nazaré. Liderando a Contra-Reforma, este papa implantou os guetos judeus, primeiramente na Itália e, depois, no Império Austríaco. Assim, como podemos comprovar, a divindade de Iehoshua de Nazaré não passa de uma decisão puramente humana.

Para finalizar, a análise de João 19,31-36já foi realizada no Estudo de Mateus 26,30-35. Porém vale a pena acrescentar, em relação à passagem de Zacarias 12,9-13, que o primeiro ato exigido para os judeus retornarem para o Eterno é reconhecê-lo como Único e Absoluto. Isto explica o significado da expressão voltarão os seus olhos para mim. O segundo ato exigido é reconhecer os pecados de idolatria cometidos. Como mencionado no Estudo de Mateus 26,30-35, o termo transpassado designa o próprio povo judeu que, devido aos seus pecados cometidos, sofreu a punição do exílio. Portanto, está claro que o termo transpassado é o próprio povo judeu e não uma profecia a respeito de Iehoshua de Nazaré. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 20,6-9 sem referência aos livros proféticos

João 20,6-9: Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos.

 A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de Marcos 8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 , no Estudo de Lucas 9,43-45 , no Estudo de Lucas 18,31-34 , no Estudo de Lucas 24,5-8 , no Estudo de Lucas 24,25-27 , no Estudo de Lucas 24,44-49 e no Estudo de João 2,22 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João. 11419591475?profile=original

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